quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Passaporte para a Euro

Os 3 gols de Soldado carimbam seu passaporte à Eurocopa (getty images)

Foi bem simples. Estreando roupa nova, a Espanha goleou uma frágil Venezuela por 5x0, com gols de Silva, Iniesta e Soldado (3). Envolvido pela posse de bola e pelas contundentes jogadas ofensivas espanholas, a vinotinto pouco lembrou aquela seleção promissora que, há pouco menos de quatro meses, derrotou a Argentina de Messi e é uma das favoritas a copar uma vaga na próxima Copa do Mundo. Relembramos: em junho passado, a mesma Venezuela foi derrotada pela Espanha por 3 x 0, em jogo disputado em Nova York. Com a manita, a Fúria de Del Bosque torna-se a mais goleadora da história. Os 131 gols em 52 partidas ultrapassam os 126 tentos em 62 partidas da Espanha de Javier Clemente, atual técnico do Sporting Gijón que treinou a seleção entre 1992 e 1998. Outro feito, talvez até mais destacável, envolve o capitão. Casillas chegou a 72 partidas sem sofrer gols, igualando o feito do holandês Van Der Sar. A excelente atuação roja em Málaga deixa cinco certezas.

1) Sem Villa, vai predominar o 4-2-3-1. A escalação inicial que contou com Busquets protegendo a defesa e Xabi Alonso ajudando na criação numa linha atrás de Silva aberto à direita; Iniesta, à esquerda, e Fàbregas, centralizado, ratificou a ideia de que o 4-3-3 visto nas Eliminatórias só será utilizado no retorno de Villa. No momento é a ideal sem a presença do Guaje e contando com o retorno de Xavi. Mas Del Bosque terá problemas. Xavi e Iniesta são titulares absolutos, mas quem vai deixar o onze inicial: David Silva ou Fàbregas?

2) Iniesta merece um capítulo à parte. Já ficou comprovado que quanto atua aberto à esquerda mas na última linha ofensiva seu futebol é burocrático. No meio-campo, auxiliando o atacante, sempre dá espetáculo. Marcou um gol e ofereceu, mais uma vez, mostras de sua qualidade. Saiu de campo ovacionado por um povo que o tem como herói. É verdade que a temporada 2011/2012 de El Albino, muito por causa das lesões, tem sido abaixo da média, mas o bom futebol mostrado hoje pode elevar sua moral. Silva foi seu principal sócio.

3) Há três semanas, em uma entrevista ao site da Uefa, Fàbregas afirmou que sente um pouco a pressão de ser o sucessor de Xavi tanto no Barcelona quanto na Espanha. Cesc disse que não tem a "paciência" que o camisa oito blaugrana tem para armar uma equipe e aproveitou para deixar claro que "não sabe a hora" de tocar para o lado ou lançar para o atacante. Guardiola, de fato, não tem escalado muito Fàbregas na posição de Xavi, mesmo no momento de ausência, optando por Thiago Alcântara. Mas a sensação é de evolução. Quando escalado contra o Valencia, pela Copa do Rei, fez uma partida nota 5,5. Contra o Bayer Leverkusen, já foi melhor, dando até uma assistência preciosa para Alexis Sánchez marcar vinda do setor do campo onde Xavi mais gosta de atuar. Hoje, contudo, Fàbregas ditou o ritmo da partida. Ficou só na distribuição, à Xavi, onde todas as bolas passavam pelo seu pé. Resultado: duas assistências.

4) A lateral esquerda tem novo dono: Jordi Alba. Com a preferência de Capdevila de ir se "esconder" em Portugal, Del Bosque fechou as portas da seleção para o ex-Villarreal. Azpilicueta e até Arbeloa passaram pela lateral nos primeiros jogos, mas quem mais aproveitou-se do fato foi o jogador ché. Já havia sido elogiado pela imprensa após o jogo contra a Inglaterra, mas hoje confirmou que, salvo algum imprevisto, vai à competição europeia como dono da posição. Hoje, apareceu em, praticamente, todos os ataques pelo setor esquerdo.

5) O nome mais falado após o amistoso foi o de Roberto Soldado. Seu debut com Del Bosque não poderia ter sido melhor. O hat-trick representa não só o primeiro jogador da história da seleção espanhola a sair do banco de reservas e marcar três gols, mas sim que foi lhe dado o passaporte para a Eurocopa. Só não vai à Euro por lesão ou algum outro imprevisto. A depender do estado de Villa, pode chegar até como titular: se, por um lado, Llorente não aproveitou a chance que lhe foi dada, Soldado, além de marcar três gols, se movimentou com contundência, batalhou pela bola mesmo com a partida já ganha, tabelou com os meio-campistas. "Del Bosque pediu para que eu jogasse como no Valencia", revelou na zona mista. Seus companheiros estão felizes por ele. Enquanto isso, quem se lamenta é Fernando Torres. Já discutimos, mas é bom lembrar: há espaços para El Niño Torres na Eurocopa?

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Rumo ao ouro

Mata e Thiago disputarão a Euro e já afirmaram que estão à disposição de Luis Milla para jogar as Olimpíadas (telegraph)

No calendário da Federação Espanhola de Futebol há duas datas marcadas em negrito. A primeira é o dia 1 de julho, a final da Eurocopa. A segunda, o 11 de agosto. Às vésperas do encerramento dos Jogos Olímpicos, o ouro olímpico no futebol estará em disputa. Conquistar a medalha não é uma obsessão como no Brasil, quando a seleção sempre entra pressionada a ganhar algo nunca conquistado antes em sua história. Até pelo fato de já estar no currículo espanhol uma conquista em Olimpíadas (Barcelona 92'). Mas a seleção que vai a Londres é ambiciosa e chega, talvez, como máxima favorita, ao lado do Brasil.

Chegar à medalha irá requer bastante trabalho e mais futebol. Apesar do título Sub-21 europeu, os comandados de Luis Milla passaram por alguns apuros não previsto antes do torneio. A vitória suada na semifinal ante a Bielorússia evidenciou algums problemas da Rojinha. A marcação pressão feita pelos bielorrussos atrapalhou muito a saída de jogo; Javi Martínez ficou sobrecarregado; e a bola pouco chegou em Adrián. A vitória veio no talento. Quando nervosa e em situação de adversa, a seleção olímpica mostra-se frágil. Hoje, Milla terá pela frente um amistoso para definir e ajustar a equipe. Contra o Egito, são duas as importancias do confronto: o adversário é um dos que estarão em Londres e não há muitas datas específicas para se trabalhar o elenco. Daqui até a estreia nas Olimpíadas, há, além do jogo de hoje, apenas mais uma data FIFA disponível.

Quase todos os adeptos do futebol recordam o gol de Kiko naqueles dias loucos de Barcelona em 1992, mas não tanto que a Fúria leva 12 anos sem participar dos Jogos. A última participação, em 2000, acabou em medalha de prata, após derrota para Camarões na final. A vantagem da seleção hoje é o fato de contar com um grupo forte, coeso e que atua juntos já há algum tempo. Jogadores como Mata, Javi Martínez e Muniain são os principais em suas equipes e Thiago Alcântara é um dos canteranos mais promissores do Barcelona. Os craques do elenco já estão acostumados a lidar com a pressão e os jogos grandes. Há de se destacar que o regulamento do torneio permite levar três futebolistas maiores de 23 anos. A ideia da comissão técnica é não chamar nenhuma estrela da seleção principal, e sim o winger do Chelsea, o zagueiro-volante do Athletic Bilbao e Adrián López, artilheiro do Sub-21. Para Milla, não há de misturar seu trabalho com o de Del Bosque. Outro nome que não está descartado é Capel, sempre com boas apresentações pelas seleções de base e em boa temporada no Sporting de Lisboa.

Trata-se de dar prioridade àqueles que estiveram no título continental. Como a referência da UEFA é o início das eliminatórias, quem nasceu a partir de janeiro de 1988 pode ser chamado. Naturalmente, Milla aproveitou para incluir veteranos no grupo parcial. O treinador convocou seis jogadores que atuaram na principal para o torneio: Azpilicueta, Capel, Javi Martínez, Mata, Thiago Alcântara e Montoya. A Espanha precisa aproveitar como puder as oportunidades de desenvolver um grupo habituado a decidir para suceder a geração vitoriosa de Casillas, Xavi, Iniesta e Villa. Esses jogadores têm a chance de guiar a seleção a mais conquistas futuramente. E, passo a passo, levar o bi olímpico já seria um belo início.

O exemplo germânico está aí. Quando os garotos da Alemanha esmagaram a Inglaterra por 4 a 0 na decisão da Euro sub-21 de 2009, ensaiavam uma inesquecível Copa com a seleção principal no ano seguinte. Neuer, Jerome Boateng, Khedira e Özil, titulares na África do Sul, arrebentaram no torneio. O fato é que a seleção espanhola da categoria é muito boa. E pensar no ouro é algo real.

Time do colunista: De Gea (Manchester United); Montoya (Barcelona B), Botía (Sporting Gijón), Álvaro Domínguez (Atlético de Madrid), Didac Villà (Espanyol); Javi Martínez (Athletic Bilbao), Ander Herrera (Zaragoza); Mata (Chelsea), Thiago Alcântara (Barcelona), Muniain (Athletic Bilbao); Adrián (Atlético de Madrid).

Atualização 18h33
A Seleção Sub-21 acabou de vencer o Egito por 3x1. Enquanto a seleção de Mano suava para virar contra a Bósnia, a remontada roja saiu com tranquilidade e paciência. Álvaro Vázquez (duas vezez) e Koke marcaram. Curiosidade: a dupla é um dos bons valores da equipe Sub-20, a mesma que caiu para o Brasil no Mundial da categoria no ano passado. É difícil pensar nos dois como titular, mas é um plus de nível ao elenco. Milla iniciou o jogo num 4-3-3 ofensivo com Mariño (Villarreal B); Montoya (Barcelona B), Botía (Sporting Gijón), Álvaro Domínguez (Atlético de Madrid), Dídac Villà (Espanyol); Oriol Romeu (Chelsea), Ander Herrera (Athletic Bilbao), De Marcos (Athletic Bilbao); Cuenca (Barcelona), Adrián (Atlético de Madrid), Capel (Sporting Lisboa).

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

25ª rodada: Sobrevida

Na raça, o Levante triunfou em Barcelona contra o Espanyol e voltou ao quarto lugar (getty images)

Espanyol 1x2 Levante
Com o Real Madrid dando a cada rodada mostras de que não vai mesmo perder a Liga, a maior graça do Campeonato Espanhol fica na disputa por vagas na Champions League. E o Levante, numa demonstração à Brasileirão 2011, ganhou uma sobrevida na disputa e chutou os rumores de que não iria disputar mais nada. A excelente vitória em Barcelona ante um adversário direto que, há uma semana, havia roubado o quarto lugar despacha a sequência negativa de oito jogos sem vitória. A exemplo do Sevilla, os azulgrenás ressuscitaram no momento ideal: o gol da vitória saiu aos 44 minutos do segundo tempo, em falta cobrada por Rubén Suárez que, ironicamente, desviou em Verdú, um dos melhores em campo, e matou Casilla. Entretanto, vale deixar claro, que o futebol praticado pela equipe de Juan Ignácio Martínez pouco lembrou o do primeiro semestre. Pegado e abusando de faltas bobas, a vitória parece ter vindo na formalidade.

Enquanto isso, o Espanyol lamenta. Os quase 70% de posse de bola acabaram que não valeu por nada. Justamente quando a equipe parece ter feito uma de suas melhores partidas na temporada a vitória não veio. Ademais, os péricos, tão acostumado a pipocar na hora H (a temporada passada é um exemplo), ratificaram, pelo menos na rodada, a alcunha de Cavalo Paraguaio de La Liga que vem recebendo há algumas temporadas. O quarteto ofensivo (Coutinho, Verdú, Weiss e Álvaro) se comportou bem, com destaque para o eslovaco, que já há algumas rodadas vem rendendo em ótivo nível. A velocidade com a qual impõe em suas rodadas cansa o lateral direito adversário que, no caso de Pablo López do Levante, é obrigado a cometer faltas a todo momento. Em uma dessas, Verdú cruzou e Uche empatou a partida, que logo viria a ser desempatada. Pochettino lamentou, mas, de fato, é pensar nas próximas rodadas. O Espanyol vai pelo caminho certo, mas precisa parar de perder pontos bobos e matar a partida quando possível, se quiser disputar a próxima Champions League.

Valencia 1x2 Sevilla
O Valencia voltou a perder atuando no Mestalla e vê a terceira colocação à perigo. Hoje, pensar no Valencia junto com Barcelona e Real Madrid na próxima LC não é mais unanimidade nenhuma. Os chés chegaram a estar à frente do placar com um chutaço de Tino Costa, cada vez melhor, mas sucumbiram diante de um Sevilla que ofereceu sua melhor versão na temporada ao estádio valencianista. Unai Emery reconheceu a má partida de sua equipe na coletiva e definiu como "baque futebolístico" o que aconteceu após o gol de Medel. Enquanto isso, o Sevilla ressurge e volta a pensar em Liga Europa. As boas partidas de Rakitic, Jesus Navas, Reyes, Negredo e Kanouté, sobretudo, levaram pesadelo ao quarteto defensivo blanquinegro. Jordi Alba, por exemplo, pouco subiu e ajudou nas jogadas ofensivas a partir do controle total do jogo do Sevilla.

No duelo dos artilheiros convocados para a seleção, Soldado e Negredo, quem brilhou foi um outro convocado de Del Bosque: Jesús Navas. Alguns chegaram a criticar o treinador madrileño pela convocação do extremo direito, mas ele respondeu com o que melhor sabe fazer. A ótima atuação no Mestalla foi, acima de tudo, decisiva: assistência para Medel e gol que decretou a virada, após raça de Kanouté, que ganhou uma bola na linha de fundo quase perdida. O malinês recupera seu bom futebol num momento ideal. Míchel aposta no 4-4-2 e o camisa 12 será crucial para o andamento da tática. Entretanto, o treinador recebeu uma péssima notícia hoje de manhã. Álvaro Negredo sofreu uma ruptura no tendão esquerdo e fica de fora dos gramados por 4 semanas. Curiosamente, a nova lesão vem às vésperas de um compromisso da Fúria, assim como contra o Chile, em setembro passado.

Atlético de Madrid 1x2 Barcelona
Historicamente, Atlético de Madrid e Barcelona costumam fazer jogos emocionantes e cheios de gols, principalmente no Vicente Calderón. O do final de semana teve três, mas não faltou emoção. A escalação inicial de Guardiola mostrou duas coisas: 1) o treinador parece disposto a brigar pela Liga (parecia, explico mais à frente); 2) Piqué é reserva. O onze de gala teve, após quase dois meses, Xavi, Iniesta, Fàbregas, Messi e Alexis Sánchez juntos, mas um fato chamou a atenção: Mascherano formou a dupla de zaga ao lado de Puyol, dando a entender que tornou-se o dono da posição. De fato, o argentino que virou de vez zagueiro faz uma temporada superior ao camisa 3. Porém, é só Guardiola relegar o namorado de Shakira ao banco para especulações serem criadas. O Marca, por exemplo, já diz que houve uma briga entre os dois no vestiário e que, insatisfeito, o zagueiro estaria à caça de um novo clube para a próxima temporada. O boato aparece no exato momento em que especulações fortes sobre uma possível contratação de Thiago Silva aparece na imprensa catalã.

Após a partida, definida por um golaço de falta de Messi, Guardiola jogou a toalha: "do Real Madrid, ninguém tira mais essa taça". Simeone, por sua vez, foi irônico e destacou a atuação do árbitro Pérez Lassa, que deixou de assinalar um pênalti claro de Busquets no final da partida e de expulsar Daniel Alves por um carrinho em Godín (logo após o lance, Guardiola substituiu o brasileiro por Cuenca para se precaver). Talvez o empate teria sido o resultado mais justo. O Barcelona controlou o Atléti no primeiro tempo, chegando a ter 82% da posse de bola, mas teve uma queda nítida de rendimento na segunda etapa, quando Falcão empatou no começo da partida. Simeone definiu bem: "o empate teria sido mais justo, mas uma genialidade (de Messi) definiu a partida".

Málaga 5x1 Zaragoza
Foi provisório, mas o Málaga sentiu um gostinho de ficar na zona de LC. Quando os malagueses pareciam que iam espanyolzar, deslancharam. O Zaragoza ratifica a má sorte que está tendo na maioria dos confronto. O comandados de Manolo Jiménez controlavam as ações da partida quando estava um a um, pareciam mais próximos do gol do que o adversário, mas um erro individual permitiu ao Málaga sair atrás da goleada. O gol contra de Da Silva foi sentido pela equipe, que não resistiu e sofreu mais três, em sequência: Demichelis, Isco Román e Rondón.

O jovem merece um capítulo à parte. Após iniciar a temporada num nível inferior, tornou-se incógnita e teve sua titularidade em xeque. Entretanto, os últimos jogos, em especial, mostram o porquê de Pellegrinni sempre ter apostado em Isco e tarimba o fato de, há dois anos, ter sido eleito pelo Marca como uma das maiores promessas do futebol espanhol. Centralizado na linha de três do 4-2-3-1, não tem deixado desperdiçar sua bom visão de jogo e seu chute. A assistência ao tento de Rondón, auxiliado pelo canterano valenciano, exemplifica isso.

Rayo Vallecano 0x1 Real Madrid
É no improviso que você vê que um jogador é craque. Cristiano Ronaldo não precisa provar mais nada, mas não se cansa. Quando Özil cobrou escanteio e a bola sobrou para o português, que estava de costas para o gol de Joel, haviam três jogadores protegendo a retaguarda do ex-Atlético de Madrid. Além disso, Pepe e Callejón estavam mais à frente do gajo e em melhores condições de finalizações. Numa genialidade, entretanto, o Pichichi do campeonato resolveu dar de calcanhar na bola. E, contando, também, com a sorte, venceu Joel, dando mais três pontos importantíssimo ao Real Madrid. Os franjiroyos tem o que lamentar. Jogaram bem, marcaram forte e duro, tiveram chances de marcar, mas pecaram ao extremo nas finalizações. Diego Costa, Michu e Armenteros erraram muitos chutes frente a Casillas.

A partida colocou em evidência novamente o trabalho dos árbitros. Pelo menos um cartão vermelho era para ter aparecido no lado merengue. Sergio Ramos abusou das faltas e chegou a cotovelar o rosto de Diego Costa. Além disso, o brasileiro também sofreu um pênalti claro de Pepe que Fernando Borbalánz não assinalou. Para completar a trica, Michu foi injustamente expulso por falta em Khedira. À primeira vista, até pareceu uma falta dura, digna de vermelho, mas o replay revelou que o meio-campista tocou na bola e o volante alemão se jogou. Obviamente, o colegiado foi bastante criticado. Ramón Sandoval, treinador do Rayo, disparou: "assim fica muito complicado vencer o Real Madrid".

Osasuna 2x1 Granada
As atenções estão voltadas mais a Atlético de Madrid, Athletic Bilbao, Málaga e Espanyol, mas o Osasuna não pode ser subestimado. Comendo pelas beiradas, de grão em grão, os rojillos aproximam-se muito do quarto colocado. Com o triunfo ante o Granada, ficou a apenas 1 ponto da principal competição do velho continente. Surpreende, não só a classificação, como o rendimento rojillo. Mendilibar consertou a zaga, que mostra muito bom comportamento, e coloca a equipe para jogar no contra-ataque. A solidez defensiva chama a atenção em relação à equipe que foi a terceira mais vazada do campeonato passado. O Granada, que parecia num bom rumo com Abel Resino, sofre a segunda derrota consecutiva e volta a ver de perto o inferno do rebaixamento.

Villarreal 2x2 Athletic Bilbao
Num dos melhores jogos da rodada, Villarreal e Athletic Bilbao protagonizaram uma partida de grande nível. A volta às redes de Nilmar chega em momento ideal para o Submarino Amarelo. Mesmo dando mostras a cada rodada de que o desempenho no futebol melhora a cada jogo a equipe ainda passa sufoco. São três pontos apenas do Racing Santander, primeiro da zona de rebaixamento. O Athletic Bilbao, por um lado, ficou próximo de roubar a quarta colocação do Levante. Foi Susaeta virar a partida, aos 20 minutos, que Nilmar empatou dois minutos depois. Ontem, Molina surpreendeu. Seu 4-4-2 teve um Nilmar mais na preso na área adversário e Martinuccio saindo para o jogo, se movimentando. O argentino que foi emprestado pelo Fluminense fez uma boa partida e já parece adaptado à Liga BBVA.

Real Sociedad 1x0 Mallorca
Pela primeira vez na temporada, Vela e Griezmann iniciaram uma partida juntos. Não foi a melhor partida da Real Sociedad na temporada, longe disso, mas uma jogada em conjunto da dupla encerrou-se em gol de Agirretxe, que voltou a balançar as redes após seis jogos. Após a goleada ante o Villarreal, o Mallorca esqueceu do bom futebol e não levou perigo às redes de Bravo. Agora, a Real Sociedad se prepara para o duelo mais importante da temporada: o dérbi vasco ante o Athletic Bilbao, que pode mudar o rumo de sua temporada. Vencer e chegar aos 33 pontos significa brigar por Liga Europa.

Seleção da rodada
Andrés Fernández (Osasuna); Daniel Alves (Barcelona), Mascherano (Barcelona), Cata Díaz (Getafe), Casado (Rayo Vallecano); Iturraspe (Athletic Bilbao); Jesus Navas (Sevilla), Isco Román (Málaga), Cristiano Ronaldo (Real Madrid); Jefferson Monteiro (Bétis), Messi (Barcelona). Treinador: Míchel (Sevilla).

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ressurreição

Chegada de Míchel para o comando técnico fez bem ao Sevilla, que emplacou duas vitórias consecutivas e, em um toque de mágica, foi do pesadelo do rebaixamento ao paraíso de conquistar uma vaga em competições europeias (reuters)

Segundo dados do Wikipédia, Ressurreição significa, literalmente, "levantar; erguer". Esta palavra é usada com frequência nas escrituras bíblicas, referindo à ressurreição dos mortos. No seio do povo hebreu, a palavra correlata designava diversos fenômenos que eram confundidos na mentalidade da época. O seu significado literal é voltar à vida; assim, o ato de uma pessoa considerada morta viver novamente era chamado ressurreição. Existe a conotação escatológica adotada pela igreja católica para esse termo que é a ressurreição dos mortos no dia do juízo final.

Ainda é cedo para apontar um futuro melhor para o Sevilla. Mas a equipe que venceu o Valencia no Mestalla por 2 x 1 pode pensar em algo melhor. O que, há três semanas, era um pesadelo, capaz até de ser rebaixado para a Liga Adelante, transformou-se em algo parecido com a prática de futebol bonito. O elenco cabisbaixo que Marcelino Toral deixou para Míchel já apresenta outra postura. A equipe conhecida nos últimos anos por ser aguerrida e pedra nos sapatos dos grandes parece ter voltado. Se 2012 estava um inferno, sem nenhuma vitória, contra os chés os nervionenses chegaram a duas consecutivas. Vitórias que elevam a moral do grupo e recolocam a equipe de volta à disputa por Liga Europa.

Em Valencia, o Sevilla lembrou o Sevilla de 2006/2007. Sólido na defesa, forte no meio-campo, sobretudo pelos lados do campo, e perigoso no ataque. Quando estreou como treinador sevillista, Míchel parecia disposto a cair no mesmo erro de Marcelino. Debutou sem mudar nada, escalando um meio-campo com três: Navas à direita, Reyes centralizado e Perrotti à esquerda. Só no final da partida contra a Real Sociedad, quando tirou o extremo esquerdo para colocar Kanouté, que o treinador observou e pôde entender que o mais certo a se fazer é utilizar o 4-4-2. É a tática que mais deu certo nos últimos anos. O esquema a rombo utilizado por Manzano no segundo semestre da temporada passada foi substituído sem explicação pelo 4-2-3-1 que Marcelino aplicou quando assumiu. Com Reyes e Jesus Navas voltados exclusivamente para os flancos do campo, a equipe ganha um poderio enorme.

As atuações individuas de peças-chaves no plantel também melhorou. Palop, que recuperou a condição de goleiro titular seis meses depois graças a uma lesão de Javi Varas, mostrou ainda estar em forma ao fazer três excelentes defesas contra o Osasuna, na semana passada. Rakitic e, sobretudo, Kanouté também estão imprescindíveis. Em sua coletiva de apresentação, Míchel havia reiterado o desejo de poder contar com o malinês, em baixa com Marcelino e em temporada obscura. O centroavante não só voltou a jogar bem como foi importante no duelo de hoje. A velocidade para recuperar a bola e cruzar para Jesus Navas definir e decretar a virada sevillista em pleno Mestalla foi comemorada pelo novo treinador. "Pouco a pouco vamos encontrando o equilíbrio. A equipe vai encontrando seu nível, sobretudo porque a confiança é alta. Isso é muito importante", disse na coletiva.

O El Desmarque, periódico que cobre os clubes de Sevilha, já apelida de Efeito Míchel. A semana é de concentração. Nas próximas rodadas, o Sevilla recebe Atlético de Madrid e Barcelona. O primeiro é um adversário direto e irá requer até mais atenção que o segundo, pelo simples fato de haver ambição em comum entre as duas equipes. Enquanto o Barcelona, segundo seu próprio treinador afirmou na coletiva pós-jogo contra o próprio Atlético de Madrid, não irá tirar essa taça do Real Madrid, os rojiblancos ainda sonham com o retorno a Champions League. Será uma partida que vai servir para calibrar e medir a reação do Sevilla e definir as aspirações do conjunto hispalense. A vaga na Liga Europa é possível.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Coragem para mudar

Del Bosque lamentou, mas foi obrigado a não convocar Fernando Torres, evidenciando que o jogador não é mais seu plano A na Euro (reuters)

Na Copa do Mundo, Vicente Del Bosque teve medo de constatar a óbvia superioridade de Pedro e Llorente sobre um Fernando Torres para lá de omisso. Em benefício de uma tática que desse mais espaço para Villa jogar pelos flancos do campo, onde mais brilhou na competição da África do Sul, relegou ao banco, injustamente, o centroavante do Athletic Bilbao, que havia feito uma temporada superior a de El Niño e, além disso, havia jogado melhor nos amistosos pré-Copa. A fase negra do à época atacante do Liverpool levou o treinador campeão europeu pelo Real Madrid a fazer algo que não estava em seus planos: mudar o posicionamento de Villa, escalando Pedro, e levando Torres ao banco de reservas.

Foi assim contra Alemanha e Holanda, nos dois jogos finais da Fúria no caminho à taça. Villa, antes com mais liberdade, passara a ser a referência de Xavi, Iniesta e Xabi Alonso, enquanto Pedro passara a atuar à Villa. O canário não decepcionou (excluindo o fato do lance individualista e com um toque de inexperiência contra a Alemanha - que, ironicamente, poderia acabar em gol de Fernando Torres, que acabara de entrar no lugar do Guaje), mas não fora tão decisivo quanto o camisa sete, autor do gol da classificação contra Paraguai e Portugal. O barcelonista, por sua vez, teve uma queda no rendimento. Muito preso aos zagueiros adversários, não marcou em nenhuma das duas partidas, tendo uma chance real de comemorar um tento somente na final.

Hoje, ao revelar a lista de convocados para o amistoso contra a Venezuela, que será disputada na quarta que vem, em Málaga, Del Bosque evidencia que Fernando Torres não é mais seu plano A. E, também, que o medo de não escalá-lo já passou: se for preciso, como contra Inglaterra, República Tcheca e Escócia, em 2011, até improvisar David Silva e Fàbregas como falso nove vale mais a pena. Na coletiva, comentou a não convocação do atacante do Chelsea. "Torres não está bem. Me doeu deixar de fora, mas não posso ser injusto com quem está melhor no momento e merece convocação", disse, referindo-se a Llorente, que já é convocado, e Soldado, este convocado pela primeira vez em cinco anos, a primeira com Del Bosque.

O treinador deixou claro que "a lista é uma base para a Euro, mas não é definitiva". Ou seja: a volta de Torres é plausível, mas El Niño terá que suar. Soldado e Llorente, atualmente, fazem temporadas totalmente superiores a um atacante de clube top que marcou apenas 3 gols na temporada. A moral com a torcida, que o idolatrava tanto, também está caindo por água abaixo. Em enquete do Marca, 89% concordaram com a ação do treinador de não convocar Torres. É a primeira vez que o jogador fica fora, sem ser por lesão, desde 2006, quando o técnico ainda era Luis Aragonés. Com 91 jogos pela seleção, Fernando Torres tem rendimento baixo no Chelsea, onde perdeu a posição de titular mais uma vez. O atacante está há 24 partidas consecutivas sem marcar um gol.

É cedo para projetar com exatidão o futuro do canterano colchonero na seleção, mas alguns pontos têm que ser destacados. A seleção parece não ter se adaptado ao 4-3-3 com Iniesta aberto pela esquerda, Villa na referência e Silva à direita; Busquets, Xabi Alonso e Xavi não emplacaram e sentiram a ausência de Iniesta no setor; e as improvisações de Fàbregas e Silva como falso centroavante não deu certo quando a Fúria enfrentou uma seleção de nível maior (Inglaterra). Um Torres em condições faz falta. A partida contra a Venezuela vai servir para Vicente Del Bosque testar Llorente. A indefinição tática ainda prossegue. Mesmo insistindo no 4-3-3, a tática que mais deu retorno no pós-Copa foi o 4-2-3-1. Sem Villa, Llorente seria o nome perfeito para fazer a função de referência numa tática com a qual está acostumada.

Goleiros: Iker Casillas (Real Madrid), Victor Valdés (Barcelona), Pepe Reina (Liverpool-ING);
Defensores: Álvaro Arbeloa (Real Madrid), Sergio Ramos (Real Madrid), Gerard Piqué (Barcelona), Carles Puyol (Barcelona), Jordi Alba (Valencia), Andoni Iraola (Athletic Bilbao), Javi Martinez (Athletic Bilbao);
Meio-campistas: Xabi Alonso (Real Madrid), Thiago Alcântara (Barcelona), Cesc Fàbregas (Barcelona), Sergio Busquets (Barcelona), Santi Cazorla (Malaga), Xavi (Barcelona), Andrés Iniesta (Barcelona);
Atacantes: David Silva (Manchester City-ING), Iker Muniain (Athletic Bilbao), Roberto Soldado (Valencia), Fernando Llorente (Athletic Bilbao), Juan Mata (Chelsea-ING), Jesus Navas (Sevilla), Alvaro Negredo (Sevilla).

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Prévia: CSKA Moscou x Real Madrid

Cristiano Ronaldo e José Mourinho: estão nos portugueses as esperanças dos torcedores madridistas na Champions League (gettty images)

O estigma de amarelar nas oitavas-de-finais foi deixado para trás após a chegada de José Mourinho. Após seis anos caindo precocemente, os merengues chegam como máximos favoritos ao lado do Barcelona para copar a orelhuda. Se na temporada passada caíram diante do arquirrival na semifinal, as esperanças dos merengues estão em José Mourinho: o português costuma ter muitos êxitos em suas equipes nas suas segundas temporadas. Foi assim à frente de Porto, Chelsea e Inter, onde, no clube português e no italiano, conquistou a principal competição europeia.

Para seguir adiante no sonho de conquistar La Décima, Cristiano Ronaldo e cia terão pela frente o CSKA Moscou, que passou em segundo colocado num grupo com Inter de Milão e Lille. O Real Madrid fará jus às expectativas e irá avançar de fase? Ou o CSKA irá fazer valer a zebra? Para a prévia do confronto, contamos com ótima colaboração de Gilmar Siqueira, responsável pelo site Futebol Russo e grande entendedor do futebol do Leste Europeu. Confira a prévia de CSKA Moscou x Real Madrid e depois, nos dois endereços, o resumo do embate. Boa leitura.

A temporada até aqui
CSKA: Para adaptar seu calendário ao das outras ligas, a Russian Premier League está passando por uma “temporada de transição”. Em suma, além dos pontos corridos, os times disputarão play-offs pelo título (no caso dos 8 primeiros) e contra o rebaixamento (no caso dos 8 últimos). Durante a “temporada regular”, o CSKA liderou a RPL por várias rodadas e hoje está na segunda colocação com 59 pontos, seis atrás do Zenit. Ainda que se mantenha com boas chances de título, o time não convence dentro de campo. O futebol pragmático e alguns erros defensivos marcaram o CSKA na temporada. O mesmo time que venceu bem o Lokomotiv Moscow sofreu para ganhar de outros times tecnicamente inferiores. Não fossem Seydou Doumbia e Vagner Love se esforçarem ao extremo, a situação seria um pouco mais complicada.

Real Madrid: Após três anos terminando a Liga Espanhola na segunda colocação e tendo que aguentar o maior rival Barcelona comemorar, o Real Madrid parece perto de inverter a situação. Na Liga Espanhola, já é tratado como o virtual campeão e até o próprio Barcelona dá a entender que a Liga está acabada. Os retumbantes 10 pontos de diferença representam bem a temporada das duas equipes até aqui. Os blancos são avassaladores longe ou não do Santiago Bernabéu, enquanto o Barça tem sofrido e desperdiçado muitos pontos fora da Catalunha. Na Copa do Rei, a equipe de José Mourinho não conseguiu a manuntenção do título, caindo justamente para os azulgrenás. Mas a postura e o futebol desempenhados no Camp Nou, na partida da volta, recuperaram o orgulho madridista perante os catalães. Perdendo de 2 x 0, a equipe saiu atrás da classificação no segundo tempo, buscou o empate, ficando a apenas um gol da passagem à semifinal, mas não conseguiu bater a meta de Pinto. A esperança é que esse futebol se sobressaia num apocalíptico confronto contra o Barça na LC.

Pontos fortes
CSKA: Os 24 gols de Seydou Doumbia na temporada dizem tudo. O ponto forte do CSKA é o ataque. O “time do exército” marcou 60 gols -um a menos que o Zenit- e apavora as defesas adversárias. A potência do setor ofensivo –composto do Love e Doumbia- compensou todo o desequilíbrio tático do CSKA, que jogava com 2 volantes fixos e dois meias abertos pelos lados. Destes meias, o que teve maior destaque foi o japonês Keisuke Honda. Atuando pelo lado esquerdo, Honda foi um dos melhores jogadores da RPL na reta inicial da temporada. Sua lesão no joelho o prejudicou demais e o time do exército passou a depender ainda mais da dupla de ataque, que por vezes precisava voltar até o meio-campo para auxiliar na criação.

Real Madrid: O meio-campo. Seja quem for o companheiro de Cristiano Ronaldo na linha de três, a ofensividade merengue é avassaladora. Atualmente, Kaká e Özil têm começado mais entre os titulares, mas a volta de Di María, que até então apto era o melhor jogador da equipe na temporada, pode abrir uma nova disputa. Sem falar no coringa Callejón, que sempre entra muito bem em campo. Özil recuperou a boa forma do primeiro semestre de 2011 e já é um jogador imprescindível no esquema de Mourinho. Ao lado de Kaká, seu futebol fica menos sobrecarregado e, assim, o camisa 8 consegue ditar o ritmo da partida. Benzema e Xabi Alonso também merecem destaques. O volante espanhol vive uma fase de gala às vésperas da Eurocopa. Mas, claro, o destaque maior é para o craque: Cristiano Ronaldo. Há uma semana, contra o Levante, o português chegou a 120 gols pelo clube, dois a mais do que fez pelo Manchester United. Um detalhe curioso: com 170 jogos a menos. Ele dribla, arranca, pede bola, chama a responsabilidade, dá assistência, ajuda na marcação pelo setor esquerdo e marca gols. Polivalente, ainda pode ser deslocado para a função de falso nove numa emblemática postura voltada à defesa de Mourinho.

Pontos fracos
CSKA: Apesar de Ignashevich, Nababkin e os irmãos Berezustki, o principal ponto fraco da equipe moscovita foi a defesa. A situação ficou ainda pior quando o goleiro Akinfeev sofreu uma grave lesão na partida contra o Spartak Moscow. Como já foi mencionado, o CSKA tem um grande desequilíbrio tático e isso também contribuiu para sua oscilação dentro de algumas partidas. Na tentativa de compensar as falhas defensivas, Slutsky vinha utilizando dois volantes de marcação à frente da área: Aldonin e Mamaev. O problema é que nenhum dos dois tem qualidade na saída de bola. Como se não bastasse isso, o jogador com maior potencial técnico do time, Alan Dzagoev, atua deslocado pelo flanco direito. Não é segredo para ninguém que o camisa “10” não rende bem nesta posição e, na maioria das jogadas, corta para o meio.

Real Madrid: Na temporada passada, a zaga gerava confiança em José Mourinho. Atualmente, não. A lesão de Ricardo Carvalho foi sentida, apesar de Sergio Ramos, utilizado como zagueiro durante o período de ausência do zagueiro português, ter saído-se muito bem ao lado de Pepe, este que não vive uma boa fase. Voltou a aparecer negativamente na mídia após o lance em que pisou nos dedos de Messi e falha com frequência. Foi eleito, vale citar, o vilão do futebol atual. Os laterais, antes problemas, contudo, aparecem bem. Marcelo já é uma boa opção de marcação pela esquerda e, contundente, ajuda nas jogadas ofensivas. O maior problema do Real Madrid está no perigo real que representa as bolas aéreas. Só em 2012, Málaga, Granada, Mallorca, Barcelona, Athletic Bilbao, Zaragoza e Levante venceram Casillas com bolas alçadas à área. Taí, por exemplo, uma forma do CSKA, quem sabe, conseguir uma vitória jogando em casa.

Expectativas
CSKA: Já que a RPL está na sua longa pausa de inverno (que já dura 3 meses), o CSKA vem disputando uma série de amistosos pela Europa. Não que os comandados de Leonid Slutsky tenham perdido seu ritmo, mas o fato de não jogarem uma competição séria há algum tempo pode fazer a diferença. Contudo, as maiores expectativas giram em torno da escalação do time. É fato que a perda de Vagner Love foi grande, mas as chegadas do sueco Pontus Wernbloom e do sul-coreano Kim In-Sung podem fazer a diferença. Além disso, Ahmed Musa é um excelente reserva para Doumbia. Na partida coontra o Real Madrid, Slutsky deve seguir os mesmos moldes dos amistosos e armar o time em um 4-2-3-1, com Werbloom ao lado de Aldonin no “doble pivote” e Dzagoev mais centralizado em uma linha de 3 meias. Honda já voltou a treinar, mas ainda não há como garantir sua presença em campo.

Real Madrid: A expectativa não é outra senão avançar de fase e continuar vivo no sonho de voltar a conquistar a Europa 10 anos depois. José Mourinho ainda não falou sobre o confronto, no qual tenta minimizar o favoritismo de sua equipe, em suas coletivas; mas, nas últimas partidas, o sinal de desatenção com a partida ganha parece mostrar que a cabeça do elenco está no jogo de ida, em Moscou. Nos bastidores, rola uma especulação de que o gajo afirmou ao presidente Florentino Pérez que não vai embora de Chamartín sem a orelhuda. Por ora, a campanha blanca em âmbito europeu é perfeita. Literalmente. Na fase de grupos, foram seis jogos e seis vitórias. 18 pontos em 18 possíveis. Desde 2003 não acontecia isso. Na escalação, há algumas dúvidas: Lass Diarra ou Khedira na volância ao lado de Xabi Alonso?; Granero pode aparecer ao lado de Xabi numa proposta ter a bola e decidir a partida no jogo de ida?; Di María, que voltou no final de semana contra o Racing Santander, já irá voltar ao onze inicial? Só saberemos quando a bola rolar.

Prováveis escalações
CSKA: Chepchugov; Nababkin, Vassili Berezutski, Ignashevich, Alexei Berezutski; Aldonin, Wernbloom; Tosic (In-Sung), Dzagoev, Honda (Tosic); Doumbia.

Real Madrid: Casillas; Sergio Ramos, Pepe, Ricardo Carvalho, Marcelo; Xabi Alonso, Lass (Khedira; Granero); Di María (Kaká), Özil, Cristiano Ronaldo; Benzema.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sofrendo até o final


Sofrimento. Nos últimos três anos, é a palavra que mais representa bem o Sporting Gijón. As costumeiras brigas contra o rebaixamento é uma tensão a mais aos aficionados do clube asturiano. Na atual temporada, o risco de rebaixamento é mais real em relação às temporadas anteriores. Com 19 pontos e na 19ª colocação, pensar num Sporting de volta à Liga Adelante após quatro temporadas na elite não é algo inimaginável. Os concorrentes na disputa para fugir no inferno mostram uma imagem superior em relação aos rojiblancos. Granada, Mallorca, Bétis e Villarreal têm crescido no futebol, enquanto Racing Santander (18º), Sevilla e o virtual rebaixado Zaragoza estão numa situação tão crítica quando a do Gijón quando falamos de desempenho dentro dos gramados.

Ainda há tempo para uma reação. Racing Santander, Mallorca e Zaragoza são exemplos notórios de ressurreição à essa altura nas temporadas anteriores. Porém, no final do mês passado, a cúpula rojiblanca tomou uma decisão que, talvez, possa ter jogada contra a equipe. A demissão de Manolo Preciado, no comando do clube desde 2006, foi sentida pelo elenco e gerou protesto por parte dos aficionados. Estava claro, contudo, que o clima do ex-treinador estava no limite. A política de futebol de resultados proposta pelo presidente Manuel Vega-Arango não estava sendo cumprinda à risca por Preciado. Em 22 jogos, apenas cinco vitórias. São 13 derrotas no total, o que vale como a equipe que mais perdeu ao lado do Zaragoza. Mas o que foi visto como uma solução por Arango, até o momento não tem surtido efeito nenhum.

Se o Sporting Gijón está onde está não é por casualidade. É uma equipe que demora a encaixar jogadas ofensivas e passa por muitos apuros defensivamente. São 43 gols sofridos, pior defesa do campeonato. Outro problema que evidencia a má temporada é a falta de gols. Marcar tem sido uma tarefa árdua no El Molinón. Esse déficit penaliza muito. O mau trabalho em conjunto, o acúmulo de erros e os poucos acertos também representam um time que vive um ano infernal. O Molinón, antes um caldeirão, está frio e não é mais utilizado como um 12º jogador. O caldeirão já não pesa a favor.

No início da semana, foi confirmado o nome do ex-treinador da seleção espanhola Javier Clemente para substituir Inaki Tejada, que treinou os asturianos após a demissão de Preciado, em duas partidas. O treinador, que treinou a Espanha nas Copas de 94 e 98, chega num momento crítico não só dentro como fora de campo. A rescisão de contrato de Nacho Novo para assinar com o Legia Varsóvia foi visto por maus olhos nos bastidores, mas a mensagem é de esperança. Os jogadores parecem dispostos a permanecer na elite espanhola e estão juntos para fugir do descenso. A esperança dos aficionados passa pelo fato de o time estar acostumado com esses momentos de tensão. "Cada duelo é uma final a partir de agora", disse Clemente em sua apresentação.

23ª rodada
Sábado, 18/fev
Getafe x Espanyol
Real Madrid x Racing
Sevilla x Osasuna

Domingo, 19/fev
Granada x Real Sociedad
Athletic Bilbao x Málaga
Sporting x Atlético de Madrid
Mallorca x Villarreal
Levante x Rayo Vallecano
Barcelona x Valencia

Segunda-feira, 20/fev
Zaragoza x Betis

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Falcão e a Liga Europa

"Liga Europa é comigo mesmo, parceiro", diz Falcão García. Doblete de El Tigre e Atlético de Madrid com um pé e meio nas oitavas (AS)

Três espanhóis entraram em campo pela fase 16 avos da Liga Europa. Em campo, Atlético de Madrid e Valencia, que enfrentaram Lazio e Stoke City, respectivamente, fizeram bonito e jus às expectativas: vitórias na Itália e Inglaterra que colocaram as equipes próximas da fase posterior. Ainda que tenha tropeça na Rússia, o Athletic Bilbao pode se queixar de uma vantagem considerável. A derrota por 2 x 1 em Moscou para o Lokomotiv é viável para uma reversão, onde jogando no San Mamés os leones são extremamentes favoritos.

Lazio 1x3 Atlético de Madrid
Joga Liga Europa? O jogador ideal para a competição atende-se por Falcão García. O colombiano já havia feito história na temporada passada. Com o Porto, não foi somente campeão. Fez história. Os 17 gols em 14 partidas, incluindo 4 na semifinal contra o Villarreal e 1 na final contra o Braga, superou o recorde de Jürgen Klinsmann. Contra a Lazio, voltou a ser decisivo. Deu a assistência para o gol de empate, marcado por Adrián, e marcou os dois que sentenciaram a equipe capitolina. Seu quinto na competição.

O Atlético de Madrid ratifica mais uma vez seu poderio com Simeone. Apesar da defesa ser vazada pela primeira vez desde a chegada de El Cholo, a calma e paciência para reagir e chegar à virada foram dignas de uma equipe de alto nível. A equipe não se afobou após o gol de Klose, que colocou fim a uma invencibilidade de 648 minutos sem sofrer gols, e chegou ao empate seis minutos depois. O Atléti não acusou o golpe. O olé dos torcedores colchoneros nos minutos finais foram merecidos. Os rojiblancos voltaram a causar medo. Voltaram a serem temidos.

Stoke City 0x1 Valencia
Um golaço de Topal permitiu ao Valencia uma excelente vantagem jogando sob solo inglês. Os chés, que morreram na Champions League justamente na Inglaterra, ressucitaram em solo inglês. O Stoke desempenhou um futebol feio, notado pelas fortes entradas. Convocado para a seleção brasileira, Jonas foi o melhor em campo. Na armação, o brasileiro ditou o ritmo da partida e cansou de colocar Áduriz em condições de chute. Rami, que foi um pesadelo para Crouch, Piatti, incasável, e o autor do gol Topal também merecem elogios.

O fato é que o Valencia saiu do Britannia Stadium com a merecida vitória. Trabalharam a bola com calma, envolveram os ingleses e não passaram por apuros, devido a uma solidez ainda não vista em 2012 na zaga. O Stoke só levou perigo em jogadas de Delap, que, curiosamente, cobrava seus laterais com bastante força para a área. Mesmo que não tenha muita confiança em Dealbert, a fase horrenda pela qual passa Víctor Ruíz obrigou Unai Emery a não ter outra escolha e mandá-lo ao banco de reservas. No gol, Guaita foi bastante seguro quando exigido. A eliminatória está muito bem encaminhada para o Valencia, que, provavelmente, enfrentará o PSV, que derrotou o Trabzonspor por 2 x 1 na Turquía, salve algum acidente de percusso.

Lokomotiv 2x1 Athletic Bilbao
Um péssimo segundo tempo do Athletic Bilbao permitiu a virada russa. Os leones caíram consideravelmente de produção nos 45 minutos finais e terão que buscar a remontada jogando no San Mamés. Apesar da virada ser considerada bastante plausível (basta vencer por 1 gol de diferença), Marcelo Bielsa saiu de Moscou insatisfeito. Reclamou a falta de agressividade e pegada, sobretudo na segunda etapa. O argentino saiu a campo com o onze de gala, mas com uma mudança no módulo tático. O 4-3-3 deu lugar ao 4-2-3-1, com Muniain e Susaeta um pouco mais recuados para a linha de três. A preocupação na marcação pelos flancos foi um dos motivos da mudança de esquema.

O clima e o gramado sintético pesaram contra um time que presa pela posse de bola. A troca de passes ficou mais lenta, evidenciando o mau jogo athleticano. Vem à cabeça os dois tropeços do Barcelona na Rússia para o Rubin Kazan, em 2009/2010 e 2010/2011. O ex-Levante Caicedo foi um dos destaques da partida. Autor do gol que decretou a viradados vermelhos, o equatoriano se movimentou com contudência e sempre chegava ao ataque com perigo. Incisivo, revezou muito pelos flancos com Obinna e Bychev no 4-3-3 do treinador Couceiro.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Plano B

Em âmbito europeu, o Barcelona é outro. Vitória em Leverkusen colocou os azulgrenás a passo das quartas-de-finais (getty images)

Josep Guardiola colocou em ação o plano B. E tomou corpo. A vitória por 3 x 1 contra o Bayer Leverkusen na Alemanha colocou o Barcelona a um passo das quartas-de-finais. O mais importante: recuperou a faceta vencedora da equipe. A imagem insossa e preguiçosa dos últimos jogos de Liga deu lugar a de uma equipe com ganância. Não foi a melhor versão do Barcelona, aquela que dá show e deixa os telespectadores embelezados. Mas foi um Barcelona diferente. A postura, sobretudo, foi outra.

O final de semana marcou a derrota frente ao Osasuna e a vitória do Real Madrid, que alargou a diferença de pontos entre as duas equipes para 10. A Liga vai se transferindo para Madrid após três anos na Catalunha e Guardiola parece disposto a acreditar que brigar pelo campeonato, atualmente, é algo quase impossível. O fato de, com o placar adverso de dois gols contra o Osasuna, manter Xavi, Iniesta e Fàbregas no banco para colocar dois jovens da base - Telló e Cuenca - evidencia que o plantel já dá a Liga por terminada. Declarações de Piqué, Mascherano e Daniel Alves prova isso. As consecutivas lesões em um elenco curto limita o Barcelona a atuar em alto nível sempre. Há duas semanas, contra a Real Sociedad, o onze inicial foi marcado pelo uso de Jonathan dos Santos, Thiago Alcântara e Sergi Roberto no meio-campo, com Messi, Telló e Cuenca mais à frente. "O Messi voltou para o Barcelona B?", pode se perguntar algum leitor.

A maneira que Guardiola achou para preservar suas principais peças-chaves é blindando-os. Xavi, Iniesta e Fàbregas volta e meia começam entre os reservas e só ratifica que, no momento, o desejo do treinador é brigar pela LC (sem se esquecer da final da Copa do Rei). Um dilema passa pela cabeça de Pep: se desgastar numa Liga onde o rival não dá margem ao erro e passar por um duro inverno em todos os campos, correndo riscos de mais lesões musculares, ou buscar uma solução mais inteligente e abdicar do campeonato, pensando somente na Copa e na LC? A primeira opção, certamente, não garante êxitos.

Os azulgrenás fecharam 2011 adicionando mais três títulos em suas vitrínes do Camp Nou. Duas Supercopas - espanhola e europeia - e um Mundial de Clubes deram ao Barcelona mais moral na tentativa de tirar o Real Madrid da liderança da Liga. Vale lembrar a vitória no Bernabéu por 3 x 1 que, à época, igualou as duas equipes em pontos. Entretanto, enquanto o Barcelona atropela seus adversários no Camp Nou, mas parece sofrer de amnésia futebolística fora dele, o Real Madrid passa por um trator longe ou não do Bernabéu. Os oito tropeços em 21 jogos são demasiados largos. Seis empates e duas derrotas. Números fatais tratando-se de uma Liga tão bipolar quanto a Espanhola. Números irreais tratando-se de um esquadrão histórico como o Barcelona de Guardiola. Por sua vez, o Real Madrid só não deixou de pontuar três vezes em três jogos: um empate e duas derrotas.

Os apenas 18 gols marcados longe de Barcelona são poucos para uma referência mundial como o Barcelona. O Real Madrid marcou 30 vezes longe da capital. Mas por que o Barcelona está custando tanto a definir na Liga Espanhola? Por que será que, à essa altura da temporada, o Real Madrid tá com uma mão e quatro dedos na taça da Liga? Há várias explicações. Motivação, cansaço físico, queda no desempenho de Messi, má sorte, lesões. São milhares os argumentos presentes. O Real Madrid, que nada tem a ver com isso, será provavelmente campeão com muitos méritos. Só uma hecatombe tira hoje a Liga das mãos dos comandados de José Mourinho.

Na parte econômica, Real Madrid e Barcelona seguem liderando o ranking europeu, em tempos de crise mundial. 479, 5 milhões de euros faturou os merengues em 2011; 450,7 milhões de euros, os blaugranas. O acordo de 30 milhões de euros por temporada que firmou com a Qatar Foundation mais os 3,5 milhões de prêmio pelo Mundial de Clubes poderia, segundo o Deloitte, site especializado nessa área, acercar-se ambos os clubes e seguir muito à frente dos concorrentes. Ao cair precocemente na fase de grupos da Champions, é plausível pensar em queda segura do Manchester United.

A saúde econômica é essencial. Se os resultados não são os mais esperados, a melhor forma de trazê-los é indo ao mercado. Mesmo sendo uma equipe reconhecida por utilizar sua base, o Barcelona promete movimentar o próximo mercado de verão. Voltar a conquistar a Liga é, claramente, um dos fatores, junto com alongar seu elenco. Os gigantes espanhóis são privilegiados. Têm dinheiro e contam com os melhores elencos do mundo.

A faceta europeia

Alexis Sánchez marcou um doblete e Messi anotou seu sétimo gol na Champions League. O Barcelona tratou o jogo com paciência. Os alemães se posicionaram com os 10 jogadores, incluindo Schürlle, que jogou na referência do 4-2-3-1, atrás da linha de meio-campo. O treinador Robin Dutt entrou em campo com uma postura totalmente defensiva: um muro foi formado à frente do gol de Leno. Sem Xavi, a criação ficou por conta de Cesc. Demorou até que o camisa 4 se adaptasse à posição. Trabalhando a bola, os azulgrenás precisaram de apenas uma desatenção do esteio defensivo dos anfitriões para marcar. Quando Kadlec saiu jogando errado, a bola caiu nos pés de quem decide: Messi. La Pulga esperou a melhor forma de acionar Alexis Sánchez, que recebeu na frente e chutou entre as pernas do goleiro alemão.

Os velhos problemas na retaguarda voltaram a aparecer. É uma preocupação a mais para Guardiola. Obrigado a sair para o jogo, o Bayer levou perigo quando atacou o Barcelona. Pelo menos em três tentativas na segunda etapa, chegou com facilidade e contado com erros de Mascherano, Puyol ou Busquets. Se especularam uma possível crise e até mesmo o fim de uma era, o Barcelona mostrou hoje que os críticos são o que mais gosta de calar. Enquanto a Liga vai para o brejo, a manunteção da Champions League é algo muito real.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

23ª rodada: Game over, Barcelona?

Pamplona: na mesma cidade onde o Real Madrid perdeu o título na temporada passada, o Barcelona parece ter dado adeus à taça (getty images)

Osasuna 3x2 Barcelona
A fraca temporada do time de Pep Guardiola como visitante continuou em Pamplona, onde os azulgrenás foram derrotados. Depois de muitos jogos em poucos dias, Guardiola decidiu dar minutos aos mais jovens, mas o frio e o Osasuna fizeram com que a vitória virasse missão impossível. Em um excelente jogo deLekic, que marcou dois gols, e do volante Raúl García, que esteve espetacular o jogo inteiro, o Barcelona teve muitas dificuldades para impor seu jogo. Está claro que alguns jogadores, como Piqué ou Daniel Alves, estão longe de sua melhor forma, e isto tem custado caro ao Barcelona no torneio da consistência.

Real Madrid 4x2 Levante
Os merengues recebiam o Levante, time revelação no começo da temporada, mas que agora está passando por uma fase complicada. Os levantinistas marcaram primeiro e jogaram uma ótima partida, mas ficaram com 10 jogadores depois de um pênalti bobo ainda no primeiro tempo, e sofreram uma implacável atuação de Cristiano Ronaldo, que fez três gols fantásticos. Dado que o Real Madrid até agora apenas perdeu 8 pontos no campeonato, parece complicado que o Barcelona consiga vencer este título. Os madridistas teriam que errar muito nas próximas rodadas, o que parece pouco provável. A estas alturas de campeonato, a maior virada da história foi do Valencia sobre o Real Madrid em 2004, quando os chés estavam 8 pontos atrás dos merengues. Muito difícil para o Barça.

Espanyol 0x2 Zaragoza
Zebraça no Cornellá El-Prat. Com apenas 12 pontos em 20 jogos, o time aragonês era, além de o lanterna, o pior time dos sete principais campeonatos europeus esta temporada. Jogava fora de casa contra o Espanyol, que ocupa a quinta colocação e que vem jogando impressionantemente bem desde novembro. O jogo foi divertido, mas o Espanyol mostrou que o time, muito competente, é porém muito inexperiente também. Os mandantes perderam várias chances claríssimas no primeiro tempo, levaram um gol de bola parada na metade do segundo e não conseguiram superar os nervos de ir atrás no marcador. O Zaragoza recebe um pouco de oxigênio para seguir lutando, mas ainda está muito longe da salvação.

Valencia 4x0 Sporting Gijón
A boa temporada de Jonas foi reforçada com mais dois gols. Os valencianistas mantém a terceira posição com muito conforto, o que garante uma vaga para a Champions League da temporada que vem. Apesar dos contínuos questionamentos, Unai Emery consegue tirar muito do elenco atual, mas sabemos que os torcedores de Valencia não são fáceis de satisfazer. O Sporting Gijón, por sua vez, mostra uma imagem sofrível e não ofereceu resistência aos donos da casa. Ontem, a cúpula rojiblanca anunciou o nome do ex-treinador da seleção espanhol Javier Clemente para tentar tirar o time do descenso. Sobre o tema, falaremos mais ainda nesta semana.

Racing Santander 0x0 Atlético de Madrid
O time de Simeone poderia ter feito cinco gols. Uma chance após outra, o goleiro Toño ou as traves evitaram o gol, frustrando o torcedor colchonero, que viu como o time perdia uma excelente oportunidade de chegar perto das vagas que dão acesso às competições europeias. Levante, Athletic e Espanyol foram derrotados nesta rodada, mas o Atleti não conseguiu somar três pontos que realmente mereceu pelo jogo mostrado. Falcão García, muito ativo, perdeu um gol feito, que não costuma desperdiçar. Se Simeone acertar com o ataque, o Atleti dará muito trabalho, já que há seis jogos que ninguém faz gol na equipe do Manzanares.

Rayo Vallecano 2x0 Getafe
O terceiro time de Madrid é o Rayo Vallecano. No duelo contra o Getafe, os rayistas venceram com clareza mas com uma mãozinha do árbitro também, ultrapassando os azulones na classificação. O brasileiro Diego Costa, que estava esquecido no banco do Atlético, já mostrou que deve ser uma das melhores contratações da janela de inverno europeu, e com seu segundo gol e uma boa apresentação ajudou ao time de Vallecas a vencer e ficar na parte tranquila da tabela. O Getafe, que estava em uma sequência boa, não deve se preocupar por enquanto. Ambos os times estão fazendo uma temporada bem razoável. Agora, os torcedores do time de Vallecas já visam o dérbi de daqui a três semanas contra o Real Madrid, no estádio Vallecas.

Real Sociedad 2x0 Sevilla
Foi sem sorte a volta de Míchel. O ex-jogador do Real Madrid e ex-treinador do Getafe, que acabou de chegar a Sevilla, começou com pé esquerdo esta nova fase como treinador da equipe sevillista. Depois dos resultados ruins desta primeira metade da temporada, o clima está tenso entre os torcedores e o time, e já no primeiro treino Míchel teve que expulsar dois jogadores titulares (o volante chileno Medel e zagueiro Spahic) da sessão por brigarem. Punidos, eles não jogaram este domingo contra a Real Sociedad, o que não ajudou. Depois da derrota em San Sebastián, o Sevilla ficou ainda mais longe da parte nobre da tabela, enquanto a Real Sociedad, que mantém uma performance surpreendente desde o começo da temporada (nunca se sabe quando vai ganhar de cinco ou quando vai levar seis) está já em boa situação para levar a vida com mais calma.

Bétis 2x1 Athletic Bilbao
Os leones se classificaram para a final da Copa do Rei no meio da semana, mas a festa de comemoração foi das boas e isso ficou claro na partida em Sevilla. O primeiro tempo foi competido, mas no segundo o Athletic perdeu a energia, ficou metido no próprio campo tentando segurar um pontinho e terminou levando o gol da derrota no último minuto do jogo. Os bilbaínos podem se orgulhecer da temporada que o time de Bielsa está fazendo, mas ainda dá a impressão de que este elenco pode fazer mais.

Málaga 3x1 Mallorca
Pellegrini ganha tempo. O dia depois de o técnico chileno cumprir 50 anos, os jogadores deram um excelente presente para don Manuel, vencendo uma partida com clareza pela primeira vez em quase dois meses. Mais um gol importante do atacante argentino Seba Fernández, que finalmente está mostrando serviço. Foi chave no jogo e o Málaga finalmente se divertiu e curtiu um jogo em La Rosaleda. Agora devemos esperar para ver se os malaguistas atingem a consistência necessária para jogar em Europa na temporada próxima.

Villarreal 2x1 Granada
O Villarreal acordou. E derrotando o Mallorca em uma excelente partida de Borja Valero, mostra que não tinha esquecido de jogar bola. Um time com tanto talento não pode ficar todo esse tempo na zona de rebaixamento e parece que José Molina já fez bom progresso e recuperou a vontade de jogar dos amarillos.

Seleção da rodada
Toño (Racing Santander); Nelson (Bétis), Da Silva (Zaragoza), Mathieu (Valencia); Raúl García (Osasuna), Toulalan (Málaga), Beñat (Bétis), Isco (Málaga); Lekic (Osasuna), Michu (Rayo Vallecano), Cristiano Ronaldo (Real Madrid). Treinador: José Luis Mendillibar (Osasuna).

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Prévia: Bayer Leverkusen x Barcelona

Mesmo numa fase não tão boa, os torcedores do Barcelona depositam em Iniesta, Xavi e Messi suas esperanças para manter o título europeu em suas mãos (AP Photos)

A Champions League está de volta. A principal competição de clubes do mundo retorna com a fase mata-mata, onde os jogos começam a esquentar e o clima de tensão é sempre maior. Na próxima terça-feira, Lyon x Apoel e Bayer Leverkusen entram em campo para os jogos de ida da fase oitavas-de-finais. O atual 6º colocado do Campeonato Alemão tem uma tarefa ingrata: enfrenta o atual campeão da competição, que apesar de não viver um ano tão bom, sempre se destaca na LC. O Barcelona, vice-colocado da Liga Espanhola, a dez pontos do líder do Real Madrid, quer a manuntenção da orelhuda e começa sua caminhada rumo a Munich. Contra equipes alemães, os azulgrenás têm saído-se excelentes: nas últimas 20 partidas, 16 vitórias, incluindo classificações na Champions ante Bayern de Munich e Schalke 04, e apenas uma derrota, justamente para o rival desta terça, Bayer Leverkusen.

Se classificará o atual campeão Barcelona, que passa por uma fase incomum, ou o surpreendente Bayer Leverkusen, que já deixou para trás uma equipe espanhola (Valencia) nesta edição da Champions? Para a prévia deste confronto de oitavas de finais, contaremos com a ótima colaboração de Luan Claudio, do site Bundesliga Brasil, especializado no futebol da Alemanha. Confira a prévia de Bayer Leverkusen x Barcelona e depois, nos dois endereços, o resumo do embate.

A temporada até aqui

Bayer Leverkusen: Para um time com um elenco bastante limitado no que diz respeito ao número de peças de reposição, o Bayer Leverkusen até que vem conseguindo conciliar as competições que disputa na atual temporada. Na Bundesliga, é o atual 6º colocado e até aqui não está na briga pelo título, estando 12 pontos atrás do líder Borussia Dortmund. Na Champions League, a equipe comandada pelo treinador Robin Dutt passou sem sustos pela fase de grupos, com a segunda colocação em um grupo que contava também com Chelsea (passou em primeiro), Valencia e Genk. O Leverkusen chegou a última rodada com a liderança, mas acabou perdendo-a com um empate péssimo na Bélgica, contra o eliminado Genk, e com a vitória do Chelsea sobre o Valencia. Passar de fase já era até esperado na Alemanha, mas a equipe deu um grande azar no sorteio, ao enfrentar o atual campeão e melhor time da atualidade, o Barcelona. Passar das oitavas será uma missão difícil, ou quase impossível, mas caso seja eliminado, ainda há tempo para o Leverkusen buscar algo melhor na Bundesliga.

Barcelona: O momento é de incerteza. A Era Guardiola passa pelo seu pior momento nos últimos anos e o plano de jogo vem caindo consideravelmente nos últimos jogos. Após um domínio de três anos na Espanha, o Real Madrid parece muito próximo de quebrar a sequência de títulos azulgrená: a distância entre as duas equipes é de 10 pontos e, vivendo fases opostas, os merengues não dão chance ao erro. Não há motivos para raciocínios apocalípticos ou o prenúncio do fim de uma era. O time é favorito na Copa do Rei e o duelo com na Liga dos Campeões não parece tão complicado. Contudo, fica apenas a impressão de que Guardiola tem motivos para começar a ficar preocupado. O declínio de uma equipe que jogou futebol em alto nível durante 4 anos era esperado, mas o Barcelona já provou outras vezes o porquê de não ser subestimado.

Pontos fortes
Bayer Leverkusen: Sem muito a se fazer diante do Barcelona, melhor equipe do mundo e temida por todos, o Bayer Leverkusen apostará na partida em casa para construir um bom resultado diante de sua apaixonada torcida. Para a primeira partida, o time terá os desfalques importantes do meia Sidney Sam e do artilheiro Derdiyok. Robin Dutt armará a equipe no tradicional 4-2-3-1, onde a maior esperança está nos meias Andre Schürlle e no brasileiro Renato Augusto, que voltou a jogar após longo período lesionado. Na defesa, destaque para o jovem goleiro Bernd Leno, que vem sendo um dos melhores no Campeonato Alemão e se destacou na partida contra o Chelsea, onde o Bayer venceu por 2 a 1.

Barcelona: A ofensividade da equipe continua sendo a principal arma dos blaugranas. Com os oponentes mais atentos, Guardiola vem apostando numa equipe mais móvel e mutante no desenho tático. Fàbregas e Sánchez, as novidades entre os titulares, promovem intensa movimentação com seus companheiros e o time foge da marcação adversária, em qualquer esquema. Esquema este que está em indefinição. Após passar metade da temporada no 3-4-3, Pep resolveu voltar ao antigo esquema, 4-3-3, exatamente quando o plantel parecia adaptado às novas funções. Com a volta de Iniesta para o jogo na Alemanha, é bastante provável que o 3-4-3 seja a tática a ser utilizada. O atual campeão europeu não tem deixado a desejar na competição continental: passou da fase de grupos com tranquilidade, vencendo o Milan em Milão, e é palco das melhores exibições de Messi.

Pontos fracos
Bayer Leverkusen: Com lesões importantes para o confronto, identifica-se um dos pontos fracos do time alemão: a falta de reservas à altura. Apesar de Sam e Derdiyok serem substituídos por Renato Augusto e Derdiyok, que são de ótimo nível, a equipe terá pouquíssimas opções no banco de reservas que possam "mudar o jogo". Outro problema na equipe é a defesa, que sofreu oito gols em seis jogos até aqui na Champions League e vem sendo constantemente modificada por Dutt, que muda as peças e, em certas ocasiões, até o esquema tático. Além de todos esses problemas, o jogador de maior "nome" do time, Michael Ballack, pouco vem produzindo na temporada, fica no banco em muitas partidas e cogita-se que ele deixará o clube em julho. O meio-campista já é baixa no jogo da ida devido a uma lesão.

Barcelona: Nos últimos jogos, a zaga não tem passado confiança. Piqué, em especial, passa por uma fase negra: desatento, tem falhado à rodo e colocado em xeque sua titularidade. O nome de Mascherano já é pedido por alguns torcedores para fazer dupla com Puyol (ou trio, com o capitão e Abidal no 3-4-3), que, paralelamente à fase de Piqué, faz uma temporada incrível. As lesões também é um fator negro na temporada azulgrená. Guardiola passa por uma experiência negativa que pode servir de aprendizado: lesões à profusão redimensionando uma temporada que tinha tudo para ser perfeita (os 14 jogadores à disposição para uma semifinal de Copa do Rei é a prova). Jogadores-chaves como Busquets, Xavi e Alexis Sánchez têm atuado sentindo dores, enquanto Iniesta e Fàbregas volta e meia se lesionam. Isso sobrecarrega Messi, que, mesmo sem se lesionar, é utilizado em todos os jogos e dá mostras clara de cansaço.

Expectativas
Bayer Leverkusen: Na Alemanha, assim como em todo o mundo talvez, todos consideram mínimas as chances de o Bayer Leverkusen eliminar o Barcelona e avançar às quartas de finais da Liga dos Campeões. Mas a equipe alemã tem condições de conseguir uma vitória (ao menos por 1 a 0) na Bay Arena, e jogar fechado, no contra ataque, no Camp Nou, para tentar surpreender, assim como muitos já fizeram contra o Barça. Claro que se for para apostar em alguém, vá no Barcelona, mas um classificação do Bayer não é impossível. Existem pequenas, mas verdadeiras chances.

Barcelona: Eliminação precoce não passa pela cabeça de Guardiola. Vencer com autoridade e espantar a má fase, sim. É o que o Barcelona necessita no momento: uma vitória notória. A derrota para o Osasuna no final de semana afastou mais o Barcelona do tetra espanhol, fato esse que serve para os catalães se concentrarem mais na Champions League, como afirmou o treinador catalão na coletiva pós-jogo em Navarra, no sábado. A volta de Iniesta será um adicional positivo à equipe: junto com Fàbregas, Xavi e Messi, espera-se que o futebol vistoso de 2011 volte. Se na Liga a equipe tem se mostrado preguiçosa, não há dúvidas de que na principal competição de clubes do mundo a raça e a disposição prevalecerá. As únicas incógnitas quanto a escalação ficam por conta de Busquets e a indefinição tática. O volante foi convocado para a partida, mas ainda não recebeu alta médica. Se não for escalado, a vaga será disputada entre Mascherano e Thiago Alcântara.

Prováveis escalações
Bayer Leverkusen: Leno; Corluka (Schwaab), Friedrich, Reinartz (Toprak), Kadlec; Rolfes, Lars Bender; Gonzalo Castro, Renato Augusto (Ballack), Schürrle; Kiessling.

Barcelona: Víctor Valdés; Daniel Alves, Puyol, Piqué, Abidal; Mascherano (Busquets/Thiago Alcântara), Xavi, Iniesta; Alexis Sánchez, Messi, Fàbregas.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Do inferno ao paraíso?

Foi com um triunfo ante o Barcelona de Guardiola que Mendilibar comemorou 1 ano à frente do Osasuna (La Vanguardia)

José Luis Mendilibar mudou o rumo do Osasuna. No sábado passado, completo 1 ano no comando técnico da equipe navarra em alto estilo. A vitória contra o Barcelona por 3 x 2 foi o melhor presente que o treinador poderia receber de seus comandados. O balanço, 1 ano depois de chegar no Reyno de Navarra, é positivo. Em 2010/2011, recebeu das mãos de José Antonio Camacho uma equipe fadada ao rebaixamento, na 19ª colocação. A crise interna afetava o desempenho no campo e os rojillos não iam para frente. À época, curiosamente, foi o Osasuna de Camacho que, em meio à crise, derrotou o Real Madrid de José Mourinho e praticamente tirou os merengues das possibilidades de título. Na atual temporada, foi o Barcelona que sofreu.

Quando estreou perante o Espanyol, Mendilibar começava uma caminhada que nem os mais otimistas torcedores do Osasuna sonhava como prosseguiria. O retumbante 4 x 0 no Espanyol deixou claro que mudanças de ares viriam pela frente. Durante a temporada, o excesso de veteranos no Reyno de Navarra foi danoso ao futebol da equipe, muito burocrático. No entanto, isso se transformou em virtude na reta final, quando tranquilidade e experiência foram necessários para sair do pelotão de baixo da tabela. É um clube que mostrou terpersonalidade e estilo, mas precisava se renovar um pouco.

Mendilibar sabe como trabalhar com um elenco limitado. O clube sempre se virou bem com elencos experientes, muita raça e bons resultados no alçapão do Reyno de Navarra. No mercado de verão, entretanto, os navarros se desfizeram de sua base, sem reposição à altura. O quarteto Puñal, Nekounam, Ricardo e Flaño garantem um mínimo de continuidade, mas, dos reforços, só o jovem atacante belga Lamah e o volante Raúl García (de volta a Pamplona, onde teve seus melhores momentos) pintavam como bons nomes.

O Osasuna é um time que raramente decepciona a torcida. Entrega o que promete: um jogo duro, pouco fantasioso, mas de raça e competitividade. É uma equipe que não joga bonito, e costuma ainda enfeiar o jogo do adversário. Mas é isso o que o torcedor basco exige de seus times, e os navarros não fogem disso. A dupla de volantes Nekounam e Raúl García tem sido brilhante dentro de suas limitações. O senegalês Baldé é um bom coadjuvante. A vitória contra o Barcelona evidenciou todas as características da equipe. Saíram mordidos e atacaram o Barcelona. Os dois gols em 22 minutos é um exemplo. O Osasuna foi superior em toda a partida.

Méritos de Mendilibar. O treinador já tirou a equipe do inferno. O próximo passo é levar ao paraíso. A tarefa é bastante árdua, mas a Osasuna vai batalhar. A 1 ponto do Levante, aproveitou a rodada favorável. As próximas cinco rodadas servirão como prova de maturidade. Sevilla, Granada, Mallorca, Zaragoza e Athletic Bilbao são equipes que estão crescendo no desempenho e pretendem complicar para os rojos. Todos precisam pontuar para seguirem vivos nas suas respectivas missões. O Sevilla disputa uma vaga na Liga Europa; Mallorca, Zaragoza e Granada brigam contra o rebaixamento; e o Athletic Bilbao briga por algo em comum ao Osasuna: a Champions League. Chegar no confronto contra os leones ainda na caça ao quarto colocado é o que quer Mendilibar. O clássico regional ganha um fator extra pelo fato de estar em jogo uma vaga na principal competição europeia.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Planificando-se cedo

Guardiola passa por uma experiência negativa e começa a planificar o Barcelona para a próxima temporada mais cedo do que o costume (AP Photos)

Especulações sobre o mercado de verão costumam começar a aparecer somente no fim de abril ou início de maio, quando a temporada está chegando ao seu fim. Muitas delas, claro, não passam de "notícias para vender jornal", como costumam a apelidar aquelas especulações baratas, que acabam dando em nada. Em relação ao Barcelona, começou cedo. No início da semana, o Marca deu destaque a uma possível negociação dos azulgrenás junto ao Milan por Thiago Silva. Chama a atenção o fato do periódico, que é conhecido por cobrir as equipes de Madrid, ter dado a notícia primeiro em relação ao Mundo Deportivo e Diário Sport, jornais da Catalunha.

Com poucas opções para a defesa, Guardiola vai atrás de reforços para o setor no mercado de verão e o primeiro nome da lista é justamente o do brasileiro do Milan. No entanto, a negociação não é nem um pouco fácil. O jogador é visto como fundamental no Milan e já foi apontado por diversos companheiros, ex-jogadores e até dirigentes como um possível novo Paolo Maldini ou Franco Baresi. Ainda assim, o Barcelona não desiste. O preço pedido para que as conversas se iniciem, no entanto, é alto: 30 milhões de euros.

Soa como curiosidade o fato do Barcelona ir atrás de Thiago Silva para, entre outros fatores, rejuvenescer sua defesa. De acordo com o Marca, Pep vê com bons olhos uma futura parceria do Monstro com Piqué. Paralelamente ao desejo do treinador, joga contra o fato do zagueiro espanhol estar fazendo uma temporada muito abaixo da média. Ainda não adaptado à linha de três, quando joga mais na cobertura e fica exposto ao contra-ataque e a velocidade do atacante rival, Piqué não parece nem de longe o zagueiro que por três temporadas consecutivas vem sendo eleito pela Fifa um dos três melhores do mundo. Além disso, Puyol faz uma temporada irretocável. Hoje, é o melhor zagueiro do elenco blaugrana.

A ideia de Guardiola é contratar um zagueiro de alto nível, já que, para a posição, ele conta apenas com seus dois titulares. Os outros que atuam por ali quando algum deles está machucado jogam improvisados, como Busquets, Mascherano e Abidal. Caso a transferência de Thiago não dê certo, o francês Adil Rami, do Valencia, é considerado o plano B. Outros dois nomes em pauta são Neymar e Gareth Bale, do Tottenham. Andrés Villas-Boas afirmou numa coletiva recente que o Chelsea foi atrás da contratação do brasileiro, mas que seu futuro já está selado. Não revelou o clube, mas este parece ser o Barcelona. O mistério é para quando. A cúpula azulgrená o quer para depois dos Jogos Olímpicos de Londres.

Talvez, o nome de Bale pode parecer como forçado. Atualmente, seja no 4-3-3 ou no 3-4-3, o destaque do Tottenham na temporada não teria espaços no onze inicial. Vale lembrar que o galês não joga mais de lateral há um bom tempo, tendo que, em uma iminente ida à Catalunha, disputar uma posição com Iniesta. Aí entra o porquê da preferência de Guardiola. É sabido por todos que El Albino convive com lesões musculares. Só em 2011/2012 foram três. Bale seria uma reposição de nome para suprir as ausências de Iniesta.

Trazer os três será difícil. Caso as duas contratações se concretizem, os culés gastarão cerca de 130 milhões de euros somente na dupla, fora o preço de Neymar, bastante alto. Mas a aposta é que o mercado vai ser bastante movimentado. Guardiola está passando por uma experiência negativa que pode servir de aprendizado: lesões à rodo redimesionando uma temporada que tinha tudo para ser perfeita (os 14 jogadores à disposição para uma semifinal de Copa do Rei é a prova). A Liga está indo por água abaixo a cada rodada e a UCL, apesar de favorito, vai depender do físico do elenco. Hoje, o Real Madrid está mais preparado.

Copa del Rey
O Barcelona venceu o Valencia por 2 x 0 e avançou à final. Os blaugranas se vingaram da eliminação de 2007/2008 e irão reencontrar o Athletic Bilbao, rival de três temporadas atrás. Ao contrário daquela noite de Valencia, onde o Barcelona era muito favorito, o atual momento das duas equipes diminui um pouco o favoritismo barcelonista. Mas até chegar o dia da final (ainda indefinido) muito água irá rolar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Volta por cima

O mau início de temporada do Athletic Bilbao foi deixado para trás com a vaga na final da Copa do Rei (AS)

Quando lançou sua candidatura à presidência do Athletic Bilbao, Josu Urrutia antecipou que tinha um antigo desejo de contratar Marcelo Bielsa. Não deu em outra: o presidente ganhou com uma vantagem considerável do rival Fernando García Macua e o argentino desembarcou no País Basco para susbstituir Joaquín Caparrós. No início, a torcida não ficara muito satisfeita. Caparrós era um treinador querido, que estava no clube desde 2007. Mas não demorou para o pensamento dos bascos irem mudando. Conhecido por sua proposta de jogo voltada ao ataque, Bielsa herdou de Caparrós uma excelente base para continuar seu trabalho.

Entretanto, os primeiros jogos de El Loco no comando técnico bilbaense não foram agradáveis. A equipe começou a Liga num ritmo lento, perdendo três e empatando dois nos primeiros cinco jogos. O fato de somar apenas dois pontos em 15 disputados começou a deixar a torcida com um pé atrás com o argentino, que, por sua vez, manteve-se tranquilo e pediu sequência, necessário em um trabalho como esse. O divisor d'águas para Bielsa veio exatamente naquele que os aficionados consideram um dos jogos mais importantes da temporada: o dérbi basco. Contra a Real Sociedad, que à época era a equipe sensação da Liga, um doblete de Llorente em pleno Anoeta deu uma vitória que mudou os rumos de Bielsa e do Athletic Bilbao na temporada.

Hoje, quatro meses após o dérbi, o Athletic Bilbao é outro. Ao golear o Mirandés por 6 x 2, garantiu o retorno à final da Copa do Rei, três anos depois de ser vice-campeão perante o Barcelona. Não bastasse isso, os leones também garantiram automaticamente uma vaga nas competições europeias em 2012/2013. Na Liga, ocupa a 6ª posição e é um candidato real a tomar a vaga do Levante na zona de Champions League. Atualmente, o único time que duela de igual para igual com os leones é o Atlético de Madrid, apesar de Espanyol, Osasuna e Málaga também estarem vivos.

A sensação é de evolução. É difícil basear-se num jogo contra um adversário inferior em todos os aspectos, mas o Athletic que despachou o Mirandés o fez com louvor. Sem nenhum poupado, deu uma aula de futebol à equipe da Segunda División B. A troca de passes no meio-campo e as tabelas frente à área do Mirandés enlouqueceram a equipe do treinador Carlos Pouso, que foi sucumbindo à medida que o jogo passava. Quanto mais forçava, mais o Athletic ficava perto do gol. E os trabalhos iniciou-se cedo, com Muniain marcando aos 10. Foi um recital. Iturraspe, Ander Herrera e De Marcos formam um excelente trio de meio-campo, enquanto Susaeta, Llorente e Muniain se completam na frente. O centroavante recuperou a forma do primeiro semestre de 2011 e faz 2012, por ora, impecável.

Bielsa implantou no Athletic Bilbao uma característica fundamental que, pelo visto, o elenco parece ter se adaptado com completo: a marcação pressão. Com três jogadores pressionando o adversário, a bola é recuperada com facilidade e fica com os jogadores. A posse de bola também aumentou consideravelmente em relação à temporada passada. Há duas semanas, quando foi goleado pelo Real Madrid, o Athletic saiu do Bernabéu com 52% da posse de bola. Bielsa já avisou: o objetivo não é jogar a final da Copa, e sim ganhar. Seja contra quem for. A vocação ofensiva e a marcação pressão que pode chegar a diminuir a posse de bola do Barcelona (58% foi a posse do Barça no confronto do San Mamés, no primeiro turno) podem levar o Athletic ao título.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

22ª rodada: Ninguém quer Liga dos Campeões não?

O Espanyol foi ao País Basco e saiu com um empate bom nas costas, numa rodada onde os postulantes à Liga dos Campeões não triunfaram (getty images)

Athletic Bilbao 3x3 Espanyol
As duas equipes fizeram jus às expectativas. Num confronto direto por Champions League, quem saiu sorrindo foi o Espanyol, que além de se manter na quinta colocação com os mesmos 32 pontos do Levante, levou do San Mamés na bagagem um gol aos 47 minutos do segundo tempo: quando Albín recebeu de um guerreiro Verdu e fuzilou a meta de Iraizoz, Pochettino foi ao delírio. A estreia de Coutinho foi opaca, mas o brasileiro saiu de campo com nota 6. Foi dele a jogada iniciada no gol de Romaric, que passou pelos pés de Weiss. Em grande fase, o israelense começa a ter sua titularidade garantida pelo treinador argentino. Os bascos continuam próximos da principal competição europeia, mas voltam a sofrer um revés nos minutos finais, como no início da temporada.

Atlético de Madrid 0x0 Valencia

Sem cerimônias, Atlético e Valencia fizeram um jogo agradável em Manzanarez. Tecnicamente, a partida não foi brilhante, mas a proposta de jogo voltada ao ataque das duas equipes deixou a partida interessante. O zero, contudo, não saiu do marcador. Para Simeone, um recorde: pela primeira vez desde 1991, os rojiblancos ficam 5 jogos sem sofrer um gol. Numa rodada que poderia ser favorável, o Atlético de Madrid não fez o dever de casa e, sem conquistar os três pontos, desperdiçou uma chance de entrar na zona de LC pela primeira vez desde a temporada 08/09. O Valencia, necessitando fazer o resultado para se distanciar dos rivais, foi a campo com a equipe titular mesmo com uma semifinal de Copa do Rei para fazer.

Granada 2x1 Málaga
Efeito Abel Resino. É só disso que a torcida do Granada quer saber. O treinador segue colhendo frutos positivos desde que chegou ao clube e já faz a equipe respirar. No mini-dérbi da Andaluzia, o Málaga foi a vítima. Os blanquiazules, assim como Atlético de Madrid, Athletic Bilbao e Espanyol, não conseguiram levar os três pontos para casa e, assim, se aproximar mais do Levante. O duelo que fechou a rodada também foi marcado pelo bom futebol, numa das melhores rodadas desta edição da Liga Espanhola. Os goleiros trabalharam: tanto Caballero quanto Júlio César tiveram dificuldades e evitaram que mais gols saíssem. O Málaga lamenta o fato de um erro individual ter jogado por água abaixo a boa partida, quando Demichelis falhou frente a Iñigo López, que decretou a vitória granadense. Ao total, foram 25 chutes a gol.

Getafe 0x1 Real Madrid
Mesmo quando joga abaixo da média o Real Madrid triunfa. Foi assim no Coliseum Alfonso Pérez, quando Sergio Ramos cabeceou firme para marcar o único gol da importante vitória blanca ante o rival estadual. Mourinho deixa claro que Kaká ainda é opção confiável, ao utilizar o brasileiro como titular pela quarta vez consecutiva. Ao lado de Özil, Kaká tem espaços para poder jogar seu futebol. Com o alemão deslocado para a direita do campo, onde está se saindo muito bem e tem recuperado seu futebol, o camisa 8 ensaia algumas arrancadas dos tempos de Milan em lampejos. Mas um lance deixou polêmica: no segundo tempo, uma bola que resvalou na mão de Pepe não foi assinalada como pênalti, num fato que poderia mudar os rumos da partida.

Barcelona 2x1 Real Sociedad
O Barcelona também não fez uma boa partida e, por pouco, não se complicou mais. Com as lesões a exaustão que vem atacando o elenco, Guardiola viu-se obrigado a entrar em campo com Jonathan Dos Santos e Tello. O treinador, sem escolhas, também voltou ao 4-3-3, com Daniel Alves e Adriano, que no esquema com três zagueiros atuam ora como alas e ora como ponteiros na linha de três ofensiva, retornando à posição de lateral. A filosofia de jogo barcelonista segue. Os azulgrenás dominam seu adversário e ficam mais tempo com a posse de bola. Mas falta inspiração e sangue nos olhos. André Rocha, do blog Olho Tático, do globoesporte.com, tratou muito bem do assunto.

Sevilla 1x2 Villarreal
O Sevilla voltou a decepcionar perante os aficionados. Se, há três/quatro temporadas, o estádio sevillista trazia medo ao adversário, devido ao clima de tensão que envolvia a torcida, isso já não acontece mais. A derrota para um recuperado Villarreal marcou o fim da linha para Marcelino Toral no comando técnico nervionense. Marcelino cavou sua própria cova. No segundo tempo, mudou inexplicavelmente sua equipe para o 3-5-2. A tática expôs o time ao contra-ataque amarillo. E foi numa jogada como essa que Camuñas sentenciou a vitória do Villarreal, que saiu da zona de rebaixamento. Ainda sem Nilmar, cortado por decisão técnica, Molina estreou o uruguaio Martinuccio, ex-Peñarol e Fluminense.

Mallorca 1x0 Bétis
Catenaccio. Cadeado, em italiano. No futebolês, um esquema do pós-guerra que teria começado no Calcio Italiano na Triestina do treinador neto de austríaco Nereo Rocco. O esquema era tão fechado para a época que parecia um ferrolho. Suíço. Em francês, “verrou”. Em alemão, “riegel”. Tudo simbolizando um cadeado. Um esquema fechado, defensivo. Foi assim que o Mallorca chamou a atenção da imprensa espanhola. Após o gol de Gonzalo Castro, no início do primeiro tempo, Caparrós recuou as duas linhas de quatro, deixando-a intransponível. O Bétis teve a bola durante toda a partida (67% da posse de bola), mas não soube o que fazer. O goleiro malloquín Calatayud pouco trabalhou.

Levante 1x1 Racing Santander
Cansaço é a palavra que define o Levante 2012. Em nove jogos, envolvendo Liga e Copa, apenas um triunfo, contra o Alcorcón na Copa. Um elenco curto e de idade (média de 31 anos) tinha que pagar o preço ao longo da temporada. As lesões apareceram, e com elas o time caiu de produção. Está, definitivamente, em queda livre. Até o Ciutat de Valencia já não apresenta o mesmo clima de outrora. Frio, o estádio levantino tem estado vazio nos últimos jogos da equipe. Enquanto o Levante mostra um cansaço, o Racing Santander por sua vez batalha contra o rebaixamento e não pode mostrar preguiça. Em Valencia, jogou bem e foi uma equipe guerreira, mas o resultado, comemorado pelo treinador José González, não valeu para equipe ficar fora do descenso.

Sporting Gijón 1x1 Osasuna
Um golaço de Lekic silenciou o Molinón, no jogo do meio-dia espanhol. No primeiro jogo após a demissão de Manolo Preciado, que estava no comando técnico do Sporting Gijón há seis anos, os asturianos jogaram bem. Dominaram os rojillos na primeira etapa e saíram na frente com Carmelo. Porém, as mudanças do interno Tejada, que tirou Barral e De Las Cuevas, diminuiu o ritmo de jogo rojiblanco, que acabou sofrendo um castigo. A equipe não mostrou uma reação para buscar o gol do desempate e segue com a ameação do rebaixamento às costas. Com 19 pontos, está a quatro de sair da zona. A tabela é ingrata: nas próximas rodadas, encara Valencia, Atlético de Madrid e Barcelona. O Osasuna, com o empate, fica de fora da zona de Liga Europa.

Zaragoza 1x2 Rayo Vallecano
Começa a passar a ser quase impossível pensar num Zaragoza na Liga BBVA na próxima temporada. Com problemas extracampos intenso, envolvendo seu presidente, os maños estão na última colocação, a 11 pontos de sair do inferno. Com gol de Diego Costa, que estava fora dos gramados por oito meses após uma lesão grave no joelho, o Rayo Vallecano começa a respirar aliviado. Aproveitando-se da fragilidade defensiva dos aragoneses, partiu para cima na segunda etapa e conseguiu a importante virada. Foi a terceira virada consecutiva que os maños sofrem.

Seleção da rodada
Diego López (Villarreal); Sergio Ramos (Real Madrid), Puyol (Barcelona), Javi Martínez (Athletic Bilbao), Casado (Rayo Vallecano); Borja Valero (Villarreal), Jesus Navas (Sevilla), Weiss (Espanyol); Gonzalo Castro (Mallorca), Llorente (Athletic Bilbao), Tello (Barcelona). Treinador: Abel Resino (Granada).