domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ressurreição

Chegada de Míchel para o comando técnico fez bem ao Sevilla, que emplacou duas vitórias consecutivas e, em um toque de mágica, foi do pesadelo do rebaixamento ao paraíso de conquistar uma vaga em competições europeias (reuters)

Segundo dados do Wikipédia, Ressurreição significa, literalmente, "levantar; erguer". Esta palavra é usada com frequência nas escrituras bíblicas, referindo à ressurreição dos mortos. No seio do povo hebreu, a palavra correlata designava diversos fenômenos que eram confundidos na mentalidade da época. O seu significado literal é voltar à vida; assim, o ato de uma pessoa considerada morta viver novamente era chamado ressurreição. Existe a conotação escatológica adotada pela igreja católica para esse termo que é a ressurreição dos mortos no dia do juízo final.

Ainda é cedo para apontar um futuro melhor para o Sevilla. Mas a equipe que venceu o Valencia no Mestalla por 2 x 1 pode pensar em algo melhor. O que, há três semanas, era um pesadelo, capaz até de ser rebaixado para a Liga Adelante, transformou-se em algo parecido com a prática de futebol bonito. O elenco cabisbaixo que Marcelino Toral deixou para Míchel já apresenta outra postura. A equipe conhecida nos últimos anos por ser aguerrida e pedra nos sapatos dos grandes parece ter voltado. Se 2012 estava um inferno, sem nenhuma vitória, contra os chés os nervionenses chegaram a duas consecutivas. Vitórias que elevam a moral do grupo e recolocam a equipe de volta à disputa por Liga Europa.

Em Valencia, o Sevilla lembrou o Sevilla de 2006/2007. Sólido na defesa, forte no meio-campo, sobretudo pelos lados do campo, e perigoso no ataque. Quando estreou como treinador sevillista, Míchel parecia disposto a cair no mesmo erro de Marcelino. Debutou sem mudar nada, escalando um meio-campo com três: Navas à direita, Reyes centralizado e Perrotti à esquerda. Só no final da partida contra a Real Sociedad, quando tirou o extremo esquerdo para colocar Kanouté, que o treinador observou e pôde entender que o mais certo a se fazer é utilizar o 4-4-2. É a tática que mais deu certo nos últimos anos. O esquema a rombo utilizado por Manzano no segundo semestre da temporada passada foi substituído sem explicação pelo 4-2-3-1 que Marcelino aplicou quando assumiu. Com Reyes e Jesus Navas voltados exclusivamente para os flancos do campo, a equipe ganha um poderio enorme.

As atuações individuas de peças-chaves no plantel também melhorou. Palop, que recuperou a condição de goleiro titular seis meses depois graças a uma lesão de Javi Varas, mostrou ainda estar em forma ao fazer três excelentes defesas contra o Osasuna, na semana passada. Rakitic e, sobretudo, Kanouté também estão imprescindíveis. Em sua coletiva de apresentação, Míchel havia reiterado o desejo de poder contar com o malinês, em baixa com Marcelino e em temporada obscura. O centroavante não só voltou a jogar bem como foi importante no duelo de hoje. A velocidade para recuperar a bola e cruzar para Jesus Navas definir e decretar a virada sevillista em pleno Mestalla foi comemorada pelo novo treinador. "Pouco a pouco vamos encontrando o equilíbrio. A equipe vai encontrando seu nível, sobretudo porque a confiança é alta. Isso é muito importante", disse na coletiva.

O El Desmarque, periódico que cobre os clubes de Sevilha, já apelida de Efeito Míchel. A semana é de concentração. Nas próximas rodadas, o Sevilla recebe Atlético de Madrid e Barcelona. O primeiro é um adversário direto e irá requer até mais atenção que o segundo, pelo simples fato de haver ambição em comum entre as duas equipes. Enquanto o Barcelona, segundo seu próprio treinador afirmou na coletiva pós-jogo contra o próprio Atlético de Madrid, não irá tirar essa taça do Real Madrid, os rojiblancos ainda sonham com o retorno a Champions League. Será uma partida que vai servir para calibrar e medir a reação do Sevilla e definir as aspirações do conjunto hispalense. A vaga na Liga Europa é possível.

2 comentários:

  1. Muito bom ver o Rakitic jogando demais. ÓTIMO jogador.

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  2. Rakitic havia feito sua melhor partida como sevillista no Mestalla, na temporada passada. Ontem, jogou tão bem quanto. Ditou o ritmo do jogo, com inteligência. É o fantasista que o Sevilla, assim como a equipe de Manzano, necessita.

    Abraço!

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