sábado, 30 de abril de 2011

34ª rodada (1ª parte): Um Agüero de Champions

Gol após gol, Agüero faz o Atlético de Madrid sonhar com Champions League a cada jogo (reuters)

O Atlético de Madrid está vivo: após a vitória por 1 a 0 contra o Deportivo La Coruña, os rojiblancos passam a sonhar verdadeiramente com a Champions League, já que a vantagem para o Villarreal é, no momento, de cinco pontos.O jogo teve um ótimo duelo entre os goleiros Aranzubia e De Gea. Sergio Lopo, zagueiro do Deportivo, recebeu o segundo cartão amarelo e deixou seu time com dez no segundo tempo. Com a expulsão de Lopo, o Atlético teve mais espaço para atuar e o aproveitou bem. Aos 80 minutos de jogo, Diego Forlán e Juanfran fizeram boa jogada pela direita e a bola chegou até Aguero, que bateu para marcar o único gol da partida e chegar a 97 com a camisa do Atlético de Madrid, ultrapassando Forlán.

Com Cristiano Ronaldo poupado, o Real Madrid jogou muito mal e acabou sendo derrotado pelo Zaragoza por 3 a 2, em pleno Santiago Bernabéu. CR7 ficou nos camarotes, sendo consolado pela belíssima Irina Shayk. Não pareciam muito interessados em assistir ao show de Lafita que teve sua tarde de herói.
O Real Madrid começou o jogo muito mal, parecendo jogar ainda com o peso da derrota para o Barcelona, na última quarta-feira, pela Liga dos Campeões. Kaká esteve em campo, mas teve atuação discreta. O brasileiro fez uma apresentação bem abaixo da que havia feito na rodada passada, contra o Valencia. O jogo estava tão sem emoção que a defesa madridista dormiu e o Zaragoza aproveitou. Eram 40 minutos do segundo tempo e o goleiro Casillas furou uma bola recuada. O nigeriano Uche chutou para o gol, mas foi Lafita quem acabou marcando o primeiro dos visitantes.

No segundo tempo José Mourinho tentou dar mais dinamismo à equipe, substituindo Nacho e Canales por Marcelo e Di María, respectivamente. Porém o Real Madrid tomaria um balde de água fria logo em seguida. Ricardo Carvalho fez pênalti sobre Lafita que Gabi bateu e ampliou para os maños. Com desvantagem de dois gols, o Real Madrid acordou e partiu para cima. Chegou a descontar com Sergio Ramos, e parecia que chegaria ao empate. Benzema chegou a acertar o travessão. Mas não era dia para os madridistas. Aos 31 minutos, Lafita puxou um contra-ataque e partiu em velocidade. O atacante do Zaragoza só parou com a bola dentro do gol de Casillas. O torcedor presente ao Bernabéu não acreditava, o Real Madrid estava sendo derrotado por 3 a1 por um dos últimos colocados do Espanhol. Os merengues ainda chegariam ao seu segundo gol, com Benzema, mas já era tarde. Ricardo Carvalho, que cometera pênalti no início do segundo tempo, acabou sendo expulso por falta sobre o nigeriano Uche.

Depois de ver o rival merengue perder em casa, o Barcelona entrou ligado em campo. Entrou como Barça, apesar das diversas mudanças feitas por Guardiola, e abriram o placar em um golaço de Thiago Alcantara - encobrindo o goleiro após passe de Xavi. Os blaugranas venciam sem se incomodar. Foram para os vestiários com um bom resultado e a chance de abrir 11 pontos de distância do Real na liderança da tabela. Mas não contava com uma reação dos donos da casa - e muito menos com um erro crucial da arbitragem. Ifrán, na metade do segundo tempo, fez 1 a 1 e esquentou as coisas. Na sequência, Gabi Milito marcou de cabeça o segundo dos catalães, mas o bandeira anulou o lance equivocadamente. O sopro de esperança para o Real Madrid veio a oito minutos do fim: Mascherano fez pênalti e Prieto bateu, marcando a virada da Real Sociedad.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A briga que interessa

O Málaga, de Júlio Baptista, tem o melhor elenco dentre as equipes que brigam contra o descenso (getty images)

A disputa pelo título da Liga BBVA já chegou ao seu fim há algumas rodadas; da Liga dos Campeões, parece ter se reaberta após a 33ª rodada, mas nada faz pensar que o Villarreal irá perder a quarta vaga; da Liga Europa, Levante e Mallorca brigavam ferranhamente com o Espanyol para roubar uma das vagas de Athletic Bilbao, Sevilla e Atlético de Madrid, mas os dois times tropeçaram no último final de semana e deixaram a briga para o Espanyol, que está se mostrando um verdadeiro cavalo paraguaio. Resta, então, a briga para fugir da zona de rebaixamento, que vem tirando o fôlego dos simpatizantes da liga espanhola nessas últimas rodadas.

Apesar da diferença entre o Levante (10º colocado) para o Osasuna (18º colocado - primeiro da zona de rebaixamento) seja de sete pontos, o grupo de reais candidatos ao descenso diminuiu. Com quinze pontos para serem disputados e levando em conta a boa fase de Levante, Sporting Gijón e Deportivo, a tendência é que a disputa pela duas últimas vagas para a Liga Adelante (levando em consideração que o Almería, lanterna, já está virtualmente rebaixado) seja entre Real Sociedad (38), Deportivo (38), Getafe (37), Racing Santander (37), Zaragoza (36), Màlaga (36), Osasuna (35) e Hércules (33). Os gijoneses vêm de uma boa sequência de vitória e, na última rodada, conseguiram uma essencial vitória diante do Espanyol. Os blanquiazules, por sua vez, têm de ficar com o alerta ligado: para não correr riscos, o Deportivo terá pela frente Atlético de Madrid (c), Sporting Gijón (f), Athletic Bilbao (c), Barcelona (f) e Valencia (f). Uma tabela ingrata para aquele que entrou em sua pior fase na temporada.

O Hércules, penúltimo colocado, ganhou motivos para crer: a troca de treinadores (saiu Esteban Vigo e entrou Miroslav Djukic) foi assimilada com naturalidade pelo elenco, que estão lutando bravamento para escapar da degola. Drenthe, pilar da equipe após Djukic assumir os blanquiazules, recuperou o bom futebol que o levou ao Real Madrid e, a cada jogo, vem fazendo gols importantes para a equipe da Comunidade Valenciana. O grande porém é que, à medida que o Hércules vem somando pontos, seus rivais diretos também o fazem: o Málaga, que era o penúltimo colocado há três rodadas, emplacou uma sequência de três vitórias consecutivas e saiu da zona de rebaixamento após algum tempo dentro dela. Contudo, o time ainda está em alerta: no domingo, num dos jogos mais importantes da rodada (senão o mais importante), os malagueses receberão no La Rosaleda o Hércules, num jogo crucial, principalmente, para os comandados de Djukic. O Málaga não era a equipe mais apropriada para sair lá (frequentaram a zona de rebaixamento desde o começo do campeonato), mas bastou algum sucesso para aproveitar a ineficácia dos outros.

Racing Santander, Getafe e Real Sociedad estão pagando pelo péssimo 2011, sobretudo os bascos. Equipe sensação do primeiro semestre, os txuri-urdins estavam brigando por Europa até o final de janeira, quando tiveram uma queda brusca no rendimento: no segundo turno, foram somados apenas doze pontos de quarenta e cinco disputados, contra os vinte e quatro de cinquenta e sete do primeiro turno. Dedicação ao extremo é o que se fala no ambiente euskara, pois a tabela irá pedir isso: Barcelona (c), Valencia (f), Zaragoza (c), Sevilla (f), Getafe (c) são os adversários da Real Sociedad daqui ao término da rodada. O Getafe tem feito mais feio: foram conquistados apenas sete pontos dos quarenta e cinco disputados. Nas próximas rodadas, o time de Valdebebas fará dois confrontos diretos cruciais: na penúltima rodada irá enfrentar o Osasuna no Coliseum Alfonso Pérez e na última, a Real Sociedad, no Anoeta.

Difícil mesmo é prever melhora para times tão fragilizados ultimamente e sem confiança alguma. Logo, o ideal é apostar nos confrontos diretos, que poderão resolver muita coisa. Nesta rodada, como avisamos há alguns parágrafos, o Málaga irá receber o Hércules; na 35ª, o Getafe recebe o Almería, o Zaragoza joga contra o Osasuna e o Racing Santander vai a Castilla y León enfrentar o Hércules; na 36ª tem Real Sociedad contra Zaragoza; na 37ª, Getafe contra Osasuna; e na 38ª rodada, Getafe contra Real Sociedad.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Agora complicou

Falcão García, dono do jogo, comemora um de seus quatro gols na partida (getty images)

Pelo jogo de ida da semifinal da Liga Europa, o Villarreal saiu do Estádio do Dragão, em Porto, com a sensação de que ir à final em Dublin tornou-se trabalho árduo. Em dia de Falcão García, autor de quatro gols, os portugueses impusseram impiedosos 5 a 1 nos amarillos, colocando um pé e meio na final e na Triplice Coroa. Atuando em casa, o Porto começou tentando pressionar o Villarreal, mas o Submarino Amarelo levava grande perigo nos contra-ataques. Embora o atacante Hulk tenha criado algumas oportunidades, o time espanhol foi quem teve as melhores chances no primeiro tempo, além de ter saído com a vantagem, com gol de Cani, após cruzamento de Nilmar.

Em um primeiro tempo nivelado, Porto e Villarreal tiveram grandes chances de gol, mas o time espanhol pecou nas finalizações e perdeu a oportunidade de abrir uma boa vantagem já no início da partida. Nilmar chegou a ficar cara a cara com Helton e finalizou em cima do goleiro brasileiro, que fez mais uma excelente partida nesta temporada. Rossi também deixou de marcar algumas vezes, depois de avançar em velocidade aproveitando bobeira da defesa portuguesa. No fim da primeira etapa, Cani abriu o placar com um belo gol, depois de receber passe de Nilmar.

O empate do Porto saiu logo no início do segundo tempo. Falcao invadiu a área e foi derrubado pelo goleiro Diego López. O próprio atacante colombiano cobrou o pênalti e fez o primeiro de seus três gols no jogo. O empate abalou o Villarreal, que não conseguiu manter na etapa final o mesmo ritmo que no primeiro jogo. Depois de Rossi desperdiçar mais uma grande oportunidade de frente para Helton, o Porto começou sua reação e passou a pressionar o time espanhol.

Aos 15 minutos, Guarín fez bela jogada e finalizou em cima de Diego López. O goleiro deu rebote, que, dessa vez, o lateral não desperdiçou, cabeceando por baixo das pernas de López para marcar o gol da virada. Em seguida, Hulk driblou a zaga espanhola e cruzou para Falcao García ampliar. Aos 30 minutos, mais um gol produzido pela dupla Guarín-García. O lateral bateu falta e o atacante completou de cabeça para o fundo das redes, marcando seu terceiro tento na partida.

Ainda teve tempo de Falcao García anotar seu quarto gol, cabeceando após cobrança de escanteio, e selar a goleada do Porto, praticamente garantindo uma final portuguesa na Liga Europa, já que a outra semifinal será decidida entre Benfica e Braga.

Pós-jogo: Real Madrid 0x2 Barcelona

Treinadores em foco: Guardiola preferiu responder a Mourinho em campo e provou estar certo. O Barcelona, com a vitória, está mais próximo que nunca da final em Wembley (reuters)

O dia 27 de abril de 2011 já pode ser inscrito na história do Barcelona. Se, de uma hora para outra, o Real Madrid invertou o outro lado da moeda, ao chegar "favorito" para o confronto da Champions, o Barcelona mostrou por que não deve ser "subestimado". Ontem, Josep Guardiola demonstrou estar certo ao afirmar, na coletiva, para José Mourinho que a resposta ao gajo seria dado em campo. Mesmo com a notícia de que jogaria sem o lesionado Iniesta, que caiu como uma bomba em Barcelona, Guardiola recuperou Puyol e armou seu Barcelona com maestria para o terceiro dos quatro confrontos contra o rival Real Madrid. Assim, os azulgrenás jogaram muito bem contra os blancos e impusseram ao Real Madrid uma dura derrota por 2 a 0, dando um sólido passo rumo à final em Wembley.

Sem Ricardo Carvalho, melhor zagueiro merengue na temporada, Mourinho voltou a escalar Pepe na volância e deu mais uma chance a Raúl Albiol, que havia cometido pênalti infantil no confronto da Liga. Na parte ofensiva, Cristiano Ronaldo voltou a atuar como falso nove, enquanto Özil e Di María jogavam no suporte ao gajo. O camisa sete merengue, assim como o turco-alemão, fez uma péssima partida e pouco contribuiu para que sua equipe levasse perigo ao gol de Víctor Valdés, a não ser em um chute de longa distância ao final da primeira etapa. O Real Madrid começou a partida repetindo a marcação agressiva da final da Copa do Rei. Só que depois de cinco minutos de desarmes no início das jogadas do Barça, o time catalão passou a não arriscar bolas em profundidade e apenas trocou passes laterais para não correr riscos, esfriando o ímpeto merengue.

Villa, que no último final de semana, contra o Zaragoza, havia quebrado um incômodo jejum de onze partidas sem marcar, foi o primeiro a ameaçar as redes de Casillas. Caindo pelo lado direito, El Guaje deixou Marcelo e Raúl Albiol para trás e chutou de canhota rente à trave direita do capitão blanco. Dois minutos depois, Xavi arriscou de fora da área para defesa de Casillas. A linha de meio-campo do Real Madrid então recuou e o Barça passou a implementar seu toque de bola paciente e cadenciado. O time de Guardiola tinha dificuldades para encontrar espaços na bem organizada defesa do Real, mas aos poucos a movimentação de Messi passou a dar alternativas aos meio-campistas responsáveis pela transição da defesa para o ataque

Aos 24 minutos, Messi começou a aparecer e deu passe dentro da área para Xavi, que bateu no canto esquerdo para boa defesa do goleiro merengue. Messi participava do jogo ativamente recebendo a bola na região da intermediária, mas se a primeira linha de marcação dos blancos já haviam se mostrado difícil de quebrar, a última também resistia bravamente. Assim, o Barcelona conseguiu várias vezes cercar a área merengue, mas só penetrou na área com perigo uma vez. Aos 38 minutos, a primeira grande confusão no gramado em Madri: Pedro foi derrubado por Arbeloa e Daniel Alves foi caçado por Özil, enquanto Piqué e Sérgio Ramos discutiram rispidamente. Sobrou para Arbeloa, que recebeu cartão amarelo. A tensão voltou a tomar conta de todos na saída para os vestiários, com Keita, Pinto, Valdés e Milito discutindo com o delegado do Real Madrid, o ex-jogador Chendo. O goleiro reserva do Barcelona acabou sendo expulso pelo árbitro alemão Wolfgang Stark.

Na segunda etapa, Mourinho resolveu mudar seu 4-3-2-1 sem um centroavante de ofício para colocar Adebayor no lugar de um apagada Özil. Dessa forma, Cristiano Ronaldo voltou à sua função original, mas seu futebol continuou sem aparecer. O Real Madrid exerceu uma pequena função e parecia perto do 1 a 0, porém Pepe jogou tudou por água abaixo. Daniel Alves foi afastar a bola da defesa e Pepe entrou com a sola da chuteira em sua canela. Cartão vermelho direto para o luso-brasileiro e expulsão também do técnico José Mourinho, pela reclamação. Aos 17 minutos da segunda etapa, o Barça tinha um jogador a mais. A saída de Pepe teve efeito imediato sobre o jogo, com o Barcelona bem mais confortável nas trocas de passes e fazendo a bola chegar aos seus homens de flanco em boa posição para a jogada individual. Foi assim que o Barça chegou à abertura do marcador.

Aos 31 minutos, Afellay, que havia entrado no lugar de Pedro, deixou Marcelo, que escorregou no lance, para trás e cruzou para Messi, que antecipou-se a Sergio Ramos e finalizou por debaixo das pernas de Casillas para inaugurar o marcador. O holandês, autor da jogada do gol, mudou a cara da partida ao entrar em campo e, já há algum tempo, vem merecendo a vaga na equipe titular. Autor de boas partidas, Afellay, tímido (literalmente) quando chegou à Catalunha, parece ter se adaptado ao esquema de Guardiola e sempre entra bem quando o treinador o coloca em campo. Depois do gol, o Real Madrid chegou a esboçar uma reação com muita correria e pouca criatividade, mas logo o Barça voltou a controlar a partida e trocar passes para administrar o placar. Ainda houve tempo para Messi mostrar sua genialidade em um grande lance que ampliou a vantagem blaugrana.

Aos 43 minutos, Messi arrancou da intermediária, passou por Lass Diarra, Sérgio Ramos, Raúl Albiol e Marcelo e tocou na saída de Casillas, sacramentando o superclássico e colocando o Barcelona a um passo de Wembley. Nos minutos finais, Guardiola promoveu a estreia do canterano Sergi Roberto no lugar de um onipresente Villa, que passou a jogar mais aberto pela esquerda na segunda etapa. Com os gols sofridos no Santiago Bernabéu, o Real Madrid não igualará a marca do Milan campeão de 1992/1993, que não tinha levado gols em casa pela Liga dos Campeões.

Dos que decidiram
Messi foi o autor dos gols vitoriosos, quebrando a maldição de nunca ter marcado em jogos de semifinais de Champions e chegando a onze tentos na atual edição da Champions League, artilheiro isolado. Pela terceira vez consecutiva, é de se esperar que, ao final do ano, La Pulga ganhe o prêmio de melhor jogador do mundo novamente. Artilheiro da Liga Espanhola, da Copa do Rei e da principal competição europeia, o argentino a cada ano se supera: na atual temporada, La Pulga já marcou 52 gols, superando uma marca surreal de Ferenc Puskás e tornando-se o único jogador de uma temporada espanhola a chegar em tal casa de gols. São, além de 52 gols, 23 assistências em 50 jogos, totalizando uma participação direta em 75 gols do Barcelona nesta temporada. Como bem definiu Wágner Sarmento, Messi é um adjetivo. Sinônimo de maior.

Messi que com apenas 23 anos figura para ser o melhor (e, por que não, o maior), da história, superou o número de gols de um mito do barcelonismo, Samitier, com o doblete ante o Real Madrid. Com 175 gols, apenas Kubala e César estão à frente do argentino na artilharia do Barcelona. Outra marca magistral de Messi é ter sido o único jogador da história do superclássico a marcar pelo menos um gol em quatro jogos consecutivos na casa do rival. No total, são onze gols contra o Real Madrid, sendo seis no Bernabéu. Segundo Ronaldo, o segundo gol marcado por Messi ante o Real Madrid foi algo de PlayStation. Já Szczesny, que também já sofreu com Messi, mostrou não ter mágoas do argentino e, forçando um pouco a barra, escreveu no twitter: "é o melhor da história".

Na coletiva pós-jogo, como não deveria deixar de ser, Mourinho ironizou a expulsão de Pepe e o cartão amarelo de Sergio Ramos, que o tira da partida de volta e ainda colocou em xeque o último título europeu do Barcelona, o que causou revolta dos barcelonistas: "por que expulsaram Pepe, Thiago Motta e Van Persie e deram um cartão a Sergio Ramos, sendo que eles não fizeram nada? Eu tenho dois títulos europeus conquistados no esforço, e teria vergonha se tivesse conquista um igual Guardiola conquistou em 2009". As palavras do técnico de Setubal, que chegou a falar da parceria do Barcelona com a Unicef, foram interpretadas com indignação no mundo barcelonista, que denunciaram o técnico ao Comitê Disciplinar da Uefa. Apesar de Mourinho não ter aceitado a derrota, Guardiola provou que fez certo ao falar, na coletiva, que daria a resposta ao português em campo. Faltando sete jogos para o fim da temporada (seis, caso o Barcelona seja eliminado pelos merengues), a equipe blaugrana pode ter o gostinho de comemorar o doblete: LC e Liga BBVA.

Se o sonho da Tríplice Coroa se dizimou após a perda da Copa do Rei, os aficionados culés seguem eufóricos com a provável chance de ver o Barcelona ser tetracampeão europeu. Neste momento, antes mesmo de a temporada acabar, há de se reconhecer novamente o fantástico trabalho de Guardiola, que desmentiu estar com seu ciclo no Barcelona chegando ao fim, após uma entrevista a um jornalista da emissora italiana RAI. Um treinador que, pouco tempo atrás, antes mesmo de assumir a equipe principal do Barcelona, já mostrava seus dotes de bom técnico ao levar o Barcelona à Segunda División B. Agora, com um time desenhado taticamente por ele; com um 4-3-1-2 montado por ele para dar, especialmente, liberdade para Messi criar; com jogadores que atuam com seu perfil, dedicando-se inteiramente a um jogo de sacrifício pelo coletivo, Josep Guardiola continua firme para conquistar sua segunda Liga dos Campeões em menos de três temporadas. E, também, não há dúvidas de que este Barcelona foi construído por ele. Como bem definiu Pedro Venancio, "há quem diga que Guardiola não faria em outro clube o que faz no Barcelona. Mas não precisa. Mesmo que perca a vaga para a decisão, o que é muito improvável, Pep já está na história".

Real Madrid 0x2 Barcelona
Real Madrid: Casillas; Arbeloa, Sérgio Ramos, Albiol e Marcelo; Pepe, Lass Diarra e Xabi Alonso; Özil (Adebayor), Cristiano Ronaldo e Di María. Técnico: José Mourinho.
Barcelona: Valdés; Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Puyol; Xavi, Busquets e Keita; Pedro (Afellay), David Villa (Sergi Roberto) e Lionel Messi. Técnico: Josep Guardiola.
Árbitro: Wolfgang Stark (ALE)
Gols: Messi e Messi (Barcelona).
Cartões Amarelo: Arbeloa, Sérgio Ramos, Adebayor (Real Madrid); Daniel Alves, Mascherano (Barcelona).
Cartões vermelho: Pepe, José Mourinho (Real Madrid); José Manuel Pinto (Barcelona).

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Resumo: 33ª rodada (2ª parte)

Negredo marcou novamente e o Sevilla venceu o Villarreal. Disputa por Champions League reaberta após esta rodada? (eldesmarque)

Faltando cinco rodadas para o término da Liga BBVA, não é mais necessário fazer cerimônias: está aberta a temporada de cálculos. Embora após os jogos deste final de semana poucas posições tenham se alterado na tabela, o tempo vai se esvaindo e o campeonato começa a ser definido. Neste resumo da rodada, faremos também uma análise em perspectiva da sequência de jogos que aguarda as equipes que ainda brigam por algo nesta Liga BBVA. O símbolo "(c)" indica jogos em casa, enquanto "(f)" indica partidas disputadas fora de casa. Veja o calendário descrito em cada parágrafo e faça suas apostas.

Villarreal 3x2 Sevilla
Sem Kanouté e Jesus Navas, Manzano apostou num inédito 4-4-1-1 para um jogo crucial caso os nervionenses quisessem continuar sonhando com Liga dos Campeões. Raçudo, o Sevilla jogou com o coração na mão, venceu o Villarreal e, por que não, reabriu uma disputa que parecia ter chegado ao seu fim há algumas rodadas: a diferença de pontos entre o Sevilla e o Villarreal, último da zona de LC, é de apenas oito pontos e do Athletic Bilbao para os amarillos, seis pontos. Mais do que nunca, faltando cinco rodadas para o fim, a disputa por Liga dos Campeões está reaberta.

Na Andaluzia, Rakitic mostrou que está voando: participou, na maioria das vezes, das jogadas de perigo dos rojiblancos e marcou um bonito gol de falta. Zokora, outro que faz boa temporadas mas não aparecia positivamente há tempos, dominou o meio-campo do Villarreal, desfalcado de Cani e Borja Valero, poupados para a partida contra o Porto, na quinta-feira, e deu uma bonita assistência para o gol de Negredo. A partida caminhava para uma tranquila vitória do Sevilla, que não era ameaçada pelos anfitriões, mas Rossi, que também havia sido poupado inicialmente, mostrou por que o Barcelona pode oferecer trinta milhões de euros por sua contratação e acertou um belo chute no ângulo de Javi Varas. O gol do ítalo-americano, porém, não assustou o Sevilla, que continuou dominando até o apito final de Undiano Mallenco. A equipe de Garrido, perdedora hoje, terá que dividir suas atenções entre a competição continental e a nacional, mas pode comemorar um fato: a tabela, a partir de agora, não irá exigir um maior esforço. Os amarillos irão encarar Getafe (c), Mallorca (f), Almería (f), Real Madrid (c), Osasuna (f), enquanto o Sevilla terá pela frente Almería (f), Real Madrid (c), Osasuna (f), Real Sociedad (c), Espanyol (f).

Atlético de Madrid 4x1 Levante
No Vicente Calderón, novo show de Agüero. Escalado no 4-4-2 a rombo, Quique preteriu Forlán novamente para escalar Diego Costa como companheiro do argentino. E se irritou. "Eu faço o melhor para a equipe e vocês [jornalistas] não deveriam se meter", disse o treinador após a partida. Fato é que a entrada do brasileiro deu mais mobilidade para que o jogo dos rojiblancos fluíssem e, já há algum tempo, o brasileiro não tem deixado passar batido as oportunidades que vem recebendo. Quem também apareceu muito bem foi Elias. Jogando mais adiantado do que nos tempos de Corinthians, o camisa nove fez sua melhor partida desde que chegou em Manzanares, marcou um belo gol de falta e saiu ovacionado para a entrada do canterano Noguera. No meio-campo, o domínio territorial se fazia possível pela partida valente de Suárez e Juanfran, que também fez sua melhor partida desde que fora contratado.

No lado levantino, o jogo era crucial para a equipe seguir viva em busca de uma vaga na Liga Europa. Os granotes fizeram um ótimo primeiro tempo, quando chegaram ao gol através de Caicedo (décimo gol do equatoriano na Liga), mas sofreram uma brusca queda de rendimento quando Agüero desempatou a partida logo no início do segundo tempo, logo após uma bela defesa de De Gea em chute de Stuani. Agüero ainda chegaria ao doblete, marcando seu 16º gol na Liga - 20º na temporada. A nove do Villarreal, a reação dos comandados de Quique chegou tarde, mas os colchoneros seguem na briga por Liga dos Campeões, sem deixar que o Espanyol se aproxime da zona de Liga Europa. A tabela daqui para a frente requer atenção, pois quatro de cinco adversário brigam contra o rebaixamento e entrarão em campo dando a vida. Deportivo (f), Málaga (c), Racing Santander (f), Hércules (c), Mallorca (f) são os adversários do Atlético de Madrid.

Racing Santander 1x2 Málaga
Júlio Baptista voltou de lesão para ser o salvador da pátria malaguesa. Se, na última rodada, os dois gols do brasileiro contra o Mallorca serviram para tirar o Málaga da zona de rebaixamento, o gol e a bela assistência de bicicleta de hoje serviram para afastar o Málaga da degola. Com 36 pontos e a quatro do descenso, os blanquiazules respiram aliviados, mas o alerta continua ligado: o Málaga irá enfrentar Hércules (c), Atlético de Madrid (f), Sporting Gijón (c), Athletic Bilbao (f), Barcelona (c). Destes, apenas Sporting Gijón e Barcelona jogaram para cumprir tabela, visto que o título já é, virtualmente, dos blaugrana. Contra o Racing Santander, a superioridade do Málaga só foi ameaçada quando Rosenberg diminuiu aos 28 do segundo tempo.

A entrada do garoto Luque deu um novo gás aos cantabrianos e, após a excelente atuação contra os blanquiazules, o canterano de 19 anos já começa a ser alcunhado de "novo Canales". Os cantabrianos, porém, não estão para tempo de brincadeira. Com 37 pontos, os cantabrianos estão a quatro do rebaixamento, mas terão uma sequência chata: Mallorca (c), Hércules (f), Atlético de Madrid (c), Sporting Gijón (f), Athletic Bilbao (c). Neste momento, a ordem é torcer para que Giovanni dos Santos e Rosenberg continuem decidindo e Luque, que deve virar titular no lugar de Munitis, emule Canales e salve a equipe de um rebaixamento.

Sporting Gijón 1x0 Espanyol
A comemoração efusiva dos aficionados asturianos após o término da partida mostra uma coisa: a vitória crucial dos gijoneses perante o Espanyol praticamente afasta o risco do Sporting Gijón de cair para a Liga Adelante. O responsável pelo alívio é Nacho Novo, autor do único gol da partida. Com 41 pontos, o risco do rebaixamento já não existe mais, e os comandados de Preciado irão agora em busca de uma melhor posição na tabela. Os comandados de Preciado, de luto pelo falecimento de seu pai, morto em um trágico acidente de carro, saíram em busca da vitória desde o começo do jogo. Porém, só no segundo tempo que os ataques passaram a serem mais incisivos. Nacho Novo, que entrou nos 45 minutos finais, deu mais mobilidade ao 4-2-3-1 de Preciado e acabou premiado com belo gol.

No lado blanquiazul, a equipe vive um péssimo momento, vê seus concorrentes diretos por Liga Europa se distanciar cada vez mais na tabela e, a partir de agora, terá que brigar muito caso queira ir para a Europa: o Espanyol tem a tabela mais difícil dentre as quatro equipes que brigam pela competição europeia. Os péricos terão pela frente Athletic Bilbao (c), Barcelona (f), Valencia (c), Zaragoza (f), Sevilla (c). O jogo de semana que vem será o via-crucis para a equipe de Barcelona, que está se tornando o verdadeiro cavalo paraguaio desta edição do campeonato espanhol.

Hércules 1x0 Deportivo
A ida de Miroslav Djukic ao comando técnico do Hércules está fazendo efeito, por enquanto. Em quatro jogos, uma derrota, um empate e uma vitória, que deram gás para que a equipe do bósnio pudesse continuar lutando contra a degola. Kiko vai se consolidando a cada rodada com uma grata revelação da Liga e fez toda a jogada do gol de Tiago. Trezeguet, que não conseguiu chegar a tempo na bola cruzada por Kiko, esteve em mau dia e perdeu oportunidades de setenciar a partida. Os três pontos dão sobrevida aos herculinos, que irão encarar Málaga (f), no jogo mais importante da temporada do Hércules, Racing Santander (c), Mallorac (c), Atlético de Madrid (f) e Sporting Gijon (c). Já o Deportivo está em situação crítica. Na 400ª partida de Lotina como treinador e 100ª partida de Aranzubia como goleiro blanquiazul, os galegos quase levaram para o Riazor um pontinho essencial, mas Calatayud evitou um gol feito de Juan Domínguez. Para escapar do rebaixamento, o Deportivo terá pela frente Atlético de Madrid (c), Sporting Gijón (f), Athletic Bilbao (c), Barcelona (f) e Valencia (f). Uma tabela ingrata para aquele que entrou em sua pior fase na temporada.

Mallorca 2x0 Getafe
Sem grandes aspirações no campeonato, o Mallorca venceu o Getafe e recuperou a nona colocação, graças a derrota do Levante. No jogo, o Getafe voltou a mostrar sua carência nas bolas aéreas, responsáveis pelos gols de Aki e Nunes. Arizmendi e Miku, extremos do 4-3-3 de Míchel na segunda etapa, tiveram em seus pés as oportunidades de empatarem a partida, mas quando a fase não é boa, dificilmente a bola entrará. Resta aos azulones torcer para que Dani Parejo recupere-se de uma longinqua má fase e seja o protagonista da equipe na briga contra o inferno do descenso. Para se salvar, o Getafe terá nas próximas rodadas Villarreal (f), Almería (c), Real Madrid (f), Osasuna (c), Real Sociedad (f) pela frente.

sábado, 23 de abril de 2011

33ª rodada: Pasillo e passeio

Trio ternura: Kaká, Higuain e Benzema deram show no Mestalla e estão à disposição de Mourinho para os duelos contra o Barcelona na Champions League (reuters)

Com o título da Liga praticamente definido, as atenções da primeira parte da 33ª rodada ficaram voltadas para o derby vasco. Em campo, um Athletic Bilbao (5º, 51) que briga por competições europeias contra uma Real Sociedad (13º, 38) que vive seu pior momento na temporada, lutando contra o rebaixamento. Nas quatro linhas, vimos uma Real Sociedad diametralmente inferior ao seu rival e praticamente não ofereceu resistência ao Athletic Bilbao, que ainda teve o luxo de "dar" um gol aos blanquiazules, através de Javi Martínez, que mandou para as próprias redes um cruzamento vindo da esquerda de Griezmann. O francês, aliás, foi derrotado também no duelo dos dois melhores jovens da atual edição da Liga Espanhola. Muniain, que pôde jogar devido a um recurso apresentado pelo Athletic Bilbao à CEDD, conduziu sua equipe à vitória.

A opção de Caparrós de adiantar Muniain para o flanco esquerdo, e consequentemente a troca para o 4-3-3, tem dado certo. Veloz e inteligente, Muniain não sente mais a necessidade de ajudar sua equipe na marcação e fica concentrado apenas nas jogadas de ataques. Hoje, deu muito trabalho a Martínez e saiu de campo merecidamente ovacionado para a entrada de Susaeta. Llorente, que fez apenas um gol em oito partidas, continuou sem marcar, mas teve papel importante na vitória: participou diretamente do gol de Muniain e de Toquero. No gol do jovem, El Rey León ganhou no alto de Ansotegi e Rivas e Muniain só teve o trabalho de empurrar para as redes. No gol do camisa dois, dominou entre dois marcadores e, rapidamente, lançou Toquero na direita, que chegou batendo e venceu Bravo. A vitória contra o maior rival colocou o Athletic Bilbao a um passo da próxima Liga Europa e a comemoração pode se extender ao término da rodada: seus adversários diretos farão confrontos difíceis no complemento da rodada. Para a Real Sociedad a situação é crítica: até o fim da rodada, a equipe cair duas posições e tem uma tabela bem complicada até o término do campeonato. A cinco rodadas do fim, os txuri-urdins terá pela frente Barcelona (c), Valencia (f), Zaragoza (c), Sevilla (f), Getafe (c).

No Mestalla, o Valencia (3º, 63) recebeu o Real Madrid (2º, 80), que entrou em campo com seu time B. Em campo, uma atuação de gala do trio Benzema, Kaká e Higuain, que participaram dos seis gols merengues. Higuain, com um hat-trick, voltou a marcar depois de cinco meses e deixou o campo com uma sensação de que ainda pode brigar pela vaga no ataque do time. Assim como Kaká, autor de dois gols (sendo um golaço) e duas assistências, que está disponível para a vaga no meio-campo blanco. Desde os primeiros minutos o Real Madrid tomou conta da partida. Escalado no 4-3-3 da vitória contra o Getafe, o Valencia parecia com medo e tomou um banho ainda no primeiro tempo. Benzema e Kaká eram os mais ligados na partida e tomaram conta do meio-campo. A partir dos 22 minutos, o Real Madrid foi começando a matar a partida. Primeiro, Higuain cruzou da direita, Guaita passou batido e Benzema completou para as redes. Aos 30, Mathieu falhou gravemente na frente de Higuain, que se esticou todo e venceu Guaita, que já estava batido. Aos 38, Benzema fez o carnaval na zaga ché, abriu na direita para Higuain, que novamente serviu de garçom e Kaká marcou o terceiro. Para completar, aos 41, Kaká retribuiu a gentileza e tocou para Higuain marcar o quarto e silenciar um Mestalla dominado pela ira.

Para fechar, o Barcelona (1º, 88) entrou em campo para esquecer a derrota na Copa e recuperar a confiança para os duelos finais contra o seu maior rival. Com a cabeça na semifinal da Champions e, por que não, preguiçoso, o Barcelona jogou para o gasto contra o Osasuna (16º, 35). Sem Messi, no banco, Guardiola voltou ao 4-3-3 de outrora, com Jeffren e Afellay nos flancos e Villa enfiado entre os zagueiros adversários. El Guaje, que vive sua pior fase na carreira, espantou a fase negra para longe: após cruzamento de Jeffren, Villa se esticou todo para abrir o placar para o Barcelona e quebrar um incômodo jejum de onze jogos sem marcar. Vendo sua equipe jogando de maneira insonssa, Guardiola promoveu as entradas de Iniesta, Messi e Xavi na segunda etapa, o que melhorou na forma de jogo blaugrana. E, aos 46 minutos, Messi recebeu bom passe de Daniel Alves e, cara a cara com Ricardo, tocou na saída do português chegando ao seu 50º gol, superando uma marca histórica de Puskas: La Pulga é o primeiro jogador numa temporada espanhola a chegar em tal marca e, além disso, caminha para ser o chuteira de ouro pela segunda vez consecutiva. Vale lembrar que, além de ser o pichichi da Liga BBVA, Messi é o artilheiro da LC e terminou empatado na artilharia da Copa do Rei (sete gols) ao lado de Cristiano Ronaldo. Qual o limite de Messi?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Jogadores Históricos: Paco Campos

Paco Campos, apesar de ser representante de uma época mais romântica do futebol, é um dos maiores artilheiros do Atlético de Madrid (historiadelfutbolcanario.com)

Poucos futebolistas tiveram ligações diretas com uma guerra quanto Francisco Campos Salamanca. O "interior izquierdo", que também atendia por Paco Campos, é considerado por muitos o melhor jogador formado nas Ilhas Canárias.

Nascido em 08 de março de 1916, Paco Campos viveu o auge da Guerra Civil Espanhola na sua juventude. Por isso, fora chamado para servir à Aviação de Salamanca durante os embates, tendo que sair das Canárias rumo à Península Ibérica. O jovem atleta, que recém começara sua carreira no pequeno Marino, viu interrompida sua trajetória por três anos. Mas a Guerra Civil o tirou do ostracismo canário, trazendo-o para um dos maiores times da Espanha: o Atlético Aviación, hoje sob a alcunha de Atlético de Madrid.

Sua estreia na primeira divisão foi com o Atlético na temporada 1939-40. Foram oito gols em 17 jogos pelos Colchoneros, que conquistariam ao final da temporada seu primeiro título de La Liga, um ponto à frente do Sevilla. No ano seguinte, mesmo êxito, comandando um ataque avassalador: 70 gols em 22 jogos, média impressionante de 3.18 gols por partida. Foram outros dois terceiros lugares e um vice-campeonato em La Liga durante seus nove anos atuando em Madrid.

Seu caminhar cansado, andando sempre a carregar sua perna esquerda, fazia sucessonos gramados espanhóis. Tanto que em apenas duas temporadas no Atlético já o colocaram no elenco da Fúria, além da conotação de atleta internacional, reconhecido nos gramados onde desfilava seu talento.

Até hoje, o nome de Paco Campos é lembrando no Atlético de Madrid pelo seu alto desempenho. Além de ser considerado um dos, senão o maior, jogador nascido nas Ilhas Canárias, ele é o terceiro maior artilheiro do clube da capital, com 127 gols em 205 jogos pelos colchoneros. Desses 127, nove foram pelo Aviación no maior clássico da Capital, contra o Real Madrid.

Paco encerrou a carreira no Sporting Gijón na temporada 1952/53 e virou treinador, função que já tinha acumulado por uma temprada na segunda divisão com o mesmo Sporting. Como técnico, passou por Badajóz, Salamanca, Real Oviedo, Recreativo Huelva e Tenerife, mas sem o mesmo destaque de quando estava dentro das quatro linhas.

Em setembro de 1995, Francisco "Paco" Campos Salamanca veio a falecer, justo no início da temporada em que os colchoneros conquistaram seu primeiro doblete (La Liga e Copa do Rei na mesma temporada) na história. Uma singela coincidência que cruza novamente os caminhos do Azul e Vermelho de Madrid com uma de suas maiores lendas.

Paco Campos
Nome completo: Francisco "Paco" Campos Salamanca
Data de nascimento: 08 de março de 1916, em Las Palmas, Espanha
Clubes que defendeu: Marino, Atlético Aviación (atual Atlético de Madrid) e Sporting Gijón
Títulos: Dois Campeonatos Espanhóis (1939/40 e 1940/41), Uma Copa Eva Duarte - Atual Supercopa - (1940), Uma Copa Presidente Federação Espanhola de Futebol (1947), Um Campeonato Regional Centro (1939/40) e Uma Copa Presidente Federação Castellana (1941)

Quem não faz leva

Real Madrid comemora em Valencia: moral para a semifinal da Liga dos Campeões elevou-se (getty images)

No sábado, o Real Madrid saiu de campo com a convicção de que havia parado o Barcelona. Na final da Copa do Rei, os merengues fizeram um primeiro tempo perfeito, mas sucumbiram na segunda etapa e fora engolidos pelos blaugranas. Porém, de certa forma, o Barcelona não chegou a ser tão incisivo e quando chegavam com perigo ao gol de Casillas, o capitão merengue afastava o perigo. Na prorrogação, quando o Real Madrid parecia morto e o Barcelona perto do gol, Marcelo e Di María tabelaram e o argentino cruzou na medida para Cristiano Ronaldo, que até então estava apagado, cabecear firme para as redes de Pinto e decretar o primeiro título da era Mourinho na capital.

O primeiro tempo foi todo marcado pela superioridade do Real Madrid e o sucesso do time de Mourinho no bloqueio ao toque de bola do Barcelona. Marcando o primeiro passe da trama ofensiva, o time merengue matava as jogadas no início e partia em velocidade para supreender uma defesa adiantada e sem muitos resguardos. Mourinho escalou o Real Madrid no 4-1-4-1. Xabi Alonso era o jogador à frente da linha defensiva e atrás de uma segunda linha de quatro jogadores, esta formada por Özil na direita, Khedira e Pepe centralizados e Di Maria do lado esquerdo. Foram esses jogadores os responsáveis por quebrar o sempre fluente toque de bola do Barça.

O
grande segredo para o domínio merengue estava em sua segunda linha de quatro jogadores, que formava um paredão na marcação a laterais e volantes do Barça, os jogadores que geralmente iniciam a trama ofensiva catalã. Sem opções para o passe curto, já que a pressão merengue era forte, o Barcelona recorreu às inversões longas de um lado ao outro, sem conseguir surpreender um Real bem posicionado. Quando recuperava a bola, os comandados de Mourinho disparavam em direção ao campo ofensivo, aproveitando o espaço por trás da linha defensiva do Barça. A velocidade de Cristiano Ronaldo era essencial para a bola em profundidade, executada com perfeição principalmente por Özil. Assim, além de controlar o ataque catalão, o Real ameaçou o gol blaugrana em várias oportunidades na primeira etapa. E foi em jogada dos dois que, após cruzamento de Özil, Pepe carimbou a trave de Pinto, que só ficou olhando e torcendo para a bola não entrar.

N
o início da segunda etapa, ficou claro que a partida seria bem diferente dos primeiros 45 minutos. Xavi, Iniesta e Messi passaram a se movimentar com maior intensidade para ultrapassar a feroz marcação dos blancos sobre o primeiro passe do Barça. Assim, o time catalão tomou o controle do jogo da equipe merengue. Com o Barcelona chegando cada vez mais próximo da área, a linha de meio-campo do Real recuou para proteger a entrada da área e a partida ficou caracterizada com o Barça rodando a bola e eventualmente acelerando as jogadas. O Real ficou acuado em seu campo, sem muitas opções de contra-ataque. Nos minutos finais do tempo normal, a equipe madrilenha passou a sair em velocidade nos contra-ataques, o que abriu completamente a partida. O Barça seguia perigoso em suas tramas cadenciadas, enquanto o Real Madrid respondia do outro lado do campo com arrancadas em velocidade.

A prorrogação seguiu com o Barça com maior iniciativa ofensiva, mas a eficiência defensiva do Real Madrid e sua velocidade nas saídas de contra-ataque eram evidentes. Em um lance trabalhado pelo lado esquerdo, o time merengue chegou ao gol do título, aos 13 minutos do primeiro tempo da prorrogação. Marcelo e Di Maria trocaram passes rente à linha lateral. O brasileiro acionou o argentino próximo à linha de fundo e ele levantou para a área, onde Cristiano Ronaldo estava marcado pelo baixo Adriano. O gajo aproveitou e subiu para testar firme para o gol. Dali até o apito final, o Barça pressionou demonstrando claro nervosismo, enquanto a equipe merengue se segurou com extrema competência e chegou a ter boas chances para ampliar o placar. Em um contra-ataque puxado por Adebayor, Cristiano Ronaldo preferiu chutar de esquerda à tocar para Di María, sem marcação na esquerda, que certamente faria o gol.

Por mais que o cansaço tenha feito com que a estratégia de Mourinho durasse apenas 45 minutos, é preciso louvar o feito de o Real ter conseguido "quebrar" o toque de bola do Barça matando-o na raiz, quando o primeiro de muitos passes é executado. A equipe pode até não aguentar fazer isso por um jogo inteiro, mas essa certamente será uma arma valiosa para os confrontos de Liga dos Campeões que vem por aí. No lado barcelonista, é hora de esquecer a final e se reerguer para os confrontos mais importantes. Certamente, a competição europeia será o tira-teima entre essas duas fantásticas equipes.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Jogadores Históricos: Bernd Schuster

Como jogador, Schuster jogou no Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid. E foi respeitado nos três clubes (abola)

Na infância, Schuster gostava de pegar a bola da defesa e levá-la ao ataque carregando a responsabilidade de desarmar o adversário e construir uma possível jogada de gol. Em seu time do bairro, ele fazia isto com precisão e técnica fantástica: a técnica é dom, já a precisão foi aprendida vendo televisão.

A inspiração vinha do Bayern Munique tricampeão da Liga dos Campeões (1974, 1975 e 1976). O líder daquele time esbanjava uma habilidade em desarmar o adversário e construir uma possível jogada de gol. Franz Beckenbauer foi exemplo para muitas crianças alemãs que passaram a querer jogar numa posição diferente: líbero. Schuster começou a gostar de futebol vendo o grande ídolo jogar e logo foi tentando imitá-lo nos campinhos em Ausburgo. Outra feição de Beckenbauer atraía Schuster: sua imponência dentro das quatro linhas. O jogador do Bayern tinha uma postura real, vestia o uniforme, calçava as chuteiras e dominava. Um imperador digno. Esta mística de império e magnificência fazia com que Schuster se identificasse, pois tinha uma personalidade introvertida e sensível e que desaparecia quando o juiz soprava o apito e a partida iniciava. O então garoto se sentia o próprio Kaiser, desfilando nobreza com a bola nos pés.

Um iluminado treinador do time da cidade natal, FC Ausburg, viu no líbero um aspecto tangível e que poderia ajudar o time em outra posição. Schuster já demonstrava excelente visão de jogo e passes milimetricamente no alvo, perfeito para jogar no meio-campo. Pois bem, assim foi que ocorreu. O aspirante a imperador se tornou o responsável por armar as jogadas do time e o resultado acabou sendo altamente satisfatório. Ele se tornou um jogador com uma fina qualidade no controle/domínio da bola e manteve a força e agressividade necessária que utilizara quando líbero, uma combinação rara. Porém antes do bárbaro ir ao território estranho, deixou sua marca no seu país. O primeiro clube como profissional foi o Köln. Logo na temporada de estreia ele foi campeão alemão, jogando 24 vezes e marcando um gol. Mais um ano foi suficiente para atrair interesses de outros clubes e, após subjugar Colônia e entregar ao clube o último título nacional até o presente momento, partia Schuster à Cidade Condado, como é conhecida Barcelona.

Uma nova era, um novo tempo. Foram oito anos defendendo as cores azulgrená. Diversos títulos, muito sucesso, muitas desavenças. O temperamento bipolar de Schuster criava reações misturadas que flutuavam entre pontos opostos. Uns o “endeusavam”, outros o odiavam. Uns o admiravam, outros o menosprezavam. Alguns lhe rotularam de “Jogador Brasileiro” o que atesta o quanto ele era bom (marca que Beckenbauer recebeu antes de ser chamado de Imperador/Kaiser).

Schuster vivia tempos de tranquilidade somente quando estava em campo e não levava em consideração críticas ou elogios. Eram momentos nos quais ele se desligava de tudo e fazia o que sabia melhor. Seu relacionamento fora de campo sofria questionamentos, mas sua função era totalmente desempenhada nos 90 minutos de jogo. Seja lá quem foi, entretanto, o autor do seu apelido na Espanha, o caracterizou perfeitamente: Dom Bernardo. Schuster tinha mesmo certa áurea aristocrática em volta de si. Quem conviveu de perto com o jogador diz que ele era afável e atencioso, um amigo. Outros argumentam que não tinha nada disto. Certamente o Dom Bernardo alemão sofria típicos comentários que nobres recebem: ou é tudo, ou é nada. Para manter o nível, Schuster não se portava tão democrático nem tampouco político, mostrava traços de totalitarismo e buscava seus próprios interesses fora de campo.

Muitas brigas e discussões com a diretoria do Barça fizeram com que Dom Bernardo saísse do condado catalão e se transferisse para o inimigo. Está aí um exemplo de que ele não escutava muitos conselhos. O controverso ídolo do Barcelona diretamente se transferiu para o maior rival e Schuster decide esbanjar seu dom no Real Madrid. Na equipe merengue jogou duas temporadas e conquistou quatro títulos. Ele chegou num tempo que o time madrileño estava com dois grandes atacantes que marcaram época: Hugo Sanchéz e Emilio Butragueño. Dom Bernardo assumiu o posto de comandante e alimentava ambos com passes açucarados e jogadas na medida exata. O resultado disso foram dois históricos campeonatos espanhóis com um dos melhores e mais empolgantes ataques que La Liga já presenciou.

Dom Bernardo atingiu mais um nível de sucesso, agora energizado com muita popularidade. Em Madrid Schuster tinha paz fora de campo, bem diferente da transição céu-inferno vivida em território catalão. Gozava de um prestígio monárquico na capital espanhola que sua ida ao rival foi suave (em comparação ao ocorrido no episódio Barça-Real). O ceticismo dos torcedores do Atlético de Madrid se concentrava na idade do jogador, passado dos 30 anos. Por mais que ele não tinha a juventude dos tempos em Barcelona, seu dom permanecia nele. O descrédito passou a ser euforia, pois Schuster transformou por completo o clube rojiblanco, que durante sua estadia foi duas vezes campeão da Copa del Rey e vice em La Liga.

Schuster conseguiu o que poucos nem chegaram perto: jogar nos três grandes clubes da Espanha. E não só isto, em todos ganhou títulos, fãs e admiração. O alemão foi bem acolhido pelo país estrangeiro e sofreu algumas represálias que podem ser consideradas normais. Sua carreira no país atual campeão do mundo lhe rende boas lembranças e um sentimento único de conquista. Para vestir essas três camisas e ser respeitado, é preciso ter o dom.

Bernd Schuster
Data de nascimento: 22 de dezembro de 1959
Posição: Meio-campo
Clubes como jogador: Köln (1978 a 1980), Barcelona (1980 a 1988), Real Madrid (1989/90), Atlético de Madrid (1990 a 1993), Bayer Leverkusen (1993 a 1996) e UNAM Pumas (1996/97)
Títulos como jogador: 1 Bundesliga: (1978), 3 La Liga (1985, 89 e 90), 6 Copas do Rei (1981, 83, 88, 89, 91 e 92), 1 Recopa Europeia (1982) e 1 Eurocopa (1980)
Clubes como treinador: Köln (1997/1998), Köln (1998/99), Xerez (2001 a 2003), Shaktar Donetsk (2003/04), Levante (2004/2005), Getafe (2005 a 2007), Real Madrid (2007/08) e Besiktas (desde 2010)
Títulos como treinador: La Liga (2007-08)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Resumo: 32ª rodada

Júlio Baptista renasce no momento que o Málaga mais precisa: com doblete do brasileiro, os blanquiazules enfim saíram da zona de rebaixamento (EFE)

Málaga 3x0 Mallorca

Desde que chegou ao Málaga, Júlio Baptista ainda não havia feito uma partida que convencesse os aficionados blanquiazules. Em sua apresenteção no clube andaluzes, La Bestia havia prometido 12 gols até o término da Liga e dedicação total para tirar o time da zona do descenso. Uma lesão o impediu de chegar aos 12 tentos (ainda que faltam sete rodadas para o fim, mas Baptista tem 4 gols) e o Málaga passou a conviver com o perigo real do rebaixamento. No sábado, porém, Júlio Baptista voltou aos gramados após dois meses e não decepcionou: escalado como enganche no 4-4-2 de Pelegrinni, La Bestia foi autor de um doblete providencial para os malagueses, que contando com o apoio de sua fanática torcida saiu da degola. A primeira parte foi de domínio total dos comandados de Pelegrinni, que desde o início da partida mostraram sua proposta de jogo. Após chegar com perigo três vezes à meta de Aouate, Rondón desceu em velocidade pela direita, deixou Ayoze para trás e cruzou na medida para Sebá Domínguez completar abrindo o placar.

Após o gol, o ímpeto do Málaga diminuiu, enquanto o Mallorca tentava levar mais perigo em jogadas de Nsue e Webó. No final da primeira etapa, apareceu Júlio Baptista: após rebote dado por Nunes, o brasileiro chutou com extrema categoria no canto esquerdo de Aouate, que nada pôde fazer. A tônica da segunda etapa foi a mesma, e após cobrança de falta de Duda, La Bestia apareceu como elemento surpresa para chegar ao doblete e consolidar a vitória blanquiazul. Para o Mallorca, sem maior compromisso na Liga, fica a imprensão de que chegar à Europa agora é tarefa árdua, visto que até o Levante o ultrapassou. Para o Málaga, que saiu da zona de rebaixmento, o dedicamento total deve continuar: até o término da Liga, a equipe fará um confronto direto contra o Hércules na 34ª rodada.

Osasuna 1x2 Athletic Bilbao
O Athletic Bilbao voltou a assumir a quinta colocação após a vitória no duelo de equipes euskaras. Contra o Osasuna, os leones saíram atrás no marcador, mas não se abalaram com a atmosfera do Reyno de Navarra e foram atrás da virada. A boa notícia foi o gol de Llorente, que estava há seis rodadas sem marcar. Para a partida, Caparrós inovou: escalou um inédito 4-3-3, com Muniain aberto à esquerda e Toquero, à direita. O jovem, que a cada dia ganha mais prestígios com a torcida, foi o autor do gol que deu a vitória aos bascos. Aproveitando-se de um erro infantil de Ricardo e Nelson, Muniain recuperou a bola do goleiro e, de fora da área, chutou para um gol vazio e decretando a virada rojiblanca, aos 46' do segundo tempo.

Toquero, o outro extremo, também teve papel importante: foi dele a bela jogada para cima de Kike Sola que resultou no gol de Llorente. O Osasuna teve tudo para somar três pontos, mas pagou caro por erros primários. Com um jogador a mais (Castillo foi expulso) e segurando uma vantagem de um gol, cochilou na partida e recebeu a virada. Agora, o risco do rebaixamento existe: a equipe terá dois duelos diretos até o fim do campeonato - Getafe (f) e Zaragoza (f) - e ainda encara equipes que estão no topo da tabela - Barcelona (f), Sevilla (c), Villarreal (c) e Valencia (c). "A partir de agora é dedicação total", como próprio afirmou Camacho. O Athletic Bilbao está mais tranquilo após a crucial vitória e pode se concentrar com mais calma para o dérbi de semana que vem: contra a Real Sociedad, o amarelo de Muniain foi negado e o jovem, que passou em branco no primeiro turno, está confirmado e pode dar a volta com cima.

Villarreal 1x0 Zaragoza
Em um jogo no qual os goleiros foram os nomes do duelo, o Villarreal venceu com um gol de pênalti de Rossi e, praticamente, pôs fim à briga por Champions. Com 57 pontos, os amarillos estão a nove do Athletic Bilbao e muito improvavelmente irá perder a vaga na principal competição do velho continente. Agora, os comandados de Garrido concentrão suas forças na Liga Europa, onde a equipe terá pela frente o temido Porto do brasileiro Hulk e do colombiano Falcão García. No El Madrigal, uma partida bem movimentada. O Villarreal tomou o partida e foi mais perigoso que os blancos, porém Doblas esteve em dia muito inspirado. Nilmar teve uma partida apagada e foi facilmente batido por Diego Silva e Ponzio fazia uma partida perfeita na volância segurando Borja Valero. O camisa vinte e três, entretanto, acabou cometendo falta boba em Rossi dentro da área e o italo-americano converteu. De volta à zona de rebaixamento, o Zaragoza tem que se preocupar: a tabela daqui para frente requer atenção e dedicação e a equipe só fará um confronto direto, contra o Osasuna na La Romareda.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Jogadores Históricos: Santiago Cañizares

Cañizares foi símbolo de um dos melhores time da história do Valencia, clube com o qual mais se identificou (superdeporte)

Posicionamento perfeito, ótimo nas saídas de bola e goleiro de bom reflexo, Cañizares era garantia de segurança sob a baliza. Canterano do Real Madrid, foi campeão europeu e bi espanhol pelo time de Chamartin, mas foi destaque mesmo no Valencia. Em Paterna, Santi ganhou credibilidade nacional, assumiu a titularidade da Fúria e, além disso, colecionou mais dois espanhóis para seu palmarés. Antes de chegar ao auge de sua carreira, Cañizares passou por três clubes diferentes antes de se firmar em um: em 1992, após passagens sem sucessos por Elche, Córdoba e Merida, o goleiro se firmou na equipe titular do Celta Vigo, que disputava a Liga BBVA daquela época.

Nascido em Puertollano, província de Ciudad Real, em 1969, Santi começou a jogar futebol no
Severo Ochoa, pequeno clube de seu bairro. Embora tenha atuado em três posições diferentes durante sua juventude, foi no gol que o pequeno Cañizares sentia-se melhor. Em 1987, Eduardo Caturla, seu treinador à época, o encorajou para que fizesse testes nas canteras do Real Madrid, mas, apesar de ter sido revelado pelo clube merengue, Santi não tardou muito em sua primeira passagem no clube da capital. Em 1990, acertou sua transferência para o Elche, onde não durou muito tempo: em 1991, transferiu-se para o Mérida e um depois, para o Celta.

Porém, apesar de não ter sido titular nos dois primeiros clubes, El Dragón foi convocado para defender a seleção olímpica que iria disputar a medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona. A Espanha acabou campeã, mas Cañizares foi banco de Toni durante toda campanha vitoriosa da seleção espanhola, que na final derrotou a Polonia por 3 a 2, com o gol da vitória vindo aos 45 minutos do segundo tempo a partir de Kiko. A história da carreira de Santi ganharia um novo rumo no clube de Vigo: em setembro de 1992, Cañizares enfim fez sua estreia na primeira divisão espanhola, em uma partida contra o Salamanca que terminou empatada em 0 a 0. Uma temporada depois, Cañizares assumiu a camisa um dos célticos e foi premiado por Javier Clemente, técnico da Fúria, que o convocou pela primeira vez à equipe principal da roja.

A partida, decisiva para o futuro da fúria, que brigava pela classificação à Copa do Mundo de 1994, marcou a estreia do goleiro com a camisa roja. Zubizarreta, o goleiro titular, acabou se envolvendo em confusão com o atacante norueguês e foi expulso. Sem alternativas, Clemente sacou Luis Enrique para colocar Cañizares, que, em apenas vinte minutos em campo, fez defesas essencias, que garantiu o 1 a 0 espanhol e a vaga direta ao Mundial. Na Copa dos Estados Unidos, viu do banco a eliminação diante da Itália de Baggio, autor de um doblete. Na volta à Galícia, uma grata surpresa: o goleiro acertou seu retorno ao Real Madrid, que queria desbancar a hegemonia barcelonista. No entanto, a segunda passagem do goleiro pelo clube merengue foi bem semelhante à primeira: Cañizares nunca conseguiu se firmar na porteira blanca e, após a ida de Capello ao comando técnico, ficou com a credibilidade baixa.

Foi do banco de reservas do Bernabéu que El Dragón somou seus primeiros títulos espanhol e a Liga dos Campeões da Uefa de 1997/98, competição na qual o Real Madrid não vencia havia 33 temporadas . No clube da capital, Cañizares também ganhou a Supercopa de 1998, onde foi titular nas duas vitórias em cima do rival Atlético de Madrid. No verão de 1998, logo depois de mais um fracasso da Espanha em Mundiais - Santi foi banco de Zubizarreta novamente -, que caiu na primeira fase em grupo que tinha Nigéria, Paraguai e a surpresa de 1994 Bulgária, após as primeiras propostas do Valencia, Cañizares não pensou duas vezes e rumou a Paterna. Em sua primeira temporada trajando blanquinegro, o Valencia conseguiu a classificação para a Champions League de 1999/2000 e El Dragón foi o terceiro goleiro menos vazado do torneio, atrás apenas de Carlos Roa, do Mallorca, e Toni Jiménez, do Espanyol. Santi sofreu 39 gols em 38 partidas, uma média de 1, 03 gols sofridos por jogo.

Se disputar o título com Barcelona e Real Madrid foi bastante difícil no campeonato nacional, restou ao Valencia concentrar suas forças na Copa do Rei. E, na competição, o Valencia teve sucesso sobre as duas equipes. Nas quartas-de-finais, eliminou o Barcelona de Figo e Rivaldo num placar agregado de 7 a 5 (3 a 2 no Mestalla e 4 a 3 no Camp Nou). Nas semifinais, um duelo histórico contra o Real Madrid: no jogo de ida, o Valencia impôs aos merengues um impiedoso 6 a 0, em show de Cláudio López e Mendieta. Na final, os valencianos teriam pela frente uma grande potência à época: o Atlético de Madrid de Juninho Paulista e Solari. No La Cartuja, em Sevilla, o Valencia não deu chance ao azar e derrotou os colchoneros por 3 a 0, sagrando-se campeão da Copa do Rei.

Pelo clube valenciano, Cañizares ainda viria a se tornar campeão nacional por duas vezes: em 2001/02 e 2003/04, desbancando o Real Madrid galáctico. Mas o pior momento da carreira de Cañizares aconteceria logo após a conquista da primeira taça com os chés: cotado para ser o goleiro titular da Fúria na Copa de 2002, que a Espanha chegava com uma das favoritas, Cañete acabou cortando o pé em um acidente doméstico e, sem escolha, teve que ser cortado Iñaki Sáez. O goleiro titular foi Casillas, à época grande revelação do Real Madrid campeão europeu, que não pôde evitar a eliminação diante da anfitriã Coréia do Sul, em um jogo marcado pela péssima arbitragem que prejudicou a seleção espanhola. Em 2007, após adicionar a seu currículo uma Supercopa da Espanha, Copa da Uefa e Supercopa Europeia, Ronaldo Koeman assumiu o comando técnico do Valencia e resolveu afastar Cañizares do elenco, dando mais chances ao jovem Moyà.

Mesmo sem ser convocado às principais partida, Cañizares não se desvinculou do clube, mas viu de longe a extrema má fase que passava sua equipe. Após o titulo de Copa do Rei do Valencia, que venceu o Getafe em Madrid por 3 a 1, Koeman resolveu utilizar o goleiro numa partida contra o Atlético de Madrid, que marcou sua despedida dos gramados. Os blanquinegros venceram por 3 a 1 e, ao término da partida, Santi foi ovacionado por todo o Mestalla. Após rejeitar propostas da MLS e da Premier League, Cañizares decidiu mesmo se aposentar dos gramados, rumando para a televisão. Hoje, El Dragón é comentarista esportivo da Cadena Ser, onde estreou, justamente, num embate entre suas duas ex-equipes: pelo jogo de ida da Supercopa da Espanha de 2008, o Valencia derrotou o Real Madrid por 2 a 1. Em 2009, foi acusado de pedofilia, mas o acusado resolveu tirar todas as queixas.

Santiago Cañizares
Nome completo: José Santiago Cañizares Ruiz
Data de nascimento: 18 de dezembro de 1968, em Puertollano, Espanha
Clubes que defendeu: Elche, Mérida, Córdoba, Real Madrid, Celta Vigo, Valencia
Títulos: Medalha de ouro da Olimpiada de Barcelona 92, 4 Campeonato Espanhol, 2 Copa do Rei, 2 Supercopa da Espanha, 1 Liga dos Campeões, 1 Copa da Uefa, 1 Supercopa da Uefa

domingo, 17 de abril de 2011

Craques da LFP: Savo Milosevic

Milosevic foi um dos principais nomes do Osasuna vice-campeão da Copa do Rei e semifinalista da Copa Uefa (ESPN Soccernet)

Nascido em Bijeljina, cidade do extremo nordeste da Bósnia, “Cabo”, como se pronuncia seu nome, foi encontrado em 1989, com apenas 16 anos, na base do pequeno Radnik. Com características ofensivas assaz destacáveis, foi fisgado pelo Partizan Belgrado — arqui-rival do Estrela Vermelha, clube com o qual Milosevic (o assassino) tinha tênue relação, especialmente com a torcida. Pelos Grobari, conquistou o bicampeonato nacional em 1993/94 e 1994/95, e levou, em duas oportunidades (sendo a primeira com apenas 19 anos) o posto de artilheiro do nacional. O então menino Savo fez incríveis 74 gols em 98 partidas, ganhando as primeiras chances na seleção iugoslava, estreando, contra o Brasil, em 1994.

Após ser o grande nome do Partizan em duas das três temporadas em que atuou, foi comprado pelo Aston Villa por 3,5 milhões de euros. Em Birmingham, aos 21 anos, Milosevic veio com a missão de substituir um dos ídolos do time, o galês Dean Saunders. No primeiro momento, mostrou estar apto a tentar cumprir a missão, assinalando 14 gols em sua temporada de estreia, ajudando a equipe a terminar a Premier League em 4° lugar e a se sagrar campeã da Copa da Liga Inglesa de 1996, marcando um dos gols da vitória por 3 a 0 frente o Liverpool na decisão. No entanto, o desempenho nos dois anos seguintes foi pífio, com apenas 15 gols em 53 jogos. Com isso, além de Savo ser enxotado para o Real Zaragoza pelo mesmo valor de compra e obter o desagradável apelido de “miss-a-lot-evic” — em alusão ao número de gols que estava perdendo —, foi listado como uma das dez piores contratações estrangeiras da liga inglesa em todos os tempos. Antes de ir para a Espanha, disputou a Copa de 1998, embora, dando prosseguimento à fase negativa, não tenha marcado gols.

Pelos blanquillos, Milosevic demonstrou que poderia recuperar o ritmo que o fez ser matador no Partizan, assumindo a titularidade e assinalando 17 gols em sua primeira temporada pelo clube. Na seguinte, o número de bolas na rede aumentou para 21, sendo, inclusive, o quinto colocado na artilharia da liga espanhola. Uma volta por cima que teria as pinceladas mais firmes com o início da Eurocopa, em 2000. Não que os iugoslavos tivessem feito grande campanha na competição (apenas uma vitória em quatro jogos, com um empate e duas derrotas). No entanto, para Savo, o momento foi único. Logo na estreia da competição, no confronto contra a Eslovênia, tudo parecia que ia dar errado, já que, com 12 minutos da segunda etapa, os iugoslavos já perdia por 3 a 0. Foi quando o atacante entrou em cena. E na partida que, para muitos, é considerada uma das mais inesquecíveis daquela Eurocopa, o avante de naturalidade bósnia fez chover em Charleroi. Com dois gols em sete minutos, ressuscitou a Iugoslávia na partida, que terminou empatada em 3 a 3.

Com moral, “Cabo” se tornaria o principal jogador da seleção nas partidas que se sucederam, mesmo tendo, como companheiros de equipe, nomes então mais bem reconhecidos, como Dejan Stankovic, Sinisa Mihajlovic e, principalmente, o ídolo do Real Madrid, Predag Mijhatovic. Contra a Noruega, na rodada seguinte, precisou de apenas oito minutos para decretar a primeira — e única! — vitória da seleção no torneio. No jogo contra a Espanha, derrota dramática por 4 a 3, e Milosevic, antes criticado pela falta de tentos, fez o seu. Mesmo na goleada sofrida para a Holanda, por 6 a 1, Savo deixou sua marca de matador. Com cinco gols em quatro jogos, alcançou uma inesperada artilharia, ao lado de Patrick Kluivert (um jogo a mais). ). Era o momento mais importante da carreira do atacante, segundo o próprio atleta, que, em boa fase, recebeu nova chance em um time de maior panorama, sendo negociado, por 16 milhões de euros, com o Parma. No entanto, a forte pressão da diretoria gialloblu e a modesta quarta posição em sua temporada de estreia fizeram com que fosse emprestado ao futebol espanhol, voltando ao Zaragoza.

Savo não repetiu as boas atuações em seu retorno aos Blanquillos. Além disso, nos demais times em que esteve emprestado — Espanyol e Celta de Vigo —, os desempenhos foram apenas regulares. Em 71 jogos, somando-se as atuações por ambas as equipes, foram 26 gols. Parecia que a Espanha, seu reduto de sucesso de outrora, já não lhe fazia tão bem para seu faro de gol como antes. Apenas parecia. Foi quando veio o Osasuna, onde descobriria — mais tarde, talvez? — que poderia ser mais do que um matador.

Milosevic nunca foi um artilheiro nato pelos Rojillos. Por exemplo: em sua primeira temporada, em 2004/05, fez apenas sete gols em 27 partidas. No entanto, até pela experiência que adquiriu, foi o cabeça do time que alcançaria, de maneira espetacular, a decisão da Copa do Rei e, posteriormente, uma vaga para a Copa da UEFA. Começava ali, aliás, o principal momento da equipe vermelha e azul nos últimos anos, já que, no campeonato seguinte, alcançaria o 4º lugar (Savo fez 11 gols).

Após uma temporada 2006/07 apagada — e apenas quatro gols em 23 jogos — Milosevic chegou ao final de seu contrato, e o fim de sua carreira, até pela idade — já tinha seus 34 anos —, eminente. Porém, recebeu um último convite, para atuar no Rubin Kazan, da Rússia. Entrou apenas 16 vezes em campo, mas o suficiente para fazer o gol mais importante da história do clube, que assegurou o primeiro título russo à equipe, na vitória sobre o Saturn.

Pela seleção, por sua vez, mesmo com a divisão da Iugoslávia em Sérvia e Montenegro, o jogador bósnio tem seu nome escrito na história. É quem mais atuou e marcou pelo país, com 101 jogos e 32 gols. Teve, ainda, a oportunidade de encerrar a carreira em grande estilo pela seleção sérvia (após nova divisão com os montenegrinos), na goleada por 6 a 1 sobre a Bulgária. Mostrando que, mesmo às portas da aposentadoria e já atuando de maneira mais contida em campo, não esqueceu como fazer gols. Foi quando o maior artilheiro da Iugoslávia fez seus dois últimos tentos em sua vida futebolística.

Savo Milosevic
Local de nascimento: Bijeljina, Bósnia
Data de nascimento: 02/09;1973
Clubes que defendeu: Radnik (BOS), Partizan, Aston Villa, Real Zaragoza, Parma, Espanyol, Celta Vigo, Osasuna, Rubin Kazan

sábado, 16 de abril de 2011

Vitória moral

Aplausos para nós: com um a menos, o Real Madrid buscou o empate (em pênalti polêmico) contra o Barcelona. O segundo round é na quarta-feira (getty images)

O que pensar de uma equipe que consegue um empate ante o melhor time do mundo com um a menos? O empate em 1 a 1 no Bernabéu praticamente sacramentou o titulo espanhol a favor do Barcelona, mas mostrou ao mundo que o Real Madrid é capaz de anular a equipe de Guardiola. Na primeira etapa, o 4-3-2-1 de Mourinho sufocou a saída de bola do Barcelona, que teve a posse de bola mas não levaram muito perigo à meta de Casillas. Os espaços, porém, não estiveram totalmente fechados em alguns contra-ataques azulgrenás e Messi acabou desperdiçando duas boas oportunidades. Na primeira, o argentino foi tentar encobrir Casillas e não executou a jogada do jeito que queria; na segunda, fez um carnaval no meio-campo blanco e chutou com força para bela defesa do capitão blanco.

O Real Madrid atuou no 4-3-2-1 que, às vezes, parecia com um 4-1-4-1. Pepe fazia a função de primeiro homem de meio-campo e à frente dele vinha uma linha com Di María, Xabi Alonso, Khedira e Cristiano Ronaldo, este último com mais liberdade para se juntar ao ataque. Na frente Benzema jogava centralizado. O Barcelona veio a campo no seu habitual 4-3-3 (4-2-3-1), com uma surpresa de última hora: Puyol, que não jogava há três meses, foi convocado e, não obstante, iniciou o superclássico como titular. El capitán blaugrana, porém, voltou a sentir dores musculares e saiu na segunda etapa por precaução, segundo o site oficial do Barcelona. Messi, Pedro e Villa compunham o ataque, sempre alternando-se nas funções de homem mais central.

A opção de um meio-campo mais defensivo que o comum deu certo durante todo o primeiro tempo. Porém, no segundo tempo, a entrada de Özil condicionou o jogo: o turco-alemão mudou a característica do Real Madrid e foi importante para que a equipe chegasse ao gol de empate. Na volância, Pepe não deixou passar batido: marcou Messi com solidez na primeira etapa, evitando que o argentino pudesse oferecer resistência ao gol merengue. O argentino pouco fez nos primeiros 45 minutos, mas seu brilhantismo ainda permitiu a criação de boa jogada individual aos 43 minutos, quando Casillas fez bela defesa. Apesar de ceder a posse de bola (que em momentos superou 80%), o Real Madrid também poderia ter aberto o placar: cabeçada de Cristiano Ronaldo salva em cima da linha por Adriano, no último lance da etapa inicial.

Messi comemora: gol no Bernabéu foi o primeiro da Pulga em equipes treinadas por Mourinho (getty images)

O lateral esquerdo brasileiro foi dono de uma grande partida. Marcou Cristiano Ronaldo com contundência quando este bordava pelo seu setor e evitou as subidas de Sergio Ramos ao ataque. O brasileiro, também, evitou por duas vezes um gol do gajo. Além da cabeçada ao fim da primeira etapa, Adriano tirou na hora exata uma bola que o português já preparava para chutar para as redes de Valdés. Cristiano Ronaldo recebeu de Marcelo mas acabou adiantando muito, o que facilitou a chegada de Adriano. Daniel Alves, na outra lateral, também fez boa partida. Apesar do pênalti, muito mal marcado pelo desastrado Muñiz Fernández, o baiano anulou Di María, em péssima noite, e, assim como Adriano na esquerda, praticamente impediu as subidas de Marcelo ao ataque. Porém, Daniel Alves não acrescentou nenhum poder de fogo ao Barcelona quando subiu para o ataque e se preocupou mais na marcação do extremo argentino.

Durante a semana, José Mourinho havia dito que, para jogar contra o Barcelona, estava treinando sua equipe para jogar com um homem a menos, insinuando que sempre alguém era expulso contra a equipe catalã. E, dessa vez, não foi diferente. Xavi lançou com maestria Villa, que ganhou na corrida de Raúl Albiol e acabou empurrado pelo zagueiro. O cartão vermelho, porém, foi mostrado corretamente, já que Villa iria finalizar para as redes de Casillas. Na cobrança, Messi converteu e abriu o placar para o Barcelona. O 49º gol do argentino na temporada destruiu o plano original de Mourinho, e a impressão era de que os dois times aproveitariam a circunstância para se poupar.

Villa, que vem brigado com as redes há alguns jogos, poderia ter matado o jogo, mas não o fez. A atuação do Guaje, e consequentemente sua fase, preocupa. Destaque no primeiro turno, hoje o atacante asturiano foi inoperante caindo às costas de Sergio Ramos, que teve facilidade para marcá-lo. Além disso, não foi por falta de oportunidades que Villa fez uma má partida: o ex-Valencia teve, no mínimo, três ótimas oportunidades de vencer Casillas; mas, na maioria das vezes, por displicência, acabou desperdiçando. Sem contar a falta de domínio na última chance da partida, quando Xavi lançou e o Guaje não conseguiu dominar uma bola, teoricamente, fácil.

Com a expulsão de Albiol, Mourinho refez sua tática com algumas alterações. A princípio, Pepe iria ocupar a vaga de Albiol na defesa, mas com a entrada de Arbeloa (e a de Adebayor, saindo Xabi Alonso e Di María) e o deslocamento de Sergio Ramos para a zaga, o luso-brasileiro voltou à função que vinha exercendo bem. Mas foi a primeira substituição, com a entrada de Özil no lugar de um nulo Benzema, logo após o gol sofrido, que deu novo gás aos merengues na partida. Com participação do turco-alemão, que deu inicio à jogada, Marcelo recebeu de Cristiano Ronaldo e "sofreu" pênalti de Daniel Alves. Com extrema categoria, Cristiano Ronaldo converteu e chegou ao seu primeiro tento contra o Barcelona em sete confrontos.

"Marcelo reconheceu e me disse que tinha que se jogar no lance", disse Daniel Alves após a partida. Fato é que houve falta de critério por parte de Muñiz Fernández. Em um lance bem semelhante, na primeira etapa, Villa foi derrubado por Casillas e caiu na área, mas o árbitro mandou seguir. No fim, o Real Madrid quase chegou à virada. Em jogada iniciada por Özil, que fez o que quis com Keita, Adebayor partiu em velocidade na direita e rolou para Khedira. O alemão, que tinha como opção Cristiano Ronaldo livre na esquerda, arriscou um belo chute de canhota, mas Valdés caiu para defender.

O empate foi justo pela superioridade do Barça e pela entregar do Real Madrid quando estava com um homem a menos. O 1 a 1 foi um bom placar para o primeiro de quatro clássicos. Com o empate, o Barça praticamente se define como o campeão espanhol mantendo a diferença de 8 pontos na ponta da tabela. Para a final da Copa do Rei, quarta-feira, o Barça terá de se preocupar com o possível desfalque de Puyol, que saiu machucado. Porém, Mascherano já estará de volta e, pelo menos contra o Shakthar, foi bem como zagueiro. O Real Madrid pode comemorar: apesar do empate ter selado o tri-campeonato barcelonista, a equipe jogou de igual para igual na primeira etapa e parece ter afastado seus complexos e se convencido de que pode acabar com a seca de vitórias contra o rival.

Liga Adelante: O iminente retorno béltico e franjiroyo

O Rayo Vallecano driblou os problemas extracampos envolvendo seu presidente e está a um passo de assegurar sua vaga na elite do f utebol espanhol (marca)

Um mês atrás, quando falávamos de Liga Adelante, alertávamos sobre uma ligeira queda de produção do Bétis (líder, 63 pontos), que havia perdido a liderança naquele mês. Pois bem, depois dos tropeços, o time do técnico Pepe Mel iniciou uma sequência de três vitórias e um empate para praticamente se garantir na próxima Liga BBVA, disputando o título da segundona com o Rayo Vallecano, outra equipe que está praticamente com a vaga assegurada na primeira divisão. Foi contra os rayistas, entretanto, que o Bétis tropeçou durante esse período e chegou a perder a liderança por duas rodadas.

A vaga na próxima Liga BBVA deve premiar uma equipe que soube administrar a saída de nove jogadores importantes e que conseguiu substitui-los com bons golpes de mercado, como Jorge Molina, Rubén Castro e o bom lateral Isidoro. Além do mais, a permanência de Pepe Mel no cargo, não obstante à decepção da temporada passada, ajudou a diminuiu o impacto e foi uma atitude louvável dos dirigentes do clube. Dentre os últimos resultados dos verdiblancos, destacam-se o que fechou o ciclo: jogando no Chapín, a equipe da Andaluzia venceu o Xerez (12º, 45) após estar perdendo por dois a zero e, mesmo com um a menos, conseguir anotar três gols num período de quinze minutos, graças aos tentos de Rubén Castro, Pereira e Emaná

Apesar da liderança e do ótimo torneio feito pelo Bétis, a equipe que mais tem chamado a atenção é o Rayo Vallecano (2º, 63). Os franjiroyos estão passando por problemas extracampos, ligados ao presidente Ruiz-Mateos, que colocou o clube à venda, desde o início da temporada e, mesmo assim, tem conseguido vencer estes problemas. No jogo mais importante da temporada, os aficionados do Rayo protestaram contra o presidente, chegando a quimar um veículo da policia de Madrid. Dentro das quatro linhas, o Rayo Vallecano fez sua melhor partida no ano e em um chutaço de Piti, garantiu uma vitória que o deixou na liderança. Porém, a equipe do treinador Sandoval deixou a primeira colocação escapar uma semana depois, quando a equipe só empatou com o Valladolid (7º, 49) no El Zorilla.

Falando em Valladolid, os pucelanos tiveram um mês muito bom e se juntaram a briga - cada vez mais acirrada - que definirá os play-offs. O excelente sprint do Valladolid resultou em quatro vitórias em cinco partidas e redimensionou os objetivos do clube: agora, os comandados de Antonio Bianchi lutam pelo retorno imediato para a elite, o que parecia impensável durante todo o desenrolar da competição. Além disso, com elenco mais qualificado e extenso do que seus rivais diretos, é possível dizer que o clube de Castilla y León é favorito para a vaga e terá dois confrontos diretos, atuando em seu estádio, contra Elche (5º, 53) e Granada (6º, 50).

O Barcelona B (3º, 58) segue em campanha impecável. Os blaugranas interromperam a sequência de vitória do Celta (4º, 56) em pleno Balaídos na 29ª rodada. O show de Soriano, autor de um doblete, decretou a má fase dos galegos, que veem a vaga direta na elite ficar mais distante. Jonathan Soriano é o principal nome da campanha espetacular da equipe treinada por Luis Enrique. O atacante, de 25 anos, tornou-se neste mês o pichichi da competição, com 22 gols. Nolito, outro destaque, já tem seu nome especulado em equipes como Benfica e Aston Villa, mas os dirigentes do clube já informaram que o canterano irá assinar um contrato exclusivo com a equipe A na próxima temporada. Luis Enrique, que vem sendo chamado como "novo Guardiola", também tem seu nome especulado em outros clubes. Com a confirmação de que Quique Sánchez Flores não ficará no Atlético de Madrid ao término da temporada, o rojiblancos foram atrás de El Tourero, que já afirmou que não ficará mais um ano na filial blaugrana.

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

As armas para o superclássico

Neste sábado, 16 de abril, será realizado o primeiro de quatro jogos decisivos entre Real Madrid e Barcelona num pequeno período de dezoito dias. O deste final de semana parece ser o de menos expressão, visto que o Barcelona está oito pontos à frente do Real Madrid e com uma tabela muito mais fácil em relação a dos merengues. Na quarta-feira, 20 de abril, o confronto já irá valer: as duas equipes entrarão no Mestalla em jogo que irá decidir o campeão da Copa do Rei. Nas duas semanas seguintes (terça-feira, 26 de abril; e quarta-feira, 5 de maio), um confronto histórico que irá definir um dos finalistas da Uefa Champions League.

Desde 1916 que a dupla não disputavam quatro superclássicos consecutivos, em partidas que poucos dados na internet ou nos sites oficiais dos dois clubes são disponíveis. Portanto, dá para dizer claramente que esta temporada será a maior da história da rivalidade entre as duas equipes. Por enquanto, o Quatro Tiempos não toma partida. Mas deixa, logo abaixo, alguns motivos pelos quais cada um pode se dizer favoritos. Quem leva? Boa leitura!

Real Madrid

"Quem rir por último, rir melhor", disse Cristiano Ronaldo. Será?

1 - Desde aquele fatídico 5 a 0, os jogadores merengues estão com um nó na garganta com os blaugranas. Ao contrário dos dias antecedentes ao primeiro superclássico, provocações do lado catalão é o que não falta, apesar de poucas. Mourinho, estrategista do jeito que é, pode usar isso como um fator para o seu lado, e seus jogadores podem entrar em campo mais engasgados do que já estão.

2 - Enquanto o Barcelona "sofre" com um elenco curto, o Real Madrid pode comemorar: opções boas é o que não falta para Mourinho, que recuperou um bom Kaká e um onipresente Benzema, além de Higuaín. Se o Barcelona deve ir com o mesmo time nos quatro jogos, muito por causa de lesões, Mourinho pode alterar algumas peças e, com isso, não desgastar muito sua equipe.

3 - José Mourinho é a prova de como um treinador pode mudar o ambiente. Em apenas uma temporada, conseguiu classificar a equipe para a final da Copa e, o mais importante, à semifinal da Champions, o que já não acontecia desde o último título do Real Madrid. Além disso, Mourinho já parou o Barcelona quando este estava em seu melhor momento no passado e, por que não, pode pará-lo novamente.

4 - Cristiano Ronaldo. O português é a maior esperança dos aficionados merengues para os embates. Em ótima temporada, o camisa sete merengue duela com Messi pela artilharia da Liga, da Copa e da LC (está em desvantagem nas três). Apesar de ter passado em branco em todas as partidas contra o Barcelona, o português voltou a balançar as redes e já provocou - como de praxe: "quem rir por último, rir melhor". Sempre que Cristiano marca, o clube merengue vence.

5 - Adebayor se reencontrou com os gols e marcou dois contra o Tottenham. A auto-estima do togolês se elevou e, como aponta o AS, há uma probabilidade enorme de ele ser titular. Além disso, Roberto Mancini, treinador do Manchester City, já deu carta branca para que o togolês fique em Chamartin em definitivo.

Barcelona (Victor Mendes)

Messi: sete gols em nove jogos contra o Real Madrid (La Presse)

1 - São oito pontos de vantagem sobre o Real Madrid, a sete rodadas para o fim. Ainda há muita estrada a percorrer, mas chegar ao confronto direto, na Liga, sem o nervosismo de poder perder ali a liderança pode ser a grande ajuda. A tabela, teoricamente mais fácil que a dos blancos, também ajuda e é muito difícil pensar que a taça espanhola escapará das mãos dos comandados de Josep Guardiola.

2 - Há o efeito freguesia: desde 2008 que o Real Madrid não vence um superclássico, seja no Bernabéu ou no Camp Nou. De lá para cá, foram cinco jogos e cinco vitórias azulgrená, entre elas, os acachapantes 6 a 2 no Bernabéu e a inesquecível manita (5 a 0) no Camp Nou.

3 - Em última hora, Guardiola confirmou Puyol, que não estaria apto nem para a final da Copa, para a partida de amanhã. El Capitán não é um oásis de habilidade como seu companheiro Piqué, mas dá a vida em um superclássico e é pé-quente. Além disso, o zagueiro não sente mais as dores que o incomodavam e, se os torcedores barcelonistas temiam pela titularidade de Milito, há grandes chances de ser titular.

4 - Jogadores como Xavi e Iniesta crescem em clássicos como este. No primeiro turno, os dois ditaram o ritmo da partida, participaram de três gols e colocaram os comandados de José Mourinho, definitivamente, na roda. Além disso, há Villa: são nove gols em onze jogos contra o Real Madrid.

5 - Lionel Messi. Em temporada absurda, o argentino é o nome do Barcelona. Contra o Shakthar Donetsk, o argentino bateu seu próprio recorde e de Ronaldo Fenômeno: Messi tem 48 gols na temporada, em 46 partidas, com uma média de 1,06 gols por jogo. Quando o melhor jogador do mundo não marcou estando no campo do Barça, a equipe desperdiçou cinco pontos de trinta (16%). Messi, também, ajuda sua equipe com assistências: já são dezoito na temporada, uma marca nunca vista antes em Barcelona. Além disso, La Pulga gosta de marcar contra o Real Madrid: são sete gols em nove jogos, incluindo um hat-trick com apenas 19 anos.