segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Mourinho, o incoveniente

Mourinho e Valdano nunca foram fãs um do outro. Mas a relação de cordialidade entre os dois parece ter chegado ao fim após declarações do português (reuters)

Encontrar a paz no ambiente madrileño tem sido tarefa árdua do fim de dezembro para cá. O principal motivo era a contratação de mais um centroavante, após a lesão de Higuaín deixar o Real Madrid com apenas um no elenco. O assunto só tratou de deixar mais azeda a relação entre Mourinho e Jorge Valdano, diretor esportivo do Real Madrid. Tudo começou após a partida polêmica contra o Sevila, onde Mourinho elaborou uma lista com treze erros garrafais de Cloz Gómez, que, segundo o técnico de Setubal, não merece mais apitar uma partida do Real Madrid.

Na ocasião, Mou deu uma cutucada em Valdano, ao dizer que quem tem que pressionar os árbitros para evitar que o clube seja prejudicado era o diretor, e não o técnico da equipe: "há um clube, uma estrutura e quero que minha equipe seja defendida por isso. Se eu digo o que penso, amanhã estou nas manchetes e suspenso". O suficiente para a imprensa espanhola começar a especular sobre o futuro de Mourinho no comando técnico dos merengues e confirmar a rota de colisão do português com as decisões da sociedade.

À época, na coletiva pré-jogo ante o Levante, pela Copa, Mourinho levantou mais especulações em torno de seu futuro em Chamartín. O treinador português simplesmente não compareceu à coletiva, decretando o seu primeiro silência à imprensa desde que chegou à Espanha. O técnico de Setubal foi representado pelo auxiliar técnico Aitor Karanka, que tratou de dizer que não há qualquer divergência entre o português e a direção do clube. Mas após o caso de dias antes, tornou-se difícil acreditar nas palavras do auxiliar.

A relação entre Mourinho e Valdano nunca foi as das mais animadoras. Os dois já se alfinetaram via imprensa antes mesmo do português sonhar em se transferir ao Real Madrid. Em maio de 2007, o diretor merengue teria dito que Mourinho era uma espécie de técnico ditador porque foi um jogador de futebol frustrado. Mourinho, por sua vez, não ficou calado e logo respondeu Valdano: "quero colocar um ponto final na minha carreira aos 60 anos de idade como já havia decidido. Não quero ficar como esses senhores que não respeitam aos que trabalham e não admiram aos profissionais que exercem a profissão melhor do que eles", disse Mou.

Desde a contusão de Higuaín, Mourinho está descontente com o clube. Primeiro, por demorar a definir o tipo de tratamento do atacante, o que pode levar a uma demora extra em seu retorno. Depois, pela falta de iniciativa em buscar no mercado um substituto. O nome de van Nistelrooy surgiu como possibilidade, mas o Hamburgo não quis fazer negócio. E o impasse está criado. Valdano logo disparou contra o técnico após o empate contra o Almería. Perguntado sobre as especulações em torno de um camisa nove, Valdano foi sintático: "havia um nove no banco. O que estão fazendo com Benzema é uma injustiça tremenda", disse, em alusão ao fato de Mourinho colocar Kaká no time titular adiantando Cristiano Ronaldo para a posição do francês.

O técnico não confia em Benzema e não tem pudor em expor o francês. Primeiro, ao colocá-lo quase sempre em situações pouco relevantes. Depois, ao considerar sua saída para a entrada de Kaká – com Cristiano Ronaldo deixando o meio-campo para assumir a função de "falso centroavante. Tática e tecnicamente, ele tem alguma razão. Mas Benzema foi uma das grandes contratações do então recém-eleito Florentino Pérez na temporada passada e, desde então, o Marca faz campanha aberta para que ele vingue como grande homem-gol do time. Na última semana, o assunto ganhou força na mídia, e se transformou em briga. O jornalista Siro López revelou em um programa de TV que Mourinho deixou vazar na imprensa que quer sair. Pouco depois, o As – outro veículo pró-Real Madrid – também publicou a informação. O El País (dono do As, mas praticante de jornalismo sério em seu caderno de esporte) foi na mesma linha, e reforçou ao informar que tal situação já estaria preocupando Pérez.

Porém, Florentino Pérez logo tratou de "mimar" Mourinho: o presidente merengue foi ao mercado e comprou o nove tão pedido pelo gajo. Após o Hamburgo rejeitar a proposta do retorno de van Nistelrooy, restou ao presidente ir a Manchester fechar um empréstimo com opção de comprar por Emanuel Adebayor. Em outras palavras, a contratação colocou um ponto final e decretou a vitória de Mourinho na "briga" contra Valdano, que defendia a tese de que Benzema poderia ser mais utilizado.

Mourinho é esperto o suficiente para evitar que tal disputa atrapalhe o desempenho de seus jogadores, mesmo que ela postergue a definição da contratação ou não de um novo centroavante. Mas o caso serviu para expor o modo como parte da imprensa espanhola se envolve com o Real Madrid (e, óbvio, há o lado que faz o mesmo pelo Barcelona). Já é alguma coisa.

domingo, 30 de janeiro de 2011

21ª Rodada (1ª parte): Espantando a zebra

Dessa vez não teve zebra. Barcelona vence Hércules em Alicante e abre sete pontos de vantagem sobre o Real Madrid, momentaneamente (EFE)

Seis jogos abriram a vigésima primeira rodada do campeonato espanhol. Entre eles, destaque para o Barcelona, que espantou sua pedra no sapato e venceu o Hércules em Alicante; o Zaragoza, que confirmou o janeiro perfeito e venceu a decepção Málaga; e o Sevilla, que perdia por 2 a 0 para o Deportivo e, mesmo com um a menos, foi buscar a virada. Mas, para infelicidade andaluza, o Deportivo achou um gol no final. Confira a primeira parte do resumo da rodada.

Hércules 0x3 Barcelona
Em um jogo marcado por ataque x defesa, a defesa blanquiazul levava uma clara vantagem sobre o poderoso ataque blaugrana. Bem postada em campo, os defensores herculinos fechavam bem os espaços e marcava sobre pressão, impedindo o Barcelona de, mesmo tendo uma posse de bola bem superior, criar algo perigoso sobre Calatayud. Os blaugranas, que terminaram o primeiro tempo com 73% da posse de bola, não conseguiam capitalizar a posse em ocasiões de gols (até porque, queriam chegar à meta do goleiro trocando passes e evitavam chutes de longa distância) e Guardiola já começava a ficar desesperado. No primeiro turno, quando o Hércules venceu no Camp Nou, a tática de Esteban Vigo foi a mesma; porém, conseguiu matar a partida quando armou um contra-ataque. Ontem, entretanto, o Hércules só se defendia e o elo meio-campo-Trezeguet não funcionou.

Esteban Vigo ia vendo sua equipe parar o Barcelona novamente, mas Xavi e Pedro entraram em ação: em um raro contra-ataque, o meio-campo (que está assumindo a braçadeira de capitão pela ausência de Puyol, lesionado) quebrou a retranca blanquiazul com uma linda assistência para Pedro, que estufou as redes de Calatayud e chegou ao seu gol de número dezenove na temporada (só perdendo para Messi - 37 - e Cristiano Ronaldo - 32- dos que atuam no futebol espanhol). O gol no final da primeira etapa foi um alívio para Guardiola.

No segundo tempo, Messi, até então bem tímido na partida, errando muitos passes bobos, resolveu aparecer para pôr ponto final no marcador. O argentino, que briga pelo pichichi com Cristiano Ronaldo, tentava de todas as maneiras um tento, mas não estava com o pé esquerdo calibrado. Porém, em uma tabela com Daniel Alves, deixou dois para trás e acertou um belo chute à esquerda de Calatayud. Um minuto depois, Daniel Alves, mais uma vez, deu um presente para Messi, que, sem goleiro, só tratou de empurrar a bola para as redes. Daniel Alves, de volta à equipe, mostrou por que é essencial: além de duas assistências para Messi, o que torna o melhor assistente de Messi na carreira profissional do argentino, o brasileiro deu muito trabalho para Peña e Tote. O camisa 10 herculino praticamento anulou seus ataques por preocupação das subidas de Daniel Alves.

E o Barcelona, como de praxe, segue igualando mais marcas. Ontem, chegou à décima-quinta vitória consecutiva, igualando a maior sequência de vitórias no novo formato da liga bbva, pertecente ao Real Madrid de 1960-61, comandado por Di Stefano. De 63 pontos disputados, os blaugranas conseguiram 58, o que vale um aproveitamento de 92%. Messi, por sua vez, segue fazendo história: com o doblete de ontem, o argentino igualou Josep Escolla e passa a ser o quarto maior goleador da história do Barcelona (164 gols). Pelo lado herculino, Esteban Vigo mostrou-se decepcionado. Não só pela forma como sua equipe atual, mas por causa de Farinós. Nove meses depois de sua lesão, o meio-campista voltou a disputar uma partida oficial, mas por apenas 16 minutos. Nesse período, conseguiu receber dois amarelos e foi pro chuveiro mais cedo.

Deportivo 3x3 Sevilla
O Sevilla vai embora de La Coruña com dois pontos a menos porque Manzano passou a Liga rotando quase toda a equipe; porque Ayza Gámez teve um excesso de visões; e porque os nervionenses defendem de forma horrível. Alexis é uma máquina de provocar gols e os demais defensores não são muito melhores que ele. Porém, ao menos o empate veio em um novo lapso de qualidade e pegada. Poucas equipes são capazes de remontar um 2 a 0 fora de casa e com um jogador a menos, expulso em apenas um quarto de hora. O de sempre: a preocupante falta de tensão do Sevilla no começo da partida não tem explicação.

Além da surpreendente escalação de Manzano, os jogadores que não jogam habitualmente têm, no mínimo, a obrigação de saírem motivados. E não foi isso o que aconteceu. Aí, quando quiseram despertar, o Depor já tinha marcado e dominava claramente a partida em somente quatorze minutos. A partir daí, o Sevilla reivindicou a posse de bola, esticou os espaços do campo e tentou. Sempre em vão. É certo que o Deportivo apenas cercou, mas o Sevilla fechou os primeiros 45 minutos sem nenhuma chance de gol. Lassad marcou um golaço, bem semelhante ao de Juan Rodríguez no ano passado. Mesmo com uma reação elogiável, o quimérico objetivo da Champions está cada vez mais distante, jornada a jornada.

Málaga 1x2 Zaragoza
E o que falar do Málaga? O time que foi elogiado por fazer uma ótimo mercado de inverno -a equipe que mais gastou no mercado - não consegue emplacar uma sequência de vitórias e, para piorar, terminará a rodada na última posição. Pelegrinni experimento um 4-2-3-1 com Júlio Batista jogando mais pelo meio (antes, jogava de centroavante) e conseguiu encaixar Rondón junto com o brasileiro, que o auxiliava. Porém, sem Demichelis, suspenso, que vinha fazendo boas partidas desde que chegou à Andaluzia, o Málaga voltou a sofrer com a carência defensiva. Kris, substituto do argentino, não conseguiu parar Sinama-Pongolle, que voltou a mostrar um bom futebol.

O francês foi o autor da assistência para o gol de Bertollo e o autor do gol da virada maña. A má fase vivida pelo Málaga após os gastos do Sheik é diretamente proporcional à fase do Zaragoza. Os blancos confirmaram contra os blanquiazules o janeiro perfeito: no mês, foram cinco jogos disputados, com quatro vitórias e apenas uma derrota, o que já valeu para o time sair da zona de rebaixamento e assumir a décima-quinta posição. Os maños, porém, podem estarem perto de perderem o seu principal jogador. Segundo o AS, o jovem promissor Ander Herrera já teria acertado com o Athletic Bilbao para a próxima temporada. Pelo lado malaguesa, não é momento de sorrir. Porém, Duda, autor do tento de ontem, comemorou contra o Zaragoza seu jogo de número 200 na Liga Espanhola.

Real Sociedad 2x0 Almería
Na vitória dos txuri-urdins, palmas para um velho conhecido: Raúl Tamudo. Com o gol, o ex-jogador do Espanyol superou Joaquín Murillo como maior goleador catalão da história da Liga BBVA (133 gols). Voltando a titularidade, Tamudo fez jus à confiança de Lasarte. Foi um verdadeiro pesadelo para a defesa rojiblanca e, além de um gol magnífico, teve um papel importante na hora de segurar a bola. Outro que merece destaque é o jovem Zurutuza. Jogando de auxiliar a Tamudo no 4-2-3-1 de Lasarte, o camisa 17 teve um papel semelhante ao que faz Özil no Real Madrid. Cadenciou o jogo e foi importante nas infiltrações pelo flanco, quando revezava com Griezzman e Xabi Prieto. A qualidade do meio-campo blanquiazul é dialmetramente oposta ao do time da Andaluzia. A dupla de volante, Bernadello e M'Bani, bateram cabeça durante boa parte do jogo e não conseguiram criar jogadas de perigos para Ulloa, muito isolado na frente. Na linha de três, Crusat e Piatti foram anulados por Estrada e De La Bella, respectivamente.

Levante 2x0 Getafe
Importante vitória do Levante ante um Getafe que não se encontra mais. Os valencianos aproveitaram os tropeços de Almería e Málaga para sair da lanterna da competição. Caicedo voltou a ter papel importante. Autor do gol que setenciou o marcador, o equatoriano deu muito trabalho à defesa azulona. Outro que merece destaque é Juanlu, autor das assistências para os dois gols. O Getafe segue sofrendo da síndrome de ter uma alta posse de bola, mas não saber o que fazer com ela. Outro problema que evidencia o momento do Getafe é a má fase de Dani Parejo. O canterano do Real Madrid, que está próximo de voltar ao clube de Chamartín, parece estar desgastado e não apresenta um belo futebol como mostrou no primeiro semestre de la Liga. A notícia ruim fica por conta do lateral Juanfran, que teve sair direto para o hospital. O lateral levantiano sofreu um duro golpe de Pedro Ríos que caiu agonizando de dor. O meio-campista do Getafe recebeu apenas um cartão amarelo.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mais uma vez, Benzema

Mourinho cumprimenta Benzema: dor de cabeça para o técnico de Setubal, que pediu a contratação de um nove, foi atendido, mas vê Benzema salvar o Real Madrid pela segunda vez consecutiva (foto: reuters)

Nos dois jogos de ida das semifinais da Copa del Rey, Real Madrid e Barcelona obtiveram uma ótima vantagem e praticamente garantiram suas vagas para a final da competição. Enquanto o Barcelona teve uma tranquila vitória contra o Almería jogando no Camp Nou por 5 a 0, o Real Madrid venceu no Ramón Sanchéz Pizjuan por 1 a 0 e também obteve boa vantagem.

Na Andaluzia, clima de guerra antes mesmo da partida entre Sevilla e Real Madrid. Atual campeão do torneio, o Sevilla lançou um spot provocativo a José Mourinho, que, em um português bem claro, dizia "vamos te deixar sem Copa". O técnico de Setubal, porém, não revidou, e voltou a declarar silêncio à imprensa ao deixar Karanka na coletiva pré-jogo. O assistente, entretanto, falou que Mourinho não compareceu à coletiva por motivos pessoais. Nas quatro linhas, Mourinho deixou claro que temia a partida. Pela primeira vez na temporada, lançou mão de Marcelo e Di María em prol da titularidade de Arbeloa, para reforçar a marcação no lado direito do campo sevillista, onde Jesus Navas joga, e Lassana Diarra, mudando o módulo merengue para um 4-3-2-1. A tática deu muito certo, pois o lateral esquerdo espanhol praticamente impediu Jesus Navas de jogar e o trio de volante tomou conta do meio-campo. Na linha de dois, Özil e Cristiano Ronaldo não fizeram uma boa partida, mas contribuíram muito na movimentação da equipe, que enlouqueceu Zokora e Romaric.

No dia da apresentação de Adebayor, brilhou Benzema: autor do único gol da partida, o francês salvou pela segunda vez consecutiva sua equipe e começa a dar dor de cabeça a Mourinho: o técnico de Setubal pediu urgentemente a contratação de um camisa nove, que acabou sendo Adebayor, mas justamente quando seu pedido é atendido, Benzema parece ter lapidado seu futebol. O gol de ontem foi belo. Após tabelar com Özil, Benzema ganhou na corrida de Fernando Navarro, deixou Escudé sentado no chão e bateu por debaixo das pernas de Palop.

A polêmica da partida ficou pelo (não) gol de Luís Fabiano no final do primeiro tempo. O brasileiro driblou Casillas e chutou, Albiol tirou quase em cima da linha e o árbitro não deu gol. Nem mesmo a repetição do lance diversas vezes pelos canais de televisão confirmou se a bola entrou ou não (tire suas dúvidas). Obviamente, as opiniões foram diferentes por diversos lados. Enquanto Raúl Albiol teve a certeza de que tirou a bola na linha, Gregório Manzano e Josep Marial Del Nido, presidente do Sevilla, lamentaram por Undiano Mallenco não ter validado o gol, que, segundo eles, ultrapassou a linha. Fato é que, pelo menos desta vez, o lance foi bastante difícil e que, apesar da arbitragem espanhola ser conhecida por ser abaixo da média, o árbitro pode ser isentado de qualquer erro.

Após o fim da partida, o goleiro Iker Casillas ainda foi atingido por um objeto na cabeça ao deixar o gramado. O capitão da seleção espanhola chegou a cair no campo e precisou ser atendido pela comissão médica, mas depois foi liberado sem maiores problemas. A má notícia pelo lado sevillista, além do gol anulado, fica por conta de Sérgio Sanchéz. O volante, que voltou a disputar uma partida oficial depois de um ano e meio parado na semana passada, sentiu o tornozelo direito após choque com Khedira e teve que sair imediatamente de campo. Romaric, destaque do time na temporada, também saiu de campo precocemente, após sentir o músculo da coxa direita. Até agora, o Sevilla não divulgou o tempo de molho que os dois jogadores ficarão. Se o time sente a falta de algum fantasista no meio-campo, a diretoria resolveu agir: hoje, anunciou os nomes de Gary Medel e Rakitic, que podem dar um bom upgrade nesse meio-campo carente de criação dos rojiblancos.

Barcelona 5x0 Almería
Há dois meses, o Barcelona goleara o Almería no Juegos Mediterráneos por 8 a 0. Após um começo tão avassalador, onde abriu 3 a 0, parecia que os blaugranas voltariam a fazer oito nos andaluzes. O Barcelona, porém, diminuiu o ritmo da partida após o quarto gol, de Pedro, e não chegou a goleada. A escalação de Oltra causou polêmica: por que um técnico pouparia seu melhor jogador na partida do ano da equipe? Foi o que aconteceu com José Luis Oltra, que poupou Diego Alves e colocou Esteban, o que já vem fazendo na Copa há algum tempo. Com os cinco gols, o Barcelona chegou a 101 na temporada, que está em sua metade. Messi, por sua vez, vai mostrando que é um sobre-humano. Na temporada em sua metade, o gênio argentino já coleciona 35 gols e 17 assistências. Quem para este time? Talvez, o Hércules, próxima adversário dos azulgrenás na Liga e único time a pará-lo na temporada.

Craques da LFP: Rubén Baraja

Volante da década no futebol espanhol, Baraja é um dos grandes ídolos do Valencia, clube com o qual tanto se identificou (AP Photo)

Se jogasse no futebol inglês, Baraja seria classificado como um meio-campista box-to-box, ou seja, um atleta que cumpre todas as funções da meia-cancha. “El Pipo”, como foi apelidado, conquistou quase tudo no futebol espanhol vestindo a camisa do Valencia, clube em que passou dez anos e levantou cinco taças.

Nascido em Valladolid, Baraja começou no futebol em casa e com 18 anos iniciou sua caminhada no time B pucela. Porém, ele só jogou três anos pelo clube da cidade natal, onde ora estava com os profissionais, ora alinhava junto à segunda equipe. “El Pipo” mostrou qualidade e chamou a atenção do Atlético de Madrid, que acabou o contratando para sua filial. Jogando em Madrid, ele evoluiu muito seu jogo, mas fez seu debute na equipe principal colchonera apenas no último ano que vestiu rojiblanco. Mostrando boa precisão nos passes, arremates de fora da área e bolas paradas, além de visão de jogo e força no jogo aéreo, Baraja foi vendido ao Valencia.

Foi com os Ches que Baraja alcançou o sucesso e se tornou integrante da seleção espanhola. A primeira convocação ao time principal da Roja veio no ano do debute no Valencia, em 2000, e a partir daí, chamados da fúria ocorreram até 2005. Baraja representou o país na Copa do Mundo de 2002 e na Eurocopa de 2004. Nas duas competições a Espanha não foi bem. No Mundial, perdeu para Coréia do Sul, nas oitavas de final, em jogo recheado de polêmicas. Já na Euro disputada em Portugal, os espanhóis fizeram pior e foram eliminados na primeira fase, no grupo que contava com os futuros campeão (Grécia) e vice (Portugal) do torneio. Um ano após o fracasso na competição europeia, o meia deixou La Roja, onde jogou 43 vezes e marcou sete gols.

Baraja se tornou um ídolo Ché, pois era um líder em campo, e juntamente com Albelda formou uma das duplas de meias-centrais mais completas dos anos 2000. Ambos (Albelda era reserva e participou do segundo tempo) estavam na final da Liga dos Campeões de 2000-01, quando o forte Bayern de Munique só venceu os valencianistas na disputa de pênaltis. Porém o auge foi alcançado sob o comando de Rafa Benítez, quando o Valencia fez frente a Barcelona e Real Madrid por pelo menos quatro anos. Primeiro Baraja foi titular da equipe, que venceu La Liga em 2001-02 com sete pontos de vantagem para o vice-campeão Deportivo e contando com a melhor defesa do campeonato.

A grande temporada ocorreu em 2003-04. “El Pipo” foi um dos pilares dos Ches, que venceram três títulos durante a temporada. Dessa vez o vice-campeonato ficou com o Barcelona e novamente a defesa – protegida por Baraja – recebeu o prêmio de menos vazada de La Liga. Mas a grande conquista foi a Copa UEFA. A forte equipe campeã contava com Cañizares, Ayala, Marchena na defesa, Albelda, Baraja e Vicente no meio e a dupla Angulo e Mista no ataque. Na final, o Marseille de Drogba não conseguiu evitar a derrota por 2 a 0. De quebra, o valencianos ainda levaram a Supercopa da Europa ao vencer o Porto – já sem Mourinho e Deco – por 2 a 1, o importante Baraja anotou o primeiro da conquista e foi eleito o melhor jogador da partida, pela UEFA.

O Valencia perdeu alguns atletas importantes das conquistas e Rafa Benítez também se foi. Porém, Baraja seguiu na equipe e ainda fez parte de mais um elenco campeão. Em 2008, era o capitão da equipe que contava com David Villa e David Silva e que se sagrou campeã da Copa del Rey sobre o Getafe.

Depois da última conquista, Baraja seguiu com Los Che mais dois anos, até se aposentar no final da temporada 2009-10. Frente ao Tenerife, no dia 16 de maio, ele fez sua última partida como valencianista, que ocorreu em “sua casa”, o Mestalla. Ao entrar em campo, os jogadores fizeram o famoso pasillo para recebê-lo e algumas crianças fizeram um mosaico no gramado, com seu apelido e seu número: Pipo 8. Além disso, ele recebeu uma placa de agradecimento do Valencia. Quando foi substituido, entregou a faixa de capitão ao companheiro Marchena e saiu de campo sendo aplaudido de pé sob gritos de "Pipo, Pipo!". Ao final do jogo, retornou ao gramado, agradeçeu aos torcedores e foi carregado pelos companheiros. No Valencia, foram dez anos, cinco títulos, 262 jogos e 42 gols, números que deixam “El Pipo” marcado na história dos Che.

Hoje Baraja trabalha como comentarista de futebol em duas frentes na Espanha, a televisão valenciana, Canal Nou e no Tiempo de Juego, um programa de rádio. Recentemente, “El Pipo” foi eleito pela resvista Sports Illustrated um dos meios-campistas da seleção da década do Campeonato Espanhol, deixando Figo, Ronaldinho e Zidane no banco de reservas.

Para quem quiser, disponibilizo aqui a despedida do Baraja no Mestalla.
Parte 1 | Parte 2


Rubén Baraja
Nascimento: 11 de julho de 1975, em Valladolid, Espanha
Posição: Meio-campista
Clubes como jogador: Valladolid (1993-96), Atlético de Madrid (1996-2000) e Valencia (2000-10)
Títulos: 2 Campeonatos Espanhóis (2001-02 e 2003-04), 1 Copa UEFA (2003-04), 1 Supercopa da Europa (2004) e 1 Copa del Rey (2007-08)
Seleção espanhola: 43 jogos e 7 gols

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Resumo: 20ª Rodada (2ª parte)

"Enfim, desencantei!". Gol de Benzema salva Real Madrid contra o Mallorca (getty images)

Durante a semana anterior à partida entre Real Madrid e Mallorca, a relação entre Mourinho e Valdano se azedou mais ainda por um único motivo: a contratação de um camisa nove. Se Valdano defende a tese de que Benzema deve ser mais utilizado, Mourinho, por sua vez, quer imediatamente a contratação de mais um centroavante. E teve seu pedido atendido: hoje à tarde, o Real Madrid confirmou o empréstimo com opção de compra de Adebayor. A contratação pode ter escancarado a briga de Mourinho contra Valdano, que se "divorciou" oficialmente da equipe ao recusar viajar com o time para Sevilla, para o jogo contra o Sevilla, pela Copa. Outro time que merece destaque é o Zaragoza, que, assim como na temporada passada, tem até agora um janeiro perfeito, que o tira não só da lanterna como da zona de rebaixamento. Confira agora a segunda parte do resumo da rodada.

Real Madrid 1x0 Mallorca
Benzema estava com fome de gol. Não só por não marcar pelo Campeonato Espanhol desde setembro, mas por ver seu nome contestado em todos os jornais e programas de TV esportivos. Tamanha vontade de balançar as redes pôde ser vista em algumas oportunidades neste domingo, contra o Mallorca. Não importava se a jogada já não valia mais por impedimento ou outra irregularidade: lá estava ele chutando a gol. Uma dessas conclusões valeu, e o atacante francês, quem diria, acabou como herói da vitória suada por 1 a 0. O gol aos 15 minutos do segundo tempo foi o segundo de Benzema na competição, em tento que o igualou ao zagueiro Ricardo Carvalho na tabela de artilharia. Ele marcou justamente no momento em que a equipe de José Mourinho era melhor e atacava com certa frequência. No primeiro tempo, no entanto, o que se viu foi um time com dificuldades para atacar e dando espaços aos visitantes, que até acertaram a trave, com Nsue, aos 13 minutos. Talvez por conta das mudanças do treinador português, que surpreendeu ao deixar Xabi Alonso e Özil no banco de reservas e pôs Kaká como titular. As novidades em relação ao time que derrotou o Atlético de Madrid pela Copa do Rei não surtiram efeito, e o brasileiro acabou substituído no intervalo para a entrada do meia turco-alemão.

Zaragoza 1x0 Deportivo
Após passar por problemas extracampos, crise interna e passar seis meses na lanterna do campeonato, enfim o Zaragoza embalou uma boa sequência de vitória e saiu de vez não só da última posição como da zona de rebaixamento. A vitória contra o Deportivo também serve para mostrar que quem está de volta à má fase é o time da Galícia. Se Lotina conseguiu encontrar uma fórmula para sua defesa não tomar gols, chegou a hora do técnico tenta conseguir desvendar o mistério de seu ataque. Inoperante, só tem em Adrián López uma referência. E vale lembrar que Adrián López, a partir de junho, será do Atlético de Madrid. Ou seja: se contratar uma atacante decente, este time do Depor pode sofrer mais ainda. Outra má notícia para os blanquiazules é a lesão do capitão Manuel Pablo, que fica de fora dos gramados por duas semanas.

Sporting Gijón 1x0 Atlético de Madrid
O Atlético de Madrid volta a sofrer as consequências de um erro conjunto que valeu um revés. Dessa vez, erro de Perea e Raúl García dentro da área, no estilo "deixa que eu deixo", que acabou sobrando para Barral, livre com De Gea, jogar no canto direito do canterano. O conjunto de Quique Sanchéz Flores volta a fazer uma partida desastrosa e se complica ainda mais na busca por uma vaga na Champions League. Do lado vitorioso, parece que Preciado encontrou o time ideal: esta é a segunda vitória consecutiva dos asturianos entrando com o mesmo onze inicial. O técnico vai recuperando seus créditos com a torcida e silencia, por momento, alguns rumores que levaram a sair do Gijón.

Novo ano, novas contratações e mesmos apuros

Forlán lamenta por não ter uma defesa boa o suficiente para proteger o Atlético de Madrid (getty images)

No início da temporada, o Atlético de Madrid era apontada por boa parte dos analistas esportivos como o time que poderia desbancar Real Madrid e Barcelona e lutar pelo título de La Liga. A cúpula rojiblanca preparava a temporada com esse mesmo pensamento e também esperava que a equipe brigasse com mais contundência pelo título e, na Liga Europa, conseguisse a manuntenção do título. Enrique Cerezo, presidente do clube, permitiu que o diretor esportivo gastasse cerca de 40 milhões de euros com contratações de destaques, de jogadores que eram destaques de seus clubes. O problema crônica na zaga e na lateral parecia praticamente resolvido, com as contratações de Godin e Filipe Luís.

Porém, os mesmo erros estão sendo mostrados. Após investir 21 milhões de euros com os dois jogadores para quebrar a sequência de maus resultados devido, na maioria das vezes, à falhas de seus zagueiros, os diretores colchoneros vão vendo, porém, o mesmo filme se repetir. Após os dois jogadores frequentarem o banco de reservas nos últimos jogos, a defesa mais uma vez provou não estar afinco a uma equipe que deseja participar de competições europeias e tem aspirações maiores. Se na ida do dérbi os erros responsáveis pela derrota rojiblancas vieram dos pés de Filipe Luís, que parece ter esquecido seu futebol na Galícia, e Alvaro Dominguez, no jogo contra o Sporting Gijón (resumo mais detalhado na segunda parte do resumo da rodada) foi a vez de Perea e Raúl García (ok, este passa longe de ser zagueiro). Ambos os jogadores desistiram na simples tarefa de limpeza de uma bola que estava andando em paralelo na entrada da área e acabou caindo suavemente nos pés de Barral, que não desperdiçou e definiu a partida. Três pontos que tiraram o Atlético de Madrid da zona de Liga Europa, já que o Athletic Bilbao aproveitou-se deste fato e cumpriu sua tarefa de casa, vencendo o Hércules por 3 a 0.

O conjunto treinado por Quique Sanchéz Flores vai a cada partida vendo uma vaga da Champions League ficando distante. Sucessivos combinações perdidas em campos, desorganização defensiva, principalmente, e erros individuais de sua linha de quatro vão escancarando o problema crônico desta equipe. Durante o jogo contra o Levante, no Ciutat de Valencia, onde o Atléti perdeu por 2 a 0, Godín começou a abrir as dúvidas sobre os reforços veraniegos. Dúvidas que converteram em absoluta desconfiança por parte de Quique, que, a partir daí, começou a deixar o uruguaio no banco, retornando sua confiança aos criticados Ujfalusi e Perea como dupla de zaga. Os afetados seriam aqueles que acabaria por convencer Quique de sua incapacidade de sustentar a defesa da equipe na partida desastrosa contra o Hércules, em que Filipe Luís, Domínguez e Godín deram uma exibição de horrores.

A partida acabou com um humilhante 4 a 1 a favor dos herculinos. A goleada retumbante acendeu as luzes do alerta no Calderón, que se culminaria no três dias depois, no dérbi da Copa, e na partida nas Asturias, onde ficou escancarado o climax desta temporada desastrosa dos colchoneros.

A guinada na Europa
Detentor do título da Liga Europa e querendo a manuntenção do torneio, o Atlético de Madrid entrava como favorito da competição. O paradigma, porém, mudou para o Atléti, a começar pela vexatória eliminação precoce na competição europeia, jogando no próprio estádio Vicente Calderón. Como se não fosse o bastante ficar atrás do Aris, inferior tecnicamente, o Atlético de Madrid recebeu uma virada para o time grego atuando em Madrid, quando só precisava de um simples empate para se classificar. Na última rodada, a vaga viria a se decidir no frio de Leverkusen contra o Bayer e o resultado foi um empate, eliminando o time de Manzanares.

A temporada do Atlético ainda não está perdida, mas já é catastrófica. Só uma improvável vaga na Champions - e põe improvável nisso - salva.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A "contratação" da temporada

Mais goleador do que nas temporadas anteriores, Iniesta venceu a luta contra as lesões e tem sido essencial para este Barcelona, formando uma dupla letal de meio-campo com Xavi (getty images)

Antes da partida contra o Racing Santander, no último sábado, Guardiola deu uma declaração curiosa, mas que faz bastante sentido ao se refletir em campo. O técnico catalão afirmou com todas as letras e sem hesitar que "Iniesta é a nossa grande contratação na temporada. Na temporada passada, se lesionou com frequência e perdeu muitos jogos importantes [contra a Inter, por exemplo, não jogou] e na atual, tem contribuído muito com gols". Após passa por um tratamento especial e diminuir suas lesões musculares, Iniesta tem sido importantíssimo neste atual Barcelona. A maior prova disso é de que, das 32 partidas disputadas pelo Barcelona na atual temporada, Iniesta participou de 29, tornando-se o terceiro jogador mais utilizado por Guardiola no elenco - perdendo apenas para Víctor Valdés -, e iniciou as 20 partidas do campeonato espanhol no time titular.

Desde que tornou-se herói de uma nação, no dia 11 de julho de 2010, com um chute que venceu Stekelenburg e deu o título mundial à Espanha, Iniesta teve uma margem de crescimento espetacular em todos os aspectos. Com a auto-estima nas nuvens após o gol que rendeu à Espanha seu primeiro e inesquecível título mundial, Andrés vive seu momento mais doce de suas sete temporadas como profissional. Até agora, o meia de Fuentalbilla tem conseguido jogar uma temporada completa, o que ajuda o Barcelona a não diminuiu seu ímpeto e seu poderio. Até o momento, Iniesta só não disputou quatro partidas na temporada, partida com as quais o Barcelona não teve um adversário à altura para Guardiola lançar El Albino no time titular.

Estimulado pela confiança que tem depositada de Guardiola e trás ser reconhecido pela Fifa e France Football o segundo melhor jogador do ano de 2010, o meio-campista tem encantado além das contas. Classudo, com uma técnica refinada e um bom passador, tem feito com Xavi uma dupla letal de meio-campistas (não só na atual temporada, diga-se de passagem). Ao anotar o terceiro gol do Barcelona ante o Racing Santander, El Albino chegou ao seu sétimo tento na temporada, superando seu melhor registro goleador até então (seis gols na temporada 2006-7). El Manchego não só quebrou o seu recorde de tentos como a cada jogo aumenta cada vez mais seus números. Nesta temporada, tem contabilizada oito assistências, o segundo melhor no quesito na Liga BBVA, perdendo apenas para seu companheiro de equipe Lionel Messi

A dois de seu melhor registro
Depois de superar seu número de gols na Liga e podendo aumentar ainda mais neste segundo turno, Iniesta tem em mente superar seu recorde de goleador numa única temporada, que, obviamente, também pertecente à temporada 2006-07, quando marcou nove gols. Além dos seis na Liga, somou dois na Champions daquela temporada e outro na Copa del Rey.

No momento, uma eventual lesão de Iniesta mudaria demais o jogo do Barcelona, tendo em vista que Keita não o substitui à altura no time de Josep Guardiola. Uma prova disso é saber que a falta de Iniesta foi essencial para que o Barcelona não quebrasse a retranca montada por José Mourinho na Champions da temporada passada, evitando o bi-europeu e, consequentemente, o título no Santiago Bernabéu. Fato é que Iniesta adquiriu um enorme protagonismo com Guardiola e com os aficionados. Ovacionado em qualquer estádio por onde passa, por questões óbvias, o meio-campista é adorado por todos e por isso houve uma maior comoção após "perder" o rótulo de melhor do mundo para Messi.

E não é só Guardiola que se derrete por Iniesta. Dois outros grandes personages no esporte têm dado a cara para Iniesta: o presidente da UEFA, Michel Platini, e o melhor jogador de basquete do mundo, Kobe Briant. O francês reconheceu que "adoraria ter jogador com Iniesta", enquanto que o americano se rendeu ao seu estilo de jogo, que é "capaz de fazer mágica dentro de campo. Junto com Messi, é o melhor jogador do mundo". Outro fato é que Iniesta é cada vez mais prestigiado e seu futebol aumenta cada vez mais, ajudando o Barcelona a se divertir em campo e dar show.

domingo, 23 de janeiro de 2011

20ª Rodada (1ª parte): Um Barcelona de recordes

Messi: quem é rei, nunca perde dois pênaltis seguidos (AP Photos)

Na abertura da vigésima rodada, a primeira do returno, a tônica foram os gols: em três jogos saíram nada mais nada menos do que dezesseis gols, média muito boa para apenas um dia de jogos. No Camp Nou, o líder Barcelona recebeu o Racing Santander e venceu por 3 a 0, chegando a sua décima quarta vitória consecutiva, onde só conseguiu na temporada 2005-06. A ganância de Josep Guardiola agora é ir em busca de igualar o recorde, que pertence ao Real Madrid de 1960-61. E a vitória pode vir em boa hora: na próxima rodada, o Barcelona irá até o José Rico Perez encarar o Hércules, uma de suas pedras no sapato no primeiro turno. Confira a primeira parte do resumo da rodada.

Barcelona 3x0 Racing Santander
Após sofrer um revés contra o Bétis, o Barcelona voltou a animar, jogando com seu time titular. À exceção de Daniel Alves, lesionado, Guardiola mandou a campo a mesma equipe das manitas contra Real Madrid e Espanyol, mas viu uma incógnita padecer em sua cabeça. Substituto de Daniel Alves, Adriano voltou a fazer uma partida opaca na latera direita e não deu a mesma movimentação naquele setor como dá o baiano. A improvisação de Puyol, como haviamos alertado no resumo da semana passada, pode ser uma das opções do treinador daqui em diante. Nas quatro linhas, pressão barcelonista desde o início. Tanto é que, já com um minuto, o Barça já vencia, com um gol de Pedro, após assistência de Messi. O primeiro tempo foi todo controlado pelo Barcelona, que chegou ao segundo com Messi, de pênalti. Após ser protagonista de um lance peculiar contra o Bétis, quando escorregou e isolou a bola no pênalti cobrado, La Pulga dessa vez converteu com bastante categoria e aproveitou para homenagear a sua mãe, que fez aniversário. Na etapa complementar, o Racing melhorou. Os cantabrianos sairam para o ataque, mas também abriram espaços na defesa. Melhor para o Barcelona, que chegou ao terceiro gol aos 12min, com Iniesta. Com o placar definido, o time de Guardiola apenas controlou o relógio para assegurar mais uma vitória no Nacional e colocar mais pressão para o Real Madrid, que tem compromisso contra o Mallorca. A seca goleadora do Racing Santander segue. O time até conseguiu dá as caras no segundo tempo e teve até ocasiões boas de gols, quando o Barcelona diminuiu o ritmo da partida, mas falta concluir com mais habilidade. Por algo como este é que a equipe tem o pior ataque de toda a liga.

Sevilla 4x1 Levante
Os boatos sobre sua saída do Sevilla não impediram o Fabuloso de continuar ajudando o time de Gregorio Manzano. No jogo que abriu a rodada, o brasileiro marcou três gols na goleada sevillista por 4 a 1 sobre o Levante, penúltimo colocado e que a cada jogo mostra que salvação é algo difícil. O Sevilla já tinha mostrado sintomas de melhora no começo do ano, e com o começo do segundo turno da Liga, concretizou essas melhoras. O conjunto de Manzano ganhou com comodidade uma partida ligueira no Sánchez-Pizjuán. Conseguiu graças ao convencimento de suas possibilidades, graças à sua melhora em várias facetas e graças a um grande Luis Fabiano, que hoje apresentou a sua melhor versão. Com isso, o conjunto nervionense retoma o vôo de La Liga e ganha confiança antes da eliminatória na Copa del Rey ante o Real Madrid. Além disso, a tarde foi redonda porque o técnico pode inclusive dar descanso a Kanouté e administrar forças em seu elenco. Uma plácida, bonita e cômoda tarde para começar o segundo turno e para confirmar a melhora. O Sevilla saltou ao campo para vencer o Levante. E fez isso com a confiança nos pés de seus jogadores e com paciência. Segue tendo mais débito que acerto, imprecisões e, sobretudo, segue sendo previsível, porém, melhorou em várias facetas de jogo nesse 2011. Pressiona mais, defende melhor e provoca mais situações de perigo próximo a área. Quando isso acontece, e com a qualidade dos jogadores no ataque, surgem muitas possibilidades para que chegue o gol. Um bom exemplo é o primeiro gol, espetacular, de Luis Fabiano. Qualquer bola que Navas toca é perigo, ainda mais quando Luis Fabiano a recebe. Pois bem, as condições foram dadas para que o brasileiro marcasse um golaço, em uma cabeçada providencial e de longe.

Valencia 4x3 Málaga
O novo Málaga segue sem ganhar. Ainda que mostre uma margem de crescimento boa, os boquerones não conseguem serem incisivo o bastante para levarem três ponto à Andaluzia. Nas últimas cinco rodadas, o Valencia somou dez pontos por ter conseguido achar o gol nos últimos dez minutos. Suficiente o bastante para o Marca apelidar esse tempo de "Zona Unai". Se Unai ainda não tem uma vasta carreira quanto a treinador, é inegavel que esta mentalidade vencedora do Valencia tem o dedo do técnico madrileño. O treinador consegue passar aos jogadores o espírito de acreditar até o fim e Áduriz e Mata são os que mais conseguem entendê-lo. O atacante já marcou quatro vezes neste tempo, enquanto que o winger marcou três vezes. Contra o Málaga, não foi diferente. Quando Júlio Batista marcou seu primeiro gol com a camisa blanquiazul e empatou o jogo aos quarenta e dois minutos do segundo tempo, parecia que o Valencia iria desperdiçar pontos no Mestalla. Mas Áduriz, aos quarenta e sete minutos, apareceu para decidir a vitória valenciana, levar os aficionados ao delírio e garantir o Valencia na terceira posição, momentâneamente. Prejudicado pela péssima arbitragem de Rubinos Pérez, que expulsou Demichelis e Rosário, o Málaga decretou silêncio à imprensa após a partida e Apoño, Júlio Batista e Pellegrini, que também acabou expulso no final, só apareceram com um único intuito: criticar a arbitragem.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Palmas para o Bétis

O Bétis não avançou de fase, mas agrediu o Barcelona e venceu os blaugranas de uma maneira incontestável (EFE)

Pelo jogo de volta das quartas de finais da Copa del Rey, o Bétis fez o Barcelona parecer um time humano. O time andaluz não só ganhou o gigante da Catalunha, como ganhou com moral, merecendo a vitória. Tudo bem que o time que Guardiola mandou a campo era mais reserva do que titular, mas foi uma vitória para ficar na cabeça dos aficionados verdiblancos. No final das contas, José Manuel Pinto teve toda razão após a coletiva pós-jogo, no Camp Nou: "se não abrirmos os olhos, poderemos ser eliminados pelo Bétis. Não há nada ganho".

Mesmo sendo improvável reverte um resultado tão adverso, o torcedores andaluzes lotaram o estádio Benito Villamarín querendo ver sua equipe pelo menos bater de frente com o "mistão" de Guardiola. Pepe Mel teve a vida complicada para montar o ataque de seu time, pois, além de não contar com Emaná, teve Ruben Castro, principal verdiblanco em campo no Camp Nou, lesionado ainda no aquecimento. Ao técnico, só restou ter que colocar Molina para companheiro de Jonathan Pereira, e o atacante não decepcionou: com sete minutos de partida, o Bétis, como um furacão, já havia marcado dois gols com Molina. Os blaugranas não sabiam o que era receber dois gols contra desde 1981, quando, na ocasião, levou dois do Zaragoza (Amarilla e Pichi Alonso) Após um início tão surpreendente, os torcedores, que já faziam festa mesmo sabendo que era difícil se classificar, passaram a jogar com seu time, que teve a chance de fazer o terceiro logo depois, mas Molina teve seu chute interceptado por Piqué.

Milito reclama que ganha poucas chances de Guardiola e ameaçou até ir embora (só não foi por pedido de Guardiola, sem muitos zagueiros em seu elenco), mas ganhar confiança com o técnico catalão parece uma missão difícil, ainda mais após o jogo. Ficou bem nítido que o zagueiro argentino está bem fora de entrosamento com seus companheiros, além de não estar em sua forma ideal, e falhou feio nos três gols béticos. Pinto, elogiado após a partida de ida, também fora mal na partida. O terceiro gol, marcado por Arzu, foi uma falha conjunta dos dois piores blaugranas em campo na partida: Ezequiel cobrou falta, Pinto saiu vendido do gol e viu Milito cortar nos pés do meio-campista, que chutou para o gol livre. Um gol ao melhor estilo Felipe Melo e Júlio Cesar na Copa do Mundo.

Antes do terceiro gol, porém, Messi e Xavi, tímidos no jogo, resolveram aparecer. O argentino tabelou com Xavi, recebeu na frente, ganhou na corrida de Isidoro e bateu por debaixo das pernas de Casto. Na segunda etapa, o melhor jogador do mundo protagonizou um lance peculiar: após Clos Gómez assinalar um pênalti ao mínimo discutível, o argentino cobrou à Terry na final da Champions e, além de escorregar, mandou a bola para bem longe da meta de Casto.

O jogo pôs fim a uma invencibilidade que já durava 28 jogos, mas, segundo Guardiola, a postura exercidade pela sua equipe não lhe preocupa. Pelo contrário. Segundo o ex-volante, "são de partidas como essa que percebem os erros, que terão de serem corrigidos a tempo". Preocupado ou não, o fato é que, mesmo com a derrota, o Barcelona continua vivo na Copa del Rey, em busca de sua vigésima sexta taça.

Fazendo história
O adversário do Barcelona nas semifinais será o Almería, que segue fazendo história na competição. Dentre as quatro equipes da semifinal, os rojiblancos são os únicos a chegaram a fase com 100% de aproveitamento. Priorizando a Liga, Lotina só ajudou ao adversário a chegar à semifinal com tal aproveitamento. Além de mudar o módulo para um 4-2-3-1 e colocar boa parte de seus jogadores reservas, deixou Adrián López, seu principal jogador, no banco. Oltra, sem tantas ganâncias na Liga, por sua vez, foi com um 4-1-2-3 extremamente ofensivo e matou a partida logo com 20 minutos do primeiro tempo: após jogadas individuais, Corona e Crusat marcaram dois gols para o Almería, confirmando, praticamente, sua vaga às semifinais. Ainda no primeiro tempo, Álvarez mandou às próprias redes, diminuindo para os blanquiazules.

Adrián, que entrou no segundo tempo, mostrou porque é tão importante: no seu primeiro toque na bola, aproveitou vacilo de Pelerano e jogou no contrapé de Diego Alves, empatando a partida. Porém, Goitom, de pênalti, tratou de definir, selando a classificação almerista. O jogo foi mais uma prova de que Lotina não usa um esquema com 5-3-2 à toa. Com dois zagueiros e dois laterais que sobem muito ao ataque, a primeira linha blanquiazul passou o jogo inteiro batendo cabeça. O Almería, pela primeira vez em sua história, chega a fase semifinal da Copa, onde irá encarar o Barcelona.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Surpresa?

Sevilla faz sua melhor partida na temporada, elimina Villarreal com autoridade e segue vivo na briga pelo bi-campeonato da Copa del Rey (AP Photos)


Ainda que a reação do Sevilla fosse notável, não esperava-se que o time da Andaluzia ganhasse com tanta moral como ganhou do Villarreal ontem. Ainda mais porque, no último jogo da Liga, contra o Espanyol, foi com a equipe completa a campo e saiu derrotado por 2 a 1 no Ramón Sanchéz Pizjuan. Talvez isso seja o maior responsável pela presença de pouco público no estádio no jogo de volta contra o Villarreal. Desacreditado por parte da torcida e eleito por uma votação do Marca o time-decepção da temporada, o Sevilla partiu para um jogo que não era favorito. Vindo de resultados positivos, como uma equipe extremamente entrosada e líder do campeonato paralelo a Barcelona e Real Madrid, o Villarreal entrou em campo com uma escalação bastante peculiar.

Garrido mandou a campo uma equipe mista e seu 4-4-2 com Monteiro e Cani nos flancos parecia, em tese, que daria muito certo, por serem dois jogadores bastante velozes. Porém, em uma partida tão importante, acabou deixando Rúben no banco em prol da titularidade de Altidore, que foi uma grande decepção no primeiro semestre. Do outro lado, Manzano surpreendeu: mandou seu time a campo no 5-3-2 e colocou uma linha de três extremamente ofensiva no meio-campo. Com seu nome ligado a Juventus e Corinthians, Luis Fabiano foi reserva, dando a entender que sua passagem pela Andaluzia está prestes a acabar.

A superioridade evidente do time rojiblanco se fez valer do pé daquele que vem sendo decisivo nos últimos jogos e é, sem sombra de dúvidas, o grande destaque deste Sevilla. Jogando no suporte a Kanouté e Negredo, Romaric mais uma vez fez uma partida espetacular e além de dar muito trabalho a Cicinho, foi o autor do passe para Negredo, que tocou por cima de Diego López e Renato chegou completando para abrir o placar. Dos seis gols do Sevilla feito contra o Villarreal na eliminatória, cinco passsaram pelos pés do camarones, que a cada dia cai nas graças da torcida. No final do primeiro tempo, Javi Varas fez uma excelente defesa em chute de Rossi, assegurando a vitória parcial sevillista antes do intervalo.

O enredo da primeira etapa voltou a se repetir no segundo tempo e, logo aos dois minutos, Kanouté aproveitou cobrança de Romaric e mandou a bola para o fundo do gol. E foi de escanteio que também nasceu o terceiro do Sevilla: após cobrança de Romaric, a bola desviou em Alexis e morreu dentro da meta de Diego López. Com 3 a 0 no placar e classificação praticamente garantida, o Sevilla passou a jogar com mais calma e segurar mais a posse de bola. Romaric ainda foi ovacionado pelo estádio, quando saiu para a entrada de Jesus Navas. Atual campeão do torneio, o Sevilla espera o vencedor de Real Madrid e Atlético de Madrid para seguir na briga pela manutenção do título.

A grande notícia da noite, fora a classificação, obviamente, ficou por conta de Sergio Sánchez. Treze meses depois de superar uma doença cardíaca, o volante voltou a disputar uma partida oficial. E logo de cara, foi titular e jogou os noventa minutos. Manzano o colocou como volante que protegia a zaga no 5-3-2, e Sánchez mostrou um bom futebol, sendo responsável por uma boa marcação em Cani, que, desta vez, passou em branco.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Pedras no sapato

Haedo Valdez comemora: a única derrota do Barcelona na Liga (diante do Hércules) foi graças a um doblete seu.(AP Photos)

O Barcelona é o indiscutível campeão de inverno do campeonato espanhol (título simbólico dado ao "campeão" do primeiro turno). De 57 pontos disputados nesta primeira metade da temporada, os azulgrenás somaram 52. Os cinco perdidos vieram de dois resultados inesperados: uma derrota ante o Hércules na segunda rodada e um empate ante o Mallorca na sexta rodada, todos eles no Camp Nou. Resultados inesperados que fizeram Valencia e Real Madrid liderar a competição momentâneamente. Porém, os blaugranas recuperaram a liderança após o embate com os dois times.

O time de Alicante foi o único capaz de ganhar com moral o Barcelona. O único, aliás, a ganhar os blaugranas nas três competições que o time de Guardiola disputa (Liga BBVA, Copa del Rey e Uefa Champions League. O Mallorca, por sua vez, merece uma menção honrosa por ter sido o único time a não perder para Barcelona e Real Madrid até o momento da temporada. Os bermellones iniciaram o campeonato sobre pressão e conseguiram, logo de cara, segurar o time redimensionado por José Mourinho. Na sexta rodada, conseguiu tirar dois pontos do Barcelona após sair atrás no marcador. Foi o último ponto perdido pelo Barcelona na competição, até o momento.

Desde que a Era Josep Guardiola começou, há três temporadas, sempre o Barcelona foi campeão de inverno e, no final da temporada, campeão espanhol. Na estreia de Pep no comando azulgrená, as azas negras do campeão na primeira metade da temporada foram o Numancia (derrota), Racing Santander (empate) e Getafe (empate). Na temporada passada, o Barcelona terminou o primeiro turno invicto, mas não com 100% de aproveitamento, graças a três empates fora de casa. Contra o Valencia (0 a 0), Osasuna (1 a 1) e Athletic Bilbao (1 a 1).

Contra o Hércules, os blaugranas entraram em campo com uma equipe mista e sem sua dupla de zaga, graças às lesões de Puyol e Piqué, em compromissos da seleção espanhola. Aproveitando a fragilidade de Abidal na zaga, que mostrou-se bem inseguro na marcação de Haedo Valdez, o paraguaio calou o Camp Nou ao marcar um doblete. Primeiro, Valdez aproveitou um bate e rebate na área azulgrená e chutou para o gol de Valdés para abrir o placar. Depois, no segundo tempo, um gol herculino à Barcelona: após tabela precisa entre Fritzler e Abel Aguilar, o meio-campista tocou na medida para o paraguaio, sem marcação, estufar as redes de Valdés e pôr um ponto final na partida, para surpresa dos torcedores culés e do mundo. Antes disso, o Barcelona ainda assustaria com uma bola na trave de Villa e um chute que passou rente à trave esquerda de Calatayud de Messi. O jogo marcou a estreia de Mascherano, que fez uma má partida e por pouco não foi expulso. Temerário, Guardiola o substituiu na volta do intervalo.

Contra o Mallorca, o Barcelona novamente jogou sem sua dupla de zaga, mas um outro desfalque foi bastante sentido: lesionado, Xavi ficou de fora do jogo e viu das arquibancadas o Barcelona sentir demais a sua presença, já que Keita, seu substituto, não armou o Barcelona à altura do meio-campista de Terrasa. Chegando a estar com 90% da posse de bola, os catalães pecaram nas finalizações e só abriu o placar após um chute colocado de Messi. O resultado da perda de tantos gols veio no fim do primeiro tempo: após dormir no posto, Milito viu Nseu antecipa-se a sua marcação e empatar a partida. Destaque para o nó tático dado por Laudrup em Guardiola. Percebendo o nervosismo do time anfitrião, o dinamarquês postou muito bem sua equipe na segunda etapa, fazendo os volantes auxiliaram o ataque em algum contra-ataque e fechando os espaços dos blaugranas, com uma defesa bem sólida.

Quem também foi inócuo na partida foi Bojan, reabrindo um debate: sem centroavante de ofício, o Barcelona não era aquele time avassalador de antes. Mas o debate logo se encerrou após os resultado conseguidos pelo time nos meses de Novembro e Dezembro. Com uma boa adaptação de Villa e a evolução do futebol de Pedro, o Barcelona não sente muito o peso de não ter um "nove" em seu time titular.

As pedras no sapato do campeão de inverno
2ª rodada: Barcelona 0x2 Hércules (Haedo Valdez - 2).
6ª rodada: Barcelona 1x1 Mallorca (Messi; Nsue).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Resumo: 19ª Rodada

Barcelona goleia Málaga, aproveita empate do Real Madrid e ensaia primeira fuga na competição (getty images)

Com o empate pouco digerido do Real Madrid ante o lanterna Almería, o Barcelona ensaia sua primeira fuga nesta Liga BBVA, abrindo quatro pontos de vantagens para o Real Madrid e tendo a vantagem nos critérios de desempate pela goleada no superclássico. Com o empate merengue e uma nova goleada perante o Málaga, o Barcelona encerra o primeiro turno na primeira posição, tornando-se o campeão de inverno. O que anima mais os torcedores culés é saber que, dos últimos nove campeões de inverno, apenas dois não tornaram-se campeões no final (Real Sociedad de 2002-03 e o próprio Barcelona, em 2006-07. Confira o resumo dos jogos da rodada.

Barcelona 4x1 Málaga
No dia que estreava Júlio Batista, o Málaga foi apenas mais uma presa do cada vez mais mágico time de Josep Guardiola. Sem querer levar sustos, Guardiola foi a campo com o que tinha de melhor e repetiu as escalações das manitas contra Real Madrid e Espanyol. Pellegrini, por outro lado, tinha todos os seus jogadores à disposição, mas surpreendeu ao deixar Rondón e Eliseu no banco por dentrimento de uma melhor colocação de Júlio Batista em campo. O brasileiro, de volta ao lugar onde teve sua maior glória no futebol espanhol, entretanto, não cumpriu às expectativas e não deu nenhum poder de fogo aos blanquiazules. Jogando um pouco mais avançado do que de costume, pegou na bola poucas vezes e, no resto da partida, foi anulado por Busquets e Puyol.

A partida serviu para mostrar que Villa está totalmente adaptado ao estilo de jogo do Barcelona (que facilitou por ser semelhante ao da seleção espanhola). Apesar de ainda continuar pecando no mau posicionamento, o que faz ficar em impedido com frequência, El Guaje parece estar tomando cuidado com isso. Além disso, foi responsável por um doblete, chegando a quatorze gols na temporada e ficando atrás apenas de Cristiano Ronaldo e Messi. La Pulga, por sua vez, não marcou, mas o jogo serviu para se consolidar no ranking de assistências: com uma para o primeiro gol de Villa, Messi chegou a quatorze, isolando-se no quesito. Messi poderia chegar a quinze, mas Iniesta acabou desperdiçando uma ótima oportunidade, cara a cara com Asenjo. Porém, no rebote, Pedro, como sempre na hora certa, apareceu para completar.

No feliz e calmo ambiente blaugrana, uma má notícia: Daniel Alves lesionou o músculo da perna direita, podendo ficar de 10 a 15 dias, e seu substituto, Adriano, não foi bem. Lateral direito de origem, mas mais acostumado a jogar na esquerda, Adriano não deu a mesma mobilidade no lado direito do ataque azulgrená e pode ser uma incógnita para Guardiola. Como lateral esquerdo, se consagrou no Sevilla e chegou a fazer boas partidas com os catalães, mas ainda deve na direita. A outra opção para Guardiola é a improvisação de Puyol, abrindo espaço para Milito, que resolveu ficar no Barcelona, jogar no lugar do capitán na zaga.

Este Barcelona segue quebrando recordes atrás de recordes: com a vitória sobre os malagueses, e consequentemente o título simbólico de inverno, os azulgrenás tornaram-se o maior campeão de inverno desde o novo formato da liga bbva. São incríveis 52 pontos, 17 vitórias e 28 partidas invictas. Foram apenas cinco pontos perdidos, na derrota para o Hércules e no empate contra o Mallorca (curiosamente, os dois no Camp Nou).

Almería 1x1 Real Madrid
Após quatro partidas seguidas entrando no segundo tempo, Kaká ganhou sua primeira chance como titular do Real Madrid na temporada neste domingo. Porém, o brasileiro teve atuação apagada e viu o time de José Mourinho sofrer para empatar em 1 a 1 com o Almería, lanterna do Campeonato Espanhol, e que levou de oito do Barcelona neste mesmo estádio. A escolha por jogar sem um centroavante de ofício "irritou" Valdano, além de fazer o Real Madrid pouco assustar o lanterna do campeonato. No meio-campo, Özil e Kaká bateram cabeça durante boa parte da primeira etapa, e os blancos não criaram quase nada. Na frente, a opção por Cristiano Ronaldo como falso centroavante não fez certo, desta vez. Apesar de marcar sete vezes em três jogos nessa posição nesta temporada, o português pouco pegou na bola enquanto exercia essa função e só passou a aparecer para a partida após voltar à posição original, quando Mourinho sacou Kaká para colocar Benzema e retornar ao 4-2-3-1 "original".

A relação de Valdano e Mourinho nunca foi as das mais animadoras e se azedou mais ainda após declaração dada pelo dirigente após a partida. Perguntado sobre a busca por um "nove", Valdano disparou: "havia no banco de reservas um nove hoje e o que fazem com Benzema é injustiça". Conhecido por sempre revidar, até agora Mourinho não deu nenhuma declaração diretamente a Valdano, mas é fato que a relação entre os dois está conturbada.

O empate suado foi muito comemorado pelos jogadores do Almería. E com razão. Numa semana em que disputou pela primeira vez na sua história as quartas de finais da Copa del Rey, e saiu com o resultado a favor, o empate, ainda que não o tire da lanterna, pode dar uma grande injeção de ânimo para a continuidade da temporada. Ainda que não seja unanamidade, José Luis Oltra começa a cair nas graças da torcida: seu 4-3-1-2, agredindo o Real Madrid, quase deu certo, tendo em vista que a missão de Oltra era sair com os trê pontos (apesar de improvável), mas o time cometeu um erro primário: boa parte de seus jogadores foram para frente e, assim, acabou dando espaços para o Real Madrid contra-atacar, onde acabou fatal: Benzema rolou e Granero soltou a bomba no ângulo de Diego Alves, definindo o empate. No final da partida, Cristiano Ronaldo ainda jogaria uma bola no travessão, após suposto pênalti de M'Bani, mas o jogo acabou 1 a 1, satisfazendo o Barcelona.

Atlético de Madrid 3x0 Mallorca
Querendo esquecer o mal momento na temporada, o Atlético de Madrid foi para o jogo disposto a ganhar e concentrar suas forças para a volta da Copa del Rey. O objetivo aconteceu e, mesmo sem empolgar, o Atlético de Madrid ganhou bem do Mallorca, conseguindo sua primeira vitória em 2011 pela Liga. O Mallorca pode-se dar totalmente insatisfeito com o resultado por saber que poderia ter saído do Vicente Calderón com os três pontos. O time de Laudrup teve duas chances claras de gols, mas viu o Atlético de Madrid sair na frente com Valera.

O gol do lateral direito (o primeiro pelo Atlético de Madrid desde 2006) também abre um debate: nos últimos jogos, a defesa roja, sempre elogiada por transbordar segurança, vem falhando com frequência, o que já preocupa Michael Laudrup. No segundo gol rojiblanco, a mesma tônica: o Mallorca pressionava, mas em um contra-ataque, Mérida achou Forlán entre Rúben e Nunes e o uruguaio deixou Aouate para trás para chegar ao seu sétimo gol na Liga, empatando com Agüero. No segundo tempo, De Gea viria a aparecer, defendendo um pênalti de Webó, e Reyes matou a partida em um novo contra-ataque fulminante dos anfitriões.

Elias jogou apenas quarenta e cinco minutos e causou boa imprensão. Apesar de atuar pouco tempo (foi substituido na volta do intervalo para a entrada de Juanfrán), Elias foi bem seguro na marcação do meio-campo e sempre levava perigo quando atacava. Em seu melhor estilo, o brasileiro recebeu de Tiago e acertou um belo chute cruzado, que acabou sendo impedido de entrar nas redes por Aouate. Antes do dérbi, o Atlético de Madrid finalmente encontra paz, mas a missão de remontar para cima do seu maior rival continua difícil, mesmo após os resultados conseguidos pelas duas equipes nesta rodada.

Valencia 2x0 Deportivo
No Mestalla, quando o jogo encaminhava para um 0 a 0 insonso, Mathieu apareceu na esquerda e soltou um belo chute praticamente sem ângulo para colocar o Valencia no caminho das trilhas. Numa partida onde foi claramente superior, o Valencia encontrou algumas dificuldades para cerrar a defesa blanquiazul, novamente escalada com cinco zagueiros. A de se destacar a partida de Tino Costa. Preterido por Unai, o argentino entrou na segunda etapa e foi um dos principais responsáveis pela vitória ché. Importante nas infiltrações pelos flancos e na organização de jogo, foi dele, por exemplo, a assistência para o gol de Pablo Hernández, que fechou o marcador. Antes da entrada do argentino, o Valencia voltou a mostrar sua carência quanto a criação. Aproveitando-se disso, o Depor dominou o meio-campo, mas não conseguiu capitalizar a posse de bola em oportunidades de gols. Após o jogo, Lotina voltou a lamentar a falta de pegada de sua equipe. Segundo o técnico blanquiazul, oportunidades foram criados; porém, faltou mais cuidados para concluí-las com exitos.

Sevilla 1x2 Espanyol
O Sevilla voltou a decepcionar. Juventude, muitas ganas, inteligência e boa colocação no terreno de jogo. Qualidade pouca. Quase nenhuma alteração desde a comissão técnica. Pegada... pouca, porque o atacante titular se lesionou para dois meses. Só com esses adjetivos, o Espanyol venceu o Sevilla. Há algum tempo isso não teria acontecido de forma alguma. A imagem não foi tão ruim como nas apresentações ante o Getafe, Mallorca e Almería, porém, isso não deve esconder os gravíssimos problemas dessa equipe, que agora é dependente de jogadores como Romaric. Não se pode dizer que o Espanyol foi melhor no primeiro tempo, apesar do gol. Tampouco pode se falar de uma clara superioridade sevillista. Os jogadores de Manzano tiveram mais posse de bola, chegaram mais e foram superiores em quase todos os atributos de um jogo, porém, possuem carências e os rivais exploram isso. O Sevilla sofre até mesmo quando parece estar dominando a partida. Atrás é um desastre.

O segundo tempo foi uma cópia do primeiro. Domínio e posse de bola sevillista com pouca pegada e dúvidas no meio de campo, onde Romaric ficava sem gasolina. A zaga também era insegura. Todas as chegadas eram geradas pelas laterais e Kameni detinha os poucos chutes que Luís Fabiano e Kanouté eram capazes de tentar. O Espanyol mandou uma bola nas costas da defesa para Callejón e Martín Cáceres se fez de louco e falhou de forma imperdoável. Logicamente, Callejón fuzilou a Javi Varas com prazer e chegou ao doblete. Foi aí que a partida morreu para o Sevilla, jogo que não poderia perder se quisesse seguir alimentando o sonho de conseguir os seus objetivos na temporada. O seguinte gol de Negredo foi muito bonito, porém, não houve tempo para mais.

Villarreal 4x2 Osasuna
Com direito a um "gol que Pelé não fez" de Cani , o Villarreal bateu o Osasuna por 3 a 1 e concentra suas forças no confronto contra o Sevilla pela copa del rey. A vitória também serviu para reafirmar que, faltando um turno para o fim do campeonato, parece difícil alguém tirar a terceira colocação do Villarreal, que vai assegurando o título do "campeonato paralelo". Ante o Osasuna, o Villarreal voltou a mostrar sua qualidade ofensiva. Velozes e bem entrosados, Rossi e Marco Rúben infernizaram a vida dos zagueiros rojos. Prova de maior intesidade do ataque amarillo é ver que, nos últimos quatro jogos, o time marcou treze gols. Porém, se há uma ótima qualidade ofensiva, a defesa recompensa: nesses últimos quatro jogos, recebeu dez gols. Essa incostância acontece muito por causa da exposição que vive a defesa amarilla. Como os volantes e os laterais sobem demais, os zagueiros ficam sempre sobrecarregados caso o time sofra algum contra-ataque.

Na estreia de Cicinho, que fez uma partida segura, palmas para Cani. Na volta para o intervalo, o meio-campista acertou um lindo chute desde o meio-campo encobrindo Ricardo, que estava bem adiantado. Se há o que se destacar no Osasuna esse é a sua persistência. O time de Navarra não se rende nunca e, mesmo não tendo um time bom tecnicamente, a intesidade é a mesma.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Eternas promessas: José Mari

Com tantas lesões, José Mari viu seu futuro promissor virar pó e já agoniza aos 32 anos. Hoje, no Xerez, tem o carinho da torcida e é visto com um líder dentro de campo (AS)

Imagine se um jovem e promissor atacante como, por exemplo, o Thiago Ribeiro, se machuca e passa o resto da carreira pulando de time em time? É difícil, mas não impossível. Um exemplo é o atacante José Mari, sevilhano que foi apontado como a grande promessa do futebol espanhol em 1997, mas que não foi muito longe nos grandes clubes do futebol europeu.

O problema é que José Mari parece ter sido escolhido a dedo pelo azar e hoje, aos 32 anos, figura na lista dos eternos lesionados, um futuro inimaginável para quem o viu em início de carreira. Forte fisicamente, rápido e brigador, ninguém poderia crer que uma série de lesões fosse afastá-lo da elite do futebol tão rapidamente.

O começo e o auge
Formado nas categorias de base do Sevilla, ele estreou nos profissionais em 02 de fevereiro de 97, aos 18 anos. No Rámon Sánchez Pizjuán, o jovem atacante andaluz marcou sete gols nos 21 jogos em que teve alguma participação. Ele acabou convocado para a seleção sub-18 da Espanha, onde jogou sete partidas e anotou seis gols. Com isso, o garoto ganhou visibilidade e a cobiça de vários clubes. O vencedor da briga foi o Atlético de Madrid, que conseguiu levá-lo para o Vicente Calderón ainda em 97. O ambiente no clube era tranquilo, já que a pressão por títulos havia sido apaziguada com a conquista da nona taça nacional pelos colchoneros, na temporada 95/96. Por lá, o garoto ficou três temporadas, de 97 a 2000. No primeiro ano, foram 44 partidas disputadas e nove gols marcados. No segundo, 51 partidas e 19 gols. E no terceiro ano, 16 partidas e apenas 3 gols anotados.

Enquanto isso, Mari continuou sendo convocado para as categorias de base da seleção. Na sub-21, ele jogou 12 partidas e marcou cinco gols. Com a sub-23, ele disputou os Jogos Olímpicos de Sydney e foi titular na conquista da medalha de prata da competição. A Espanha acabou perdendo a taça para Camarões após empatar em dois a dois na final e perder nos pênaltis por cinco a três. Com três gols marcados nos jogos olímpicos, o garoto se tornou uma das sensações do futebol europeu e acabou transferindo-se para o Milan, ainda em 2000. O que seria só o começo para muitos, hoje é visto como o auge da carreira de José Mari, já que a partir dali ele não conseguiu ir muito longe.

A carreira de José Mari seria interrompida em vários momentos por conta de lesões e contusões seguidas. A primeira delas foi enquanto esteve no Milan, onde ficou no estaleiro por muito tempo. Antipatizado, ele voltou ao Atlético em 2002 por empréstimo de um ano. Pelo Milan, foram duas temporadas, de 2000 a 2002, e um histórico de apenas cinco gols marcados em 52 jogos. Na volta ao Atlético, os números também não foram animadores, apenas seis gols em 31 partidas.

Chateado pelas terríveis atuações do time no ano do centenário do clube, em 2003, o presidente do clube, Jesús Gil, disse ao anunciar a saída do atacante que “cada um tem o final que merece. Ele não vai seguir aqui, mas lhe desejo todo o melhor, não lhe desejo nenhum mal”. Questionado, o atacante andaluz passou a procurar novos ares. Uma proposta do Villarreal em 2003 pareceu-lhe a mais adequada naquele momento. Aos 25 anos, Mari ainda precisava provar muita coisa para ser para não ser lembrado como uma eterna promessa.

Reação e nova queda
No submarino amarelo, as coisas melhoraram. A rapidez e o bom posicionamento de outrora pareciam ter voltado e, novamente, foi difícil marcar os cabeceios quase sempre certeiros de José Mari. No ano de sua chegada ao El Madrigal, ele foi campeão da Copa Intertoto de 2003 e garantiu, com isso, uma vaga para o Villarreal na disputa da antiga Copa da UEFA, hoje Liga Europa. A reação, porém, esbarrou em várias lesões na perna esquerda, que o tiravam dos gramados por longos períodos. A concorrência com Giuseppe Rossi também ajudava a mantê-lo afastado dos campos. Em 2007, com 113 jogos e apenas 15 gols marcados, José Mari acabou voltando para Sevilha para atuar pelo Real Betis, time que atualmente disputa a segunda divisão espanhola.

Desde então, o atacante nunca mais voltou a atuar por um grande clube e passou a acumular uma série de passagens e números sem expressividade alguma. No Real Betis, ele marcou o primeiro gol um ano após sua chegada. Ao todo, foram 21 jogos e apenas um gol marcado, o que ocasionou na sua transferência para o Gimnàstic de Tarragona, em 2008. No Nàstic, ele ficou mais um ano, jogando 42 vezes e marcando 8 gols.

Hoje, no Xerez, finalmente José Mari tem o carinho da torcida e é visto com um líder dentro de campo. O time está em sexto lugar na Liga Adelante e parece ter força para lutar pelo acesso à série A espanhola. Aos 32 anos, não dá mais tempo de José Mari buscar consagração. Para novas conquistas, porém, enquanto a bola estiver rolando, nada está perdido.

Texto de Clarissa Carramilo

José Mari
Nome completo: José María Romero Jiménez Poyón
Data de nascimento: 10/12/1978
Local de nascimento: Sevilha, Espanha
Clubes que defendeu: Atlético de Madrid, Milan, Villarreal, Real Betis, Gimnastic de Tarragona, Deportivo Xerez
Seleções de base que defendeu: Espanha sub-19, Espanha sub-21 e Espanha sub-23

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Garotos prodígios: David De Gea

Após um início meteórico, De Gea superou concorrentes de nome e, mesmo com seus 19 anos, é titular indiscutível no Atlético de Madrid. Comparações com Casillas são inevitáveis (getty images)



A frase de que todo grande time começa por um grande goleiro é uma das explicações para a irregularidade e tantos momentos ruins do Atlético de Madrid desde o rebaixamento para a liga adelante, já há 11 anos. A queda levou o grande goleiro José Molina embora, abrindo uma sequência maldita de péssimos camisa 1 que até hoje não se encerrou. Do outro lado disso está David de Gea, que após um início de temporada em que soava desprestigiado, deixou Sergio Asenjo para trás e se tornou titular do gol do Atlético de Madrid em uma incrível reviravolta. Depois de ótima colaboração para quebrar a invencibilidade do Barcelona em 2009/10, De Gea luta para encerrar esta maldição e suprir uma lacuna existente no coração colchonero: ser o canterano querido dos torcedores, posto em aberto desde que Fernando Torres partiu para o Liverpool.

Não foi à toa que o novo titular do gol rojiblanco ganhou o apelido de Van der Gea. Esguio, ágil e com um reflexo impressionante, tem uma similaridade física com o holandês Edwin Van der Sar e uma fama que se espalha por todo o mundo desde 2007, ano em que foi campeão europeu sub-17 e vice-campeão mundial da mesma categoria. Pertence a De Gea uma das maiores atuações de um goleiro em competições Fifa. Foi no Mundial Sub-17 de 2007 que ele ganhou tanto respeito por conta do que fez em um empate de 1 a 1 contra a França de Damien Le Tallec e Henri Saivet. A Espanha esteve nas cordas em boa parte do segundo tempo e da prorrogação, mas contou com De Gea inspirado e avançou nos pênaltis. Em quatro jogos de mata-mata, só sofreu dois gols e naturalmente foi o melhor goleiro da competição.

O jovem arqueiro nasceu em Madrid, em novembro de 1990, mas passou a sua infância inteira sendo criado em Illescas (que fica na região de Tolledo). Deu seus primeiros passos futebolísticos num lugar em frente a sua escola, em Casarrubuelos. Estreou com a camisa rojiblanca no inesquecível 30 de novembro de 2009, mas essa história será contada daqui a pouco. A rápida passagem da Espanha de Asenjo pelo Mundial Sub-20 em agosto só lhe concedeu duas chances de jogar e a crise colchonera não foi lá um incentivo. Ainda assim, o jovem conseguiu um empate e uma vitória, sofrendo só dois gols.

A longa crise, porém, permaneceu no Vicente Calderón e seguiu a exterminar goleiros. Roberto deu vexame em goleada sofrida contra o Barcelona e depois foi negociado. Asenjo, embora virtuoso, tinha à frente uma defesa completamente instável e desprotegida. Então colecionou falhas: a última, contra o Sporting Gijón, lhe custou de vez a titularidade. Quique Sánchez Flores anunciou à imprensa que era necessária uma mudança de ares no gol colchonero. Em outras palavras, a chance da vida de De Gea. No dia do confronto contra o Zaragoza, uma surpresa: o promissor goleiro ganharia uma chance no time titular. O Atlético de Madrid chegava pressionado para a partida. Em sete rodadas de campeonato, o time, que era tido por muitos como um dos favoritos, ainda não havia vencido nenhuma e o cenário em Manzanares era conturbado. Aos 17 minutos do primeiro tempo, De Gea deu as caras ao mundo: num jogo crucial para definir a situação de Abel Resino (à época treinador do Atlético de Madrid e pressionado no cargo), o arqueiro mostrou uma de suas principais virtudes, ao defender um pênalti cobrado por Babic. Ao final do jogo, o Atlético de Madrid venceu sua primeira partida na competição e o jovem goleiro saiu de campo ovacionado pelos aficionados colchoneros.

No Vicente Calderón, cada vez mais se convencem de que ele não larga mais a titularidade e corresponde às expectativas de uma trajetória similar a de Iker Casillas, seguro no Real desde os 17 anos. De Gea fez parte da pré-lista elaborada por Vicente Del Bosque do grupo que viajaria à África do Sul para disputar a Copa do Mundo. Porém, van der Gea acabou sendo preterido pelo técnico madrileño, que optou por Víctor Valdés. Contudo, Del Bosque elogiou o garoto e afirmou "que o jovem estará na Copa no Brasil". Quem também rasgou o goleiro de elogios foi o mancuniano Sir Alex Ferguson. O técnico escocês, que há tempos vem mostrando interesses no arqueiro, também foi um a afirmar que "tem certeza de que o goleiro será o titular no gol rojo na Copa de 2014."

Será o fim de uma maldição que já assolou o gol colchonero: desde a venda de Molina ao La Coruña, no instante da queda à segunda divisão, passaram nomes como Burgos, Leo Franco, Coupet, Burgos, Abbiati, Ivan Cuéllar, Sergio Aragoneses e Toni pelo Vicente Calderón. Em comum a todos eles ficou o fracasso como resultado final. Em apenas uma temporada, o garoto deu uma reviravolta incrível: assumiu a titularidade no gol atleticano, após iniciar a temporada como escolha número três. Além disso, goza de enorme prestígio aos torcedores colchoneros e a natural empatia de um jovem formado nas próprias canteras.

David De Gea
Nome: David De Gea Quintana.
Data de nascimento: 7 de novembro de 1990.
Clube: Atlético de Madrid.
Estatura: 1, 92 m.
Títulos: Eurocopa Sub-17 de 2007, Uefa Europa League 2009-10, Supercopa da Europa 2010.

Complicado, Atlético...

Ambiente tenso: com mais uma derrota em um dérbi, Quique Sanchéz Flores começa a ficar com as cordas bambas (getty images)

Como deixar de confiar em um time que tem em seu plantel jogadores como Agüero, Forlán, Reyes, De Gea, Filipe Luís, Juanfran? Mas como confiar em um time que, ano após ano, se planifica da melhor maneira possível, gasta muito dinheiro com contratações e, principalmente, não vence o seu maior rival a 35 partidas (12 anos, para exemplificar melhor)? Este dilema pauta o Atlético de Madrid. Os rojiblancos são, sem sombra de dúvidas, um dos times mais difícil de entender em cenário espanhol (e, quem sabe, mundial). Vindos de uma derrota acachapante ante o Hércules, o Atlético de Madrid chegou para o dérbi de ontem pressionado - mais uma vez, diga-se de passagem.

Quando Forlán abriu o placar aos sete minutos, parecia que o tabu estaria prestes a cair. Só parecia. Em nenhum momento o Real Madrid "ajudou" para que a racha negativa colchonera pudesse acabar. Com Cristiano Ronaldo e Özil em dia inspirado, os merengues enlouqueceram a zaga rival, e De Gea era obrigado a fazer grandes defesas para evitar um resultado maior. O jovem goleiro, aliás, só não foi o melhor jogador da partida porque o português e o turco-alemão tiveram um destaque maior. De Gea fez defesas de tudo que é jeito e sem tem alguém a se elogiar neste Atlético de Madrid é o arqueiro. Agüero e Forlán também deram trabalhos à defesa blanca, mas no todo da partida, Sergio Ramos - deslocado para função de zagueiro - e Ricardo Carvalho souberam conter bem os ataques da dupla sul-americana.

O time de José Mourinho se manteve bem ofensivo no primeiro tempo. Teve quase 70%de posse de bola e finalizou oito vezes, contra apenas uma dos visitantes. Na segunda etapa, o ímpeto merengue aumentou mais e orquestrados por Özil, que, até então, fazia uma partida tímida, o Real Madrid virou. A saída de Benzema e a entrada de Kaká também foi um dos fatores da virada merengue. Não que o brasileiro tenha tido participação nos gols, mas a movimentação da equipe mudou e ficou mais veloz, já que Benzema estava muito parado. Antes do gol da virada, porém, Forlán jogou na trave a chance de desempatar o marcador. Um minuto depois, Özil partiu para jogada individual pela direta, deixou Filipe Luís para trás e cruzou na medida para Cristiano Ronaldo aumentar.

No final da partida, Özil fez um de seus gols mais fáceis, mas que serviu para consagrar o melhor jogador da partida. O turco-alemão tabelou com Cristiano Ronaldo e a bola acabou batendo em Filipe Luís e voltando para a canhota mágica do meio-campista, que jogou no canto esquerdo de De Gea para definir a partida. "Falha feia do Filipe Luís, que parece ter ficado na Galícia e mandado um irmão gêmeo pra Chamartín", bem definiu o amigo Leonardo Bertozzi. O lateral brasileiro ainda não se encontrou em Manzanares e parece ter esquecido aquele futebol que quase o levou ao Barcelona.

Sobrou para Quique Sanchéz Flores. O treinador se reuniu com Jesus García Pitarch, diretor esportivo rojiblanco, por duramente uma hora. Quem também não gostou nada da postura dos seus jogadores em campo foi o presidente do clube, Enrique Cerezo. Nas palavras do presidente "os seus jogadores não têm nada do que reclamar do árbitro e que já está cansado de ver a mesma postura exercida em jogos contra o Real Madrid". Apesar de Quique Sanchéz Flores ter mudado totalmente o discurso, ao falar que o Atlético tem chances de classificação por ser "supercompetitivo" em jogos eliminatórios, o ambiente rojiblanco está muito conturbado. E só uma classificação pode inverter a situação, além de dar uma grande injeção de ânimo para a continuidade da temporada.

Na Andaluzia...
Pela primeira vez em sua história, o Almería entrava a campo disputando uma quarta-de-final de Copa del Rey. Disposto a levar o jogo para o Riazor, Lotina montou seu Deportivo no 5-4-1. Porém, não contava com a má sorte de Rindaroy, que marcou o único gol da partida. Um gol contra. Em uma partida bem fraca tecnicamente, as emoções que tomaram o restanta da Copa del Rey não deram as caras no Juegos Mediterráneos por ao menos um minuto. Apenas cinco chutes ao gol em 90 minutos explica porque de uma partida tão fraca. De destaque, apenas Piatti. Presente em todas as ocasiões de perigos do time rojiblanco, o argentino foi o nome da partida, já na vigília para o jogo contra o Real Madrid, no domingo.

Veja também:
Villarreal 3x3 Sevilla
Barcelona 5x0 Real Bétis

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Copa ainda importa

No seu melhor momento na temporada, o Sevilla conseguiu um importante resultado jogando no El Madrigal (reuters)

Villarreal e Sevilla levaram a sério o confronto pela Copa del Rey e foram a campo com boa parte do time titular. Manzano já avisou que irá priorizar a competição em prol de salvar o ano, mas o momento que o Sevilla vive talvez seja o melhor na temporada: o time andaluz vem de cinco vitórias consecutivas e ainda sonha com uma vaga na próxima Liga dos Campeões.

Negredo voltou a ser eficiente e, substituindo Luis Fabiano, novamente lesionado, foi o autor de um doblete. Postado num 4-2-3-1 bem compacto, o Sevilla viu os velozes Cani e Cazorla imporem trabalhos pelos flancos. E, em menos de trinta minutos, o Villarreal já havia mostrado todo seu poderio: marcou dois gols, com Cani e Rossi. Nos dois gols, Marco Rúben foi importante. Na ausência de Nilmar, o camisa nove amarillo tem sido essêncial e, após vencer a desconfiança por parte da torcida e dos críticas, não tem deixado a produtividade ofensiva dos Submarino Amarelo cair. A partir daí, o Sevilla acordou e Romaric osquestrou os andaluzes. O meio-campista participou dos três gols marcado pelo Sevilla no jogo. Primeiro, lançou Negredo, que dominou com estilo, tirando da marcação de Catalá, e tocou na saída de Diego López.

No segundo tempo, o jogo ganharia ainda mais emoções e movimentação, com o terceiro gol do Villarreal, marcado por Rúben, após cruzamento de Capdevilla. O Sevilla, porém, descontou logo em seguida. Romaric cruzou para Negredo, que cabeceou sem chances para Diego López e marcou seu doblete na partida. Porém, um lance capital mudou todo o rumo da partida. Aos 39', Borja Valero lançou Rúben, que, na mesma linha que Escudé e Alexis, antecipou-se aos dois e tocou na saída de Varas. Undiano Mallenco, entretanto, validou o gol, para desespero de Garrido, que, em outras palavras, criticou a postura do árbitro no lance. Se, contra o Real Madrid, o Villarreal já havia sofrido com os erros de arbitragem, o sofrimento se prolongou. E o erro de Undiano Mallenco teve consequência aos 43': Romaric novamente apareceu pela esquerda e cruzou na medida para Alexis completar e empatar a partida para o atual campeão da competição.

Para o Villarreal, ficou o pensamento de azar da equipe, que pecou muito nas finalizações no segundo tempo. Pelo menos na Copa del Rey, esse Sevilla anima: já foram marcados 21 gols, o que dá uma média de 4, 2 gols marcados por partida. Para a volta, o Sevilla pode empatar por até dois gols, que irá garantir vaga nas semifinais da competição.


Os melhores do mundo brilharam em uma nova manita do Barcelona. Hat-trick de Messi, eleito o melhor jogador do mundo pela segunda vez consecutiva (daymail)

No Camp Nou, aqueles que não assistiram a partida, e viram apenas o resultado, imaginam que o Bétis foi com o intuito de se defender e não aguentou a pressão blaugrana, saindo do Camp Nou humilhado. Pois bem, a equipe treinada por Pepe Mel foi com uma postura totalmente diferente daquela, jogou em contra-ataque, conseguiu segurar o Barcelona por um bom tempo, mas o preparo físico fez falta: quando os verdiblancos perderam o fôlego, o Barcelona fez três gols e matou a partida. O que Rafael Gordillo, presidente do Bétis, mais temia aconteceu: o Barcelona goleou o Bétis por 5 a 0, garatindo praticamente a sua vaga nas semifinais da Copa. O presidente andaluz havia pedido à LFP que invertesse o mando de campo do jogo de ida, passando-o para o Benito Villamarín. A principal preocupação do presidente era de que sua equipe fosse goleada na Catalunha e, no jogo da volta, ninguém comparecesse ao estádio, causando prejuízo ao clube.

Durante boa parte do primeiro tempo, Ruben Castro deu bastante trabalho a Piqué e Pinto, que, como titular, não desapontou Guardiola: o arqueiro foi, seguramente, um dos nomes da partida, evitando, pelo menos, três ou quatro gols por parte andaluza (sem exageros). Com boa parte de seus jogadores titulares, o Barcelona mostrou todo seu poderio, mas parava nas boas defesas do goleiro Casto. Quando o goleiro verdiblanco não parava o ataque catalão, a trave evitava o gol do time anfitrião, como aos 2’. Em contra-ataque, Xavi abriu para Maxwell na esquerda, que cruzou na medida para Villa finalizar na baliza direita do goleiro. Com o jogo parelho, o Barcelona só foi abrir o placar no finalzinho da primeira etapa. Messi recebeu de Iniesta e, com um sútil toque, encobriu Casto para abrir o placar para o Barcelona. Ainda no primeiro tempo, Ruben Castro voltou a incomodar a defesa azulgrená, quando carimbou o travessão de Pinto.

O jogo só começou a ficar totalmente nas mãos do Barcelona, quando Messi chegou ao seu doblete, aos 16' do segundo tempo. O show de Messi continuou aos 29'. A pulga recebeu bom passe de Xavi e, cara a cara com Casto, tocou com categoria na saída do goleiro para garantir seu hat-trick. Com a defesa do Betis abatida, o Barcelona ampliou novamente aos 31', quando Daniel Alves tocou para Pedro marcar o quarto dos donos da casa. A goleada não diminuiu o ímpeto do Barcelona, que continuou pressionando o Betis e chegou ao quinto gol aos 38'. Iniesta fez linda jogada de linha de fundo e, com um toque genial, cruzou para Keita completar para as redes. Com a vitória, o Barcelona praticamente garantiu sua vaga nas semifinais e deixa vivo as chances de conquistar uma nova tríplice coroa. O jogo ficou marcado por um momento de discussão entre Piqué e Daniel Alves, que logo fizeram as pazes.