segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma vida, um time

Uma história em um único lugar.



Dois jogadores históricos em Chamartín, que surgiram nas categorias de base merengues e têm uma legião de fãs nas arquibancadas e nas tribunas de imprensa. E ambos anunciaram que deixam o clube nesta semana. Bom para todos: o clube e a dupla de jogadores.

A relação dos madridistas com Raúl e Guti sempre foi complexa. Raúl tem fama no Brasil de jogador mediano que só teve destaque por tantos anos por ser queridinho da mídia. Maldade. Ele surgiu como candidato a craque e foi realmente um dos melhores jogadores do Real no início da era dos galáticos (Vasco que o diga). Atuava como meia de armação e como atacante. Depois, se instalou mais no ataque e acabou se tornando um artilheiro importante, sobretudo pelos gols que marcou em Ligas dos Campeões.

Ficou marcado como um dos maiores jogadores da história do clube, mesmo atuando ao lado de craques como Zidane, Ronaldo, Roberto Carlos, Figo, Kaká e Cristiano Ronaldo. Não é uma avaliação completamente equivocada. Raúl não tem o mesmo talento dessa turma e teve influência política de valor duvidoso, mas merecia ser considerado um dos galáticos, ainda que uma estrela de brilho menor.



Guti não tem tanto crédito assim. Atacante do Real Madrid B, foi promovido para o time principal em 1995. Nunca foi titular, mas entrava com alguma constância e até fazia seus gols. Entre 1998 e 2001, teve média de 0,33 gol por partida em competições internacionais, um índice para lá de decente para um reserva. Com o início da era do galáticos, o ataque madridista ficou superpovoado e Guti foi recuando até se tornar volante.

A relação de Guti com o Real sempre foi estranha. Seu nome foi cogitado inúmeras vezes para transferência, inclusive para Fluminense e Corinthians. Mas ele sempre ficou, e foi construindo uma grande identificação com os torcedores e a imprensa. Acabavam clamando por mais espaço para o jogador, ainda que, taticamente, fosse difícil encaixá-lo. Como volante, não tem o poder de marcação que uma equipe ofensiva como a dos galáticos sempre precisou. Como meia de armação, não era craque o suficiente para concorrer com as contratações milionárias de Florentino Pérez.




Merecido ou imerecido, o carinho que ambos tinham era incontestável, quase passional. E é inevitável pensar que tamanha consideração se transformava em sombra para quem estivesse no clube. Como o retorno que ambos dão em campo já não é o mesmo do passado, era conveniente para todos a saída. O Real fica sem duas figuras que poderiam criar uma pressão desnecessária sobre elenco e comissão técnica. Os jogadores deixam o clube em alta, com a imagem de ídolos intacta. Já há indícios de que Cristiano Ronaldo pede a camisa sete como sua nova numeração no clube blanco. Não, Ronaldo. Não faça isso. Imortealize-a.

E bola para frente.

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