terça-feira, 31 de maio de 2011

Balanço Final: Os melhores jogos da Liga BBVA

Villa comemora diante de um Casillas perplexo um de seus dois gols em seu primeiro superclássico: a manita do Barcelona ante o Real Madrid foi o melhor jogo da temporada (reuters)

Em uma temporada na qual a Liga BBVA teve o Barcelona como tricampeão e o rebaixamento do tradicional Deportivo, além da presença "especial" de José Mourinho no banco do Real Madrid e o maior artilheiro de todas as edições, Cristiano Ronaldo, nada mais justo do que elencar os melhores jogos que fizeram desta edição uma das melhores dos últimos anos. Por isso, o Quatro Tiempos trás para você, leitor, uma lista dos sete melhores confrontoes ocorridos em 2010-2011 no futebol da Espanha. Esse texto abre a séria "Balanço Final", que revisará tudo que ocorreu no futebol espanhol nesta temporada. Comece a relembrar a Liga BBVA recém-terminada por aqui.

7) Atlético de Madrid 1x2 Barcelona, 3ª rodada
O primeiro jogo da nossa lista relembra a primeira derrota do Atlético de Madrid, até então cotado para ser um dos ganhadores da Liga. O jogo que teve uma notícia extremamente negativa para o Barcelona, que perdeu Messi por três semanas, após uma entrada de Ujfalusi, foi extremamente digno de um Atléti x Barcelona. A vitória barcelonista começou a ser construída aos doze minutos: Villa recebeu lindo passe de Messi e carimbou a trave; o rebote ficou com Pedro, que acionou a Pulga, que, com extrema categoria, encobriu De Gea com a perna direita. O jovem arqueiro foi um dos nomes do duelo. Dono de, pelo menos, cinco excelentes defesas, De Gea evitou uma nova goleada azulgrená no Vicente Calderón. Se, de um lado, De Gea passou extrema confiança, o mesmo não se pode dizer de Víctor Valdés.

O goleiro catalão saiu vendido no lance que originou o gol de Raúl García. Por sorte, aos 34', Piqué concluiu com categoria uma bola cruzada por Messi, desempatando a partida. Agüero e Forlán, que vivia bela fase, até então, foram figuras apagadas de um Atléti que soube se impor na primeira etapa ante o temido Barcelona, que vinha de uma derrota sobrenatural para o Hércules. Logo no final, Messi foi atingido por Ujfalusi, que fora expulso, e acabou ficando de fora dos gramados por três semanas, voltando no tropeço do Barcelona diante do Mallorca.

6) Real Sociedad 2x0 Athletic Bilbao, 14ª rodada
No primeiro dérbi basco após quatro temporadas, melhor para a Real Sociedad. Em seu melhor momento na temporada, a equipe de Lasarte havia dado um importante passo rumo à Liga Europa, que seria um dos destinos da promissora equipe, caso não existisse o segundo turno. Xabi Prieto comandou o time na partida, e foi dele o primeiro gol. Após sofrer pênalti de um desastroso San José, o meio-campista converteu. O pesadelo do promissor zagueiro continuou no início do segundo tempo. Após escanteio cobrado por Griezmann, o central acabou jogando contra as próprias redes para setenciar a partida.

Notável a marcação da Real Sociedad em Llorente. O atacante, um dos destaque do campeonato, acabou anulado por Ansotegui e Mikel González. No meio-campo, Diego Rivas foi um leão e parou Muniaín. No confronto dos dois melhores jovens do torneio, melhor para Griezmann, que levou constante perigo à zaga leona e por pouco não deixou sua marca. Muniaín sentiu um pouco o peso do derbi e manteve-se intacto na marcação blanquiazul.

5) Deportivo 0x2 Valencia, 38ª rodada
O jogo que decretou o rebaixamento do simpático Deportivo La Corunã à Liga Adelante foi o quinto melhor desta Liga BBVA. Descompromissado por já ter alcançado seu objetivo, o Valencia foi ao Riazor com uma equipe mista, o suficiente para vencer os blanquiazules. Aos 5', a situação do Deportivo só piorou: após um cruzamento de Joaquin pela esquerda, Aduriz completou com a canhota para abrir o placar para os chés. No restante da partida, o que se viu foi um Deportivo nervoso atrás de um único golzinho que permitiria a salvação.

No segundo tempo, aos 42', César Sánchez evitou o gol de Riki, que havia desperdiçado muitas oportunidades, antes do golpe final de Soldado: o artilheiro ché recebeu assistência de Joaquin e colocou para o fundo das redes, rebaixando o Deportivo. Em respeito, não comemorou seu tento. Mesmo rebaixado, a torcida do Deportivo deu exemplo: apoiou infinitamente sua equipe, a quem nunca deixará sozinho, como diz o lema dos Ultràs.

4) Atlético de Madrid 1x2 Real Madrid, 29ª rodada
O Real Madrid, por sua vez, foi fatal quando chegou à meta de De Gea, que evitou que uma goleada fosse construída no primeiro tempo. Marcelo confirmou a ótima fase vivida, e praticamente impediu que Ujfalusi que subisse para ajudar nos ataques. Jogando no 4-3-2-1, com Khedira, Lass e Xabi Alonso, o volante alemão teve mais liberdade para participar das jogadas ofensivas. E foi em um dos passes do camisa 24 que Benzema recebeu em condição e tocou com categoria para abrir o placar para os blancos. O Atlético de Madrid não se intimidou com o gol rival e continou em cima. Porém, Ricardo Carvalho atuava como um senador na zaga e Casillas defendia tudo que é bola chutada em direção ao gol. Quando parecia que o Atléti iria empatar, o Real Madrid aumentou a vantagem no placar. Aos 23', Marcelo cruzou e achou Özil, até então apagado, que bateu de primeira para o gol. De Gea ainda encostou na bola, mas não conseguiu impedi-la de entrar.

O Atlético voltou muito bem para o segundo tempo, mas Casillas esteve sempre lá para segurar o ímpeto dos colchoneros. Em um dos lances perigosos, Tiago lançou Agüero, que ficou de frente para Casillas. Mas o goleiro titular da seleção espanhola espalmou o chute do argentino. De tanto esforço, os colchoneros finalmente conseguiram alcançar o gol. Agüero tabelou com Koke e enfim conseguiu vencer Casillas. Mas aí já estava tarde para chegar ao empate. Ao término da partida, tanto Quique como Mourinho criticaram o árbitro Teixera Vitienes.

3) Real Madrid 1x1 Barcelona, 32ª rodada
Com gols dos dois últimos melhores jogadores do mundo, Real Madrid e Barcelona empataram em 1 a 1 no primeiro dos quatro duelos entre os dois gigantes europeus marcados para os próximos 18 dias. Na partida, válida pela 32ª rodada da Liga Espanhola, os tentos, em cobranças de pênalti, de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo mantiveram ambos separados por 8 pontos na tabela, a seis jogos do final.A estratégia madrilenha traçada por José Mourinho era clara: dificultar o toque de bola do Barcelona e, para tal, apostar em uma marcação mais forte, sem, inicialmente, arriscar-se se entregar ao ataque. E foi o Real Madrid foi o primeiro time a chegar com perigo, aos 10 minutos. Em cobrança de falta, Ronaldo chutou com força, mas a bola acabou nos braços de Victor Valdes. O segundo tempo começou como o primeiro: o Barcelona trocando passes, o Real Madrid armado na defesa e preparado para sair em contra-ataques. Em um deles, Cristiano Ronaldo foi lançado e acabou derrubado por Adriano em posição perigosa. Na cobrança, arremate perigoso na trave direita de Valdés, que estava vendido no lance.

No lance seguinte, porém, a resistência do Madrid cairia. David Villa recebe passe na área, marcado por Raul Albiol. O defensor merengue, porém, se complicou e acabou cometendo pênalti no atacante, sendo expulso. Na marca da cal, Messi bateu com tranquilidade e abriy o marcador para os blaugranas no Santiago Bernabeu. Mas a melhora madrilenha seria premiada aos 35 minutos. Em jogada de Marcelo pela esquerda, Daniel Alves acabou cometendo a penalidade. Se do lado culé, Messi foi às redes, pela equipe merengue, foi a vez de Cristiano Ronaldo. Na cobrança, o português tirou a bola de Valdés e fez seu primeiro gol pelo Real Madrid contra o Barcelona, igualando o placar.

2) Atlético de Madrid 3x1 Villarreal, 27ª rodada
Na noite de gols bonitos no Vicente Calderón, o Atlético de Madrid, em sua melhor partida na temporada, contou com Agüero, Forlán e, sobretudo, Reyes inspirados para bater o Villarreal e subir quatro posições na Liga Espanhola. Jogando num compacto 4-3-1-2, os rojiblancos começaram num ritmo intenso e abriram o placar num belíssimo tento de Reyes, que, um pouco antes da meia-lua, acertou um feliz chute no ângulo direito de Diego López. Logo após o gol, o Villarreal passou a acordar na partida, mas Borja Valero, exercendo uma função mais recuada do que costuma fazer, era muito bem marcado pela linha de três do Atlético de Madrid na volância. Aos 34', porém, o Villarreal chegou ao gol de empate numa bela cobrança de falta de Rossi.

Para reforçar sua marcação no meio-campo, Garrido voltou para a segunda etapa com Oriol no lugar de Bruno. Cani, que caiu facilmente na marcação de Filipe Luís, deu lugar a Marco Rúben e os amarillos passaram a jogar num 4-2-1-3. Mesmo com mais um atacante em campo, o Villarreal não conseguia levar perigo à meta De Gea e, à medida que passava o jogo, o Atlético de Madrid era quem levava mais perigo. O gol, então, passou a ser questão de tempo e após boa tabela de Elias e Filipe Luís, o lateral brasileiro achou Agüero livre, e o argentino, com extrema categoria, encobriu Diego López para desempatar a partida. A assistência para Kun não foi o único ponto notável da atuação do ex-Deportivo, que fez sua melhor partida com a camisa rojiblanca. Ele também mostrou muita confiança e anulou Cani, em sua pior partida na temporada. Para completar a festa colchonera em Manzanarez, Forlán desencantou. Aos 27', o uruguaio recebeu bela assistência de Reyes e, com a categoria que lhe é peculiar, também encobriu Diego López, decretando a vitória rojiblanca. O gol deu tranquilidade ao time da casa, que soube se defender bem do assalto amarillo.

1) Barcelona 5x0 Real Madrid, 13ª rodada
José Mourinho começou com Karim Benzema na frente, no lugar de Gonzalo Higuaín. Já Josep Guardiola não teve qualquer desfalque. Com apenas cinco minutos de jogo, sob chuva, o Barcelona criou uma chance claríssima de gol. Após cobrança de escanteio, a bola sobrou para Lionel Messi pela direita da área. Ele dominou, olhou para Iker Casillas e chutou colocado, de pé esquerdo, na trave do goleiro madridista. O primeiro gol não tardou a sair. Quatro minutos depois, Andrés Iniesta deu um grande passe para Xavi, no centro da área, a bola desviou em Marcelo, que tentou cortar, e acabou amortecida, nos pés do camisa 6, que tocou com categoria na saída de Casillas. Aos 17, o Barça voltou a marcar, em mais uma clássica jogada coletiva dos comandados de Pep Guardiola. Xavi lançou David Villa na esquerda, que partiu para cima de Sergio Ramos e cruzou na pequena área. Lá estava Pedro Rodríguez, que passou nas costas de Marcelo e tocou para o gol vazio.

No intervalo, José Mourinho sacou Özil e colocou Lassana Diarra para reforçar a marcação no meio. E o segundo tempo começou com o Barça pressionando. Com dois minutos, Messi fez grande jogada, levou dois jgoadores do Real no drible e, na hora de chutar, de fora da área, foi travado. A bola ainda sobrou para Villa que, com o gol livre, chutou, mas Pepe chegou rápido e cortou a jogada. O terceiro quase saiu aos seis minutos, quando Messi tocou em profundidade para Xavi, na área, mas na hora do chute Sami Khedira deu o carrinho e conseguiu tocar a bola. O meia culé ainda se recuperou, mas bateu nas redes pelo lado de fora. Aos nove, no entanto, não teve jeito. Em jogada similar à anterior, o meia argentino tocou desta vez para Villa, que bateu chutou na saída de Casillas.

O show catalão prosseguiu: aos 12, Lionel Messi fez fila no meio-campo e fez um longo passe rasteiro para Villa, mais uma vez, marcar. Com os merengues completamente atordoados em campo, o Barça tinha ainda mais espaço para tocar a bola de pé em pé, quase sem ser incomodado pelos adversários. Aos 31, Bojan Krkic, que havia acabado de entrar no lugar de Villa, perdeu duas grandes chances: na primeira tropeçou, livre, e depois chutou em cima de Casillas. Para fechar a goleada histórica, aos 45 minutos, Jeffrén Suárez, após boa jogada de Bojan pela direita, completou: gol todo da cantera culé. O quinto sofrido pelo Real no jogo, sendo que, até essa rodada, havia levado apenas seis na liga. E antes do final, Sergio Ramos ainda foi expulso por uma falta violenta em Messi, o dono do jogo. Foi a primeira derrota de José Mourinho no comando blanco.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Porque o Barcelona é o melhor do mundo

Em ritmo de festa: artilheiro da Champions e da temporada europeia, Messi chegou aos 17 títulos como profissional - e com apenas 23 anos! (getty images)

A frase que intitula este texto, verso de Ja Som Campions, música-símbolo da torcida do Barcelona, poucas vezes foi tão sincera. No mítico estádio Wembley, em Londres, havia um novo campeão europeu: o mágico Barcelona voltava ao topo da Europa duas temporadas depois de seu último título. Além disso, o clube igualou-se no topo dos clubes espanhóis - e europeus - que possuem dobletes (Liga + Champions) em seu palmarés - quatro dobletes. O Barcelona, segundo seu site oficial, é o dono dos dobletes. Além disso, o Barcelona superou o Real Madrid como o clube espanhol mais vencedor da história: já são 77 taças levantadas pelo clube fundado por Juan Gamper em 1899.

Na final de Londres, o Barcelona jogou da mesma maneira como venceu seus mais importantes jogos na temporada. Mágica, a equipe de Guardiola teve uma altíssima posse de bola e encurralou seu adversário, que chutou apenas uma vez à meta de Víctor Valdés - curiosamente, no gol de Rooney, o único dos Red Devils. Apesar de ter passado um pequeno sufoco nos dez primeiros minutos de jogo, quando o Manchester United resolveu atacar e pressionar a saída de bola do Barcelona, os azulgrenás logo foram tomando conta da partida. O meio-campo mancuniano tinha apenas Carrick para fazer combate. Não é de se estranhar que Iniesta e Xavi tenham jogado com liberdade, tocando a bola quantas vezes quisessem. Apenas o trio de meio-campo do Barça deu 296 passes certos, com aproveitamento entre 89 e 92%. O time inteiro do United deu 301, com 72% de acerto. Iniesta acionou Messi 39 vezes, uma a mais que Xavi. As duplas que mais trocaram passes entre si no Manchester United servem de monumento à falta de atividade dos meias: Ferdinand-Van der Sar (17 vezes), Vidic-Ferdinand (16) e Vidic-Van der Sar (15).

Já somos campeões
Com liberdade, os pilares deste Barcelona comandaram a equipe ao título. Logo nos primeiros minutos, Xavi cruzou com facilidade uma bola concluída erradamente por Pedro, em um prenúncio do que viria pela frente. Villa, em um chute à esquerda de van der Sar, também levou perigo às redes do holandês, antes do Barça abrir o placar. À la Roma 2009, o Barcelona puxou um contra-ataque que teria como final o primeiro gol da partida. Porém, desta vez, os protagonistas foram outros: Xavi arrancou pelo meio e, em uma assistência de mágica, deixou Pedro na cara de van der Sar. Com frieza, o canário bateu no contrapé do holandês para levar a torcida do Barcelona à loucura. Logo depois, o Barcelona provou de seu próprio veneno: Ferdinand roubou no alto uma bola de Pedro e acionou Rooney. Shrek fez uma bela tabela com Giggs, que, até então sumido, devolveu com esperteza para o camisa dez mancuniano finalizar com extrema categoria e empatar a final.

Na volta para o segundo tempo, o jogo cresceu um pouco, com o Barcelona exercendo uma enorme pressão no Manchester United. Daniel Alves desperdiçou uma ótima oportunidade de desempatar a partida, cargo que Messi ficou encarregado de fazer. Após receber de Iniesta na entrada da meia-lua, La Pulga - livre - ajeitou para sua canhota mágica e emendou um belo chute, que ganhou curva e "matou" van der Sar, que reiterou após a partida não ter falhado no lance. O lance mais belo da noite estaria por vir. Messi deu um drible desconcertante em Nani, que havia acabado de entrar, na direita e invadiu a área. Busquets ajeitou para Villa e o Guaje, em um lance fenomenal, acertou com maestria um feliz chute no ângulo de van der Sar, sacramentando o tetra-europeu do Barcelona.

No fim da partida, Guardiola tirou Daniel Alves e colocou o capitão Puyol em campo. Xavi passou a braçadeira para o defensor, que começou no banco de reservas. No final, quem levantou a taça da Champions foi Abidal. Até o apito final do árbitro Viktor Kassai, o time comandado pelo técnico Pep Guardiola continuou envolvendo o Manchester United e não deu a menor chance à equipe britânica sequer sonhar com o empate. A festa da torcida catalã, que estava em maior número e desde o início do jogo demonstrava mais otimismo, era grande no histórico Wembley. Barcelona, tetracampeão europeu. A Europa é do Barça mais uma vez. O mundo reverencia o melhor time do mundo.

Foi um sonho que todo nós queríamos
Messi, por sua vez, merece um capítulo à parte na história da temporada azulgrená. Desde a saída de Eto'o, em julho de 2009, La Pulga se consolidou no posto de ser o homem-gol do time. Ibrahimovic e Villa foram contratados para exercer essa função, mas o argentino, ano após ano, não para de marcar. Em 2010/2011, foram incríveis 55 gols - dois pela seleção argentina - e o prêmio de artilheiro da temporada europeia, ao lado do "rival" Cristiano Ronaldo. Comparações com Ronaldo e Romário são inevitáveis.

Com média de 0,93 gol por jogo (e um gol a cada 86,2 minutos), Messi consagrou-se no ano. Os 205 gols na carreira - 177 pelo Barça e 28 pela Argentina - até o momento estão muito próximos dos 215 que o Baixinho marcou como profissional até os 23 anos (1989) e 232 do Fenômeno até 1999. Com a ressalva de que ambos atuaram no Campeonato Holandês, uma liga de segundo porte na Europa, Messi vai além. Ainda que o tempo seja um adversário de respeito, ele já é o grande candidato a levar para casa mais uma Bola de Ouro, em janeiro.

Caso confirme o favoritismo, Messi irá se igualar aos holandeses Johan Cruyff (1971, 1973 e 1974) e Marco van Basten (1988, 1989 e 1992) e ao francês Michel Platini (1983, 1984 e 1985) com três Bolas de Ouro. O brasileiro Ronaldo e o francês Zinedine Zidane são outros que já foram eleitos três vezes o melhor do mundo, mas em eleição da Fifa - agora unificada com a premiação da “France Football”. Messi, eleito pela Uefa como o melhor jogador da final, além disso, foi artilheiro da 'Champions' pelo terceiro ano seguido. Anteriormente, só o francês Jean-Pierre Papin e o alemão Gerd Müller tinham conquistado este feito.

Vamos comemorar na Praça Sant Jaume
Josep Guardiola é outro que merece bastante destaque na temporada barcelonista. Em dois anos treinando os blaugrana, Guardiola transformou o ambiente do clube, que vivia em uma eterna crise - dentro e fora dos gramados. O catalão preza pela coletividade e conseguiu unir o grupo em torno de seus objetivos. Fato é que os jogadores treinados por ele sempre se doam pelo time. Dentre os principais acertos do técnico, ainda devemos levar em consideração que foi ele que indicou contratações fundamentais para a constituição deste elenco, como Gerard Piqué, Daniel Alves e David Villa, além de subir para o plantel A jogadores como Pedro e Sergio Busquets. Outra grande mudança foi a troca de módulo, dando liberdade para Messi fluir seu jogo. O 4-3-1-2, com Messi jogando atrás de Pedro e Villa, só fez com que La Pulga se consolidasse mais na liderança do futebol.

Individualmente, Josep Guardiola não tem do que reclamar: em menos de cinco anos como treinador, já são dez taças levantadas, entre elas duas Champions League e três Ligas BBVA. Após a partida, Guardiola negou publicamente que estaria se despedindo da equipe azulgrená, após rumores criados por Cruyff em sua coluna semanal no jornal El Periódico. O Marca chegou a especular que a temporada 2011/2012 seria a última do técnico de Santpedor no comando técnico do Barcelona. Segundo a publicação, o comandante azul-grená compartilhou com pessoas íntimas seus pensamentos para a sequência de sua carreira, com as quais o jornal conversou.

O plano seria cumprir o ano de contrato que lhe resta com o Barcelona, na temporada 2011/2012, depois curtir a jornada 2012/2013 inteira de férias e, a partir daí, atender o convite da Federação Catariana de Futebol. Isto significa, sempre segundo o diário, assumir o comando da seleção do Catar, país que receberá a Copa do Mundo de 2022 e que, por ser o país-sede, já tem sua vaga garantida. Guardiola seria o sonho do presidente Sheikh Hamad Bin Khalifa Bin Ahmad Al Thani e receberia R$ 82,7 milhões por ano (36 milhões de euros). O Catar não é um local desconhecido para Guardiola, que jogou no Al-Ahli entre 2003 e 2005 e neste período manteve ótima relação com os dirigentes do futebol do país, o que o levou a participar da promoção da candidatura da nação para o Mundial de 2022.

"Messi ganha o jogo; Xavi e Iniesta destroem os adversários", palavras de Rooney, rendendo-se a dupla após a partida (AP Photos)

Vai começar a festa em Canaletes
A equipe catalã venceu o Manchester United com facilidade acima do esperado porque, antes de tudo, dominou o meio-campo. Em teoria, eram apenas três meio-campistas blaugranas – Busquets, Xavi e Iniesta – contra quatro vermelhos – Valencia, Carrick, Giggs e Park. Ainda assim, o Barça tinha superioridade numérica. Park ficou tão ocupado com Daniel Alves que não ficou em cima de nenhum meia barcelonista. Giggs e Valencia não são os melhores marcadores do planeta e não davam conta de parar a troca de passes. O equatoriano, aliás, acabou exagerando nas faltas (cometeu sete, duas a mais que todo o time do Barcelona). Não é de se estranhar que Iniesta e Xavi tenham jogado com liberdade, tocando a bola quantas vezes quisessem.

Um dos aspectos mais fascinantes do sistema de jogo do Barcelona é o modo como a compactação e a fluidez dos movimentos faz o time sempre estar em superioridade numérica. Onde quer que a bola esteja, haverá mais jogadores de azul e grená do que do adversário. É uma matemática difícil de combater.Na atual temporada, Xavi se consolidou como um dos principais ídolos da história do Barcelona. Na partida contra o Levante, no dia 2 de janeiro de 2011, superou Miguelli como o jogador do Barcelona a mais vezes vestir o manto azulgrená na história (568 vezes).

Temos um nome e todos sabem: Barça, Barça, Baaarça!
Os jogadores do Barcelona já estão de férias, mas a diretoria do clube não parou de trabalhar. Nesta segunda-feira, os diretores começaram a avaliar novas contratações e dispensas. A primeira ação deverá ser a renovação de contrato do francês Abidal, que passou recentemente por uma cururgia para retirar um tumor no fígado. O jogador foi homenageado na final da Liga dos Campeões, sendo o capitão na hora de receber a taça.

A diretoria deseja realizar três ou quatro contratações. Fontes do Mundo Deportivo acreditam na aquisição de Rossi, do Villarreal, Fábregas, do Arsenal, e mais um jogador de defesa, que tem recebido tratamento especial por conta dos recentes problemas de Abidal e Puyol, que será operado durante as férias. Pastore, do Palermo, e Willian, brasileiro do Shakhtar, também estão na órbita dos azulgrenás. O lateral-esquerdo José Ángel, do Sporting Gijón, foi confirmado na semana passada, mas os diretores das duas equipes não entraram em acordo e o lateral não deve chegar.

Em homenagem aos culés, o título e cada intertítulo deste texto são versos de Ja Som Campions

Barcelona 3x1 Manchester United
Barcelona: Valdés, Daniel Alves (Puyol), Piqué, Mascherano e Abidal; Busquets, Xavi e Iniesta; Messi, Pedro (Affelay) e David Villa (Keita).
Manchester United: Van der Sar, Fábio (Nani), Vidic, Ferdinand e Evra; Valencia, Carrick (Scholes), Giggs e Park; Wayne Rooney e Chicarito Hernández.
Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)
Gols: Pedro (Barcelona), aos 21; Rooney (Manchester United), aos 33 minutos do primeiro tempo; Messi (Barcelona), aos 8, e David Villa (Barcelona), aos 24 minutos do segundo tempo.
Cartões Amarelos: Daniel Alves e Valdés (Barcelona); Carrick e Valencia (Manchester United).
Público: 87.695 pessoas

domingo, 29 de maio de 2011

Getafe Dubai Team

Sheikh Butti bin Suhail al Maktoum prometeu uma série de medidas para montar um Getafe mais forte. Terá sucesso? (guardian)

"Aumentar o orçamento anual de € 40 milhões para até € 65 milhões para permitir ao clube concorrer todas as temporadas por vagas em competições europeias". É esse o discurso básico da Royal Emirates, grupo de investimentos com sede em Dubai e presidido pelo xeique Butti bin Suhail al Maktoum, ao anunciar a compra do Getafe. Parece bonito, soa mais como ação profissional que como excentricidade de algum trilionário mimado do Oriente Médio cansado de brincar com sua coleção de Ferraris. Pode até ser, mas difícil imaginar como essa conta vai fechar.

No anúncio do negócio, Ángel Torres, presidente do Getafe (continuará no cargo), afirmou que serão investidos cerca de € 90 milhões nos primeiros três anos (valor extra, além do que o clube normalmente já dispõe de suas fontes tradicionais de renda). Normalmente, o Azulón se vira bem com menos que isso, mas, se quiser se equiparar ao grupo de clubes que costumam povoar essa parte da tabela, o valor prometido pode ser insuficiente. Não há dúvidas que Real Madrid e Barcelona são as duas potências destacadas do país e, salvo alguma temporada catastrófica, quase sempre terão duas vagas na Liga dos Campeões. Desse modo, o segundo grupo briga por duas vagas na LC (economicamente, as duas da Liga Europa só servem de consolo). Nesse pelotão está o Atlético de Madrid, 17º no relatório das finanças do futebol preparado pela consultoria Deloitte, com receitas de € 124,5 milhões na última temporada. O Sevilla foi o 24º, com € 99,6, seguido pelo Valencia, que faturou € 99,3. O Villarreal, outro concorrente desse grupo, não entrou no top 25 do ranking.

Em uma temporada ou outra, até é admissível que o Getafe consiga disputar em campo com esse quarteto, mas a tendência é que fique para trás. Ou seja, os tais € 65 milhões anuais não colocariam o clube madrileno no grupo dos que brigariam sempre pela LC. Ou os árabes colocam mais dinheiro, ou o clube viverá de um ou outro ano em que as peças se encaixam. Aos poucos, a conta fica mais difícil de fechar. Sem participações constantes em copas continentais, o faturamento é limitado ao Campeonato Espanhol e à Copa do Rei. Na temporada 2009/10, o Getafe ganhou € 18 milhões da TV. É menos que qualquer um dos quatro integrantes do segundo grupo (que estão entre € 42 e 24 milhões), mas dificilmente o clube conseguirá melhorar muito esse valor. O Athletic Bilbao, com muito mais torcida e tradição, leva apenas € 17 milhões. Os azulones estão à frente por representarem o mercado de Madri, mas mesmo nesse quesito podem perder força, devido à provável promoção do Rayo Vallecano.

Outro caminho seria aumentar o faturamento em bilheteria. A ideia, porém, soa surreal. Até o início de maio, a média de público do Getafe era de 10.916 pagantes, a pior do Campeonato Espanhol. Não é fácil imaginar uma melhoria significativa disso. Primeiro, porque o clube tem de conviver com a forte concorrência de Real Madrid e Atlético na cidade e sua torcida é realmente pequena. Segundo, porque o Coliseum Alfonso Pérez tem capacidade para apenas 17 mil pessoas. A prefeitura de Getafe, dona do estádio, já disse que os investidores poderiam bancar uma nova arena, mas seria mais custo para esse projeto árabe. A venda de jogadores também não traz otimismo, ainda que os investidores árabes tenham chegado para reduzir esse problema. O Getafe sempre fez boas campanhas com elencos baratos, mas não é um grande vendedor em comparação com Sevilla e Valencia. Apenas duas transações estiveram acima de € 10 milhões (e passaram raspando) e nenhum dos jogadores envolvidos é prata-da-casa ou teve o clube como primeira parada dentro do futebol espanhol, sinal da ineficiência das categorias de base getafistas.

Com essas dificuldades, os azulones ainda têm esperança, olhando para o exemplo do Villarreal. De fato, ambos são clubes de orçamentos pequenos. Mas as semelhanças não vão muito além disso. O Submarino Amarillo já tem larga experiência em trabalhar nesse mercado, é gerido por um empresário que conhece as nuances do futebol espanhol, conta com categorias de base organizadas há vários anos e tem uma torcida razoável por ser o único representante forte de sua região (a média de público é de quase 19 mil, maior que o estádio getafista). Desse modo, o investimento dos árabes no Getafe – um pensamento que vale também para Málaga, pertencente a um xeique do Catar, e Racing de Santander, comprado por um empresário indiano – não tem perspectiva de retorno direto. A estrutura do futebol espanhol simplesmente não dá espaço para um pequeno virar um novo-grande, como é até possível na Inglaterra, na Alemanha e na Rússia. Ou o objetivo é fazer barulho e ter retorno pela repercussão, ou é realmente um luxo de algum trilionário cansado de suas Ferraris. Pode ser bom para a torcida do Getafe em curto prazo, mas não tornará o Campeonato Espanhol mais ou menos competitivo como um todo.

sábado, 28 de maio de 2011

Kunfusão

Em semana de Barcelona na final de UCL, o destino de Agüero foi um dos assuntos mais falados na imprensa espanhola (reuters)

Na segunda-feira, 21 de maio, Agüero escreveu em seu twitter: "meu ciclo no Atléti está chegando ao fim. Quero partir". Logo após as palavras escritas por Kun, as especulações sobre o futuro do atacante aumentaram. Manchester City, Chelsea, Real Madrid, Juventus e Inter de Milão correm atrás para contratar o argentino, dono de uma temporada brilhante. Thomas Ujfalusi, (ex) companheiro de Agüero no Atlético de Madrid, deixou vazar que o atacante queria continuar em Madrid, mas no Real Madrid. Gil Marín, conselheiro do Atlético de Madrid, logo tratou de acalmar os ânimos da torcida, enfurecida pela provável venda de seu melhor jogador: "a Juventus foi a única equipe que oficializou a proposta. Mas só liberaremos o jogador se pagarem a multa recisória, de €45 milhões", afirmou.

Enquanto o atacante está de férias na Argentina, aguardando a confirmação da lista de Sérgio Batista, técnico da seleção argentina, que disputará a Copa América, o assunto em Manzanares não é outro senão o futuro do argentino. Nas próximas horas, quando o treinador da albiceleste anunciará os jogadores que farão parte do elenco que disputará a competição, o já ex-Atléti dará uma coletiva de imprensa para esclarecer seu futuro no futebol. O Real Madrid segue sendo o maior objetivo do jogador, de acordo com o AS, que até especula que já chegou a um acordo com Florentino Pérez para as próximas cinco temporadas. O presidente merengue, porém, não quer iniciar uma espécia de hostilidade com a diretoria colchonera em torno da contratação do bonaerense. Florentino, todavia, já chegou a afirmar que Kun não está nos planos do clube merengue, que já anunciou as contratações de Sahin, Altintop e Callejón.

Gil Marín já chegou a afirmar que "seria impossível que Agüero se transferisse para o Real Madrid", mas a possibilidade é, sim, remota, como próprio disse o atacante. A diretoria rojiblanca tem em mente evitar o máximo possível uma transferência de Agüero para seu maior rival, algo que, muito provavelmente, os torcedores não perdoariam. Uma possível ida de Agüero a Chamartín poderia ser o ápice de uma relação sempre conflituosa (torcida x diretoria). Apesar da suposta existência de um pacto "de não agressão" entre os dois clubes, contemplado por Florentino Pérez, a existência da "cláusula" antimadridista poderia quebrar qualquer acordo entre os clubes. O preço de mercado de Agüero é de 45 milhões de euros, como anunciado anteriormente.

Há também outros clubes em que Kun está na órbita. Uma possível transferência a outra liga é o máximo interesse do Independiente, clube de origem do atacante, que receberia 2,5 milhões de euros do que 500 mil se Kun acabar assinando com alguma outro clube espanhol. Fato é que já não há mais nenhuma chance de Agüero permanecer em Manzanares, pois muito possivelmente uma das equipes pagarão a multa rescisória. Para isso, o Atlético de Madrid começa a se mexer.

O ataque é o setor onde muito provavelmente será mais reformulado para a próxima temporada. Osvaldo, do Espanyol, Hulk e Falcão, do Porto, são os mais especulado para o setor ofensivo colchonero, que também não terá Forlán. O promissor Adrian González, do Deportivo, já fora contratado em janeiro e tem futebol suficiente para suprir a ausência de Kun: para isso, basta ter seu futebol lapidado na capital.
Outro que está de saída do Atléti é o jovem De Gea, que será anunciado nesta segunda como novo jogador do Manchester United. Com tantas saídas, fica claro que o segundo maior clube da capital espanhola passará por um processo de redimensionamento (ou seria apequenamente, de fato?).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Prévia: Barcelona x Manchester United

Na decisão de 2008/2009, Ferdinand só olhou Messi cabecear para sacramentar a vitória e o título do Barcelona. Dois anos depois, as duas equipes voltam a se enfrentar em uma final de Champions (BBC)

Neste sábado, Barcelona e Manchester United entram em campo para o décimo jogo oficial entre as equipes válido por competições da Uefa - a segunda final de Champions League. Porém, a partida deste sábado terá um sabor mais especial para o Manchester United: a chance de uma vingança pela derrota na final de Roma em 2008/2009. A reedição da final de duas temporadas atrás não terá tantas diferenças no onze inicial das duas equipes, mas alguns jogadores em foco naquela partida não estarão em campo em Wembley.

Naquele 27 de maio de 2009, no Olímpico de Roma, o Barcelona abriu o placar com um incansável Eto'o, que fazia sua última partida pelo clube da Catalunha. O gol contra os red devils, com direito a um drible desconcertante em Vidic, encerrou um lindo ciclo do Rei Leão com os azulgrenás, que resolveram fazer do camaronês uma "moeda de troca" para contratar Ibrahimovic. No lado mancuniano, Cristiano Ronaldo era a grande esperança da equipe, mas, diferentemente de Eto'o, passou em branco nos noventa minutos e, uma semana depois, anunciou sua ida para o Real Madrid.

Como não poderia deixar de ser, contaremos mais uma vez com a excelente colaboração de Leandrus, do Ortodoxo e Moderno, blog especializado em Premier League, que falará mais sobre o Manchester United de Alex Ferguson. Confira a prévia da esperada final entre Barcelona x Manchester United e depois, nos dois endereços, o resumo do embate. Boa leitura!

A temporada até aqui
Barcelona: Campeão da Liga e melhor equipe do mundo, o Barcelona chega à final como o grande favorito. Após algumas más partidas no início de temporada, sobretudo pela lesão de Messi, figura-chave desta equipe, o Barcelona foi se achando de pouco em pouco na temporada e exercendo o futebol envolvente já conhecido por todos. Escalado no 4-3-1-2, com Messi jogando atrás de Villa e Pedro, como um enganche, o Barcelona passou a primeira parte da temporada conseguindo bons resultados e conquistando por diversas vezes a famosa manita, como no superclássico do Camp Nou e as vitórias ante Real Sociedad e Espanyol. No segundo semestre, o rendimento caiu, muito por causa da acomodação na liderança da Liga, mas a margem de derrota ainda era pequena. Após ser vice na Copa e sobreviver na LC na maratona de superclássicos, o doblete (Liga + Champions) é a pequena obsessão de um time que já está na história, sobretudo por ser a base da seleção campeão mundial e ter Messi, que a cada jogo quebra marca atrás de marca. Na temporada, o argentino já foi às redes 52 vezes, mas, com a cabeça na final, acabou deixando o português Cristiano Ronaldo disparar na artilharia da Liga Espanhola.

Manchester United: Para quem pouco se reforçou e começou a temporada levemente ofuscado pelos seus rivais, até que o clube se saiu muito bem. Os Red Devils conquistaram a Premier League com uma rodada de antecedência e de forma merecida. É verdade que a equipe teve lá seus problemas: pouquíssimas vezes brilhou durante os jogos, teve um início de campeonato vacilante, quando empataram demais fora de casa, e encarou uma reta final de jogos mais difícil do que o esperado. Porém, o time de Alex Ferguson foi mais regular do que seus adversários e a que menos pontos bobos desperdiçou, o que foi essencial para que o time conquistasse o campeonato nacional. Essencial, aliás, também foi a subida de produção de alguns jogadores: Nani e Berbatov finalmente floresceram, sendo fantásticos no apoio a Giggs na primeira metade da temporada, enquanto Rooney estava em má fase. Quando o atacante inglês retornou à boa forma, pode ainda contar com o rápido amadurecimento de Chicharito Hernandez, formando com o mexicano uma dupla essencial para os resultados positivos do Manchester United em 2011. Ajudados por um excelente setor defensivo, esse conjunto alcançou vários de seus objetivos e agora busca o double que não pode ser formado antes, já que o time foi derrotado pelo Manchester City na semifinal da Copa da Inglaterra.

Pontos fortes
Barcelona: A saída de Ibrahimovic, contratação mais cara da história do clube culé, chegou a fazer falta durante os primeiros jogos da temporada, mas acabou sendo assimilada com naturalidade graças a rápida adaptação de Villa à equipe. Sem o sueco, mas com o Guaje, Pedro e Messi, o Barcelona apresenta grande variação tática e pode atuar de diferentes formas, embora jogue mais frequentemente no 4-3-1-2, com Messi fazendo o papel de enganche (jogando atrás de Pedro e Villa), ou no 4-3-2-1, com Messi de falso nove. Quanto aos setores da equipe, destacam-se o meio-campo e o ataque. O futebol de Busquets ascendeu muito após a Copa e o canterano, que pecava por erros infantis, está mais maduro, dando segurança e participando bem dos ataques. Destacam-se também a visão de jogo privilegiada de Xavi, a técnica, qualidade e imprevisibilidade de Iniesta, os gols decisivos de Pedro e Villa e o poder de decisão de Messi.

Manchester United: Uma das grandes forças dos Red Devils está no aspecto mental: a equipe costuma lidar muito bem com as decisões e possui uma veia vencedora incrível. Já no que se refere ao elenco, o conjunto do Manchester United é tão forte e coeso que é difícil citar apenas um setor ou um jogador. A defesa é forte demais, principalmente porque conta Van der Sar, um goleiro experiente e muito seguro, e uma zaga que é uma das melhores do mundo – Ferdinand é um líder nato e Vidic tem um poder de marcação muito alto. No meio campo, Giggs – agora também podendo ser escalado como um meia central – é o maestro de sempre, Valencia voltou de contusão atuando melhor do que antes, e Nani, líder de assistências na Premier League (18), finalmente justificou a grande quantia gasta em sua contratação. Já no ataque, Rooney, embora ainda um pouco distante da excelente forma da temporada anterior, voltou a jogar em bom nível, enquanto Chicharito Hernandez, embora enrolado com a bola nos pés, já mostrou em pouco tempo que tem o faro de gols, principalmente nos grandes jogos. Por fim, ainda há uma grande arma utilizada por Ferguson nas partidas decisivas: o sul-coreano Park. Dono de muita velocidade e comprometimento em campo, ele está sempre ponto para anular uma peça fundamental da equipe adversária e ainda ajudar no ataque. E o principal: enquanto geralmente é menosprezado, cumpre muito bem seu papel. Ele pode ser, por exemplo, o responsável por limitar a presença de Daniel Alves no ataque e ainda armar o jogo nas costas do brasileiro.

Pontos fracos
Barcelona: Difícil citar um ponto fraco nessa equipe quase perfeita do Barcelona. Mas o Barcelona da Era Guardiola costuma passar por momentos de dificuldade quando enfrenta equipes que procuram desempenhar a mesma função que os blaugranas estão acostumados a exercer: atacar e dominar o jogo. Contra Inter de José Mourinho, a partida no Camp Nou ficou marcada pelo muro armado pelo técnico de Setubal, mas no Meazza os meneghino derrotaram o Barcelona de uma maneira pouca vista antes, escancarando o problema que o Barcelona passa quando é atacado. Outras fraquezas da equipe sobressai quando o adversário pressiona a saída de bola, obrigando Piqué, Puyol ou Busquets a darem chutões para frente, e quando Xavi sofre uma forte marcação. Mesmo dispondo de outros jogadores decisivos, o Barcelona perde em criação quando seu maestro é bem marcado. Na épica semifinal da temporada passada, Mourinho soube anular as peças-chaves do time da Catalunha: asfixou Xavi e não deixou Messi receber perto da área.

Manchester United: É difícil apontar fraquezas numa equipe tão bem balanceada. Porém, elas estão presentes. Esta equipe, acima de tudo, não tem brilho, o que pode prejudicar os ingleses quando estes precisarem criar alguma oportunidade de gol, sobretudo se estiverem perdendo. Embora o Manchester United tenha sido muito bem sucedido na atual temporada, poucas vezes esse time convenceu em campo. Muito disso ocorre pela falta de um jogador mais criativo na equipe, sobretudo na faixa central do meio campo, já que Carrick, Fletcher e Scholes, atletas que por ali podem ser escalados, estão longe de se destacar por causa deste fundamento. Aliás, uma das razões para Giggs, já no final da campanha, ter sido escalado por ali pode ter sido justamente a necessidade de ter alguém com maior habilidade. Também é importante destacar o elo fraco da defesa dos Red Devils, que é o lado direito. Tanto Rafael quanto Fábio não sabem marcar muito bem – e para desespero de Ferguson, é o segundo, que vem sendo titular atualmente, quem menos sabe proteger seu posto. Por conta disso, não é improvável apostar na escalação de O’Shea por ali, uma jogador bem limitado mas que dá conta do recado na marcação.

Expectativas

Barcelona: Desta vez, o favoritismo de 2009 está nas mãos do Barcelona. O time que deve ir a campo na final de sábado não foi definido por Josep Guardiola, embora todos, até Abidal, que se recuperou de um tumor no fígado, estejam disponíveis. Na primeira coletiva da semana, Guardiola não quis falar sobre a escalação que irá a campo, mas deixou no ar a possibilidade de escalar Mascherano ao lado de Piqué, deslocando Puyol para a lateral esquerda. Segundo o treinador, seria arriscado demais escalar Abidal e Puyol, que se ficaram muito tempo parados, em uma partida tão decisiva como esta. Pedro, que vem reclamando de fortes dores musculares, também é dor-de-cabeça para o treinador: se o canário não jogar, a opção mais plausível será a titularidade de Keita, com Iniesta sendo adiantado para a ponta esquerda e Villa para a direita.

Manchester United:
Por mais que esse time tenha uma veia vencedora, o Manchester United entra na final como azarão – bem mais do que em 2009. Como os catalães muitas vezes parecem imbatíveis, a questão que fica é a seguinte: o que Sir Alex Ferguson fará para anular o Barcelona? Há algumas boas alternativas: explorar o jogo pelos flancos com Nani, Park ou Valencia; optar por um esquema mais conservador, reforçando a marcação na faixa central e deixando Rooney como único atacante; e por aí vai. Porém, a verdade é que as alternativas parecem muito bonitas no papel, mas extremamente difíceis de serem executadas. Por isso, a única coisa que se tem certeza é que todos os titulares terão de ter uma exibição perfeita para derrotar este grande esquadrão. O resto fica a cargo do mestre escocês.

Prováveis escalações

Barcelona: Víctor Valdés, Daniel Alves, Piqué, Mascherano (Puyol), Puyol (Abidal); Busquets, Xavi, Iniesta; Messi; Pedro, Villa.

Manchester United:
Van der Sar, Fábio (O’Shea), Ferdinand, Vidic, Evra; Valencia, Carrick, Giggs, Park; Rooney, Chicharito (Nani).

terça-feira, 24 de maio de 2011

Jogadores Históricos: Ronald Koeman

Koeman corre para o abraço após o gol de falta que deu ao Barcelona seu primeiro título de Liga dos Campeões (uefa.pt)


Londres, 20 de maio de 1992. O marcador do estádio Wembley marcava 0 para a Sampdoria 0 para o Barcelona. Até que, aos quatro minutos do segundo tempo da prorrogação, numa disputa de bola, o árbitro marcou falta a favor do Barcelona, cometida por Pari em cima de Eusébio. O clima do estádio era quente; a tensão, enorme. Ronald Koeman ajeitou a bola com carinho para, em falta trabalhada, concluir com raiva uma jogada que teve participação de Hristo Stoichkov e Michael Laudrup. Em outras palavras, o Barcelona abriria o placar do jogo e estava a onze minutos de conquistar seu primeiro título europeu. O holandês não é ídolo do clube com o qual dedicou sete anos de sua carreira somente por esse gol: a dedicação em campo, a garra, o amor à camisa e a técnica, além da simpatia fora das quatro linhas, sempre serão lembrados deste excelente zagueiro enquanto jogador do Barcelona.

Um dos pilares do Dream Team blaugrana comandado por Johan Cruyff, Koeman começou a jogar futebol nas canteras do Groningem, onde debutou profissionalmente no futebol em 1980, junto com seu irmão, Erwim Koeman. Após passagens bem sucedidas por Ajax e PSV, onde ganhou seu primeiro título europeu, em 1987/88, chegou à Catalunha em 1989. O Barcelona pagou 1, 200 milhões de pesetas pela contratação do holandês, que se converteu na contratação mais cara do conjunto catalão à época.

Coletivamente, Koeman chegava do PSV "consagrado": foi bi-campeão holandês e campeão europeu em 1988, após a vitória da equipe de Eindhoven sobre o Benfica nos pênaltis. Naquele mesmo ano, foi campeão da Eurocopa com a Holanda, após vitória sobre a ex-URSS. Em sua primeira temporada como jogador azulgrená, o holandês foi campeão da Copa do Rei, mas o Real Madrid de Butragueño e Manolo Sanchís seguia imbatível e, pela quinta vez consecutiva, conquistou a taça da Liga Espanhola, onde o Barcelona viria a terminar em terceiro. Na Recopa Europeia, à época segunda principal competição europeia, o Barcelona caiu nas quartas-de-finais para o finalista Anderlecht, que viria a perder para a Sampdoria. Seu desempenho foi perfeito: Tintim marcou 14 gols em 36 jogos, números bastante impressionante tratando-se de um zagueiro.

Na temporada seguinte, chegou ao Barcelona o búlgaro Stoichkov, que comando os azulgrenás ao primeiro título de Liga Espanhola após oito temporadas. Ronald Koeman, porém, assistiu a essa conquista das tribunas do Camp Nou: uma lesão no joelho esquerdo em janeiro de 1991 o tirou do restante da temporada. O nome de Jan Molby foi bastante especulado naquele momento para suprir a ausência do holandês, mas o jogador foi constantemente acusado pela imprensa catalão de problemático fora de campo, o que acabou levando a direção barcelonista a não contratá-lo.

A terceira temporada de The Wise como blaugrana foi a mais fenomenal. Campeão espanhol e europeu, Koeman coroou com o gol de falta descrito no primeiro parágrafo uma temporada excelente coletivamente e individualmente. Os 16 gols marcados na temporada foi sua maior cifra trajando azul e grená, sendo seis desses de faltas, como em Wembley. Koeman ainda viria a disputar mais uma final de Liga dos Campeões; porém, o final acabou diferente: em 1994/95, o Barcelona foi surrado pelo Milan de Van Basten por 4 a 0 e acabou voltando para Barcelona de mãos vazias. O jogo também marcou a despedida do holandês do Dream Team, que foi se desfazendo pouco a pouco. Após deixar o Barcelona com incríveis 193 gols em 553 partidas, retornou à Holanda para encerrar sua carreira como jogador no Feyenoord.

Logo após sua aposentadoria dos gramados, voltou ao Barcelona para fazer parte do comando técnico dirigido por Loois Van Gaal. À época, o Barcelona era bi-campeão espanhol, mas fracassava em âmbito europeu. Koeman foi o responsável por olhar os jovens da cantera e designá-los para o time A. O holandês ficou impressionado com um meio-campista da equipe B que logo fez parte da equipe principal: Xavi Hernández. Após a ida de Van Gaal para o AZ Alkmaar, em 2000, Koeman foi resignado para o cargo de segundo treinador da equipe, mas acabou deixando o cargo dois meses depois, pois recebeu uma proposta para treinar o Vitesse.

Sua volta à Espanha aconteceria somente outubro de 2007, porém não seria no Barcelona, clube com o qual mais se identificou, e sim no Valencia, que passava por maus bocados na Liga Espanhola e na Champions League. Na competição europeia, os Chés, que contavam com David Villa em seu elenco, foram últimos colocados de um grupo que tinha Rosenborg e Anderletch, além do Chelsea. Sua estadia no Valencia foi marcada por muitas controvérsias. Primeiro, Koeman tomou uma série de medidas drásticas e resolveu afastar do elenco os ídolos da torcida, como Cañizares, Albelda e Angulo, apostando em jovens como Banega, Maduro e Mata. A relação com os aficionados blanquinegros nunca foi as das mais animadoras, muito por causa das medidas, e mesmo após conquistar a Copa do Rei contra o Getafe, no Vicente Calderón, o técnico acabou demitido após uma goleada acachapante por 5 a 0 ante o Athletic Bilbao no San Mamés.

Tintin está desempregado desde dezembro, quando foi demitido do AZ Alkmaar. Especulações da imprensa inglesa dizem que o holandês pode assumir o comando do Aston Villa, da Inglaterra, na próxima temporada. Perguntado pelo Mundo Deportivo para quem irá torcer na final da Uefa Champions League desta temporada, a resposta foi óbvia: "o Barcelona sempre estará no meu coração".

Ronaldo Koeman
Data de Nascimento: 21 de março de 1963, em Zaandam, Holanda.
Clubes como jogador: Groningen, Ajax, PSV, Barcelona, Feyenoord.
Títulos como jogador: Eurocopa de 1988, 2 Liga dos Campeões da Europa (1987/88 e 1991/92), 1 Supercopa da UEFA (1992), 4 Ligas Holandesas (1984/85, 1986/87, 1987/88, 1988/89), 3 Copa da Holanda (1985/86, 1987/88, 1986/87, 1988/1989), 4 Liga Espanhola (1990-91, 1991-92, 1992-93, 1994-95), 1 Copa do Rei (1989-90), 3 Supercopa da Espanha (1991, 1992, 1994).
Clubes como treinador: Vitesse, Ajax, Benfica, PSV, Valencia, AZ Alkmaar.
Títulos como treinador: 3 Liga Holandesa (2002/03, 2004/05, 2007/08), 1 Copa da Holanda (2002/03), 2 Supercopa da Holanda (2002 e 2009), 1 Supercopa de Portugal (2005), 1 Copa do Rei (2007-08)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Próximo do final feliz

Guardiola em foco: o treinador está a uma partida de conquistar sua segunda Champions League como técnico - terceira se contar o período como jogador (getty images)

O Barcelona, com três títulos de Liga dos Campeões, quatro Recopas europeias, quatro Supercopas da Uefa, vinte e uma ligas espanholas e vinte e cinco Copas do Rei, chega embalado para tentar o seu quarto título europeu - terceiro da história do clube na moderna fase da principal competição do velho continente. Nas casas de apostas europeias, o Barcelona é tido como favorito pelo título que será disputado neste sábado, em Londres, no estádio Wembley, às 15:45 (horário de brasília). Messi, porém, tratou logo de tirar a "pressão" exercida para cima do Barcelona ao afirmar, na coletiva de hoje, que "esse é um tipo de partida onde não há favorito. As duas equipes chegaram à final por méritos".

A temporada do Barcelona é praticamente perfeita até aqui. Soberano na Espanha, onde conquistou o tricampeonato nacional, a equipe treinada por Josep Guardiola teve raros momentos de incerteza na temporada. O mercado, bastante frio, teve apenas David Villa, ex-Valencia e um dos artilheiros da Copa do Mundo de 2010, conquistada pela Espanha, como grande nome, além das saídas de Ibrahimovic, para o Milan, e Yaya Touré, para o Manchester City. Além disso, foram contratados Adriano, do Sevilla, Javier Mascherano, do Liverpool, e Ibrahim Afellay, do PSV, este último vindo do mercado de inverno, em janeiro.

A temporada não começou tão bem em campo. Apesar do título de Supercopa da Espanha contra o Sevilla - agregado de 6 a 3 -, a derrota em pleno Camp Nou para o Hércules, o empate também no estádio para o Mallorca e a lesão de Messi, que ficou parado por três semanas, condicionaram o início de temporada blaugrana, que viu seus principais jogadores bastante cansado devido à má preparação pós-Copa. Porém, tudo começou a ganhar novo rumo após a vitória na raça ante o Valencia, até então líder da competição, de virada no Camp Nou. A fraquíssima exibição no primeiro tempo, quando saiu perdendo, deu vez ao futebol arte e envolvente já conhecido por todos. Resultado: 2 a 1 e mudança de postura.

A partir de então, a desconfiança do início de Liga deu vez à confiança já conhecida e depositada. O primeiro turno dos azulgrenás foi arrasador: escalado no 4-3-1-2, com Messi jogando atrás de Villa e Pedro, como um enganche, o Barcelona passou a primeira parte da temporada conseguindo bons resultados e conquistando por diversas vezes a famosa manita, como no superclássico do Camp Nou e as vitórias ante Real Sociedad e Espanyol. Os oito pontos de vantagens sobre o Real Madrid deram um pouco de tranquilidade à equipe de Guardiola no mês de janeiro, que viu a equipe avançar até a final da Copa do Rei (deixou para trás Athletic Bilbao, Real Bétis e Almería).

Na LC, classificou-se na primeira posição em grupo fácil, no qual empatou com o Rubin Kazan e o Copenhaguen fora de casa e venceu o Panatinaikos - duas vezes - e as duas equipes citadas anteriormente atuando em seu domínio. O sorteio das oitavas-de-finais reservou um velho conhecido na primeira fase do mata-mata: o Arsenal, adversário da final de Paris em 2006 e das quartas-de-finais de 09/10, seria a equipe a tentar desbancar o gigante da Catalunha. Em alguns jogos de janeiros, Guardiola optou por um módulo que privilegiava mais o faro de gol de Messi, que atuou de falso nove na volta - que não durou muito - do 4-3-3 implantando por Cruyff na era do primeiro Dream Team: Villa aberto à esquerda; Pedro, à direita; e Messi enfiado entre os zagueiros.

Jogando no 4-3-1-2, o Barcelona acabou derrota pelo Arsenal no Emirates por 2 a 1, apesar da boa exibição da equipe. Naquela partida, porém, Messi, tão acostumado a decidir, teve seu momento de "vilão": La Pulga, apesar da assistência espetacular para o tento de Villa, deixou de decidir a partida querendo "enfeitar" demais em suas jogadas. No jogo de volta, entretanto, Messi "voltou a ser Messi": dois gols, entre eles um "gol à Playstation", e a vitória por 3 a 1 que fez com que o Barcelona avançasse de fase - o outro gol foi marcado por Xavi. Na Liga, a confortável vantagem de oito pontos havia caído para cinco, mas a margem de perda de pontos do Barcelona ainda era muito pequena.

No sorteio das quartas-de-finais, o sorteio garantiu um adversário acessível, mas não reservou uma boa notícia no emparelhamento para o estágio seguinte: primeiro, o Shakthar Donetsk, recheado de brasileiros, e depois, caso se classificasse, o Tottenham ou o arquirrival Real Madrid, que àquela altura havia desenvolvido um belo padrão de jogo. No confronto das quartas contra os ucranianos, a maior dificuldade aconteceu nos primeiros quarenta e cinco minutos da partida da ida, no Camp Nou: o Barcelona foi atacado a exaustão, mas, mesmo assim, saiu de campo com um 5 a 1 que o colocou a um passo e meio das semifinais. Após a confirmação da classificação para a próxima fase da Champions, conseguido no 1 a 0 na Donbass Arena, viria pela frente uma maratona de superclássicos: em um período de dezoito dias, Real Madrid e Barcelona viriam a se enfrentar quatro vezes - uma pela Liga, uma pela Copa do Rei, e duas pela Champions League.

No primeiro confronto, o empate por 1 a 1 no Bernabéu pela Liga colocou o Barcelona a um passo e meio da taça do campeonato espanhol, mas o jogo mostrou que os merengues eram capazes de parar o Barcelona. A confirmação dessa tese veio no embate seguinte: na final da Copa do Rei, no Mestalla, o Real Madrid de Mourinho e Cristiano Ronaldo venceu os azulgrenás por 1 a 0, gol do camisa sete português, e tornou-se o campeão da competição. Sem sofrer qualquer abalo aparente, os jogadores a comissão técnica do Barcelona demonstraram que o foco total estava na LC. Na partida de ida no Bernabéu, uma vitória para entrar na história: com dois do monstro Lionel Messi, o Barcelona venceu o Real Madrid por 2 a 0 e foi para a partida da volta com uma excelente vantagem obtida em plena capital.

No jogo de volta, o Barcelona estava mais tranquilo: a vantagem na Liga havia aumentado para nove pontos e poedria até perder por um gol de diferenças para o rival blanco. José Mourinho, como não havia feito em nenhum dos confrontos anteriores, resolveu atacar o Barcelona, mas deixou espaços para os blaugranas chegaram com certa facilidade à meta de Casillas. O 1 a 1 polêmico - um gol legal de Higuain foi invalidado por suposta falta de Cristiano Ronaldo em Mascherano - deu ao Barcelona o passaporte para a desejada final de Wembley, palco de sua primeira conquista europeia, que seria contra o Manchester United, mesmo adversário de seu último título europeu, conquistado em 2009, em Roma.

Com o título da Liga BBVA assegurada, o doblete é a pequena obsessão de um time que já está na história, sobretudo por ser a base da seleção campeão mundial e ter Messi, que a cada jogo quebra marca atrás de marca. Na temporada, o argentino já foi às redes 52 vezes, mas, com a cabeça na final, acabou deixando o português Cristiano Ronaldo disparar na artilharia da Liga Espanhola. O time que deve ir a campo na final de sábado não foi definido por Josep Guardiola, embora todos, até Abidal, que se recuperou de um tumor no fígado, estejam disponíveis. Na primeira coletiva da semana, Guardiola não quis falar sobre a escalação que irá a campo, mas deixou no ar a possibilidade de escalar Mascherano ao lado de Piqué, deslocando Puyol para a lateral esquerda. Segundo o treinador, seria arriscado demais escalar Abidal e Puyol, que se ficaram muito tempo parados, em uma partida tão decisiva como esta. Pedro, que vem reclamando de fortes dores musculares, também é dor-de-cabeça para o treinador: se o canário não jogar, a opção mais plausível será a titularidade de Keita, com Iniesta sendo adiantado para a ponta esquerda e Villa para a direita.

A notícia de que um vulcão pode atrapalhar a viagem do Barcelona à Inglaterra tem causado certo receio em Guardiola. O motivo é simples: com a erupção do vulcão islandês Grimsvötn no último sábado, o espaço aéreo da Islândia já foi fechado e o mesmo poderá acontecer com a Inglaterra, dificultando o acesso ao país. Não é a primeira vez que os blaugranas sofrem com os vulcões islandeses. Pouco antes da semifinal da Liga dos Campeões em 2009/10, o vulcâo Eyjafjallajokull, também islandês, entrou em erupção, causando o fechamento do espaço aéreo de vários países europeus, incluindo a Itália. A diretoria já estuda alternativas para resolver o problema. Caso a viagem seja antecipada, há duas possibilidades: ir de ônibus a Paris (cerca de 1200km, 15 horas) e depois pegar o trem Eurostar, que atravessa o Canal da Mancha e vai até Londres. Outra opção é viajar de avião enquanto o espaço aéreo inglês estiver aberto.

domingo, 22 de maio de 2011

Resumo: 38ª e última rodada

Drama no Riazor: onze temporada após o primeiro e único título de Liga BBVA, o Deportivo foi rebaixado para a Liga Adelante (getty images)

Numa rodada totalmente desinteressante para 15 das 20 equipes do campeonato, seria decidido o último rebaixado da Liga BBVA e a equipe espanhola que disputaria a prévia da Liga Europa. Mesmo com quase tudo definido, boa parte das equipes foram a campo com seus jogadores titulares. No fim das contas, o Deportivo não resistiu ao péssimo final de temporada, perdeu em casa para o Valencia e deu adeus (ou volto em breve) para a elite espanhola. A rodada também foi marcada por um doblete de Cristiano Ronaldo, que chegou aos 40 gols na Liga Espanhola e superou a marca histórica e fenomenal de Hugo Sánchez e Telmo Zarra. Acompanhe o resumo da rodada.

Deportivo 0x2 Valencia
É oficial: o Deportivo La Corunã, campeão espanhol em 1999/2000, na geração mágica de Djalminha, Roy Makaay, Diego Tristán, Capdevilla, Valerón, Donato, Luque, está rebaixado para a segunda divisão espanhola. Para se salvar, bastava um simples triunfo ante um Valencia com seus objetivos já cumpridos. Porém, mais uma vez, os chés não tiveram piedade da equipe da Galícia: assim como em 1994, quando ganhou os blanquiazules no Riazor e evitaram a conquista do título, até então, inédito de Liga Espanhola, o Valencia não teve piedade dos anfitriões e impôs uma triste derrota por 2 a 0, rebaixando o Deportivo para a Liga Adelante. A tensão no Riazor começou cedo: logo aos nove minutos, Áduriz já havia aberto o placar para o Valencia. No segundo tempo, os fanáticos aficionados galegos inflamaram o Riazor, que viu César Sánchez parar o ataque do Deportivo de todas as maneiras e Soldado sacramentar o descenso o Depor aos 46 minutos do segundo tempo.

A equipe de Miguel Ángel Lotina deu até logo à Liga BBVA justamente quando iria completar 20 anos de seu último acesso. A equipe, única da região da Galícia a conquistar o título da primeira divisão nacional, conquistou durante esses vinte anos, além da Liga BBVA, duas Copa do Rei e três SuperCopa da Espanhola, além de chegar às semifinais da Liga dos Campeões da Uefa. O rebaixamento, apesar de doloroso, foi justamente merecido: o Deportivo pagou pelo preço de ter sido inconstante. Começou a temporada mal, teve uma boa reação, mas, de repente, caiu de produção e entrou na zona de rebaixamento. Outro ponto negativo é um clube do tamanho do Deportivo ter que depender de um jovem de 21 anos - Adrian González, que já acertou sua ida ao Atlético de Madrid - e dos lampejos do veterano Valerón, que confirmou ficar na equipe para a disputa da Liga Adelante.

Apesar de contar com Adrian, a falta de um ataque mortal fez muita falta ao Deportivo. A exemplo de comparação, os blanquiazules terminaram a competição com 31 gols: Cristiano Ronaldo, o artilheiro histórico, marcou 40 vezes, enquanto Messi, vice-artilheiro, balançou as redes as mesmas 31 vezes que os galegos. Se a parte de La Corunã da Galícia amanheceu em silêncio, em Vigo é só festa: o Celta Vigo está a uma vitória de garantir sua vaga nos play-offs da Liga Adelante e viu, de quebra, seu maior rival ser rebaixado para a competição.

Real Sociedad 1x1 Getafe
No Anoeta, o clima tenso que havia se desenvolvido antes da partida logo se transformou em alegria após o 1 a 1 que garantiu a permanência da Real Sociedad na Liga BBVA - assim como o Getafe. Apesar do susto inicial, quando Cata Díaz abriu o placar aos nove minutos levando a pequena torcida azulona ao delírio, a Real Sociedad soube controlar os nervos de buscar o empate durante todo o jogo e, no segundo tempo, chegou ao gol de empate com Paco Sútil. A partir daí, com as duas equipes já satisfeitas com o empate, que salvava ambos, o jogo desenrolou-se de maneira chata. Apesar do segundo turno horrível, que a fez lutar pelo rebaixamento, a Real Sociedad tem uma boa equipe e bons valores individuais. Griezmann, grande revelação desta Liga, Xabi Prieto, Zurutuza e Diego Rivas foram donos de uma boa temporada.

No lado azulón, o elenco desgastado e com sérias carências deve se desfazer para a próxima temporada. Comprado pelo Dubai Team, as especulações em torno de um Getafe mais forte são grandes. Destaques como Albín e Dani Parejo, melhor jogador da temporada azulona, já estão com suas transferências para Espanyol e Real Madrid, respectivamente, praticamente seladas, enquanto Víctor Sánchez deve voltar para o Barcelona.

Levante 1x2 Zaragoza
Comemoração também em Aragão, onde a equipe local, Zaragoza, foi até Valencia para garantir sua permanência na elite espanhola. O grande herói da noite foi o capitão Gabi, autor de um doblete providencial para a equipe de Javier Aguirre. Primeiro, o volante cobrou com perfeição uma falta que morreu no ângulo direito de Munúa; depois, acertou um feliz chute que novamente morreu no ângulo do goleiro uruguaio. Um prêmio mais que merecido para os mais de nove mil torcedores maños que saíram de sua cidade local para torcer pelo seu time. Ander Herrera, jovem que fez sua despedida do Zaragoza, foi o mais emocionado da noite e teve seu nome gritado pelos torcedores blancos presentes no Ciutat de Valencia. O canterano já acertou sua ida para o Athletic Bilbao. Javier Aguirre, que pegou a equipe numa situação complicada, também teve seu nome reverenciado e, logo após a partida, deixou claro que seu desejo é continuar no Zaragoza: "quero treinar a equipe desde o começo, observar os jogadores na pré-temporada e, assim, alçar meus objetivos". O Levante, que já estava garantido na primeira divisão, deve perder o seu técnico, Ángel Plaza.

Mallorca 3x4 Atlético de Madrid
Na despedida de Quique Sánchez Flores do comando técnico do Atlético de Madrid, o show novamente foi de Agüero, que também deve ter feito seu provável último jogo trajando rojiblanco. Seja jogando isolado no 4-2-3-1, como ontem, ou tendo Forlán ou Diego Costa ao seu lado no ataque no 4-4-2, Kun não para de decidir: ontem, foram três gols que o fizeram chegar ao centenário de gols com o Atlético de Madrid. Antes da partida, Quique cortou Forlán novamente, dando a entender que o ciclo do uruguaio em Manzanares chegou mesmo ao fim. Durante a semana, o Mundo Deportivo chegou a confirmar a contratação do jogador por parte do Besiktas. Na coletiva de despedida, mais mistérios: o treinador afirmou que muito dificilmente Agüero e Forlán continuarão no Atléti e, muito por isso, Adrian, do Deportivo, já foi contratado. As especulações pela contratação do ítalo-argentino Osvaldo, do Espanyol, crescem a cada dia, mas a concorrência com a Premier League pode dificultar a transação. Outro nome bastante comentado pela imprensa madrilenha é Gourcuff. De acordo com o AS, os colchoneros oferecerão dez milhões de euros + Paulo Assunção ao Lyon pelo meio-campista.

Real Madrid 8x1 Almería
Cristiano Ronaldo. O português gravou seu nome na história da Liga Espanhola ao marcar dois gols no confronto contra o já rebaixado Almería e chegar aos 40 gols em uma única edição de campeonato espanhol. O camisa sete do Real Madrid deixou para trás números de Hugo Sánchez e, ninguém mais ninguém menos, Telmo Zarra. Zarra marcou 38 gols na temporada 1950-1951, quando sua média foi de um gol a cada 71,05 minutos. Hugo Sánchez, na temporada 1989-90, conseguiu uma média goleadora de um gol a cada 80 minutos. Cristiano Ronaldo marcou nesta Liga um gol a cada 70,07 minutos: foram onze gols nos últimos quatro jogos. O jogo também marcou a despedida de Dudek, que se resolveu se aposentar das quatro linhas. Joselu, que ganhou chances com Mourinho, marcou uma vez e foi bastante elogiado por Mourinho na coletiva pós-jogo. Adebayor, querendo ter seu contrato renovado pelos merengues, foi autor de um hat-trick, mas a diretoria não está muito a fim de contratar o togolês em definitivo.

Málaga 1x3 Barcelona
Recheado de jogadores reservas, o Barcelona de Josep Guardiola entrou em campo para tentar alcançar alguns objetivos que lhe restavam. No final, a equipe conseguiu ser a defesa menos vazada, porém o ataque devastador de Real Madrid, de 102 gols, acabou ficando na frente dos blaugranas. Em campo, o Málaga, desfalcado de Júlio Baptista e Rondón, saiu na frente com Eliseu, mas um pênalti bastante controverso marcado em cima de Bojan fez com que os azulgrenás chegassem ao empate. No segundo tempo, Afellay e o canterano Bartra marcaram mais dois e selaram a virada barcelonista. Curiosamente, mesmo tendo poucas oportunidades, Bojan terminou a Liga como quarto jogador do Barcelona com mais gols, ficando atrás de Messi, Villa, Pedro e Iniesta. No lado blanquiazul, a sensação é de alívio após a permanência na elite. Agora, Abdullah al Thani, sheik proprietário do Málaga, já pensa na próxima temporada. De acordo com o Marca, os andaluzes irão ao mercado para trazer uma superestrela (o nome de Kaká é especulado [!]).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Jogadores: Djalminha

Djalminha foi brilhante no Deportivo, onde foi eleito o jogador mais espetacular da história do clube (canaldeportivo)

A carreira de Djalminha no mundo futebolístico começou nas categorias de base do Flamengo, mais especificamente durante a Copa São Paulo de 1990. Em um time formado por garotos, que viriam a se tornar ícones futebolísticos, como Júnior Baiano, Marcelinho e Paulo Nunes, o então jovem Djalminha conquistaria o primeiro, e até hoje, o único título da Copinha para o rubro-negro carioca.

Habilidade e precisão nos passes e lançamentos, além de muitos gols, já que a dupla ofensiva formada por Rodrigo e Nélio não era das mais convincentes, eram as marcas de Djalminha. A cada jogo, o meia encantava os espectadores da Copinha, e no duelo de semifinal com o Corinthians, onde o Flamengo venceu por 7 a 1, marcou um belíssimo gol do meio-campo, ao melhor estilo “aquele que Pelé não fez”. Não só o gol lhe deu destaque naquele jogo, mas a sua atuação como um todo, foi, talvez, a melhor de um garoto na competição. Após a goleada sobre o Corinthians veio o duelo final contra o Juventus. E como era de se esperar, Djalminha recebeu uma atenção especial, mas foi de seus pés que saiu o passe para o gol de Júnior Baiano, que garantiu o título aos cariocas.

Ainda em 1990, Djalminha participou da equipe flamenguista que conquistou a primeira Copa do Brasil para o clube. De tão talentoso, se imaginou que ele pudesse ser o substituto de Zico, que deixara o Flamengo em 1989 para desbravar o futebol japonês. No ano seguinte da Copinha, o meia já ganhava oportunidades no time principal durante o Campeonato Brasileiro.

Mas a sua coroação veio somente em 1992, quando participou do time que levantou a taça do Campeonato Brasileiro. A equipe daquele ano, que mesclou experiência e juventude, principalmente da garotada da época de Djalminha, conquistou o Brasil sob o comando do veterano Júnior no meio-campo. No ano seguinte à conquista do Brasileirão, Djalminha se despediu do Flamengo. Confusões internas, que culminaram com troca de empurrões com o companheiro Renato Gaúcho, forçaram a sua saída da Gávea.

Com a saída do Flamengo, Djalminha rumou para o futebol paulista, onde foi defender as cores do Guarani. Diferentemente da passagem campeã no rubro-negro carioca, a primeira ida ao time de Campinas não rendeu muitos frutos, apesar de ter sido o principal jogador do time. Por causa disso, em 1994, o meia transferiu-se para o futebol japonês, onde defenderia o Shimizu S. Pulse. Apesar de ter marcado 13 gols em 11 jogos, ele não se adaptou ao Oriente e retornou ao Bugre no mesmo ano.

Em seguida, Djalminha apenas trocou de time, já que continuaria vestindo o verde, mas desta vez do Palmeiras, que com o patrocínio da Parmalat, montava um elenco de respeito, com nomes como Cafu, Flávio Conceição, Rivaldo, Muller e Luizão. Foram apenas dois anos no Verdão, mas tempo suficiente para voltar a conquistar títulos: o Paulistão de 1996. No ano seguinte, veio a sua primeira convocação para a seleção brasileira que disputaria a Copa América. Na competição continental, Djalminha ajudou o Brasil a conquistar seu quinto título da competição.

Este feito valorizou o jogador, que partiu para o Deportivo La Coruña. No clube espanhol, Djalminha levou algum tempo para se adaptar, mas quando já estava entrosado não demorou a virar ídolo. Sua melhor temporada com a camisa do Depor foi em 1999/2000, quando ajudou a equipe a conquistar o inédito título do Campeonato Espanhol, desbancando os Galácticos do Real Madrid.

Além deste título, o brasileiro ainda foi fundamental ao La Coruña nas conquistas da Supercopa da Espanha, em 2000 e 2002, e da Copa do Rei de 2002. Apesar das conquistas, a carreira de Djalminha na Espanha foi abreviada por uma confusão com o técnico Javier Irureta. O meia desferiu uma cabeçada contra o treinador, que teve, como um de seus desdobramentos, a sua saída do clube espanhol para o futebol austríaco, onde foi por empréstimo para o Austria Viena. De quebra, perdeu a vaga na seleção de Luiz Felipe Scolari para a Copa 2002. Em fevereiro de 2005, o meia anunciou sua aposentadoria dizendo que não tinha mais motivação no futebol profissional.

Djalminha
Nome completo: Djalma Feitosa Dias
Data de nascimento: 09/12/1970
Local de nascimento: Santos, São Paulo
Clubes que defendeu: Flamengo, Guarani, Palmeiras, La Coruña, Austria Viena e América do México

terça-feira, 17 de maio de 2011

Resumo: 37ª rodada

Aplausos para mim: Cristiano Ronaldo marcou mais dois, chegou aos 38 no campeonato e iguala a supermarca de Zarra e Hugo Sánchez (AP Photo)

Cristiano Ronaldo fez história. O português fez dois gols na vitória do Real Madrid sobre o Villarreal, no estádio El Madrigal, por 3 a 1, pela penúltima rodada do campeonato espanhol, e tornou-se o maior artilheiro em uma única edição do torneio, com 38 gols, igualando o recorde de Hugo Sánchez e de Zarra. Há uma polêmica sobre o número de Ronaldo, porque a liga espanhola conta 38 enquanto parte da imprensa considera 39. Marcelo anotou o outro gol do Real, enquanto Cani descontou para o Submarino Amarelo. A vitória deixou o Real com 89 pontos na segunda posição, e o Villarreal em quarto, com 62. Ambos, além de Barcelona e Valencia, estão garantidos na próxima Liga dos Campeões.

No Camp Nou, o Barcelona empatou sem gols com o Deportivo, que antes da partida fez o tradicional "pasillo" aplaudindo o Barça campeão nacional. Com o empate, o Depor está momentaneamente salvo do descenso, com 43 pontos, enquanto o Barcelona tem 93.

Em Almería, o lanterna e rebaixado dono da casa - 30 pontos - derrotou o Mallorca por 3 a 1, deixando os insulares em situação complicada na luta contra o rebaixamento, com 44 pontos. Uche, Juanma Ortiz e Piatti marcaram os gols do Almería, enquanto Webó descontou para o Mallorca.

Em um confronto de times que brigam diretamente contra o rebaixamento, o Getafe fez 2 a 0 no Osasuna, jogando em seu estádio. Flano e Pedro Ríos anotaram os gols dos azulones, que agora tem 43 pontos, na 16ª posição. O Osasuna está uma posição acima, com 44.

Já o Sevilla garantiu sua vaga na Liga Europa ao vencer a Real Sociedad por 3 a 1, no estádio Ramón Sánchez Pizjuán. Kanouté, duas vezes, e Negredo anotaram os gols do Sevilla, enquanto Agirretxe descontou para a equipe basca. O Sevilla é o quinto, com 55 pontos, enquanto a Real Sociedad, com 44 pontos, ainda corre risco de rebaixamento.

Desesperado para não cair, o Zaragoza derrotou o Espanyol por 1 a 0, com um gol de Ponzio, e respira com 42 pontos. Já o Espanyol encerrou suas chances de chegar à Liga Europa ficando em oitavo lugar, com 49 pontos.

Na despedida do técnico Quique Sánchez Flores no estádio Vicente Calderón, o Atlético de Madrid derrotou o rebaixado Hércules por 2 a 1. O zagueiro Dominguez abriu o placar para os colchoneros com um minuto de partida, mas o francês David Trezeguet empatou aos 21 do segundo tempo. Três minutos depois, Reyes fez o gol da vitória. O Atlético, garantido na Liga Europa, é o sétimo com 55 pontos, enquanto o Hércules permanece em penúltimo colocado, com 34.

Em Gijón, o Sporting salvou-se matematicamente do descenso ao vencer por 2 a 1 o Racing. Christian abriu o placar para os visitantes, mas De Las Cuevas e Nacho Novo viraram a partida para os asturianos. Com a vitória, o Sporting chegou aos 46 pontos e ao décimo lugar, enquanto o Racing está uma posição abaixo, com o mesmo número de pontos.

Outro clube que se salvou do descenso foi o Málaga, que empatou em 1 a 1 com o Athletic Bilbao, no estádio San Mamés. Recio abriu o placar para o Málaga, mas David López empatou para os Leões, que estão em sexto, com 55 pontos. O Málaga tem 46, no nono lugar.

Finalmente, no clássico valenciano, Valencia e Levante ficaram no empate sem gols no Mestalla. O resultado garantiu o terceiro lugar para os Ches, enquanto o Levante está virtualmente salvo do descenso. A partida marcou a despedida, jogando em casa, do meia-atacante Vicente, que anunciou que deixará o Valencia ao fim da temporada.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O homem por trás do sucesso

Rexach foi o responsável por levar Messi à Catalunha e é um dos grandes nomes por trás das canteras blaugrana (mundo deportivo)

Além de seu estilo de jogo voltado ao ataque, uma das principais características associadas ao Barcelona é o trabalho prolífico feito nas categorias de base do clube catalão. Famoso por ter lançado jogadores da estirpe de Amor, Guardiola e Xavi, a formação de atletas, porém, nem sempre foi colocada em primeiro plano pelos blaugranas. Contratações de jogadores de renome e poucos atletas criados em casa no time principal eram políticas comuns até as décadas de 1970 e 1980. A partir da adoção de La Masia como casa dos jovens culés, em 1979, a situação ganhou novos rumos e a lapidação de novos jogadores tornou-se prioridade. E, dentre os principais articuladores do projeto, nada melhor que um ex-atleta formado no Camp Nou para contribuir com sua própria experiência. Ícone durante mais de uma década com a camisa blaugrana, Carles Rexach era um dos principais nomes envolvidos no fortalecimento das bases do Barça.

Inicialmente técnico de times inferiores, Rexach ganhou projeção por seus serviços prestados no início da década de 1990, quando, ao lado do técnico Johan Cruyff, montou o chamado Dream Team com diversas pratas da casa. Seu trabalho, no entanto, não se limita somente a esse período. Muitos dos atletas que, hoje consagram o Barcelona como uma das melhores equipes do planeta, antes foram aprovados pelo o olhar clínico de Rexach.

Assim como muitos dos garotos que ajudou a lançar, Rexach também subiu para a equipe principal do Barcelona ainda na adolescência. Sua estreia entre os profissionais aconteceu em abril de 1965, quando ainda tinha 18 anos. E a futura lenda blaugrana não decepcionou: logo em seu debute, Rexach marcou o seu primeiro gol pelo clube catalão, o último na goleada por 4 a 0 sobre o Racing Santander. A partir da temporada 1967/68, quando tinha 20 anos, o ponta direita tornou-se figura constante no time titular, de onde só saiu quando pendurou as chuteiras. Em 16 anos de carreira, todos eles dedicados ao Barcelona, Rexach foi a campo em 656 oportunidades. É o segundo atleta com o maior número de partidas pelos culés. Além disso, anotou 197 gols, sendo o oitavo maior artilheiro da história dos catalães.

Em meio a tantos números significativos, Rexach venceu quatro Copas do Rei, uma Recopa Europeia e uma Copa das Feiras (atual Liga Europa). No entanto, vivendo um período de domínio do Real Madrid na liga nacional, de sua estreia até a aposentadoria, em 1981, o jogador só conquistou uma única vez o Campeonato Espanhol. A vitória na temporada 1973/74, aliás, foi conduzida por um dos melhores amigos de “Charly” no Barcelona, o holandês Johan Cruyff. Logo depois de se afastar dos gramados, Carles Rexach foi convidado para trabalhar nas divisões inferiores do Barcelona. Além disso, em 1984, o ex-ponta também fundou uma escola especializada no ensino de futebol, em parceria com Antoni Torres, Juan Manuel Asensi e Joaquim Rifé, todos ex-companheiros nos tempos de profissional.

Rexach permaneceu treinando as equipes menores blaugranas até 1987, quando passou a ser assistente do técnico Luís Aragonés no time principal. E, apesar de estar entre os atletas profissionais do clube, o ex-atleta sempre deu sinais de que nunca esqueceu as joias que o Barcelona formava em suas canteras.

Promovido após a saída de Aragonés, Rexach comandou o time até a o fim daquela temporada, mas voltou ao cargo de assistente técnico pouco tempo depois. Com a chegada de Johan Cruyff para o banco de reservas barcelonista, mesmo que fora das quatro linhas, Rexach formaria com o holandês uma das duplas mais importantes da história do clube. Ambos foram os mentores de um dos períodos mais vitoriosos dos blaugranas. Mesmo com contratações de craques do futebol mundial, como Ronald Koeman, Michael Laudrup, Hristo Stoichkov e Romário, os comandantes do Dream Team não deixaram de promover talentos das canteras culés, exemplificados por Guillermo Amor, Pep Guardiola, Albert Ferrer e Sergi.

Mais que o lançamento de novos craques, contudo, Rexach ajudou a implementar uma verdadeira revolução no modo de os blaugranas lidarem com as suas categorias de base. Antes de qualquer aspecto físico, os garotos do clube passaram a ser avaliados por sua técnica. Comprovada a qualidade do jovem com a bola nos pés, somente depois eram trabalhadas as outras características de jogo.

A parceria com Cruyff durou até 1996, quando o holandês foi destituído do cargo, após seguidos desentendimentos com Josep Lluís Núñez, presidente do clube. Na temporada seguinte, já sem desempenhar a função assistente técnico, Rexach permaneceu prestando serviços no Camp Nou. Além de indicar jogadores de clubes rivais, estava incumbido também de apontar os valores gerados nas canteras do próprio clube. Após uma rápida passagem pelo futebol japonês, onde treinou o Yokohama Flügels, Rexach retornou à Catalunha, reintegrando o staff principal do Barcelona e chegando mesmo a comandar o time durante a temporada 2001/02. Seu principal trabalho no período, no entanto, foi como diretor técnico, quando ajudou a promover alguns dos principais jogadores do elenco atual, como Xavi, Puyol e Iniesta.

Capítulo à parte em sua passagem de mais de 40 anos pelo Barcelona, o fato de ter levado Lionel Messi à Espanha se sobressai entre tantos feitos de Rexach no clube catalão. E mesmo que várias versões surjam para narrar como o argentino ingressou nas canteras culés, o então diretor técnico não deixa de ser um dos personagens centrais da trama.

A história mais difundida conta que Messi, enquanto treinava no Newell’s Old Boys, da Argentina, teve diagnosticado um problema hormonal, que só poderia ser solucionado com a aplicação de caros medicamentos. A previsão aos nove anos era de que, quando o garoto chegasse à idade adulta, não passaria de 1,40 m de altura. Quando o garoto tinha 13 anos, com problemas financeiros para custear o tratamento, os familiares de Messi recorreram ao Newell’s. O clube, contudo, afirmou que não poderia pagar os remédios e abriu as suas portas para a saída do prodígio. Sem alternativas, o pai de Messi foi atrás de outras equipes do país, mas também não obteve sucesso.

O futuro do argentino só ganhou novos rumos algum tempo depois. Em 2000, durante uma passagem por Brasil e Argentina para observar jovens talentos sul-americanos, Carles Rexach conheceu Messi e encantou-se com o futebol daquele menino mirrado. O garoto, ainda com 13 anos de idade, seria levado ao Barcelona, onde teria o seu tratamento pago e treinaria com os outros atletas das categorias de base. A família de Messi, por sua vez, ganharia novos empregos na Catalunha. Há ainda versões que dizem que o argentino passou por uma bateria de testes no Camp Nou e que só teve a garantia que ficaria no clube após seu pai pressionar Rexach. Conta-se ainda que nem sempre seu tratamento foi bancado pelo Barcelona (o responsável pelo futebol amador, Juan Lacueva, teria pago parte das contas) e que, somente em 2001, após muita insistência, o vice-presidente blaugrana assinou o primeiro contrato de Messi.

Em meio a tantas especulações, o certo é que, com ou sem brigas internas, o prodígio se firmou como um dos maiores ídolos da história do clube centenário ainda nos primeiros anos de carreira. E, de uma forma ou de outra, mesmo que se isentando do feito, foi Rexach quem o levou para La Masia. Três anos depois de descobrir Messi na argentina, Rexach desligou-se das atividades que desempenhava no Barcelona. Ao todo, permaneceu mais de 20 anos na administração da equipe, entre passagens como assistente técnico, técnico e dirigente. O legado de Rexach, no entanto, não deixa de ser reconhecido. Sete anos depois de sua saída do clube, os torcedores ainda têm grande consideração por seu ex-ídolo. No ano passado, em tempos de eleições no Camp Nou, seu nome recebeu grande apoio dos culés em uma possível candidatura à presidência, mesmo que ele tenha afirmado posteriormente que não disputaria o cargo.