sábado, 30 de outubro de 2010

Craques da LFP: Xavi Hernández

Xavi está no Barcelona desde 1991 e de lá para cá só evoluiu (Blaugranas.com)


Xavier Hernández Creus, ou simplesmente Xavi. Simples é uma palavra que muito tem relação com o futebol do meia, que só defendeu a Furia e o Barça. Jogador de técnica refinada, mas que jamais complica o futebol, tudo para ele parece mais fácil e acontece antes de que outros possam pensar na jogada. Xavi é um daqueles que vive o futebol e já declarou que é louco por futebol.


Nascido em Terrassa na Catalunha, Xavi começou sua carreira futebolistíca no principal clube da região, o Barcelona. Com 11 anos chegou à La Masia, e depois de seis anos já estava no Barcelona B. Durante esse período, o meia-central evoluiu muito seu jogo.

No time B Blaugrana, Xavi foi tido como o cérebro da equipe que conseguiu a promoção à Segunda divisão espanhola, comandado por Jordi Gonzalvo (ex-jogador das canteras do Barça). Chegar ao time principal foi questão de pouco tempo e em 1998 foi pela primeira agregado ao elenco dos Culés e jogou a Supercopa Espanhola contra o Mallorca.

2000 foi o ano em que o jovem meia passou a ser membro definitivo da equipe principal. Pela primeira vez Guardiola – Seu atual técnico – cruzou seu caminho. O dententor da titularidade à época se machucou, abrindo espaço para Xavi aparecer como titular, durante a recuperação de Guardiola.

A partir de Louis van Gaal em 2000, Xavi passou a ser membro fundamental de todos os treinadores que passaram pelo Camp Nou. O meia-central conquistava todos os comandantes por apresentar um estilo de jogo versátil, sabendo marcar, mas contando com muita qualidade nos passes e nos arremates de fora da área.

Porém, a grande mudança na sua carreira veio com Frank Rijkaard, em 2003-2004. Para quem não se lembra, Xavi era membro do time base Blaugrana, que recebeu Ronaldinho Gaúcho: Rüstü; Reizeger, Puyol, Márquez, O. López; Cocu, Xavi, Luis Henrique, Overmars; Saviola e Kluivert.

O técnico holandês soube aproveitar uma das principais qualidades do até ali meia-central/2° volante, o passe. Rijkaard adiantou Xavi, fazendo com que ele tivesse mais chances de finalizar e ceder mais assistências para os companheiros. Depois das mudanças, o meia virou nome importantissimo a equipe Blaugrana.

Porém, Xavi sofreu uma grave lesão durante o treino e ficou afastado dos gramados por aproximadamente seis meses. Sua volta foi ao banco de reservas na conquista da Liga dos Campeões 2005-06, no Stade de France. O meia não sabia, mas essa mudança proposta e executada por Rijkaard, mudou a sua carreira. De bom jogador, Xavi passou a ser considerado um dos melhores do mundo.

A temporada de 2007-08 foi seu grande ano. No Campeonato Espanhol, ele anotou sete gols – seu recorde até ali. E ao final das disputas pelo clube, Xavi se juntou à seleção espanhola para disputar a Eurocopa 2008. A Furia conseguiu o título batendo a Alemaha na final e Xavi foi proclamado o melhor jogador da competição.

No primeiro ano de Guardiola, Xavi manteve o ótimo momento vivido na temporada anterior e foi fundamental ao Barcelona, que ganhou todos os títulos que disputou. Pela Liga Espanhola foram 20 assistências, que o deu a liderança nesse quesito. Na Liga dos campeões também foi o líder nos passes para gol, com sete.

Com todos os títulos e papel importante neles, Xavi recebeu várias condecorações individuais. Veja a lista: Seleção do ano da FIFAPro, Seleção da UEFA, Melhor Jogador da Final da Liga dos Campeões, Melhor Meia da Liga dos Campeões, Melhor Meia do Campeonato Espanhol e Terceiro Melhor Jogador do Mundo pela FIFA e France Football. Haja espaço para tanto prêmio.

A temporada antes da Copa do Mundo não foi das melhores, pois lesões acompanharam seu ano. Porém mesmo assim, Xavi ficou com a liderança nas assistências do Campeonato Espanhol, foram 14 passes para os companheiros marcarem.

O Mundial chegou e para deixar de lado as desconfianças, a Espanha precisaria muito de Xavi. E o meia Blaugrana não fugiu da responsabilidade. Deu a marca ao jogo espahol, praticamente todas as jogadas passaram pelo seu pé. O resultado: Com Xavi, Iniesta e Villa, a Espanha levou seu primeiro título de Copa do Mundo e Xavi se tornou favorito ao título de Melhor Jogador do Mundo. Está claro, que Xavi é um dos que merece muito esse título.

Xavi Hernández
Nascimento: 25 de janeiro de 1980, em Terrassa
Posição: meio-campista
Clubes (incluindo o seu início nas canteras): Barcelona (1991-Até hoje)
Títulos: Cinco Ligas (1999, 2005, 2006, 2009 e 2010), Copa do Rei (2009), quatro Supercopas Espanhola (2005, 2006, 2009 e 2010), duas Ligas dos Campeões (2006 e 2009), Supercopa Europeia (2009), Mundial de Clubes (2009), Mundial Sub-20 (1999), Medalha de Prata nos Jogos Olímpicos (2000), Eurocopa (2008) e Copa do Mundo (2010)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Déjà vu?

Em 2009-10, o Zaragoza começou a temporada com uma estrutura pesada, custosa, cheia de jogadores de alguma projeção e responsabilidade de disputar a metade de cima da tabela. Não suportou o peso dela e rondou a zona de rebaixamento todo o primeiro turno. Quando José Aurélio Gay assumiu e deu espaço a mais garotos – tendo Ponzio e Edmílson como pontos de experiência –, os maños cresceram. Junto a isso, pode vir algumas contratações fundamentais para a equipe, como Suazo e Edmilson, e a recuperação do futebol fino e goleador de Adrián Colunga, que estava em "crise".

Os maños, assim, passaram a praticar um futebol mais veloz e aguerrido, compatível com a disputa das últimas posições. Ponto alto da reviravolta do Zaragoza na temporada, foi a contratação de "Chupete" Suazo, que deu um upgrade tremendo no clube blanco. Com consecutivas vitórias, finalmente o clube de Zaragoza conseguiu viver livre do rebaixamente, em sua volta à Liga BBVA.

Sempre atrás: essa é a realidade dos defensores maños neste início de temporada (getty images)

Em tese, a ideia para a nova temporada era continuar no mesmo ritmo que terminou a antiga temporada. Porém, a história pode estar se repetindo. Ineploravelmente, o Zaragoza começou a temporada da mesma forma que começou a temporada anterior: perdendo e sofrendo goleadas. Os colistas não conseguem conectar o meio-campo ao ataque e a falta de gol é clara. Sem Colunga, transferido para o Getafe, coube a Suazo a responsabilidade de marcar. Entretanto, a notícia de que o chileno ficará de fora dos gramados por seis meses por causa de lesão caiu como uma bomba nos arredores do La Romareda.

Sem Colunga, restou à diretoria maña recorrer ao última dia de mercado para trazer um atacante. Chegou, então, em empréstimo, Sinama Pongolle, sem espaços no Atlético de Madrid graças à ascenção de Diego Costa. O francês tem correspondido, fazendo sua parte, e não tem culpa do momento que vive o time de Aragão. Problemas extracampos também minam o futebol maño.

Os fatores que indicam problemas de relacionamento surgem discretamente. Mesmo com resultados tão ruins e as cutucadas no elenco, o técnico madrileño continua no cargo. O presidente Agapito Iglesias já negou diversas vezes que pretende demiti-lo. Manteve a posição mesmo depois de um incidente mais grave: a expulsão do zagueiro italiano Contini em um treino por falta de dedicação na última quarta, às vésperas do confronto contra o Barcelona. Não é difícil entender por que os dirigentes estão ao lado da comissão técnica, algo normalmente raro nesses casos. A falta de clima do elenco não seria culpa do treinador, mas de problemas mais profundos. O meia Ander Herrera, formado nas categorias de base mañas, disse que jamais viu um racha social tão grande no clube.



José Aurélio Gay: "É, rapaz, a situação está tensa" (marca.com)

O jogador se refere à relação instável entre torcedores e diretoria, além da grave crise financeira do Zaragoza. O clube foi colocado à venda e a imprensa espanhola especula que os salários estejam atrasados. Resultado de um longo processo, que começou há várias temporadas, com investimento pesado em reforços que acabaram não dando os resultados esperados (classificação para a Liga dos Campeões ou, no mínimo, algum título de Copa do Rei ou boa campanha na Liga Europa). A queda para a segunda divisão, há três anos, só agravou o cenário.

Segundo Nayim, assistente técnico do time e ex-jogador maño (alguém se lembra que ele fez, contra o Arsenal, um gol do meio de campo, no último minuto da prorrogação, para decidir o título da Recopa de 1994/95?) a falta de sorte também pode estar incluída. “Precisamos recuperar o moral dos jogadores, porque eles são os verdadeiros protagonistas. Agora estão abalados, mas são profissionais e precisam se recompor. Até porque, quando a torcida vê a equipe lutar, vai junto – e fica contra quando isso não acontece.” O ex-meia considera que melhorar psicologicamente seria, inclusive, mais importante do que mexer em tática ou técnica.

No final das contas, é provável que Gay seja demitido em algum momento. Por mais que a diretoria esteja contrariada com o comportamento do elenco, são os jogadores que entrarão em campo para buscar os pontos que podem salvar o time do rebaixamento. Mas os zaragocistas precisam mesmo é torcer para mudanças lá em cima. Algo mais difícil do que contratar um psicólogo para animar um grupo de pessoas.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Jogadores Históricos: Luis Enrique

Pessoal, sou Bruno Cassali, jornalista gaúcho e mais um louco por futebol, principalmente pela bola que rola nos gramados espanhóis. A partir de hoje, quinzenalmente, farei parte da equipe de Quatro Tiempos escrevendo sobre alguns históricos personagens de La Liga. Espero que gostem, abraços!



Luis Enrique chegou ao Barcelona vindo do rival, Real Madrid, mas ainda assim conquistou a torcida blaugrana com seu estilo raçudo de jogar (tayyar.org)

Toureiro com espírito de touro bravo. Era desse modo - seja por Sporting Gijón, Real Madrid ou Barcelona - que Luis Enrique Martínez García entrava em campo a cada domingo por La Liga. Sempre aguerrido, o asturiano de Gijón personifica a melhor espécie de futebol latino na Europa: técnica na armação das jogadas com a raça peculiar para tirar a bola do adversário.

Nascido em 1970, Luis Enrique estreou na primeira divisão espanhola na temporada 1989/90, no Sporting Gijón. Em duas temporadas, nunca foi titular absoluto, mas ajudou os alvi-rubros a chegarem em 5º no seu segundo ano como profissional - feito que qualificou o Sporting para a Copa da Uefa de 1991/92. Foram apenas 36 jogos nesses dois anos, mas 14 gols marcados, uma ótima média para o meia-ofensivo destro.

O desempenho de Luis Enrique chamou atenção do gigante da capital, o Real Madrid. Em uma época pré-União Europeia - quando a entrada de estrangeiros ainda era restrita a três nomes por plantel - o meia era um diamante a ser lapidado pelos merengues. Mas Luis Enrique não despontou como o craque que todos imaginavam. Nos três primeiros anos em Madrid, o rival Barcelona levou a taça pra casa, além de conquistar pela primeira vez a Liga dos Campeões.

Nesse início de década, em âmbito nacional, ele fez parte da Fúria campeã olímpica em Barcelona, 1992. Na Copa de 1994, o meia foi vítima de um lance violento, mas que teve uma inédita punição: na derrota da Fúria para a Itália por 2x1 nas quartas-de-final, Luís enrique foi atingido por uma cotovelada de Mauro Tassotti. O juiz, que não viu o lance, ficou tão abismado quando os espectadores que assistiam a cena: o rosto do espanhol jorrava uma enorme quantidade de sangue. Contudo, nada foi feito durante a partida e Tassotti continuou no jogo normalmente. Após analisar as imagens da partida, a FIFA suspendeu o italiano por oito jogos e Tassotti nunca mais foi convocado para defender a squadra azzurra.

O título na temporada 1994/95 foi o ápice do meia nos merengues: 35 jogos disputados em 38 possíveis, com quatro gols marcados e a grandiosa ajuda na consagração do artilheiro chileno Iván "Bambam" Zamorano, que terminou o ano com 28 gols no campeonato nacional. Porém, o título dos rivais do Atlético de Madrid em 1996/97, aliado com a sexta posição madridista na tabela, fizeram com que Luis Enrique fosse buscar novos ares.

Mesmo sendo temperamental como poucos, não era usual o que Luís Enrique fez ao ver terminar seu vínculo com um dos gigantes espanhóis. O meia sem contrato desembarcou em Barcelona no início da temporada 1996/97 para, ao lado do também recém chegado Ronaldo, inflar a disputa entre os dois gigantes da terra do Rei Juan Carlos.

Se Ronaldo foi o artilheiro de La Liga, com performance igualada somente por Lionel Messi nessa última temporada (34 gols em 37 partidas no Campeonato Espanhol), Luis Enrique teve igualmente uma temporada brilhante. Jogando como principal municiador do ataque barcelonista, ele marcou 17 vezes em 35 jogos. O desempenho, entretanto, não evitou a terceira temporada sem conquistas do Barcelona.

Mesmo com a saída do goleador brasileiro, o asturiano manteve o ritmo na temporada seguinte, conquistando os melhores números de sua carreira: 25 gols no ano (18 em 34 partidas por La Liga). O desempenho favorável, entretanto, não se repetiu na Copa do Mundo: apesar de marcar um gol, na goleada contra a Bulgária por 6x1, a Espanha ficou de fora logo na primeira fase, em um grupo onde os classificados foram Nigéria e Paraguai.

Na Catalunha, Luís Enrique permaneceu até o final da sua carreira, sempre atuando com a camisa blaugrana. Foi prejudicado em várias temporadas por lesões e improvisações, principalmente na era Louis Van Gaal, quando atuou até na lateral direita. Aposentou-se em 2004 para dedicar-se ao surf, indo morar com sua família na Austrália.

Após esse período sabático que durou quatro anos, voltou à Barcelona para seguir os passos de um companheiro de longas jornadas: Josep Guardiola. Em junho de 2008, Luís Enrique assumiu o comando do Barcelona B, caminho idêntico ao traçado por seu companheiro de meia cancha nos anos 1990. Hoje, os comandados do touro asturiano ocupam a sexta colocação na Liga Adelante, com 16 pontos em nove partidas.

Se Luís Enrique fizer seus pupilos jogarem com 50% da vontade que ele demonstrava em campo, o Barcelona terá uma nova geração de toureiros no futuro.

Luis Enrique Martínez García
Luis Enrique
Nascimento: 08 de maio de 1970
Posição: Meio-campista
Clubes: Sporting Gijón, Real Madrid e Barcelona
Seleção espanhola: 62 Jogos e 12 Gols
Títulos: Três Ligas (1995 - Real Madrid; 1998 e 1998 - Barcelona), duas Supercopas (1993 - Real Madrid; 1996 - Barcelona), Três Copas do Rei (1993 - Real Madrid; 1997 e 1998 - Barcelona), uma Copa da UEFA (1997 - Barcelona), uma Supercopa Europeia (1997 - Barcelona) e uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (1992 - Seleção Espanhola).

Resumo: 8ª rodada (2ª parte)

O Villarreal fez mais uma vitima no El Madrigal e, com um ponto a menos do que o Real Madrid, segue sua caça ao líder (reuters)

Três jogos bem movimentados fecharam a oitava rodada: O Villarreal, que passou pelo Atlético de Madrid, manteve-se firme na briga pelo título e, apesar de ter perdido a chance de assumir a primeira colocação na rodada passada, não larga a segunda posição. Pior para o Atlético de Madrid, que, com mais um resultado adverso, caiu para a oitava posição e entra na sua pior fase desde o belo início de temporada. Melhor para o Getafe e para o Sevilla, que venceram Sporting Gijón e Athletic Bilbao, respectivamente.

Na parte debaixo da tabela, um confronto direto entre Real Sociedad e Deportivo fez com os bascos dessem um up na tabela e assumisse a 11ª posição. Já para o Deportivo, a situação é preocupante: assim como o Zaragoza, os galegos ainda não venceram na competição e o trabalho (horrível, de momento) de Ángel Lotina já começa a ser questionado. De momento, nada aponta uma demissão ainda nesta semana, mas a imprensa já começa a especular que uma derrota frente ao Osasuna, pela ida da terceira fase da Copa del Rey, já pode ser fatal para o técnico blanquiazul.

Sevilla 4x3 Athletic Bilbao
Também há de se ganhar sem brilho. Olhando o resultado no minuto 62, parecia que o Sevilla estava encaminhando para uma vitória fácil, porém, a realidade foi muito distinta. Os gols de Luis Fabiano e as magníficas assistências de Romaric não foram suficientes para ganhar de forma cômoda. O Sevilla acabou se perdendo com um a menos e com o resultado ajustado. A partida teve muita história. Os bascos fizeram um grande começo de jogo e em 20 minutos já tinham cobrado cinco escanteios. Os jogadores de Manzano estavam sem lugar. O futebol era espesso e lento e a ordem dos leões já era o suficiente para anular os sevillistas.

O Sevilla se complicou em uma partida imprópria para isso, evidenciando que apesar dos resultados, algo não está indo bem no time. Luis Fabiano baixou um passe de Romaric com uma classe brutal para bater a Gorka por alto em uma genialidade das suas. A partir daí, a partida deveria ter morrido, porém, Navarro viu o segundo cartão amarelo e o Athletic se dedicou a sonhar com o empate. A falta de 15 minutos para o fim da partida, apareceu Llorente. Primeiro, marcou de cabeça depois de um passe de Susaeta e logo converteu também um pênalti cometido sobre o mesmo, ou melhor: acertou um rebote, já que Palop defendera a cobrança. Os anfitriões começaram a ficar com medo e a tragédia estava sendo desenhada. Porém, o árbitro ajudou. Em uma jogada inexplicável em que Negredo quase marcou, Clos Gómez se deixou aconselhar pelo seu assistente e decretou um pênalti a favor do Sevilla. Kanouté não falha e assunto encerrado.

Em definitivo, um triunfo que serve para ganhar confiança, para que Luis Fabiano regresse ao futebol, para ter a certeza de que Kanouté é meio time, para reforçar Romaric e para fazer com que o efeito Manzano não seja uma simples casualidade. Porém, há muito ainda a ser corrigido.

Villarreal 2x0 Atlético de Madrid (Victor Mendes)
Polemica envolvendo arbitragem nesta rodada foi o que não faltou. E, no El Madrigal, não foi diferente. Apesar de o Villarreal ter merecido de todas as formas a vitória, a arbitragem de Ramírez Domínguez foi bastante controversa e os seus erros prejudicaram, principalmente, o Atlético de Madrid. Em um deles, Agüero sofreu pênalti claríssimo de Gonzalo, mas o arbitro acabou não assinalando alegando que já tinha encerrado o primeiro tempo. Polêmicas à parte, dentro de campo, um Villarreal com um futebol envolvente e bonito de se ver - um time bem sólido, fazendo um resumo rápido - não deu chances de o Atlético de Madrid pensar em algo.

Quando os rojiblancos exibiam uma pequena pressão, apareceu o invidualismo dos amarillos. Em contra-ataque sensacional puxado por Nilmar, Cani, substituto de Borja Valero - suspenso - abriu o placar logo no começo. Após isso, foi tudo apenas uma questão de tempo e inteligência para o Villarreal segurar a partida e ainda chegar ao segundo gol. Vale destacar que, além de não deixar o meio-campo colchonero fluir e criar alguma coisa, Marchena e Godin foram perfeitos na marcação de Diego Costa e Agüero, e Ángel soube neutralizar muito bem as subidas de Filipe Luís pela esquerda. Na frente, Rossi, Nilmar e Cazorla estão em uma fase excelente e, na ausência de Borja Valero (suspenso), Cani fez uma ótima partida com um belo gol. O meio-campo é leve, e dá prioridade a posse de bola rápida e envolvente.

Real Sociedad 3x0 Deportivo
A Real Sociedad chegou ao seu terceiro triunfo na temporada - todos no Anoeta - e espantou o perigo da zona de rebaixamento. A goleado sobre o Deportivo reflete que o time é, sim, bom e as derrotas passadas foram por inocência e falta de pegada. O último aspecto é o que falta definitivamente neste time do Deportivo. Já os txuri-urdin mostraram-se um time bem dinâmico, que controla o jogo e leva perigo com as constantes jogadas de Zurutuza, que estava de volta ao time titular, e Griezzman, destaque do time mesmo com apenas 18 anos, nos flancos. A Real Sociedad investia nas bolas alçadas na área, e se manteve no domínio da partida. O La Coruña tentava atacar, mas parava sempre na boa marcação da equipe da casa e partiu para o intervalo com a desvantagem de um gol no placar.

A partir da metade do segundo tempo o jogo ficou eletrizante. Primeiro, Llorente por pouco não alcançou passe enfiado na boca do gol. Depois, Adrian cruzou na cabeça de Riki, que testou firme, no canto, para verdadeiro milagre de Bravo, que impediu o gol de empate do La Coruña. A Real Sociedad chegou a mais dois gols, todos eles com participações diretas de Griezzman. A de se elogiar a partida brilhante feita por Claudio Bravo. O arqueiro basco fechou o gol e teve merecidamente seu nome entoado por todo o Anoeta.

Getafe 3x0 Sporting Gijón
A vitória azulona é daquelas que veio em uma hora certa. Muito porque, as primeiras críticas sobre o desempenho já era colocada em cheque e a derrota na Liga Europa durante a semana fez com o que o Getafe chegasse a essa partida pressionado. Míchel, assim como Preciado, chegou à partida tendo que fazer algumas improvisações no time titular - a maioria por jogadores lesionados. O Getafe não contou com Casquero, Gavilán, Álvarez, Mané e Ibrahim Kas. Apesar de alguns desfalques, nenhum foi tão sentindo como o de Diego Castro pelo lado asturiano. Dentro das quatro linhas, o Getafe ainda recebeu uma péssima notícia: quando o time vencia por um a zero, Dani Parejo, destaque do time neste início de temporada, teve que sair por lesão na coxa. Para a sorte do time de Madrid, o seu substituto, Albín, entrou bem e, logo na primeira chance, sofreu um pênalti convertido por Colunga e que, praticamente, sentenciou a partida. O Sporting Gijón careceu de ideias e seu (pouco) futebol veio por água abaixo após o terceiro gol do time de Valdebebas. Vale destacar que todos os gols do Getafe foram em bolas paradas. Nova especialidade dos azulones?

Osasuna 3x0 Málaga
O Osasuna saiu da zona de rebaixamento em alto estilo: com um futebol vistoso e um resultado contundente, os rojillos derrotaram o Málaga na sua melhor apresentação na temporada e quebraram a invecibilidade dos andazules como anfitriões. Bela partida da dupla iraniana Masoud e Shojaei, que definiram a partida no primeiro tempo, e um sobresaliente Juanfran, que teve participação direta nos dois gols. O Málaga mostrou uma imagem decepcionante e foi incapaz de criar uma jogada perigosa ao gol de Ricardo (apenas um disparo de Edinho que, ainda por cima, desviou em Damiá e saiu à linha de fundo).

Espanyol 2x1 Levante
O Espanyol segue fulminante jogando no Cornellá-El Prat e diante de 26.458 espectadores, os péricos entraram de vez na zona de Liga Europa e já almeja algo maior às próximas rodadas. O Levante já mostrou não ser um time bom técnicamente e jogando com dez na maior parte do tempo é bem complicado. Apesar do resultado magro, o perfil do jogo foi outro e o Espanyol não teve trabalhos para construir o resultado. Talvez, o excesso de preciosismo impediu que uma goleada saísse.

Para saber dos jogos de sábado, clique aqui

CRAQUES DA RODADA
Lionel Messi (Barcelona)
Cristiano Ronaldo (Real Madrid)
Di María (Real Madrid)
Gonzalo Castro (Mallorca)

Escalação da rodada
Bravo (Real Sociedad); Ángel (Villarreal), Ricardo Carvalho (Real Madrid), Marchena (Villarreal), Ayoze (Mallorca); Romaric (Sevilla), Di María (Real Madrid), Özil (Real Madrid), Castro (Mallorca); Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Messi (Barcelona)

domingo, 24 de outubro de 2010

8ª Rodada (1ª Parte): Encantador

Cristiano Ronaldo comemora: essa cena se repetiu mais três vezes no jogo (reuters)


Na semana passada, já haviamos alertado que o campeonato tinha tomado novo rumo e poderia voltar a ser polarizado entre os dois gigantes do futebol espanhol. E, de fato, parece ser verdade. Enquanto Barcelona e Real Madrid vencem seus respectivos adversários, no Mestalla, o Valencia decepciona a sua torcida ao perder para o Mallorca. Sobrou para Unai Emery, principal responsável pela derrota. Como de praxe, o técnico de Hondarribia mandou para campo um time diferente das partidas anteriores, entretanto, as trocas feitas hoje foram bastante prejudiciais ao time. A principal pergunta que paira no ar é: por que Unai não deixou para fazer rotações no time no jogo do meio de semana contra o pobre Logroñes, pela Copa del Rey?

A noite foi mais que especial para Cristiano Ronaldo e Messi: O gajo, autor de um poker (quatro gols em um único jogo), se isolou na artilharia da Liga Espanha - quatro gols à frente de Messi, Nilmar e Higuaín; enquanto que o argentino, com os dois gols contra o Zaragoza, chegou a 139 gols com a camisa blaugrana e tornou-se o quinto maior artilheiro da história do clube em competições oficiais - com apenas 23 anos, diga-se de passagem -, ultrapassando Paulino Alcántara na lista. O principal é César Rodríguez, com 235.

Zaragoza 0x2 Barcelona
Novamente Messi brilhou no La Romareda. Como se não bastasse a atuação fenomenal nesse estádio na temporada passada - quando marcou um hat-trick e sofreu um pênalti convertido por Ibrahimovic em um jogada sensacional - a pulga marcou um doblete, garantiu a vitória azulgrená e tornou-se o quinto maior artilheiro do Barcelona em competições oficiais. Como já era esperado, o Barcelona tomou a iniciativa. Messi, por exemplo, teve duas oportunidades antes dos 15min, todas defendidas pelo goleiro Doblas. O time catalão era melhor em campo e insistia bastante. O argentino, aliás, era o que mais criava para os visitantes, na falta de Xavi. No entanto, parava num dia inspirado de Doblas.

Sem Xavi, Guardiola mandou a campo um meio-campo muito pesado, com Mascherano na volância e Busquets na armação. O 4-1-2-1-2 que já virou tradicional, não surtiu efeito, e Messi teve trabalhos dobrados. Um dos grandes temas que roda à Catalunha é David Villa. Contratado para ser o homem-gol, até agora o Guaje não conseguiu exercer tal função e vê Messi fazer isso com maestria, como na temporada passada. É fato que Villa nem está tão mal assim. Acostumado a jogar no 4-5-1 do Valencia das últimas duas temporadas, Villa não está fazendo gols, mas tem recompensado com algumas boas assistências, como a que deu para Messi fazer o primeiro gol.

Se neste início de temporada, o Barcelona ainda não convenceu jogando no Camp Nou, fora dele, o time é outro. Com o triunfo, o Barcelona firmou seu melhor arranque como visitante no Campeonato Espanhol desde 1955-56 com quatro vitórias longe da Catalunha. À época, o Barcelona do húngaro Ferenc Plattko derrotou Real Sociedad (1-2), Murcia (0-1) e Hércules (2-3), mas parou no José Zorilla, quando perdeu para o Valladolid (1-0).

Real Madrid 6x1 Racing Santander
O madridismo está em êxtase. Abraçou uma nova religião, de um único profeta: José Mourinho, o eleito para iluminar e guiar esse povo blanco que viaja em nuvens de felicidade, que estão na glória. O Real Madrid continua nessa progressão, quase matemática, calculada por Mourinho, que converteu a equipe em algo impenetrável e quase indestrutível. Primeiro, consertou a defesa até converter a área de Casillas em algo quase inabitável. Quatro gols sofridos em oito rodadas é uma marca fabulosa. Depois, conseguiu o movimento harmônico das peças no ataque, sujeitando tudo às ordens do maestro no meio de campo, Xabi Alonso, escoltado também por Khedira, que está fazendo um curso avançado com o espanhol. O seguinte passo é triturar todos os rivais que cruzem o seu caminho. A última vítima foi o Racing, que não fez sequer cócegas no Madrid e levou meia dúzia de gols, assim como poderia ter levado mais. Di María, Cristiano Ronaldo, Higuaín e Özil resolveram a partida em um quarto de hora. As atuações de Di Maria e Cristiano sobressaíram.

Contra o Racing, desativado por uma pressão tão intensa quanto inteligente, o Madrid ofereceu a sua melhor versão. Deram um banho de futebol vertical, executado com toques rápidos e muita velocidade. Não se trata de renunciar ao jogo elaborado, pois isso também foi visto, mas sim de renunciar a pausa, de não deixar o rival respirar. Cada duelo contra o Madrid é uma prova de resistência física e quem não for derrotado pela técnica, cairá por esgotamento.

Os mais lúcidos e virtuosos foram Di María e Cristiano. O primeiro acendeu as luzes da equipe e o segundo foi o braço executor. O argentino completou a sua melhor atuação com a camiseta madridista. Foi atrasado e passou a se converter em um distribuidor de jogo tão brilhante quanto inesperado. Se atreveu a competir na arte do passe com Xabi Alonso e se saiu bem no duelo.

Valencia 1x2 Mallorca
Jogando em casa diante de um time na parte de baixo da tabela, o Valencia tinha todas as chances de seguir na perseguição ao líder Real Madrid. Mas acabou surpreendido com os dois gols de Gonzalo Castro até os 30 minutos de jogo e acabou derrotado pelo Mallorca por 2 a 1. Com um triunfo convicente, o Mallorca mostrou que não conta apenas com a sorte e é também uma equipe ofensiva e organizada. Prova disso é que não foi derrotado para os badalados Real Madrid e Barcelona. Contra ambos, ficou no empate por 0 a 0 e 1 a 1, respectivamente. Na etapa final, o time da casa tentou sair para o jogo, mas se mostrou desestruturado e tinha apenas determinação, mas poucas jogadas técnicas. Dessa forma, não evitou a derrota, a primeira no Mestalla em 15 jogos - 13 vitórias e dois empates.

Após o jogo, Unai Emery resolveu tomar as rédeas e assumir a culpa. Para Unai, ele se equivocou tanto no primeiro tempo, quanto no segundo. Sobre Mata, Unai deixou claro que o meio-campo só havia treinado uma vez durante toda a semana e que não queria forçá-lo.

sábado, 23 de outubro de 2010

Máquina de fazer gols

Artilheiro isolado do Campeonato Espanhol, Cristiano Ronaldo vive um momento perfeito em Chamartín (marca)


Após os primeiros três/quatro primeiros jogos do Campeonato Espanhol, torcedores do Real Madrid perceberam um Cristiano Ronaldo diferente daquele da temporada passada e dúvidas quanto ao seu desempenho já começavam a aparecer da exigente torcida merengue. Comandande do time vice-campeão da Liga Espanhola 09/10, Cristiano Ronaldo havia antecipado suas férias para sair à pré-temporada. No primeiro jogo, contra o Mallorca, Cristiano Ronaldo sentiu nova lesão no tornozelo e pediu para ficar de fora dos compromisso de Portugal nas eliminatórias para a Euro de 2012.

Após boa parte do time receber vaias contra o Osasuna na segunda rodada, Cristiano Ronaldo soltou sua primeira polêmica ao dizer "que os torcedores são burro ao irem para o estádio para, ao invés de aplaudirem e darem forças, vaiarem o próprio time". E a torcida, que tanto venerou-o, começou a pegar no seu pé. Para a sorte do gajo, no jogo que foi "vaiado", marcou pela primeira vez na temporada, de pênalti, ante o Espanyol. Mas Cristiano Ronaldo continuava não empolgando. E muito isso se deve graças a lesão do tornozelo, que ainda não havia passado e fazia com que Ronaldo jogasse forçado.

A má fase logo foi passando. E em alto estilo: neste mês de outubro, CR7 já marcou incríveis onze vezes em apenas seis jogos - dois pela seleção portuguesa, onde marcou uma vez. É fato que o gajo está cativando seu lugar na história do clube blanco. Pode até ser exagerado, mas o números comprovam: com os tentos, Cristiano Ronaldo chegou a estratosférica marca de 44 gols em 46 jogos desde que chegou a Chamartín. Com média de 0,95 gols por partidas, Cristiano Ronaldo supera, em questão de porcetagem, míticos goleadores blancos como Di Stéfano, Hugo Sanchéz e... Raúl!

Com Mourinho no cargo técnico, o Real Madrid voltou a ser temido em cenário europeu e a vitória contra o Milan comprova a tese. O 4-2-3-1 do técnico de Setubal faz com o que o jogo blanco favoreça Cristiano Ronaldo (e Özil também) e o gajo joga mais solto em campo, diferentemente do emblemático 4-2-2-2 de Pelegrinni. Com apenas oito rodadas, Cristiano Ronaldo já é o artilheiro máximo da Liga BBVA (10 gols, quatro à frente de Messi, Nilmar e Higuaín) e dispara na briga pelo troféu pichichi (que Messi levou na temporada passada). Com 195 gols pela carreira profiossional, CR7 marcou hoje, contra o Racing Santander - resumo mais detalhado mais tarde, na primeira parte do resumo da 8ª rodada -, pela primeira vez em sua carreira um poker (quatro gols em um mesmo jogo) e espantou de vez aquela má fase de início de temporada. Alguns torcedores dizem que a fase que o gajo vive pode ser comparada à perfeição.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Saber ganhar ou querer ganhar?

Imagem de Andrés Iniesta retrata bem os gols perdidos pelo Barcelona (sport.es)


A pergunta é deveras estranha, qual time não quer ganhar? E mais: Não quer saber como ganhar suas partidas? Seja qual for o esporte, a competição, a resposta seria os dois, ou pelo menos "querer ganhar". Pois é, parece que com o Barcelona isso é diferente, ou melhor, com este início de temporada 2010/11 dos blaugranas. O time de Pep Guardiola vem jogando bem abaixo do que sabe, do que se espera, contudo, atuando mesmo assim melhor que seus adversários.

O jogo entre Barcelona x Copenhagen na última quarta pela UCL ficou claro isso. O clube catalão dominou o jogo, pressionou, criou chances e mais chances - principalmente na primeira etapa -, bolas na trave, gols anulados por impedimento - e bem anulados -, gols perdidos, porém, muitos deles por excesso de toques de bola e falta de finalizações. Sorte do Barcelona é ter Messi, que decide qualquer jogo a qualquer momento.

O jogo
Claramente superior ao adversário e jogando em casa, o Barcelona foi para o ataque logo de início. David Villa, em bela jogada, acertou o travessão; após isso, Messi fez um belo gol, mas impedido; e, ainda, em um belo lançamento de Andrés Iniesta para uma bela assistência de cabeça de Daniel Alves, David Villa pegou de primeira e o goleiro fez uma bela defesa. O Barcelona dominava completamente, mas sem o gol e, com isso, apareceu mais uma vez a estrela do futebol mundial: Lionel Messi.

O jogador argentino recebeu passe de Iniesta, limpou e finalizou de esquerda de fora da área. Um golaço no ângulo direto do goleiro, sem nenhuma chance. Placar aberto aos 19' de jogo. Após isso, todos imaginavam que uma goleada blaugrana estava por vir: errado. O que se viu foram gols desperdiçados e chances dadas ao azar. O primeiro ataque do Copenhagen não foi completo porque Santin não deu continuidade na jogada, achando que estava impedido, o jogador do clube dinarquês iria sozinho em direção ao gol e parou. O primeiro tempo acabou 1-0 e ainda antes do término o Barcelona teria mais um gol bem anulado.

Como já estava com a derrota parcial, o Copenhagen mudou seu estilo de jogo e saiu no segundo tempo marcando no campo de ataque, sendo assim, complicando as saídas de bola do Barcelona. Aos 21', quase os dinarmaqueses chegaram ao empate. Após belo disparo de N'Doye no travessão, o brasileiro Santín mais uma vez desperdiçou. Sozinho, ele cabeceou a bola para fora, quando Pinto, titular no lugar de Valdés, já estava vendido. Pep mudou. Colocou Pedro e Xavi nos lugares de Villa e Maxwell para tentar dar uma mudada no ritmo do time, que somente tocava a bola e finalizava pouco. Mas mesmo assim, o Barcelona levou o susto no final do jogo, quando Kvist viu o goleiro Pinto adiantado e arriscou do meio campo. José Manuel se recuperou e deu um tapa botando a bola para escanteio.

No lance seguinte foi a vez de Dani Alves quase marcar. O lateral, em bela jogada individual, deu um chute no pé da trave e quase ampliou o marcador. Já nos acréscimos Messi apareceu de novo: após um chute espirrado do argentino, a bola sobrou na esquerda para Éric Abidal, que, tentando acertar o gol em um chute de primeira, deu uma assistência para Messi, que dominou a bola e marcou o segundo, decretando, assim, a vitória e a liderança à equipe de Pep Guardiola.

O início de temporada do Barcelona é bem aquém àquele esperado. Muito isso se deve graças à disciplência. Oportunidades são criadas, porém, não concluídas com êxito, como nas temporada anteriores.

No Ibrox, Valencia fica no empate
O Valencia foi a Glasgow, no Ibrox Park, enfrentar o seu rival escocês pela segunda vaga no grupo que tem o Manchester United como principal favorito, e, devido as proporçõs, pode-se dizer que se deu bem. Ainda que o time tenha mostrado neste início de temporada que poderia vencer em Glasgow, os chés fizeram seu papel fora de casa e saiu do Ibrox conquistou um empate (1-1).

As duas equipes tiveram chances de sair com a vitória, mas os goleiros estavam inspirados, principalmente César Sanchez que, mesmo falhando no gol, fez defesas importantes no primeiro tempo. Os gols foram marcados pelo americano Edu - um a favor e o outro contra. Os donos da casa abriram o placar aos 34' do primeiro tempo, em cruzamento que Edu foi mais rápido que Cesar e colocou às redes. Mas no início da segunda etapa o próprio Edu marcou de novo, mas contra, decretando o empate.

O Valencia precisa vencer no jogo entre as duas equipes no Mestalla, dia 02 de novembro, para assumir a segunda posição já que o Rangers tem 05 pontos e o Valencia 04 pontos. O duelo ganhará contorno decisivo, já que o Manchester vai se colocando como primeiro do grupo e imagina-se que o Reds Devils não desperdiçarão pontos contra o Busaspor.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Massacre

O Real Madrid aniquilou o Milan e confirmou o favoritismo para conquistar o título da Champions (getty images)


Os 80 mil espectadores presentes no Santiago Bernabéu viram jogo de um time só. Os donos da casa, postados em um 4-2-3-1 bem compacto e eficiente, foram os donos da partida o tempo inteiro e praticamente não deixaram o Milan jogar, em um dia muito pouco inspirado de Ronaldinho, Pato e Ibrahimovic. Cristiano Ronaldo e Özil, por outro lado, fizeram grande partida. e decidiram. Com o triunfo merengue, José Mourinho alcança sua quarta vitória sobre o Milan em seis jogos. Todas as outras foram quando ainda comandava a Inter.

Os merengues começaram imprimindo um ritmo alucinante que o Milan em momento algum conseguiu acompanhar. Com menos de um minuto de bola rolando, um torcedor invadiu o campo e logo foi retirado pelos seguranças. O Real Madrid começou a partida explorando mais o lado esquerdo com Cristiano Ronaldo e pressionou a saída de bola do Milan, que encontrava dificuldades para organizar suas jogadas ofensivas. Com apenas 15 minutos de bola rolando, o jogo já estava decidido a favor do Real Madrid: Cristiano Ronaldo marcou de falta, em falha da barreira milanista, e Özil ampliou, com chute que desviou em Bonera antes de entrar. A grande velocidade dos dois meio-campistas assustou a zaga rossonera, desfalcada de Thiago Silva. Bonera, atrapalhado, não fez boa partida e evidencia o velho problema do time, que não tem um bom zagueiro substituto.

Mas não foi só a superioridade técnica que ficou clara na partida. Fisicamente, o Real Madrid se mostrou muito mais preparado também. Bem compactado no meio e com Khedira e Xabi Alonso muito bem no combate, poucas vezes o time de Mourinho perdeu uma disputa com o envelhecido meio milanista, composto por Gattuso, Pirlo e Seedorf. Os rossoneri pecaram também na hora da recomposição da defesa, uma vez que não acompanhavam a velocidade merengue. A pouca entrega dos homens de frente na ajuda à defesa ainda é grande problema para Allegri.

Outro grande problema do técnico é essa dependência dos bons momentos de Ronaldinho e Ibrahimovic. Quando um dos dois não vai bem, o time cai bem de qualidade. Na partida, a situação foi ainda pior. Nenhum deles conseguiu se impor sobre a boa marcação madrilenha e Pato não recebeu bons passes. Pepe e Ricardo Carvalho anularam os dois atacantes sem dificuldades, enquanto Ronaldinho, sem criatividade, ficou preso na intermediária. O gaúcho, aliás, estava sendo observado por Mano Menezes, nas tribunas. O técnico da seleção brasileira não viu uma boa apresentação do atacante, mas deve ter saído satisfeito com o bom rendimento do lateral Marcelo, pelo lado merengue. Sob o comando de Mourinho, o ex-fluminense melhorou muito defensivamente e continua chegando bem ao ataque. Após o jogo, Mou o derretou de elogios

Massimiliano Allegri, treinador do Milan, tirou Ronaldinho e colocou Robinho em campo. O atacante, que forçou sua saída do Real Madrid, foi “recebido” com muitas vaias - repetidas todas as vezes nas quais o brasileiro tocava na bola. O dia foi especial para Casillas. O goleiro merengue entrou em campo pela 108º vez na história da Champions League, tornando-se o goleiro que mais atuou na competição europeia. Ficou nítido para o time do técnico de Setubal que o mapa da mina é atacar pelo setor esquerdo do time de Milão. Com nove pontos, o Real Madrid vai mais tranquilo para o jogo do dia 3 de novembro, no San Siro.

Algumas partes retiradas do texto de Rodrigo Antonelli, do Quattrotratti. Amanhã, textos sobre a vitória do Barcelona e o empate do Valencia.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Resumo: 7ª rodada (parte 2)

Cara feia para o Villarreal, que deixou de ser líder da competição (AS)

Na segunda parte da rodada (com seis jogos no domingo e um na segunda-feira) vimos o Villarreal desperdiçar novamente a chance de liderar a liga espanhola pela terceira vez em sua história. O responsável por parar os amarillos foi o bom time do Hércules, que mais uma vez deu provas de que veio para a Liga BBVA para ficar. O resultado deixou o Villarreal na vice-liderança com 16 pontos - um a menos que o primeiro colocado Real Madrid. O Hércules aparece na 10ª posição, com oito pontos, e segue com campanha surpreendente neste início de Espanhol.

Com 66 cartões amarelos e quatro vermelhos, foi a rodada mais violenta e sobrou de suspensões mais rígidas por parte da CEDD: Lopo (Deportivo), Luis García (Espanyol), Pinter (Real Zaragoza), Borja Valero (Villarreal), Mussacchio (Villarreal) tiveram "sorte" maior e foram suspensos por apenas uma partida, enquanto que Osvaldo (Espanyol), Trezeguet (Hércules) e Camuñas (Osasuna) acabaram suspensos por três partidas.

Hércules 2x2 Villarreal
No jogo que encerrou a rodada, o Villarreal deixou no Rico Pérez o sonho de liderar o campeonato pela primeira vez na temporada e pela terceira vez em sua história. Dos quatro cartões vermelhos que saíram na rodada, três deles vieram dessa partida. O jogo começou corrido e com o Hércules sem medo de ir para cima dos amarillos. O Hércules até tinha mais a posse de bola, mas não sabia aproveitá-las e não levava perigo ao gol de Diego López. Quando o Villarreal pressionava e ia tomando conta da partida, Drenthe cobrou falta em direção à área, os zagueiros do Villarreal pararam pedindo impedimento e Valdez, sozinho, tocou para as redes. A vantagem castelonense, porém, durou apenas três minutos, pois Capdevila empatou após desatenção da zaga anfitriã e passe de um ligadíssimo Cazorla.

Trezeguet foi do céu ao inferno em minutos: após vencer Diego López e desempatar para o Hércules, o francês discutiu com Muñiz Fernández e acabou expulso nos minutos finais do primeiro tempo. Com um a menos, Esteban Vigo trocou Tote por Rufete para defender seu time e trocou o 4-2-3-1 para um 4-3-2-1. Em desvantagem no placar, o Villarreal adiantou sua marcação e passou a exercer forte pressão sobre o Hércules, que recuou para tentar segurar o resultado com um jogador a menos. Aos 18 minutos, Borja Valero recebeu na direita após bom passe de Cazorla e empatou novamente o confronto. Os visitantes mantiveram a pressão durante toda a etapa final, sendo ameaçados pelo Hércules apenas nos contra-ataques. A forte marcação dos donos da casa, porém, impediu que o Villarreal criasse boas chances de gol e garantiu o empate.

Sporting Gijón 2x0 Sevilla
Nas Asturias, Gregório Manzano conheceu sua primeira derrota no comando técnico do Sevilla após duas vitórias. Com a situação indefinida no clube, Luis Fabiano voltou a aparecer entre os titulares e Manzano optou por um 4-2-2-2 em vez do 4-2-3-1 dos últimos jogos. Os números do brasileiro comprova que o Sevilla necessita dele: El Fabuloso foi quem mais buscou jogo no time do Sevilla. O camisa 10 finalizou seis vezes, sendo que três delas foram ao gol. O atacante, porém, pecou no posicionamento e ficou três vezes em impedimento. Sangoy e Diego Castro - em um tirombazo - marcaram os dois gols que deram a vitória ao Gijón, que subiu para oito pontos e se afastou na zona de descenso. O dois a zero aberto sobre os rojiblancos fez a torcida se lembrar do dois a zero aberto contra Athletic Bilbao e Zaragoza, mas deixados empatar pelos dois times. O Sevilla foi pro tudo ou nado e o Sporting sofreu um pouco, mas a defesa bem segura dos asturianos soube segurar os constantes ataques andaluzes.

Mallorca 0x1 Espanyol
Aproveitando-se do fato de o Sevilla ter perdido, o Espanyol aproveitou para vencer o Mallorca, chegar aos 12 pontos e entrar na zona de Liga Europa. Ainda que, antes da temporada começar, o Espanyol fizesse um bom mercado a ponto de sua cúpula acreditar que o time poderia almejar algo a mais nesta temporada, o início périco fora de casa na competição transbordou essa ideia. Contra o Mallorca, porém, os blanquiazules conquistaram sua primeira vitória fora de casa, que até poderia ter sido um pouco mais elástica se Aouate não estivesse em noite inspirada. Sem o seu centroavante de ofício, Osvaldo, desde os trinta e cinto do primeiro tempo, Callejón ficou muito mais isolado no ataque e gol saiu numa bola parada. Após pênalti infantil cometido pelo jovem canterano Kevin García, Luis Garcia converteu e fez justiça ao jogo, já que o Espanyol já tinha as ações. O Mallorca não conseguiu encontrar alguns espaços para criar perigo ante o gol de Álvarez, ainda que tivesse chances nos minutos iniciais, quando Nsue chutou na trave.

Com o objetivo de querer pelo menos um ponto, Laudrup lançou as entradas de Webó e Pereira para fortalecer seu ataque, mas a defesa do Espanyol esteve impecável e os dois passaram despercebidos e, praticamente, não adicionaram nada à partida. O Espanyol conseguiu sua primeira vitória na capital balear em dez anos.

Racing Santander 1x0 Almería
Excelente atuação do goleiro brasileiro Diego Alves na derrota do Almería na Cantábria. O único capaz de vence-lo foi Munitis, aos trinta e dois do primeiro tempo. O Racing sofreu para vencer o Almería, muito por causa dos desfalques sentidos de Arana e Tziolis, destaques dos verdiblancos neste início de temporada. O Almería chegava a Santander disposto a repetir o triunfo que conseguiu na temporada passada no El Sardinero. Para evitar que a velocidade de Piatti, Crusat e Uche desnivelasse os flancos de seu time, Miguel Ángel Portugal recuou Francis e Cisma para as funções de um lateral. Os dois tomaram conta de Piatti e Crusat, mas chegaram com timidez ao ataque.

Para saber dos jogos de sábado, clique aqui

Craques da rodada
Xavi (Barcelona)
Cristiano Ronaldo (Real Madrid)
Gonzalo Higuaín (Real Madrid)
Mesut Özil (Real Madrid)

Escalação da rodada
Diego Alves (Almería); Daniel Alves (Barcelona), Iraola (Atlhetic Bilbao), Puyol (Barcelona), Marcelo (Real Madrid); Diego Castro (Sporting Gijón), Xavi (Barcelona), Özil (Real Madrid), Reyes (Atlético de Madrid); Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Higuaín (Real Madrid)

sábado, 16 de outubro de 2010

7ª Rodada (1ª Parte): Ganhando rumos

Com Xavi inspirado, o Barcelona encerrou a série invicta do Valencia e assumiu a segunda posição (getty images)

Se neste início de temporada dava uma impressão de que o título do Campeonato Espanhol não seria polarizado entre os dois gigantes do futebol espanhol, isso parece ter mudado de rumo. Com uma vitória do Barcelona no Camp Nou ante o ex-líder Valencia e uma goleada num ritmo frenético do Real Madrid perante o Málaga na Andaluzia, Real Madrid e Barcelona já assumiram as duas primeiras colocações e, dependendo do jogo do Villarreal, parece que irão polarizar daqui para frente a disputa do título.

O sábado também viu um Atlético de Madrid vencer por, principalmente, Arteche - ídolo rojiblanco que faleceu nesta semana aos 53 anos - contra um Getafe sem padrão de jogo. Mesmo sem Forlán, no banco por decisão técnica, os rojiblancos foram superiores e mereceram sair do Vicente Calderón com três pontos. Apesar da vitória, o Atléti ainda continua na quinta posição, com treze pontos.

Atlético de Madrid 2x0 Getafe
No mini dérbi de Madrid, o Getafe mostrou um futebol carente e não contou com a sorte. Melhor para o Atlético de Madrid, que soube aproveitar os espaços deixados pela defesa azulona e, apesar de ter pecado demais nas finalizações, construiu mais uma vitória na competição. Sem Forlán, sem marcar há sete partidas, e Agüero, lesionado, e num 4-2-3-1 com Diego Costa como única referência no ataque o Atlético de Madrid jogava por Juan Carlos Arteche. Depois de uma linda homenagem, o Getafe mostrou uma imagem nos primeiros trinta de minutos de que dificultaria a vida dos rivais.

Os colchoneros encontraram certa dificuldade no começo de jogo. Além de parar na forte marcação dos azulones, viu o Getafe levar certo perigo, principalmente com Manu e Colunga. Após o gol de Simão, o Atléti soube se impor e anulou o meio-campo do Getafe. Com Colunga isolado no ataque e Mané anulado por Assunção, o Getafe só levava perigo nas bolas aéreas levantadas por Víctor Sánchez. Porém, os azulones não chegavam a levar perigo ao gol de De Gea. Quando o jogo ficava sonolento e com o resultado já definido, apareceu Valera. O lateral-esquerdo desceu em velocidade pela direita e deixou Diego Costa livre para concluir para os fundos das redes. Quique ainda animou a torcida, colocando Forlán em campo. O atacante entrou em campo ovacionado e com muitos gritos de "uruguaio!" vindo das arquibancadas.

Barcelona 2x1 Valencia
No grande jogo da rodada, tempos opostos e Xavi definiram a vitória blaugrana. O Barcelona ainda não havia engrenado no Campeonato Espanhol. A equipe entrou em campo nesta sétima rodada ocupando a quinta colocação na tabela, e sem as tradicionais atuações que encantavam os olhos de seus torcedores e o mundo. A partida deste sábado, porém, pôde marcar a ressurreição da equipe na competição. Em um primeiro tempo no Camp Nou, o Barça começou sem muita inspiração e sua habitual magia dentro de campo. As duas equipes não criavam reais chances de gol e o Valencia mostrava uma tática eficiente de marcação sobre o ataque catalão, anulando Messi e as subidas de Daniel Alves pela direita. O Valencia asfixiava o Barcelona na saída de bola. Soldado, Pablo Hernándes e Banega obrigava Puyol, Piqué ou Busquets a darem chutões para frente após receber de Valdés. A pressão do Valencia logo teve resultado, com um gol de Pablo após descida com velocidade de um cada vez mais brilhante Mathie.

O primeiro tempo insonso do Barcelona criou dúvidas nos seus torcedores. Porém, todas as dúvidas foram embora quando Iniesta tabelou com Xavi e empatou o jogo aos cinco do segundo tempo. Os azulgrenás mostraram que voltaram à etapa complementar realmente com outra postura. O velho futebol de toque de bola começou a funcionar e Messi apareceu mais para o jogo. Com Xavi com 80% da forma física em noite inspirada, a vitória chegou com Puyol, que mandou um coração ao Camp Nou inteiro. A vitória do Barcelona poderia ser elástica se Messi estivesse inspirado. A Pulga mostrou certo cansaço, perdendo alguns gols e sendo desarmado no mano a mano facilmente por Ricardo Costa. No final de jogo, uma dura discussão entre Daniel Alves e Vicente (ver foto) representou o que foi esse duelo.

Málaga 1x4 Real Madrid
O Real Madrid navegou nos dois primeiros meses de competição entre dúvidas, críticas e desconfiança por causa de seu jogo e por causa das intuições acerca de José Mourinho. Porém, chegado a esse ponto do debate, um debate eterno que só acabará no fim da Liga, o Real Madrid é líder da competição. Pendente do que o Villarreal fará no seu próximo jogo contra o Hércules, na segunda. Quem encontra respostas em números e na classificação, considerará impecável a trajetória desse Real Madrid. Porém, quem se anima com o futebol, exigirá cada vez mais dessa equipe. Pedirão cada vez mais que o Real Madrid se pareça mais com Özil do que com Khedira.

O triunfo do Real Madrid em Málaga foi inquestionável. Administrou os tempos da partida do jeito que quis, salve um pequeno deslize depois de ter levado o gol. Apesar do choque ter estado longe do massacre contra o Deportivo, a equipe rendeu a um nível alto no ataque. Viu Cristiano Ronaldo mais solidário, goleador e assistente, generoso com Higuaín, que também fez doblete, assim como o português. E Özil também esteve à altura dos dois, com uma belíssima jogada no terceiro gol, o segundo do gajo. O jogo do Real Madrid cresce à medida que o talento do turco-alemão vai se deixando notar. Os três situaram Mourinho na liderança do campeonato, que deu uma alegria também para Pedro León.

O contundente placar final reflete a enorme distância que existe entre as duas equipes. O Madrid controlou a partida de forma muito profissional, com trabalho e arte. Pinceladas de Özil, Cristiano ou de Di Maria, de acordo com as ordens de Mourinho. Xabi Alonso geriu a equipe de forma impecável, pois é o cérebro e a alma do time. Até Khedira esteve mais animado do que de costume e aproveitou para se exibir um pouco no ataque. Deixou sua assinatura em um potente chute, que parou na trave. Na frente de todos eles, o homem que justifica todo o trabalho: Gonzalo Higuaín, que responde as críticas e dúvidas com gols, pois o melhor argumento é esse. Agora, fica a concentração toda para o jogo de terça pela LC contra o Milan, no qual este Real Madrid terá o primeiro grande teste na temporada.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Novamente Llorente

Llorente: preterido por Vicente del Bosque, El Rey León entrou e decidiu (getty images)

Se contra a Lituânia a Espanha já havia mostrado certo excesso de preciosismo isso ficou bem claro na partida em Glasgow, contra a Escôcia. Após abrir dois a zero, os espanhóis desligaram-se da partida e acordaram os escoceses, empolgados e empurrados pela fanática torcida. O duelo ainda ficou marcado por um momento histórico. Com o pênalti convertido no primeiro tempo, David Villa empatou com Raúl na artilharia da seleção espanhola, com 44 gols feitos. O ex-merengue, porém, precisou de 102 partidas para alcançar esta marca, enquanto Villa chegou apenas ao seu 69º jogo com a camisa da Fúria.

A partida também mostrou o começo de temporada frustrante que Piqué vem fazendo. O excelente zagueiro blaugrana ainda não mostrou aquele futebol que o consolidou como um dos melhores (senão o melhor) das últimas duas temporadas (principalmente na temporada do triplete). Gerard vem mostrando falhas que não costuma errar e, após uma partida desastrosa em Glasgow com nervossismos e atrasos na marcação de Miller, Piqué ainda levou para casa um gol contra de brinde, que poderia ter efeitos muito pior se Llorente não marcasse o gol da vitória. Preterido por Vicente del Bosque para ser titular ao lado de Villa, o atacante do Atlhetic Bilbao já provou que pode ser titular a qualquer momento, já que, vira e mexe, Fernando Torres está lesionado. Se o 4-5-1 inicial emparelhou-se com um Villa muito isolado, a entrada de Llorente, centro-avante de ofício, facilitou muito para que a tática andasse. Seus números não enganam: marca um gol com a camisa espanhola a cada sete minutos.

O jogo
Mesmo enfrentando a pressão e as vaias da torcida escocesa desde o apito inicial, a Espanha tomou conta do jogo e pressionou o adversário na primeira etapa. O gol, porém, saiu apenas aos 44min, e de pênalti. David Villa bateu rasteiro no canto direito e abriu o placar. Logo no início da etapa final, Iniesta recebeu no meio da área e chutou forte, fazendo 2 a 0. Foi quando a seleção anfitriã finalmente acordou na partida, com um certo preciosismo da Fúria, como dito no início do texto.

Com duas jogadas pelo setor direito ofensivo, a Escócia conseguiu empatar com a Espanha em menos de dez minutos. Primeiro, Naismith recebeu cruzamento de Kenny Miller e, livre, cabeceou para o gol, aos 13min. Aos 20min, em novo cruzamento pela direita, Fletcher avançou em velocidade e bateu forte para o meio da área. Piqué, em noite trágica, foi infeliz no lance e acabou mandando contra a própria meta.

O duelo seguiu bastante equilibrado. A Espanha mantinha a maior posse de bola e chegava com perigo, enquanto a Escócia também assustava em rápidos contra-ataques. Na metade do segundo tempo, Vicente del Bosque começou a fazer mudanças no time, e deu certo. Fernando Llorente, que havia entrado há três minutos, aproveitou falha da zaga após cruzamento da esquerda e completou de cabeça para as redes, garantindo a vitória.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Jogadores Históricos: Manolo Sanchís

Manolo Sanchís atuou no Real Madrid por incríveis 18 temporadas e é um dos maiores ídolos da história do clube blanco (futboldelpaella.es)

Para a mais nova geração de torcedores do Real Madrid, Raúl, Guti, Casillas e Zidane são ídolos máximos. Antes deles, porém, houve uma geração de seis canteranos que marcaram época no clube da capital. Conhecida como "La Quinta del Buitre" esta geração foi municiada por Emilio Butragueño (o Buitre, seu apelido à época) e ganhou esse novo graças a Julio Inglesas, jornalista do El Pais. Entre eles, apenas um ficou no clube por tantas temporada (17 no total): o zagueiro Manolo Sanchís, que tornou-se capitão do clube em meados da década de noventa.

Nascido em Madrid, Sanchís debutou com o clube blanco em 4 de dezembro de 1983 contra o Múrcia. E, assim como Butragueño em sua estreia pelo Real Madrid, teve participação crucial na partida. Afinal de contas, o único tento do jogo saiu dos pés do zagueiro. Logo, ganhou rapidamente a confiança de Di Stefano. Apesar de participações boas em partidas de Liga e Champions e já ganhando um status de ídolo, El Cejas e toda a trupe da Quinta del Buitre só foram ganhar o seu primeiro título em 1986, sendo esse o primeiro de cinco consecutivos (marca récorde na Liga BBVA).

Àquela geração, porém, lamenta-se muita a não-conquista da Champions League. Apesar de assombrar no cenário espanhol, com cinco ligas e duas Copa del Rey, Manolo Sanchís só foi ao alto da europa com a Quinta del Buitre apenas duas vezes, e com a Copa da Uefa - 1985-86 e 1986-87. Se os torcedores do Real Madrid criaram muitas expectativas e depositaram suas confianças para que essa geração recolocasse o Real Madrid no topo da europa, a decepção foi grande: apesar de remontadas históricas e dois vices-campeonatos, a geração de ouro do Real Madrid não chegou a conquistar a Copa da Europa (hoje, Champions League).

El Cejas foi o único dessa geração a atuar a carreira inteira em Chamartín e, assim, foi recompensado com chave de ouro: em 20 de maio de 1998, enfim, o Real Madrid voltara a ganhar uma Champions League, o que levou Sanchís às lágrimas. Duas temporadas depois, o Real Madrid estaria novamente de volta ao topo da Europa, após derrotar o Valencia em Paris. Em 2001, após a conquista da Liga Espanhola (sua oitava) resolveu aposentar as botas, sendo homenageado no Santiago Bernabéu e reconhecido como um dos grandes ídolos do Real Madrid, onde atuou por 592 vezes.

Manolo sempre se destacou por sua frieza e tranquilidade. Foi um excelente profissional tanto dentro, como fora de campo.

Manolo Sanchís
Nascimento: 23 de maio de 1985
Posição: zagueiro
Clube: Real Madrid
Títulos: 8 Ligas, 5 Supercopas, 2 Copa del Rey, 2 Champions League, 2 Copa da Uefa, 1Mundial de Clubes.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A competência é valencianista

Começo de temporada sem Villa e Silva parecia preocupante para o Valencia, mas clube tem conseguido viver no aperto (AP)

Nos últimos anos, virou praxe a disputa do título ser polarizada entre Barcelona e Real Madrid. Para se ter uma noção maior, da temporada 2000-01 para cá, apenas o Valencia (duas vezes - 2001-02 e 2003-04) conseguiu a proeza de desbancar os dois gigantes do futebol espanhol. A situação "piora" se fomos pensar que, nas últimas seis temporadas, apenas um clube sem ser blaugranas ou merengues conseguiu disputar, de fato, o título da Liga. Este foi o Sevilla de 2006-07, que chegou à última rodada com possibilidades remotas de ser campeão e que terminou aquela temporada com um doblete histórico: campeão da Copa da Uefa (enfrentando o Espanyol na final) e da Copa del Rey (enfrentando o Getafe na final).

Convenhamos que ser comparado ao "Sevilla de uns anos atrás" é um baita elogio, ainda mais a quem havia acabado de perder dois de seus principais jogador. E foi assim que Joaquín Caparrós, técnico do Atlhetic Bilbao, definiu o "novo Valencia", na coletiva após o jogo entre sua equipe e os chés. O treinador andaluz tem sua dose de razão. Óbvio que é muito cedo para ter retratos definitivos sobre os chés desta temporada, mas as primeiras partidas dão sinais positivos. A equipe valenciana lidera La Liga após seis rodadas, com cinco vitórias e um empate. Além disso, mostrou que tem força suficiente para passar pela fase de grupos da Liga dos Campeões, considerando que os adversários não são dos mais ameaçadores (Manchester United à parte, claro).

Um dos grandes méritos foi manter Unai Emery no comando técnico. Responsável pela oitava colocação surpreendente do Almería de 2007-08, Unai teve a missão de revificar o Valencia 2010-11. E, até o momento, tem dado muito certo. O treinador se notabiliza pela criatividade em jogadas ensaiadas, saber trabalhar com orçamento limitado e estudar minuciosamente os oponentes. É evidente que a saída dos Davids teria um impacto fortíssimo no Valencia, mas a base foi mantida e havia caminhos para montar um grupo competitivo. O principal objetivo era recompor meio-campo e ataque, bastente atingidos pelas saídas dos Davids (sem esquecer que a zaga perdeu Marchena).

Para felicidade de Emery, o elenco já contava com algumas boas opções nesses setores. Pablo Hernández já se consolidara como um ótimo meia de armação. Ele ficou à direita, tendo como companheiro de esquerda Mata – que começou como meia aberto, mas vinha jogando de atacante. Se Villa fez história com a camisa sete, esta parece ter algo de bom: o herdeiro Joaquín começou a temporada voando e é um dos grandes responsáveis pela liderança valenciana. Joaquín, porém, se lesionou e, assim como Vicente, não um retorno previsto. Ele será, sem dúvidas, um desfalque sentindo para o jogaço que o Valencia fará na próxima rodada contra o Barcelona, no Camp Nou.

A solução equilibrou o meio-campo, mas o recuo de Mata tirou de vez os atacantes da temporada passada. Aí foi questão de ir ao mercado buscar boas ofertas. A mais inteligente foi Soldado, atacante formado no Real Madrid que acabou indo para times pequenos na impossibilidade de disputar posição com Ronaldo. O centroavante de nome militaresco vinha de duas boas temporadas no Getafe (33 gols em 66 jogos) e poderia dar poder de definição com alguma mobilidade ofensiva. Para completar a dupla de frente, a direção valencianista contratou Áduriz, atacante que até se movimenta um pouco, mas se notabiliza por compensar a limitação técnica com muita entrega na disputa por espaço com os zagueiros. Curiosamente, também fez 33 gols nas duas últimas temporadas (mas fez 69 jogos). Como os dois atacantes têm no cabeceio as suas virtudes, as jogadas aéreas passou a ser praxe.

A troca da dupla Villa-Mata por Áduriz-Soldado fez o jogo ofensivo do Valencia ficar mais centrado no meio, mas merece algum respeito. Considerando que o setor defensivo não teve grandes perdas (Ricardo Costa chegou para o lugar de Marchena), os valencianistas têm potencial para brigar no segundo pelotão da Espanha e superar Bursaspor e Rangers na disputa da fase de grupos da Liga dos Campeões. Por enquanto, tem sido suficiente para liderar a liga. Dificilmente esse cenário se manterá. A tabela tem sido gentil com o Valencia (venceu Málaga, Racing de Santander, Hércules, Sporting de Gijón e Athletic Bilbao, todas equipes acessíveis, e empatou em casa com o único oponente realmente forte, o Atlético de Madrid) e o elenco não é denso o suficiente para suportar as inevitáveis contusões e suspensões de jogadores importantes ao longo da temporada.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Bem, mas pode melhorar

Llorente e Sergio Ramos foram os donos do jogo de hoje. Substituindo Fernando Torres, o atacante marcou duas vezes (getty images)

Em um jogo de equipes totalmentes opostas, a Espanha conseguiu somar seu segundo triunfo nas Eliminatórias à Eurocopa de 2012. Sem Fernando Torres, Vicente Del Bosque usou do mistério para escalar o companheiro de Villa no ataque: se Áduriz vive uma grande fase no Valencia e foi convocado pela primeira vez para defender a Espanha, Del Bosque resolveu dar uma chance a Llorente, que começou mal a temporada no Atlhetic Bilbao, para substituir El Niño (mais uma vez lesionado) . A aposta "arriscada" fez valer a escalação: autor de dois gols, foi nome da partida ao lado de Sergio Ramos.

Reserva na Copa do Mundo, ele chegou a ser cogitado como titular contra Alemanha, mas foi Pedro quem entrou no lugar de Fernando Torres. Mas após o título mundial vem galgando seu espaço, e hoje foi só mais uma prova disso. Sergio Ramos, muito ativo na partida e autor do passe para o gol de Silva, teve uma noite especial: no estádio Helmántico de Salamanca, o andaluz fez contra a Lituânia a sua partida de número 70 com a camisa roja, superando nomes como o de Emilio Burtragueño, e tornando-se o jogador mais jovem (24 anos) a atingir esta marca. O estádio é mais especial ainda a Sergio Ramos porque foi nele que o lateral direito merengue fez sua estreia na seleção. Contra a China, em 2005, na vitória por 3 a 0.

Apesar da ausências da Espanha serem de pesos, apenas três jogadores do time titular que iniciaram a final da Copa ficaram de fora - Xabi Alonso, Xavi e Pedro. Cazorla, Llorente e David Silva entraram em seus respectivos lugares. A saída de Xabi Alonso, porém, fez com que Vicente Del Bosque alterasse o esquema tático da equipe, que passou do, cada vez mais tradicional, 4-2-3-1 ao 4-1-4-1.

Na coletiva pré-jogo, o técnico de Salamanca (que foi homenageado pela torcida) havia avisado àqueles que esperavam uma vitória tranquila para repensarem o prognóstico e, de fato, a Lituânia apresentou-se bem organizada. Por duas vezes, nos primeiros 17 minutos, Silva desferiu fortes chutes com a sua canhota, mas Karcemarskas deteve-os sem problemas. Nesses primeiros trinta minutos de partidas, viu-se uma falta de eficácia rara da seleção espanhola. Villa, que completara 68 jogos com a camisa roja e segue em busca de ultrapassar Raúl e se tornar o maior artilheiro da seleção espanhola, ainda perdeu um gol incrível, inacreditável, no final do primeiro tempo.

Após um primeiro tempo sem gols, a etapa final foi movimentada. A Espanha abriu o placar aos 2 minutos do segundo tempo. Llorente recebeu cruzamento de Sergio Ramos e, dentro da pequena área, desviou de cabeça para o fundo das redes. Pouco depois, a Lituânia chegou ao empate aos 8 minutos. Sernas foi lançado entre a defesa da Espanha e tocou na saída de Casillas para deixar tudo igual. A seleção se empolgou com o gol e ainda tentou trabalhar a bola pela esquerda, mas tinha pouca criatividade diante da defesa da Espanha. Mais bem postada em campo, os espanhóis ampliaram assim que Llorente foi substituído. Aos 33 minutos, David Silva recebeu levantamento de Sergio Ramos na marca do pênalti e cabeceou no ângulo direito da meta, sem chances de defesa para fechar o placar.

Após o último gol, a torcida de Salamanca foi à loucura. Em parte feliz, mas também aliviado, depois de uma noite difícil que se transformou num tributo à capacidade de luta da campeã europeia. A Espanha volta a campo nesta terça-feira, quando encara a Escócia, em Glasgow. Sergio Ramos, que gerou preocupação à torcida, já deve estar apto para a partida após pedir substituição por lesão. Se o Real Madrid já se mostra preocupado com o seu jogador, Del Bosque já avisou que não irá força-lo caso o Departamento Médico vete-o à partida de Glasgow. Se não poder jogar, a entrada mais lógica seria a de Arbeloa, que o substituiu hoje. Vicente Del Bosque também comentou a má partida de Villa, morferizada após o gol perdido. Segundo o técnico de Salamanca, talvez a ansiedade de passar Raúl é um dos pontos principais que justifica a partida ruim do Guaje.

Clique aqui e relembre como foi a estreia da Espanha contra Liechtenstein.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Descapitalização do Sevilla

Jose Maria del Nido, presidente do Sevilla (reuters)

Após a eliminação para o fraco Braga(POR) na fase preliminar da LC, o Sevilla se vê em uma grande descapitalização. O time que Antonio Alvarez levou a campo nessa partida em relação ao time que Juande Ramos colocou em campo há cinco anos atrás contra o Celta, em Balaídos, é um grande exemplo do que se convertiria a equipe andaluz. Ao final do texto, podem ser comaparadas ambas as escalações.

A primeira coisa que mais chama atenção é a renovação extrema do time, em um período de um lustro - cinco temporadas -, ou seja, um período não tão grande para um clube que viveu um ciclo triunfador, só sobraram como titular Palop e Jesus Navas, e no plantel Drago, Renato, Kanouté e Luis Fabiano. Ao inverso, dos que jogaram contra o Braga, e fora os mencionados, somente Julien Escudé coincidiu com aquele time de 2005. Houve bastante mudanças, desde então.

É quando se começa a analisar as trocas quando percebes que algo há mudado demais, e não para um lado bom, mudança na estrutura da equipe. Com certeza, a baixa que mais chama atenção e mais sentida foi a de Daniel Alves, que é um super jogador e foi um ótimo negócio, com certeza se encontra entre os melhores jogadores do mundo. Seu substituto, Konko, não demonstrou muito nos dois anos e meio que está no clube, e apenas disputou metade das partidas. Não pode se esperar que cada ano venha um jogador por menos de um milhão de euros que se torne um craque mundial, mas se deve reconhecer que faz tempo que não chega a Nervión um futebolista da qualidade comparável a de Kanouté ou Luis Fabiano - o primeiro quem sabe jogou suas melhores partidas pelo Sevilla, enquanto o segundo faz tempo que tem a mente do outro lado, fora de Sevilla -, e nem mesmo da importância de Renato ou Adriano Correa. Do onze inicial da partida contra o Braga, raramente imaginamos um jogador dos "novos" em uma equipe de nível mundial. Talvez com a honrosa exceção de Perotti. Parecia também que Negredo até ano passado. Zokora é um meio campo útil, e um pouco mais e só.

Outra categoria que parece ter sumido de uma escalação para outra é um jogador rodado ou veterano de grande rendimento. Nessa categoria podemos colocar Javi Navarro que se converteu no símbolo do Sevilla após chegar do Valencia; Enzo Maresca que recordamos de sua excepcional prestação ao time na final de Eindhoven, que chegou depois de más atuações na Juve; ou o Pep Martí, meio campo de notável rendimento que atuou até os 33 anos como um dos pilares do meio campo. Esse tipo de futebolista parece ter desaparecido das escalações "modernas", em que só encontramos germes do conceito, como Alexis ou Fernando Navarro.

Finalmente, para não extender muito, apontamos algo sobre o potencial caminho percorrido dos jogadores de cada equipe. No de 2005, no mínimo sete jogadores da escalação titular se pode garantir uma grande carreira por vários anos, sem medo de se equivocar em demasia; e assim foi, todos eles no Sevilla, exceto Daniel Alves e Adriano, hoje no Barcelona. A quantos da escalação principal desejamos, realismo em mãos, um futuro tão promissor? Com certeza muito menos, e as razões dessa resposta é o que está levando muita gente a se perguntar o que há mudado nesses anos no exemplar secretariado técnico do Sevilla? No que Mochi passou de milagroso a discutido. A mudança foi notável.

Sevilla (setembro 2005): Palop; Alves, Javi Navarro, Dragutinovic, David; Jesús Navas, Maresca, Martí, Renato (Kanoute, m. 46); Adriano (Saviola, m. 46) y Luis Fabiano (Kepa, m. 64).

Sevilla (setembro 2010): Palop; Konko, Alexis, Escudé, Fernando Navarro; Alfaro (Acosta, m.80), Zokora, Guarente, Navas, Perotti; Cigarini (José Carlos, m.69) y Negredo (Luis Fabiano)


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Resumo: 6ª Rodada (2ª Parte)

Cristiano Ronaldo: ele deixou o ansiedade de lado, desencantou e marcou duas vezes no, enfim, show do Real Madrid (defensacentral)


No desenrolar-se da rodada, vimos um novo tropeço do Barcelona diante dos seus afficionados, a força do Sevilla de Manzano e, enfim, do Real Madrid de Mourinho e vimos uma nova vitória do Villarreal, na segunda colocação. Ponto para a dupla da Comunidade Valenciana, lider e vice-lider da competição (Valencia e Villarreal, respectivamente).

Real Madrid 6x1 Deportivo
Se o Real Madrid e os seus atacantes sofriam pela falta de pontaria, pode-se dizer que isso passou. No confronto contra o Deportivo, os merengues desencantaram e em alto estilo: cinco dos seis gols foram marcados por jogadores ofensivos (Zé Castro marcou um gol contra). Ante um inocente Deportivo, que apenas opôs resistência, o Real Madrid fez sua melhor partida na temporada. Os gols foram consequência do bom jogo da equipe de Mourinho, que, para a alegria da torcida, deu um tempo para o promissor Juan Carlos entrar em campo. O canterano entrou com personalidade, recebendo bola, indo armar o time e sendo importante nas infiltrações pelo lado esquerdo. A partida dibulhou o panorama ideal para este Madrid, que apenas tardou quatro minutos para solucionar o choque. Cristiano se antecipou a Lopo em um escanteio lançado por Özil para abrir o placar e acabar com qualquer resistência do Deportivo. O Madrid cresceu de tal maneira que acabou engolindo seu rival. Com esse gol, a ansiedade de Cristiano sumiu e a da equipe também. Porém, não serviu para Cristiano encontrar a solidariedade para com seus companheiros.

O Real Madrid consumiu um mês de competição com seus torcedores mais entretidos com as atuações de seu técnico e suas coletivas do que com o jogo da equipe. Os momentos para disfrutar foram tão escassos que cada partida só servia para alimentar as dúvidas nascidas das partidas anteriores. A decepção que o jogo madridista gerava só poderia ser contrastada com os dados estatísticos, os pontos e com a previsibilidade de um projeto em construção. O Madrid precisava de uma partida brilhante para que o conectasse com a torcida e com sua própria auto estima. Nesse momento, se deparou ante um inofensivo Deportivo, que lhe estendeu um tapete vermelho até a vitória. Um triunfo tão brilhante quanto contundente, indiscutível desde os números até o jogo. Se viu contra esse Depor, o melhor Madrid: mais certeiro nas finalizações e bem mais lúcido. E tudo isso chegou sem o trio de volantes, mirando mais para a meta contrária do que para a sua própria meta.

Sevilla 3x1 Atlético de Madrid
Está claro que algo mudou no Sevilla. E, dessa vez, não foi a sorte. A equipe saiu pra jogar de outra forma em campo. Dominadora, possuidora da posse de bola, vertical e inteligente, com critério na circulação da bola e contundente. E muito bem na parte física, ao menos durante uma hora, tempo que durou o vendaval futebolístico que pôs fim a resistência do Atlético de Madrid. E pode colocar tudo isso na conta de Gregório Manzano, junto com o efeito Renato. A partida começou com o desgosto de saber que Navas não estava em condições de jogo e com a surpresa da escalação definida por Manzano. Além de Guarente e Cigarini, o até hoje intocável Zokora ficou de fora do onze inicial para que Renato jogasse - muitos anos depois - na frente da defesa e Romaric fosse pra frente do brasileiro, como se fosse um 4-5-1. Não mais surpreendente foi a pouco valente aposta de Quique. Três meio-campistas e a esperar atrás como se o Atlético fosse uma equipe pequena.

O Sevilla em campo pareceu simples, sem a necessidade de fazer Zokora correr como um louco no meio de campo. Bastou aos volantes apenas boa colocação, sentido de jogo e saídas rápidas. Mario Suárez, Tiago e Assunção não estavam sabendo da festa. A partir dessa linha, o campo estava inclinado a favor do Sevilla. Perotti convertia o lado direito em sua pista particular e Kanouté voltara a ser um gigante ante os defensores do Atlético. O resto foi questão de tempo. De Gea e a sorte se aliaram com o Atlético até que no minuto 28 de partida, Negredo, depois de linda jogada de Perotti, fez um golaço e começou a abrir os caminhos para a goleada do Sevilla, que já anima os torcedores com Gregório Manzano no banco de reservas.

Barcelona 1x1 Mallorca
No Camp Nou, mais um tropeço do Barcelona diante de 77.770 espectadores. Antes da partida, homenagens para ídolos do passado e do presente. O mítico time de 1952-53, conhecido como Barcelona das cinco copas, foi homenageado pela direção blaugrana, assim como time de futebol feminino, campeão da Copa da Catalunha. E os aplausos da noite ficaram, como de praxe, para Lionel Messi. Ganhador da chuteira de ouro, ele ofereceu o prêmio ao Camp Nou inteiro, sendo ovacionado pelo afficionados presente no estádio. Nas quatro linhas, vimos um Barcelona arrasador, mas sentindo a falta de seu principal cérebro. Sem Xavi, lesionado, Guardiola resolveu colocar Keita, recuando um pouco Iniesta para a posição do jogador de Terrasa. Em boa parte do primeiro tempo, o Barcelona chegou a ter incríveis 90% da posse de bola, porém só soube resolver em ocasiões de gol uma vez. Após triangulação de Daniel Alves, Pedro e Messi, o canário deixou de calcanhar para o argentino pegar com extrema categoria e astucia e marcar o um a zero. Após isso, o Barcelona mostrou-se um time "estrelinha", querendo fazer gols bonito, ponto principal para o revés.

Na primeiro chegada do Mallorca, Valdés evitou o gol em chute de Nsue espalmando para a linha de fundo. Mas, na cobrança de escanteio, não teve jeito: De Guzman cruzou, Milito e Piqué dormiram no ponto e o meio-campista apareceu para rematar de cabeça e empatar. No segundo tempo, o Barcelona mostrou-se irreconhecível, ansioso, nem sombra do primeiro tempo e Laudrup, esperto, percebeu rapidamente isso. O dinamarquês, que havia mandando para campo um 4-2-2-2, recuou seu time para um 4-3-2-1 e deu um nó tática em um Guardiola perdido. O dinamarquês percebeu o nervosismo dos blaugranas em busca dos três pontos e a atuação apática do mesmo para postar muito bem sua defesa e os volantes para auxiliar os atacantes. Pereira entrou muito bem, ajudando a defesa e segurando a bola com inteligência - deu até caneta no Iniesta. Faltou para o Barça pontaria e inspiração. Bojan irritou os torcedores de todas as maneiras. Não acertou um passe, uma finalização e foi fominha ao extremo. Além disso, não apareceu para buscar jogo, como deve fazer um camisa nove. A equipe ainda está se acertando neste início de temporada, no mínimo, conturbado, mas depender de Bojan pra suprir qualquer ausência no ataque vai ser complicado. E ontem foi a prova disso.

Villarreal 2x0 Racing Santander
No El Madrigal, o Villarreal segue mostrando sua força. Na quinta vitória consecutiva dos castellonenses (que se encontram na segunda colocação), o Villarreal aproveitou o estado de graça que vivem Bepe Rossi e, principalmente, Nilmar. Os dois foram os principais responsaveis pela vitória amarilla marcandos os gols da partida. A pegada de sua dupla de ataque foi o ponto principal para a vitória do time da Comunidade Valenciana. O Racing Santander teve mais a posse de bola, mas sente a falta de um jogador criativo no meio-campo, função à qual Canales cumpria com extrema categoria, apesar da pouca idade. O Villarreal teve muitas ocasiões de gols, mas teve um certo excesso de preciossismo para rematar a partida. O primeiro tempo começou com um Racing entusiasmado, que tinha posse de bola e dominava o encontro. O domínio verdiblanco, porém, durou apenas oito minutos, quando Nilmar fez o primeiro gol (seu sexto na competição - artilheiro da Liga) e o Villarreal passou a aproveitar os espaços dados pelo time de Santander.

Getafe 3x0 Hércules
O Getafe recuperou sua identidade no ritmo de Dani Parejo, que conduziu e orquestrou o time de Valdebebas. O Hércules, que vem dando trabalho para os principais times, não foi um rival à altura dos madrileños. O Hércules foi vítima do jovem criado nas canteras merengues, aquele que chegou a deixar Alfredo Di Stefano emocionado. O Getafe tentava esquecer a péssima imagem deixada após o tropeço na Liga Europa contra o Young Boys, time bem inferior ao seu. Os azulones mostraram um futebol de boa qualidades, com boas triangualações, marcação cerrada e precisou de quarenta e cinco minutos para decidir o confronto. O gol "especial" foi marcado por Miku, que homenageou Mario, lesionado que pode perder o resto da temporada.

Almería 1x1 Málaga
No Juegos Mediterraneos, o Almería dominou todas as ações da primeira etapa e teve mais ocasiões para ir aos vestiários com extrema vantagem contra um Málaga que ficou só na retranca esperando alguma ação errada dos rojiblancos para contra-atacar. Mostra do maior perigo dos almerienses foram os remates de fora da área, todos ele bem concluidos por Pablo Piatti. Principal jogador do Málaga neste início de temporada, Quincy Abeyie não foi brilhante, sendo bem marcador por Carlos García, mas foi decisivo: logo aos quatro minutos, penetrou na área rojiblanca e disparou um chute cruzado de esquerda para vencer Diego Alves. Mas, após cruzamento de Piatti - jogador mais participativo do Almería -, Uche empatou de cabeça, pondo números finais na partida.

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ESCALAÇÃO DA RODADA
Aouate (Mallorca); Sergio Ramos (Real Madrid), Pepe (Real Madrid), Marchena (Villarreal), Marcelo (Real Madrid); Xabi Alonso (Real Madrid); Özil (Real Madrid), Piatti (Almería), Dani Parejo (Getafe); Cristiano Ronaldo (Real Madrid), Higuaín (Real Madrid).