sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Jogadores Históricos: Hugo Sánchez

Hugo Sánchez, que talvez seja o maior futebolista mexicano de todos os tempos, fez história na Espanha, principalmente nos sete anos de Real Madrid (BBC)

Como o próprio apelido “Hugol” já deixa claro, o atacante mexicano marcou época pela facilidade em colocar a bola na rede. Só na Liga espanhola foram 234 gols em 347 partidas, ficando atrás apenas de Telmo Zarra. A velocidade, a facilidade em se desmarcar e a precisão de sua canhota, impulsionaram a sua carreira futebolística. Outra característica no jogo de “El niño de oro” eram as suas excêntricas comemorações, com diversos movimentos da ginástica olímpica, esporte praticado pela sua irmã. A atleta olímpica ensinou as acrobacias para o irmão, que comemorava seus gols dando os incríveis saltos.

A trajetória de Hugo Sánchez começa em campos de várzea na Cidade do México, onde mostrava sua facilidade em lidar com a bola jogando contra meninos mais velhos. A partir disso, estava claro, ele queria seguir os passos do pai – ex-futebolista semi-profissional. Desde cedo, “Hugol” era presença constante em convocações para seleções juvenis do país. Em 1976, ele disputou a Olimpíada de Montreal, competição que a sua irmã também esteve presente.

Porém, Hugo Sánchez não abandonou os estudos. Enquanto jogava pelo Pumas UNAM, concluiu a faculdade de odontologia, na Universidade que mantêm o clube. A sua trajetória futebolística no clube mexicano foi meteórica: em 1977, ganhou seu primeiro Campeonato Mexicano e, em 1979, com 26 gols no Mexicano, “Hugol” pela primeira vez foi artilheiro de um torneio profissional. Depois de passagem rápida pelo futebol dos Estados Unidos, Hugo Sánchez ganhou mais um título mexicano, o que garantiu seu passaporte para o futebol espanhol.

Porém, na chegada ao Atlético de Madrid, a desconfiança rondava o mexicano pouco conhecido no mercado europeu. Os colchoneros passavam por um momento ruim e a primeira experiência espanhola não foi tão positiva para Hugo Sánchez, mesmo com dois títulos (Copa Del Rey e Supercopa) e o seu primeiro Troféu Pichichi. “Hugol” chegou a acertar uma volta ao México. Mas, ao final, acabou ficando em Madrid, agora para defender o gigante Real Madrid.

Nos merengues nada de decepção e uma primeira temporada muito boa. Com 38 gols em La Liga, garantiu a artilharia e ajudou o time a conseguir o título do Campeonato Espanhol. À época, o Real Madrid dominava o futebol da Península Ibérica e os títulos vieram em grande quantidade para o artilheiro mexicano. Foram cinco taças da Liga Espanhola, uma Copa Del Rey, três supercopas e uma Copa Uefa. Hugo Sánchez sempre foi importante para as conquistas, levando o Pichichi quatro vezes com os blancos, além de uma vez com o Atléti, o que o coloca como o segundo maior vencedor da disputa junto à Di Stéfano e Quini e atrás apenas de Telmo Zarra, que tem seis conquistas.

A grande temporada de Hugo Sánchez foi a de 1989-90. Com 38 gols, o “Pentapichichi” ajudou no pentacampeonato espanhol dos madrilenhos. Além disso, o mexicano ganhou a Chuteira de Ouro da temporada, ao lado do barcelonista Stoichkov. Mesmo marcando tantas vezes – com a camisa blanca foram 251 vezes –, o artilheiro de belos gols tem uma grande frustração: jamais ter levantado a taça das grandes orelhas.

Nas últimas duas temporadas pelos merengues, Hugo Sánchez acumulou lesões e até problemas extra-campo. Após deixar o Real, “Hugol” ficou um ano no América do México e venceu mais uma Liga dos Campeões da Concacaf. Nisso, o Rayo Vallecano apareceu como uma oportunidade para retornar à Espanha. E o artilheiro mexicano não hesitou em vestir a camisa do terceiro time da capital espanhola. Após a passagem tímida, Hugo Sánchez rodou mais um pouco e terminou a carreira em 1997, no Club Celaya.

Na seleção, o maior jogador mexicano de todos os tempos, participou de três Copas do Mundo (1978, 1986 e 1994) e fez apenas um gol nelas. Seu comportamento explosivo, fez com que Hugo Sánchez perdesse algumas chances na seleção.

Depois de pendurar as chuteiras, “Hugol” se tornou treinador. Passou por apenas dois clubes e logo assumiu “El Tri”, onde passou dois anos. Não ganhou nenhum título, mas levou a seleção à um terceiro lugar na Copa América de 2007, na campanha em que Nery Castillo se destacou muito. No mesmo, ainda havia ficado no segundo lugar da Copa Ouro. Fora dos campos, a Espanha voltou ao seu caminho e, em 2009, ajudou o Almería a escapar do rebaixamento, sendo eleito o melhor treinador substituto de La Liga.

Hugo Sánchez
Nascimento: 11 de julho de 1958, na Cidade do México, México
Posição:
Clubes como jogador: Pumas de UNAM (1972-79 e 1980-81), San Diego Sockers (1979-80), Atlético de Madrid (1981-85), Real Madrid (1985-92), América do México (1992-93), Rayo Vallecano (1993-94), Atlante (1994-95), FC Linz (1995-96), Dallas Burn (1996) e Club Celaya (1997)
Clubes como treinador: Pumas de UNAM (2000-05), Necaxa (2006), Seleção mexicana (2006-08), Seleção mexicana sub-23 (2008) e Almería (2009)
Títulos: 4 Campeonatos Mexicanos (1976-77, 1980-81, Clausura 2004 e Apertura 2004), 5 Campeonatos Espanhois (1985-86, 1986-87, 1987-88, 1988-89 e 1989-90), 2 Copas Del Rey (1984-85 e 1988-89), 4 Supercopas da Espanha (1985, 1988, 1989 e 1990), Copa Uefa (1985-86), 2 Liga dos Campeões da Concacaf (1980 e 1992), Copa Interamericana (1981) e Copa Ouro (1977)
Seleção mexicana: 58 partidas e 29 gols

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Alívio

Athletic Bilbao convence contra o PSG, esfriando a batata de Marcelo Bielsa (AP Photos)

Se o Athletic Bilbao ainda não tem convencido no Campeonato Espanhol, ao menos na Liga Europa a campanha é satisfatória. Jogando em casa contra o PSG, novo milionário da Europa, os rojiblancos do País Basco venceram bem por 2 a 0 e chegaram à liderança do grupo F. Uma vitória para aliviar a pressão exercida sobre Marcelo Bielsa, que não poupou ninguém para o dérbi contra a Real Sociedad no domingo. O time francês não conseguiu fazer frente ao Athletic Bilbao, especialmente depois da expulsão do meio-campista Sissoko, no segundo tempo. Javier Pastore, maior contratação da história do futebol francês, teve atuação apagada e foi substituído durante a partida, assim como o brasileiro Nenê, que deu lugar a seu compatriota Ceará.

Apesar de o Paris Saint-Germain ter esboçado uma pressão nos primeiros cinco minutos, o Athletic Bilbao logo tomou conta da partida, tentando, especialmente, jogadas aéreas para Llorente. Assim, foi desta forma que a equipe de Bilbao abriu o placar: aos 20', foi Llorente quem cruzou da direita, e Gabilondo, na segunda trave, acertou um belo voleio, abrindo o placar no San Mamés. Com a vantagem, os donos da casa seguiam em cima do PSG, que não tinha forças para resistir à pressão. Aos 28', Erdinç recebeu livre, arrumou para o chute, mas desperdiçou boa chance para o empate.

Nos dois lances seguintes, Nenê apareceu com destaque: em falta na direita, o jogador cruzou direto, obrigando Iraizoz a fazer boa defesa; no outro, porém, o camisa 10 desperdiçou um bom contra-ataque para o time parisiense. Animado, o PSG esteve perto do empate aos 43': Nenê fez a jogada pela esquerda e rolou para Bodmer, que, na meia-lua, bateu mal, por cima da meta de Iraizoz. O castigo veio três minutos depois: em um bom contra-ataque, Gabilondo cruzou para área, e Sussaeta, livre, tocou para o gol, ampliando a vantagem euskara na partida.

Precisando descontar a diferença no placar, o PSG sofreu um duro golpe logo aos 8' da segunda etapa: após dar um carrinho por trás em Muniain, Sissoko deixou o time francês com um a menos por mais de meia hora. A desvantagem numérica diminuiu o ímpeto do Paris Saint-Germain, que não chegava com perigo na área do Athletic. Assim, os rojiblancos passaram a controlar o jogo como queria, tocando a bola no meio de campo. Sem grandes chances nesse período, o Athletic Bilbao rodava a bola, e o PSG não gerava problemas.

Na próxima rodada, o Athletic joga novamente na Espanha, desta vez contra o Salzburgo, enquanto o PSG vai enfrentar o Slovan Bratislava, fora de casa. Os dois jogos estão marcados para o dia 20 de outubro.

A noite de Diego Alves

O gol foi de Soldado, mas o principal responsável pelo empate do Valencia contra o Chelsea foi Diego Alves (getty images)

Contratado por 6 milhões de euros junto ao Almería, Diego Alves começou a temporada relegado ao banco de reservas do Valencia. A preferência por Guaita sempre foi clara em Unai Emery, que só havia utilizado o brasileiro apenas uma vez antes (contra o Genk, também pela Champions League). Ontem, Diego Alves foi titular novamente e ganhou, certamente, muitos créditos com o técnico: foi, de fato, El Paredón e parou quase todos os ataques do Chelsea, garantindo o empate do Valencia no Mestalla.

Os ingleses foram os primeiros a assustar, e com um espanhol. Fernando Torres recuperou a bola no ataque, invadiu a grande área, mas foi desarmado por Adil Rami aos três minutos. Pouco depois, aos 14, Frank Lampard em cobrança de falta obrigou o goleiro brasileiro Diego Alves a fazer grande defesa. A primeira chance do Valencia só veio aos 26 minutos, quando Jordi Alba cruzou na área e Pablo Hernández desperdiçou uma ótima oportunidade de gol.

No segundo tempo o Chelsea voltou com tudo, pressionando demais o Valencia. Aos seis e nove minutos, Diego Alves salvou duas finalizações de Fernando Torres. Mas aos 11 não teve jeito: Florent Malouda cruzou na área e Frank Lampard bateu cruzado para fazer 1 a 0. Após levar o gol, os donos da casa melhoraram e passaram a atacar mais, principalmente por conta das entradas de Pablo Piatti e Jonas. E finalmente, aos 42 minutos, o Valencia conseguiu a igualdade: Salomon Kalou cometeu pênalti e Roberto Soldado deixou tudo igual.

Messi à Kubala
O outro representante espanhol a entrar em campo nesta quarta-feira foi o Barcelona. E, apesar da goleada por 5 a 0 frente ao Bate Borisov, da Bielorrúsia, a principal notícia da noite foi o fato de Messi, com um doblete, ter alcançado a marca de 194 gols de Kubala, tornando-se o segundo maior artilheiro da história do Barcelona.

A vitória dos blaugranas foi desenhada com tranquilidade desde o começo da partida. Contra um Bate deveras ingênuo na marcação, incapaz de acompanhar a movimentação de um time que encontra espaços onde não parece existir, o placar ficou até barato para o time da casa. Prova maior da ingenuidade bielorrussa foi o fato de três dos cinco gols terem saído por falha diretas da equipe.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Redenção

Kaká comemora e os torcedores atrás aplaudem: a redenção do brasileiro, vaiado há algumas temporadas (getty images)

Esqueça a vitória do Real Madrid contra o Ajax por 3 a 0 pela segunda rodada da fase de grupos da Uefa Champions League. A melhor notícia que os torcedores e, principalmente, José Mourinho poderia receber foi a melhor partida de Kaká desde que chegou ao clube, em julho de 2009. E mais: ao lado do brasileiro no meio-campo, além de Cristiano Ronaldo, esteve Özil, que também fez boa partida, jogando por água abaixo o argumento de alguns, que falavam que os dois não eram compatíveis.

Kaká chegou do Milan com status de ídolo. Os 50 mil torcedores que lotaram o Santiago Bernabéu em sua apresentação depositaram no craque brasileiros suas maiores esperanças de ver o Real Madrid levantar a orelhuda pela décima vez. À época, o assunto não era outro senão ser campeão europeu no Santiago Bernabéu e, consequentemente, levantar a tríplice coroa. O objetivo maior, contudo, era vencer o Barcelona, que estava - ainda está, diga-se de passagem - maravilhando o mundo após a histórica temporada 2008/2009. Entretanto, o brasileiro não cumpriu as expectativas.

Chegou a fazer boas partidas, é verdade, como no dérbi ante o Atlético de Madrid e no superclássico contra o Barcelona, mas o estopim da paciência dos aficionados foi a partida contra o Lyon, pelas oitavas-de-finais da LC. O brasileiro foi muito mal em campo e saiu vaiado para a entrada de Raúl. Kaká voltou apenas na temporada posterior, vindo de uma infeliz Copa do Mundo, mas voltou a deixar a desejar. "Foi minha pior temporada na carreira", disse o brasileiro em entrevista recente ao Marca. O camisa oito ensaiou uma triunfal volta aos gramados, com boas partidas diante do Villarreal, Atlético de Madrid e Real Sociedad. Mas as dores no púbis voltaram a atrapalhar a carreira do jogador.

A redenção de Kaká pouco a pouco vai acontecendo. Após ser incógnita no mercado, José Mourinho admitiu publicamente que contaria com o brasileiro no plantel, dizendo que um jogador como ele não poderia ter o talento disperdiçado assim. Em uma enquete do Marca após a partida de ontem, 74% dos internautas querem continuar vendo o brasileiro na equipe titular. Os mesmos 74%, há uma temporada, preferiram Özil e Di María para formar a linha de três com Cristiano Ronaldo. "Ricardo passou por um período muito ruim para um jogador de seu nível. É muito importante para nós que agora ele esteja feliz. Ele sofreu muito com as lesões, e o primeiro que merece estar se sentindo assim é ele" ressaltou Karanka ao site oficial da Uefa.

Contra o Ajax, Kaká ratificou o ensaio do último sábado, quando já havia atuado muito bem. Participou diretamente dos três gols, com uma assistência e um tento, e se movimentou com contudência no campo, revertendo sempre posição com Özil. "Pouco a pouco vou demonstrando minha qualidade. Foi uma partida boa minha e da equipe. Mais uma vez digo que quero triunfar no Real Madrid", afirmo. O certo é que com a recuperação do futebol de Kaká, que está disposto a brilhar novamente, o poder de decisão de Cristiano Ronaldo e a "disputa" sadia de Özil e Di María por uma vaga no meio-campo, o Real Madrid vem forte rumo à décima.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

6ª rodada: Noite dos artilheiros

Artilheiro da Liga, Messi fez chover no Camp Nou. Literalmente (AP Photos)

Cristiano Ronaldo e Messi, artilheiro e vice, respectivamente, da liga passada, foram os protagonistas da rodada. Cada um marcou um triplete e foram os principais responsáveis pelas goleadas de Real Madrid e Barcelona, ratificando que, novamente, a disputa pelo Pichichi será polarizado pelos dois. A rodada também marcou a primeira derrota de Valencia e Bétis e, como supracitado, a recuperação do Real Madrid. Athletic Bilbao e Villarreal continuam mal e só empataram no País Basco. Confira o resumo da sexta rodada.

Barcelona 5x0 Atlético de Madrid
Quando o Barcelona vence e dá show é porque parte teve Messi em campo e inspirado. Isso já tem virado clichê, e não foi diferente contra o Atlético de Madrid. A boa fase vivida pelo rojiblancos, somado à segurança da defesa atleticana, fez com que o 3-4-3 escalado por Guardiola fosse dito como bastante arriscado antes do jogo. A bola na trave de Tiago logo no início do jogo quase justificou isso. Porém, bastou Xavi lançar milimetricamente Villa para tudo ir por água abaixo. O guaje deixou Miranda e Courtrois para trás e chutou firme à esquerda do goleiro para abrir o placar. Daí em diante foi só show. Messi, até então tímido, marcou três belíssimos gols, chegando a oito no campeonato com apenas cinco rodadas disputadas. Na temporada, contabilizando os gols das supercopas, La Pulga já balançou as redes doze vezes. Os colchoneros inexistiram frente ao furação azulgrená: Reyes, Diego e, sobretudo, Falcão García foram anulados por Mascherano, Busquets e Abidal.

Real Madrid 6x2 Rayo Vallecano
A goleada imposta pelos merengues não condiz com o que foi o jogo: o Rayo Vallecano jogou muito. Logo aos 15 segundos, já vencia, após erro de Lass e gol de Pichu. Com Özil no banco e Cristiano Ronaldo bem marcado, os blancos sofreram para criar algo no meio-campo. Kaká jogava bem, mas faltava ser mais incisivo. Sem opção, restou a Mourinho mexer em sua equipe ainda na primeira etapa: aos 30', tirou Lass e colocou Özil, que teve seu nome gritado pela torcida logo após o primeiro gol rayista. A alteração teve resultado: além de mudar para o 4-1-4-1, o Real Madrid passou a jogar com mais notoriedade e chegou à virada restando quinze pro término da primeira etapa. Soberba a partida de Kaká: com algumas arrancadas que lembrou aquele pré-2008, o brasileiro participou diretamente dos três primeiros gols, e saiu de campo ovacionado. O camisa oito começou a temporada em alta e a expectativa é de que seja titular no jogo contra o Ajax, no meio da semana.

Sevilla 1x0 Valencia
Caiu a invencibilidade do Valencia na temporada. Com alguns dos principais jogadores poupados para o jogo contra o Chelsea, quarta-feira, pela LC, os chés jogaram abaixo do rendimento, apesar do sufoco dado aos nervionenses nos minutos finais, e caíram para a sétima colocação. O Sevilla, por sua vez, continua com um joguinho mixuruca, mas, ironicamente, permanece invicto. A equipe de Marcelino Toral passa por sérios problemas na criação, problema totalmente oposto ao da época de Manzano, e sente bastante a falta de Rakitic quando este não joga. A defesa, por outro lado, passa segurança, enquanto o ataque decide. Se não é Negredo, é Kanouté, autor do gol da vitória sevillista após boa jogada de Jesus Navas na direita. No Valencia, Unai Emery preferiu jogar com Aduriz ao invés de Jonas no lugar de Soldado. E o ex-Mallorca perdeu pontos com o treinador: foi expulso infantilmente no momento no qual o Valencia mais pressionava. Após o jogo, Unai não comentou o lance, mas é fato que deve ter ficado extremamente aborrecido.

Getafe 1x0 Bétis
Não existe mais equipe com 100% de aproveitamento na Liga Espanhola. Em uma boa partida, os azulones, que saíram mais concentrado do que os béticos, dominaram durante boa parte dos noventa minutos e venceram com gol de Diego Castro. A primeira vitória do Getafe na liga veio em hora certa: foi uma rodada favorável aos madrileños, que viram Granada, Athletic Bilbao, Racing Santander e Sporting Gijón não vencerem na rodada. A defesa esteve muito bem em campo. Segura e ordenada, contarma com uma ótima partida de Cata Díaz e Lopo, que frearam as investidas béticas. Moyá também esteve em bom dia. O Bétis, que ainda permanece na liderança, sentiu a falta de Beñat. O meio-campista começou no banco por causa de um desconforto na coxa esquerda, mas entrou no segundo tempo, adicionando um grande upgrade à equipe verdiblanca.

Athletic Bilbao 1x1 Villarreal
El Loco segue sem cura e com muitos problemas. O Athletic Bilbao demonstrou melhora na fluência do jogo, mas não foi o suficente para conseguir os três pontos. Llorente segue muito mal: passou batido durante os noventa minutos e ratificou que começou a temporada abaixo do nível. Fato é que o Athletic Bilbao e sobretudo Bielsa precisam dos gols do atacante. Enquanto isso, Rossi e Nilmar, principalmente, é só alegria. O gol do brasileiro foi oriundo de uma jogada do ítalo-americano. Com apenas dois pontos, é inegável pensar que o Athletic Bilbao não vai ser rebaixado, mas a penúltima colocação assusta, principalmente para uma equipe que vem de uma excelente temporada e conta com bons valores em seu plantel.

domingo, 25 de setembro de 2011

Raúl: você levaria?

Raúl trajando o uniforme da seleção espanhola: ainda há possibilidades para isso? (reuters)

O início de temporada do futebol europeu não reservou aos atuais atacantes que são frequentementes convocados por Vicente Del Bosque uma fase boa. Porém, de jogo em jogo, Villa e Fernando Torres vão recuperando a forma de algumas temporadas e começam a desencantar. Llorente, que apareceu como titular no último jogo da Fúria, ainda está bem opaco num Athletic Bilbao bem confuso com Marcelo Bielsa. Apenas Negredo vive uma fase interessante: em cinco jogos, balançou a redes três vezes.

A má fase destes traz à tona um velho conhecido do povo espanhol e de Vicente Del Bosque: Raúl Gonzáles Blanco, segundo maior artilheiro da história da Espanha e bi campeão europeu e espanhol com Vicente Del Bosque no início do século. Raúl Madrid, como é conhecido, ainda tem esperanças de ser convocado à Eurocopa de 2012, mas mantem-se cauteloso: "se for convocado, ficarei muito feliz. Ir à seleção é um grande privilégio, mas não vou perder o sono. Estou tranquilo, a situação não mudou e não vai variar", disse em entrevista recente ao AS. Ontem, esbanjou classe, junto com Jurado (ex-Atlético de Madrid), ao marcar o quarto gol da vitória do Schalke 04 contra o Freiburg. A última participação de Raúl na seleção foi em 6 de setembro de 2006, na derrota de 3 a 2 para a Irlanda do Norte em Belfast.

Com 34 anos, o artilheiro madridista ainda pode mostrar mais pela seleção espanhola. Em questão de números, é soberano. Mas há uma lacuna bem vazia: a questão de títulos. Foi apenas um, que, vale lembrar, foi com a seleção de base (Eurocopa Sub-21 de 1996). Com a principal, colecionou fracassos: Copa do Mundo e Eurocopa, além das Olímpiadas de 2000, onde foi medalha de prata. O início de temporada com o Schalke 04 é excelente, o que mostra que o craque é o atacante espanhol que vive em uma melhor fase no momento: seis gols em sete jogos. Na temporada passada, quando "surpreendeu" a Europa ao comandar o Schalke 04 semifinalista de Uefa Champions League - ratificando que essa é a sua competição -, foram 19 gols em 30 jogos.

Hoje, ainda há alguns aspectos que afasta Raúl da seleção. Vicente Del Bosque tem, teoricamente, um grupo fechado, além de prezar por jogadores jovens (vide a convocação de Pedro à Copa do Mundo em última hora). Há, também, a questão do atual esquema que o treinador utiliza: o 4-3-3 não oferece garantias ao atacante. É difícil saber até se, no fundo, ele tem essa pretensão. Vale lembrar que, na Copa do Mundo, o esquema utilizado foi totalmente oposto ao das eliminatórias (mudou do 4-4-2 de Aragones para o 4-5-1 com Villa como referência). Um esquema com três meias e um atacante também não seria o ideal para El grán capitán blanco.

A decisão precisa passar pela análise do aproveitamento dele e de outros atacantes na temporada (Villa, Fernando Torres, Llorente, Negredo, Pedro). Fisicamente bem, aos 34 anos, Raúl seria alguém com potencial decisivo em minutos finais. A pergunta final que fica: se ele continuar em uma boa fase, com aproveitamento melhor que os atacantes da seleção, será possível?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

5ª rodada: E agora, Del Nido?

Pepe Mel, eufórico: Bétis vence mais uma chega, continua com 100% de aproveitamento e, de praxe, chega à liderança da liga bbva (AS)

Logo após a primeira rodada (na prática), marcada pelas goleadas de Real Madrid e Barcelona, Fernando Roig, presidente do Villarreal, e Josep Maria Del Nido, presidente do Sevilla, ficaram indignados pela facilidade com a qual os dois gigantes espanhóis chegaram ao resultado e soltaram o verbo, criticando, principalmente, a cota dos contratos de televisão proposto pela federação espanhola, que separa 60% para Barça e Madrid e divide o restante para equipes da primeira e segunda divisão espanhola. Além disso, há os problemas do país em recessão, fuga de patrocinadores, queda brusca nas receitas.

O presidente andaluz foi além e convocou uma reunião com os outros presidentes dos clubes da Liga BBVA, excetuando os gigantes, para debater sobre o atual estado do campeonato espanhol. Hoje, três rodadas após o cenário criado por Del Nido, o presidente "respira aliviado": apesar de seu Sevilla estar na quinta colocação, os primeiros três colocados não são nem Barcelona e nem Real Madrid: Bétis, Valencia e Málaga, respectivamente, ocupam as três primeiras posições. Veja como foram os jogos de quarta e quinta.

Bétis 4x3 Zaragoza
Principal contratação do Bétis no mercado, Roque Santa Cruz andava tímido. Porém, o paraguaio mostrou por que a torcida bética lotou o Benito Villamarín em sua apresentação e marcou um doblete providencial para a vitória e, consequentemente, liderança verdiblanca. A vitória que quase foi por água abaixo pela reação maña não pode diminuir a boa partida dos anfitriões. A equipe de Pepe Mel começou a partida num ritmo atônito e foi para o intervalo com um três a zero convincente no placar. O Zaragoza voltou a mostrar muitas fragilidades defensivas e, além disso, começou a partida dormindo, postura totalmente oposta à dos andaluzes. Na segunda etapa, as posturas se inverteram: o Bétis passou a dormir ante um adversário que não dava sinais de vida. A expulsão de Casto foi o diferencial: com um a mais e após o gol de Juárez, os blancos viram que dava para vencer ou, pelo menos, empatar. Os dois gols de Juan Carlos colocaram fogo na partida, mas a vitória ficou mesmo com o líder Bétis.

A vitória contra o Athletic Bilbao deixou claro que os béticos não voltaram à elite para ser saco de pancadas. Apesar do mau início dos bascos, sempre é difícil batê-los em seus domínios, e os verdiblancos passaram com facilidades, apesar do resultado, de um de seus mais complicados desafio deste início de Liga. Após admitir que sua equipe irá brigar por competições europeias, Pepe Mel tocou em um assunto chave: saber como será o segundo semestre do Bétis. Desgaste físico pelo elenco curto sempre bate, sobretudo, em equipes que voltam da Liga Adelante, mas o treinador tratou de acalmar os aficionados dizendo que o departamento médico já está preparando um trabalho especial para isso não acontecer. Na temporada passada, quando disputava a Liga Adelante, os verdiblancos passaram por algo semelhante: iniciaram a temporada voando, caíram muito de produção, mas se recuperaram no final e conseguiram o título. Na Liga BBVA, Pepe sabe que não terá essa facilidade toda. Entretanto, para os torcedores, o futuro não deve ser pensado agora: somente comemorar uma liderança que já não vem desde 2001/2002.

Valencia 2x2 Barcelona
Após dois empates nos quais dominava a partida e sofreu o castigo no final, o Barcelona pôde rir da situação: contra os chés, os azulgrenás jogaram muito abaixo da média - sobretudo no primeiro tempo -, sofreram com os contra-ataques valencianista e com os espaços deixados pelo lado direito da defesa, mas conseguiram levar um pontinho à Catalunha. Messi novamente foi o diferencial: mesmo sem marcar (teve ótima oportunidade na segunda etapa, após belo toque de Thiago), La Pulga deu duas milimétricas assistências para os tentos de Pedro e Fàbregas. Cesc, aliás, segue muito bem: com o gol, tornou-se o primeiro espanhol da história do clube a marcar consecutivamente nas primeiras quatro rodadas.

A opção de Guardiola pelo 3-4-3 não deu certo. Daniel Alves, jogando como ala, subiu muito ao ataque e voltava atrasado para recompor à marcação, deixando o lado direito da defesa blaugrana muito exposto. Foi ali, por exemplo, que saíram as jogadas dos dois gols chés e da incrível chance desperdiçada por Soldado, além de vários outros lances perigosos do Valencia. Na volta do intervalo, já no 4-3-3, o Barcelona controlou a partida, passou a passar por menos apuros e chegou ao tento de empate. Ao Valencia, restou lamentar: os gols perdidos na primeira etapa fizeram muita falta e a equipe perdeu uma ótima oportunidade de voltar a triunfar frente ao Barcelona, o que já não acontece desde 2007/2006. Soldado, grande esperança de vitória, decepcionou: além do gol perdido, o canterano do Real Madrid foi anulado por Mascherano, que fez uma partidaça, sobretudo na segunda etapa.

Racing Santander 0x0 Real Madrid
O Real Madrid tropeçou contra uma equipe que, segundo José Mourinho (ironicamente), é seu adversário direto na luta pela permanência na elite nacional. Os merengues, novamente, sofreram: muito abaixo do que pode jogar, o Real Madrid só não perdeu mais uma porque Casillas fez uma linda defesa em chute de Óscar Serrano. As rotações de Mourinho também fizeram mal à equipe: Di María, que começou no banco, adicionou um gas a mais ao time na segunda etapa, sendo responsável pelas principais jogadas de perigo dos blancos. Özil e Cristiano Ronaldo foram mais uma vez mal: o português, após começar a temporada bem, parece distante daquele letal da temporada passada. O Real Madrid de José Mourinho, muitas vezes elogiado pelo seu poder de fogo, parece estar sem pólvora: acreditem, foram apenas dois chutes a gol durante os noventa minutos. Quem comemora o resultado é Héctor Cúper. O treinador, que estava balançando no cargo, motou muito bem seu Racing. A zaga mostrou segurança, enquanto Stuani saiu muito de sua posição para ajudar na marcação.

Atlético de Madrid 4x0 Sporting Gijón
Falcão García. Contratado por 45 milhões de euros nos últimos dias de mercado, o colombiano chegou sob olhares de desconfiança. Entretanto, a cada jogo, El Tigre vai justificando o alto valor pago ao Porto para sua contratação. Contra os gijoneses, marcou dois - três se não fosse o gol contra de Lora - e empatou no Pichichi com Messi e Soldado. O suficiente para Gregório Manzano, após a partida, declarar que Falcão irá, sim, brigar pela artilharia junto com o argentino e Cristiano Ronaldo. O treinador, por sua vez, vê seu trabalho dar certo. Desde que chegou ao Atlético de Madrid, Manzano testou por diversas vezes uma dupla de defesa, até que conseguiu achar em Álvaro Domínguez e Miranda uma segurança. Calcanhar de aquiles da equipe nos últimos anos, a defesa só sofreu um gol nas quatro partidas disputadas. Além disso, o plantel grande dá ao treinador a opção das rotações. E, pensando no duelo contra o Barcelona no Camp Nou no sábado, Manzano fez isso: começou a partida com Adrián e Reyes no banco, além de Diego, que não jogou. Será que, enfim, agora vai, Atlético de Madrid?

Málaga 1x0 Athletic Bilbao
Cazorla está se tornando a cada jogo um xodó da torcida blanquiazul. O craque ex-Villarreal está provando por que foi a contratação mais cara do Málaga no verão. Com direito a mais um golaço de falta, seu terceiro na Liga, definiu a complicada vitória dos andaluzes no La Rosaleda. Pelo lado basco, Marcelo Bielsa segue pressionado. Após acenar com a possibilidade de atuar num controverso 3-3-1-3, o argentino novamente mostrou variações táticas: entrou em campo num enxuto 5-4-1, que teve três improvisações. A mais complicada de se entender foi Llorente jogando pela esqueda na linha de quatro, com Gabilondo como referência. Enquanto Bielsa vai morrendo enforcado em seus próprios erros, Pelegrinni vê sua equipe jogar bonito e segue em alta em Málaga. O treinador espanhol é o oposto do argentino: não inventa e entra em campo com o que tem de melhor em seu elenco. Júlio Baptista voltou a jogar na equipe titular e, mais centralizado do que de costume, participou de algumas jogadas de perigo, mas ainda sente o desgaste físico.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

5ª rodada: Reerguendo-se

Nilmar dribla Aouate, antes de chutar para o gol vazio e sacramentar a (primeira) vitória do Villarreal. Garrido continua pressionado, mas pode respirar um pouco (AS)

Villarreal 2x0 Mallorca
Juan Carlos Garrido conseguiu respirar. Após entrar em campo pressionado pelos péssimo resultados obtidos nos últimos jogos, sobretudo no último final de semana (derrota para o fraco Granada), o Villarreal enfim chegou à sua primeira vitória na Liga Espanhola. Contra o Mallorca, o treinador não inventou: escalou o óbvio (meio-campo com Bruno, Borja Valero, Cani e De Guzmán) e resolveu parar de improvisar Marchena na volância. Na frente, Rossi e Nilmar fizeram o que todos os torcedores amarillos esperam deles: gols. Apesar de ainda estar pressionado, Garrido valorizou muito a vitória: "foram três pontos importantes", disse após o jogo.

Apesar da vitória, o Villarreal passou perto de complicar uma partida que já estava em suas mãos. Nos minutos finais, diminuiu o ritmo da partida e passou a chamar mais o Mallorca para seu campo de defesa. Esperto, Laudrup percebeu isso e sacou Alfaro para colocar Tissone, trocando o módulo do Mallorca para um 4-3-3 bastante ofensivo. Contudo, já era demasiado tarde para os bermellones conseguirem uma reação e o Villarreal confirmou a vitória. A vitória foi a primeira no El Madrigal após quatro meses. Enquanto Garrido respira, Laudrup começa a ficar com as cordas entre o pescoço. O Mallorca chegou ao terceiro jogo sem vitória e pode terminar a rodada na zona de rebaixamento. O ataque não funciona: marcou apenas um gol em quatro jogos.

Real Sociedad 1x0 Granada
Após poupar alguns jogadores no último final de semana e perder a invencibilidade no campeonato espanhol, Philippe Montanier foi com força total encarar o Granada e voltou a somar três pontos. Em um jogo bastante movimentado, Estrada decidiu a partida após um belo chute, sem chances para Roberto. Illarramendi continua sendo uma grata surpresa: o canterano dominou o meio-campo rojiblanco e participou de quase todas as jogadas ofensivas da equipe blanquiazul. Mariga, seu companheiro na volância, também atuou muito bem: soberbo, mostrou grande contudência defensiva ao roubar muitas bolas no meio.

O Granada fez uma boa partida, mas pecou por desperdiças muitas oportunidades. Só no primeiro tempo, quando jogou melhor que a Real, foram três, ora por defesas de Bravo, ora por chutes mal dados de seus jogadores. Faltou mais participação de Uche. Autor do gol na vitória contra o Villarreal, o nigeriano passou despercebido durante os minutos no qual esteve em campo e foi incapaz de rematar às redes do goleiro basco. Os rojiblancos foram uma das equipes que demonstraram o futebol mais belo da Liga Adelante passada, entretanto falta ser mais incisivo na primeira divisão. Dani Benítez, destaque da equipe na temporada passada, ainda não mostrou a que veio.

Osasuna 0x0 Sevilla
A redenção do Osasuna ficou no quase. Melhor em campo durante os noventa minutos, os rojones, além de não conseguirem marcar nas redes de Javi Varas, ainda lamentaram-se de não ter um pênalti assinalado, quando Perotti colocou claramente a mão esquerda na bola. O dia foi dos extremos: Cejudo, pelo lado do Osasuna, e Jesus Navas, pelo lado sevilistas, foram os melhores em campo. Em compensação, os atacantes não brilharam. Após começar a Liga muito bem, Negredo voltou a ter uma atuação abaixo da média e não foi uma referência nas jogadas ofensivas nervionenses. Kike Sola e Nino, pelo lado navarro, também não foram muito bem.

Apesar de ter sido pressionado o jogo inteiro, a zaga sevillista mostrou segurança. Spahic, novamente, voltou a justificar os milhões pagos pela diretoria rojiblanca. Marcelino Toral, após acenar com a possibilidade da improvisação do croata, voltou a mandá-lo à sua posição original. Esse Sevilla contraditório, de bons números e pobres sensações, ainda tem muitas deficiências. A equipe é estática demais, se posiciona mal às vezes e ocupa de maneira deficiente os espaços do campo durante a partida. Porém, nem tudo está ruim, e não pode estar, já que ganhou duas partidas e empatou uma. O Sevilla não anda bem, mas ganha e soma pontos. E também ganha tempo para trabalhar e melhorar, pois isso faz falta.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

4ª rodada: Surpresas

Irritado, Mourinho soltou o verbo na coletiva e não digeriu a derrota para o Levante (getty images)

Os jogos de domingo pela quarta rodada foram marcados pelas surpresas. Em seis jogos, três deles tiveram resultados que, antes da bola rolar, poucas pessoas apostariam. A principal, é claro, veio de Valencia: o Real Madrid de José Mourinho caiu para o Levante em um jogo polêmico e perdeu a invencibilidade na Liga Espanhola. Rayo Vallecano e Real Bétis, duas equipes vindas da Liga Adelante, também surpreenderam seus adversários: longe de seus domínios, venceram Getafe e Athletic Bilbao, respectivamente. A vitória no San Mamés garantiu à equipe verdiblanca a liderança da Liga Espanhola ao lado do Valencia.

Levante 1x0 Real Madrid
"Isento de culpa pela derrota apenas Kaká. O restante, incluindo eu, foram abaixo da média". As palavras de José Mourinho após o jogo no Ciutat de Valencia deixou claro que o Real Madrid fez sua pior partida na temporada. No meio da semana, contra o Dínamo Zagreb, já haviam atuado bastante mal, mas conseguiram sair com a vitória. Com Cristiano Ronaldo e Özil poupados (o português por sentir dores no tornozelo), o Real Madrid voltou a demonstrar muitos defeitos. E, pela terceira vez em seis jogos, teve um expulso. O cartão vermelho dado a Khedira tirou Mourinho do sério: "eles provocaram e Khedira caiu", disse o treinador, visivelmente irritado na coletiva pós-jogo.

O mal início dos jogadores da volância (Xabi Alonso, Khedira e Fabio Coentrão) já fazem Mourinho sentir falta daquele que nem estreou, mas é dado pelo treinador como a principal contratação no verão: Sahin. Contra o Levante, não houve jogo por esse setor e Kaká muitas vezes teve que recuar para fazer a bola chegar a Benzema. A opção por poupar Özil foi inexplicável: sem o turco-alemão e com a má partida de Xabi, os merengues bateram cabeça durante todo o jogo. O Levante pode se dar satisfeito não só pela vitória. Além de ganhar mais três pontos e parar o Real Madrid, os blaugrana chegaram à vitória através de Koné, contratado para substituir Caicedo, artilheiro da equipe na temporada passada e que rumou ao Lokomotiv. Se a grande incógnita da pré-temporada era saber que se a diretoria iria achar um substituto natural ao equatoriano, a resposta veio com um pouco de atraso, é verdade, mas em alto estilo.

Athletic Bilbao 2x3 Bétis
Antes do jogo, Marcelo Bielsa havia comentado que o crescimento do Athletic Bilbao após a vitória em Bratislava, pela Liga Europa, seria testado, de verdade, no duelo contra o Bétis. Acertou em cheio, ironicamente, o treinador argentino: os bascos foram sufocados pelos verdiblancos e perderam em plena Catedral. O 3-1-3-3 que El Loco tanto insiste novamente deu errado e os euskaras foram um caos. Os aficionados já têm demonstrado impaciência: após o término da primeira etapa e do jogo, vaiaram o treinador, a quem havia creditado muita confiança. Muniain e Llorente foram os únicos que se salvaram da "ira" da torcida. O jovem, diga-se de passagem, a cada dia tem deixado de se tornar o xodó da torcida para tornar-se um ídolo.

A vitória no País Basco ratificou que o Bétis não voltou à elite à toa: segundo palavras de seu treinador, Pepe Mel, após o jogo, os andaluzes vão brigar por alguma competição europeia. O Bétis jogou como quis na Catedral: inteligente, marcou sob pressão e não deixou a bola rodar no meio-campo rojiblanco. Jonathan Pereira foi um demônio na esquerda e impediu que Iraola subisse para ajudar o ataque. Na frente, Santa Cruz, apesar de não ter marcado, teve papel importante. Contudo, Pepe Mel ainda tem algo a corrigir em sua equipe: nos minutos finais, o Bétis passou por apuros justamente por não ter matado a partida. Foram, na segunda etapa, mais de cinco ocasiões para sentenciar a partida. No mais, início verdiblanco é digno de aplausos e boa fase pode continuar. Os próximos cinco jogos não irão requer mais esforço dos comandados de Mel.

Atlético de Madrid 4x0 Racing Santander
De pouco em pouco o Atlético de Madrid vai se encontrando na temporada. Após deixar uma imagem positiva no jogo contra Valencia e Celtic, o Atléti enfim convenceu. Escalado no 4-2-3-1 tornava-se um 4-3-3 nas jogadas de ataque, os rojiblancos parecem, após muito tempo, ter um meio-campo de respeito. Reyes, à direita, Diego, centralizado, e, principalmente, Arda, à esquerda deram um recital. À frente, Falcão García decidiu e confirmou sua fama de goleador: triplete e promessa de briga pela artilharia. A consistência defensiva também começa a aparecer. Já adaptado à equipe, Mirando brilha a cada jogo e Álvaro Domínguez é um bom companheiro de zaga. Se, por um lado, Manzano comemora o aparecimento do bom futebol de sua equipe, por outro lado Héctor Cúper começa a se preocupar. O Racing Santander foi inócuo no Vicente Calderón. Não criou nenhuma oportunidade de perigo e mostrou bastante insegurança defensiva. Desse jeito, como disse o treinador, vai ser bastante complicado.

Zaragoza 2x1 Espanyol
No primeiro jogo entre Luis García e o Espanyol, o meio-campista deitou e rolou para cima de seu ex-clube. Além do doblete providencial, sendo o gol da vitória aos 49 da segunda etapa, o veterano esbanjou classe jogando aberto à esquerda na linha de quatro. Apesar da derrota, o Espanyol sai de campo com a cabeça erguida: fez um primeiro muito bom, mas não teve muita sorte na finalização. Javier Aguirre, treinador do Zaragoza, admitiu que "um empate seria o resultado mais justo". O Zaragoza, por sua vez, teve de positivo o poder de reação: após a expulsão de Javi López e a lesão de Verdú, melhor em campo, o Espanyol recuou, chamando mais os maños para seu campo. Quando parecia que o um a um seria o placar final, eis que apareceu Luis García para decretar a vitória maña, que se recupera no campeonato após a má estreia. Os aragoneses ainda não convenceram, mas já deram um passo à frente. Os catalões, por outro lado, vão de mal a pior a cada rodada.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Surpresa verdiblanca

Líder do campeonato junto com o Valencia, o Bétis tem chamado a atenção dos fãs do futebol espanhol e, segundo palavras de seu treinador, promete brigar por competições europeias (AS)

Quem abre a página oficial do site da LFP hoje e clica na tabela de classificação da Liga BBVA vê o Valencia na primeira colocação com nove pontos (três vitórias em três jogos e 100% de aproveitamento). Até aí, nenhuma novidade, porque o Valencia é uma equipe de tradição e costuma(va) brigar com Real Madrid e Barcelona pelo título. Entretanto, quem olha para a segunda colocação e não vê o nome de nenhum dos gigantes espanhóis se surpreende: com os mesmos nove pontos do Valencia, e portanto 100% de aproveitamento também, aparece o Real Bétis, grande surpresa deste início de temporada e que voltou da Liga Adelante.

A equipe treinada por Pepe Mel tem desempenhado um boa futebol, agradável de se assistir. A vitória contra o Athletic Bilbao em pleno San Mamés provou isso (resumo mais detalhado na segunda parte do resumo da rodada que irá sair à noite). A facilidade do Bétis em articular as jogadas é um ponto crucial. Graças a isso, os verdiblancos conseguem criar inúmeras chances, ainda que com um esquema compacto e seguro, mas com forte chegada dos meia. O 4-5-1 que eventualmente transforma-se em um 4-2-3-1 difere-se do esquema tático utilizado na Liga Adelante. Na temporada passada, quando precisava, de qualquer maneira, do acesso, Pepe Mel não pensou duas vezes e colocou um Bétis super-ofensivo no 4-3-3.

O clube gastou pouco mais que 15 milhões de euros no mercado de verão com nove aquisições. Elas fortalecem um conjunto que vem de campanha sólida na segunda divisão. O Bétis, que perdeu Belenguer, Odonkor e Emaná para fazer caixa, marcou 83 pontos e teve apenas nove derrotas em 46 jogos. A consistência durante um ano e dois meses de trabalho e o início de Liga BBVA com nove pontos em três partidas fazem-nos atribuir muito do esboço de sucesso dos andaluzes ao treinador Pepe Mel. A mentalidade vencedora que o treinador implantou em um elenco no qual pegou desacreditado após perder uma vaga na Liga BBVA da temporada passada faz a diferença: "se Real Madrid e Barcelona deixasse a Liga, brigaríamos pelo título", sentenciou o treinador após a partida de ontem, dando a entender que sua equipe vai, sim, brigar por competições europeias.

Resta saber se a incostância que apareceu entre janeiro e março deste ano irá dar os ares nesta temporada. O desgaste físico de equipes que sobem à elite é natural, vide a Real Sociedad da temporada passada que teve uma queda brusca no rendimento. Mas vale, portanto, esclarecer: o Bétis joga bonito e é, momentâneamente, líder; mas terá que suar - e muito - para brigar com Málaga, Sevilla, Villarreal e Atlético de Madrid por uma vaga na Liga Europa. No entanto, a fase final da campanha não precisa assemelhar-se ao da Real Sociedad 2010/2011. Com sagacidade no mercado, especialmente na captura de jogadores de outras ligas, que fatalmente aceitariam jogar nos verdiblancos por conta do fator "Liga das Estrelas, e correndo riscos na medida certa fora de casa, marcar mais de 40 pontos não é tarefa impossível.

domingo, 18 de setembro de 2011

4ª rodada: Crise? Que crise?

"Oito basta?", foi o título, irônico, da capa do Diário Sport de hoje. Barcelona humilha Osasuna no Camp Nou e espanta a "crise" (getty images)

Barcelona 8x0 Osasuna
Ao longo da semana, após o empate do Barcelona contra o Milan, muito se falou que uma mini crise havia se instalado no Camp Nou. Declarações de Guardiola na sexta-feira, dizendo que, na atual temporada, o natural é que sua equipe não brigue mais por títulos só ratificou essa tese. Ontem, entretanto, o Barcelona calou os críticos e espantou qualquer tipo de crise - se é que existia: humilhou o Osasuna no Camp Nou, onde não marcava oito gols desde 1996/1997. Sem Iniesta e com Pedro no banco, Guardiola voltou a utilizar o 3-4-3, com Daniel Alves como ala e Fábregas e Thiago juntos na linha de quatro.

A defesa barcelonista, nos primeiros minutos, novamente voltou a jogar muito adiantada, mas o Osasuna, que sente muito a falta de Aranda e Pandiani, não levou muito perigo às redes de Víctor Valdés. O primeiro gol de Messi, marcado após boa jogada trabalhada, acabou com qualquer pretensão do Osasuna de vencer a partida: a partir daí, o Barcelona dominou por completo a partida, chegou a ter 85% da posse de bola e marcou mais quatro vezes na primeira etapa. Apesar do triplete de Messi, que chegou a cinco gols e empatou com Soldado no Pichichi (já são nove gols na temporada e sete assistências), e do doblete de Villa, o capítulo à parte da vitória fica com Cesc Fábregas. Autor de um gol e uma assistência, o catalão voltou a justificar a contratação e mostrou que valeu cada milhão dos 40 milhões de euros pagos ao Arsenal.

Derrotado, o Osasuna chegou a pensar que poderia sair da vitória no Camp Nou. Contudo, após a humilhação, Mendillibar, treinador rojo, deu uma curiosa declaração: "fomos enganados pela falsa crise do Barcelona". Aranda e Pandiani continuam fazendo falta: com o 4-1-4-1, Nino fica muito isolado e pouco pega na bola, pois não se movimenta com muita contundência. Neokunam, que ficou de fora por lesão, também fez falta.

Sporting Gijón 0x1 Valencia
Ao menos que Bétis e Real Madrid vençam Athletic Bilbao e Levante, hoje respectivamente, o Valencia é, momentâneamente, o líder da Liga BBVA com 100% de aproveitamento. Em uma grande partida no El Molinón, os chés venceram pelo placar mínimo o Sporting Gijón e vai bastante confiante para a partidaça de quarta-feira contra o Barcelona, no Mestalla, para tentar a manuntenção da liderança. O gol, claro, foi marcado por Soldado: foi o quinto na Liga do Pichichi do torneio ao lado de Messi. Para o jogaço de quarta, o atacante é dúvida: após dividir com Juan Pablo, deu, aparentemente, uma torcida no tornozelo e logo pediu substituição.

Outro grande nome do duelo foi Guaita: fechou o gol blanquinegro e fez, pelo menos, três defesas substanciais para a vitória ché. Soldado, em grande fase, parece não ter rival por um lugar no ataque valencianista. Jonas, que seria um dos "rivais" do canterano do Real Madrid, já nem joga como um centroavante. Contra o Sporting Gijón, jogou mais recuado do que de costume, centralizado na linha de três. Derrotado, o Sporting Gijón continua com nenhum ponto e vai tirando a paciência de sua torcida. Vaiado após o jogo, os jogadores rojiblancos saíram de campo em silêncio e não deram nenhuma entrevista após o jogo. Preciado, treinador do Sporting, pediu, novamente, paciência. Até quando fará isso?

Sevilla 1x0 Real Sociedad
Kanouté foi a maior incógnita do Sevilla no mercado, mas resolveu continuar no clube. O malinês, ontem, chegou à sua centésima vitória na Liga BBVA em alto estilo: foi o autor do único gol do Sevilla na partida e saiu de campo ovacionado pela torcida andaluza. Marcelino parece a cada jogo estar achando o módulo certo para este Sevilla. Contra a Real Sociedad, "ousou" ao jogar com dois volantes defensivos (Spahic, improvisado, e Medel), mas a tática deu certo: leões, os dois anularam qualquer tipo de jogada ofensiva dos donostiarras na partida.

Sensação deste início de temporada, a Real Sociedad foi freada. Philippe Montánier, que vinha sendo bastante elogiado pela imprensa espanhola, deixou a desejar na escalação: estranhamente, resolveu deixar Illarramendi e Agirretxe, destaques da equipes nos primeiros jogo, no banco. Ifrán, que jogou no lugar do atacante, foi muito mal na partida e perdeu pontos com o treinador. Após a excelente atuação frente ao Barcelona, a Real Sociedad desempenhou um futebol fraco no Ramón Sánchez Pizjuan.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pé direito

Gols de Diego e Falcão García e boa partida de Arda Turan foram os destaques da vitória do Atlético de Madrid contra o Celtic (getty images)

O Atlético de Madrid iniciou bem sua caminhada rumo ao bi-campeonato da Liga Europa. Jogando em um Vicente Calderón lotado e em grande expectativa para as estreias de Falcão García e Diego, principais contratações do clube no mercado, os dois cumpriram as expectativas e foram os nomes da vitória rojiblanca contra o Celtic na primeira rodada da fase de grupos.

Falcao García não demorou para retribuir os 40 milhões de euros que o Atlético de Madri gastou para tirá-lo do Porto. Logo aos dois minutos de jogo, o colombiano mostrou seu faro de artilheiro e testou forte, no canto direito do goleiro Forster. O colombiano vai provando que a Liga Europa é a sua competição: na temporada passada, foi campeão e artilheiro do torneio com 17 gols, tornando-se o recordista de gols em uma competição europeia.

O atacante estava inspirado e quase fez o segundo um minuto depois, quando recebeu lançamento longo e bateu forte, rente à trave. Então foi a vez de Diego mostrar serviço e, após boa triangulação, arriscar da intermediária, mandando por cima do gol. O brasileiro ainda levou perigo em outro arremate de fora da área que obrigou o goleiro Forster defender em dois tempos, com dificuldades. Já a bomba de Arda Turan o arqueiro nem se atreveu a interceptar e apenas ficou olhando a bola sair à direita do gol.

Acoado, o Celtic pouco fez durante o primeiro tempo. O único lance de ataque dos escoceses foi com Hooper, que disparou sozinho e, cara a cara com o goleiro, chutou forte, para grande defesa de Courtois. Na segunda etapa o Celtic tentou usar a mesma arma do Atlético e surpreender logo no início, mas não funcionou. O arqueiro espanhol estava atento e espalmou arremate de Ki Sung-Yong.

A dupla de novatos da equipe espanhola apareceu novamente, aos três minutos, quando Diego tabelou com Falcao García e invadiu a área, só sendo parado com falta. O jogador ficou pedindo pênalti, mas a arbitragem mandou o jogo seguir. Vinte minutos mais tarde, a marcação escocesa não foi capaz de parar o brasileiro. Arda Turan avançou em velocidade até a linha de fundo e tocou para Diego, que só completou para o fundo das redes. E o placar poderia ter sido mais elástico. Forster salvou o Celtic de levar uma goleada, ao defender arremates de Arda Turan, Reyes e Tiago, já no fim do jogo.

O resultado deixou o Atlético na liderança da chave, junto com a Udinese, que venceu o Rennes de virada. Na próxima rodada, os espanhóis visitam a equipe francesa e, no mesmo dia, os italianos vão até a Escócia duelar com o Celtic.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Batata assando

O Villarreal de Juan Carlos Garrido iniciou a temporada muito mal e o técnico já começa a ver sua batata esquentar (getty images)

A temporada mal começou e já tem treinador com a batata assando. As vaias soltadas pela torcida após a derrota do Villarreal para o Bayern de Munich na estreia da fase de grupos da Uefa Champions League deixaram claro que Juan Carlos Garrido, treinador da equipe amarilla, já está com as cordas bambas. Na atual temporada, a equipe de Castilla y León ganhou somente um jogo oficial de cinco.

Para enfrentar o Bayern de Munich, o Villarreal sentiu muito a falta de Borja Valero, suspenso por três jogos pela Uefa devido à expulsão no jogo contra o Odense, e voltou a demonstrar muita fragilidade defensiva, calcanhar de aquiles da equipe nas últimas temporadas. Pela esquerda do ataque bávaro, Ribéry aprontou o verdadeiro carnaval para cima de Mário. Foi assim, por exemplo, no primeiro gol, quando o francês deixou o lateral e Marcos Senna para trás antes de cruzar para Kroos marcar.

Outro defeito que o Submarino Amarelo vem demonstrando neste início de temporada é a falta de um homem incisivo no meio-campo. Na temporada passada, Cazorla desempenhou com excelência esse papel, enquanto na atual temporada o treinador ainda não achou o jogador perfeitou para jogar pelo flanco esquerdo. No mercado, pediu às compras de Camuñas e De Guzmán, e foi atendido. Entretanto, nenhum dos dois jogadores ainda deu certo. Ontem, Garrido iniciu com o holandês mais centralizado, fazendo o papel de Borja Valero. E, como não deveria ser, a armação da equipe foi um desastre. Faltou um cérebro, alguém que pudesse colocar Nilmar e Rossi em condição de gol a todo momento. Garrido teimou e, ao invés de colocar Cani na armação, optou por De Guzmán, um jogador com características mais defensivas.

No último sábado, contra o Sevilla, o Villarreal havia demonstrado uma faceta mais séria, concentrada, que conseguiu o empate ante os nervionenses mesmo com um a menos durante boa parte da partida. Contra os alemães, entretanto, os amarillos pareciam nervosos e mostraram-se totalmente impotentes após o primeiro gol, que saiu cedo. Gol este, aliás, que Garrido lamentou: "o gol cedo condicionou a partida", disse após a partida. Se a classificação à fase de oitavas-de-finais parecia muito difícil antes da partida, com a derrota somada ao resultado do outro jogo do grupo piorou: Manchester City e Napoli ficaram no empate na Inglaterra e deixou o Villarreal em situação bastante desconfortável.

Para manter seu emprego de pé, neste sábado, Garrido terá um teste, teoricamente, fácil, fora de casa. Viaja à Andaluzia para encarar o Granada, que perdeu nas duas primeiras rodadas. Bom jogo àquele que já está bastante pressionado. Uma derrota, contudo, deve deixar a cozinha do Villarreal com um cheiro insuportável de batata queimada.

Na Croácia...
... o Real Madrid não decepcionou e foi o único espanhol a triunfar na primeira rodada da fase de grupos da LC. Mesmo passando por apuros não previsto antes da partida, o Real Madrid, que atuou de vermelho após 38 anos, venceu pelo placar mínimo após um belo gol de Di María. Com Özil e Cristiano Ronaldo abaixo da média e Kelava parando tudo atrás, os blancos atuaram mal.

Entretanto, a maior decepção foi Marcelo: após cavar um pênalti, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso pela segunda vez na temporada, ficando de fora da partida importante contra o Lyon. Quem também pode ficar de fora da partida contra os lioneses é CR7. O gajo criticou severamente a arbitragem após a partida e pode ser suspenso pela UEFA, assim como aconteceu com Drogba e Arséne Wenger em temporadas anteriores.

Castigado

Cabisbaixo: Barcelona dominou o Milan durante 90 minutos, mas não conseguiu vencer (reuters)

Cercado de expectativas, Barcelona e Milan fizeram um bom jogo no Camp Nou. Se, no último sábado contra a Real Sociedad, os blaugrana já haviam se acomodado muito na partida e permitiram o empates em dois minutos, que custou dois pontos, contra os italianos a história voltou a se repetir: após sofrer um gol logo aos vinte e cinco segundos, o Barcelona virou com Pedro e Villa, mas voltar a mostrar acomodação, não matou a partida, e sofreu o gol de empate no final de Thiago Silva, que testou firme para as redes de Víctor Valdés.

Após uma boa atuação frente aos catalães, o nome de Thiago Silva começou a ser especulado pela imprensa de Barcelona. Um dos melhores zagueiros do mundo, o brasileiro atuou com grande personalidade, e parou alguns contra-ataques do Barcelona, sobretudo no segundo tempo, quando o Barça passou a subiu mais ao ataque. Thiago Silva, por sinal, já havia sido sondado pelo Barça no início da temporada: em declarações a rede de tv Esporte Interativo, no final de julho, o ex-Fluminense admitiu estar em negociações avançadas com o principal clube da Catalunha. Atualmente, dizem, com o aval do presidente Sandro Rosell, o diretor esportivo Andoni Zubizarreta já havia recomeçado os contatos com o clube de Milão para ter o jogador, que também interessa ao Real Madrid, mas que dificilmente deve deixar o Milan. A investida em Thiago Silva por parte do Barcelona deve-se ao dinheiro da venda de Ibrahimovic no verão passado, que ainda não foi pago por completo.

Apesar do belo cabeceio de Thiago Silva no gol de empate, é inegável que o Barcelona deste início de temporada vem sofrendo sem Piqué e Puyol na zaga. Dos seis jogos oficiais até o momento, apenas na goleada contra o Villarreal que nenhum homem de zaga comprometeu em alguma jogada ou sofreu com as jogadas ofensivas dos adversários. As improvisações de Mascherano e Busquets como zagueiros também não fizeram bem à equipe. Além disso, a baixa estatura do onze inicial foi um dos motivos do empate. Com uma média igual a 1, 78m, nenhum jogador subiu junto com o zagueiro brasileiro no gol de empate ontem. A partida contra a Real Sociedad já havia sido um aviso: o gol de Agirretxe de cabeça foi muito semelhante ao de Thiago Silva. Na Supercopa, três de quatro gols do Real Madrid foram em bolas alçadas à área.

Os problemas do Barcelona, porém, não se resumem apenas à altura do elenco. Especialmente no empate de ontem, o Barcelona esbarrou em uma coisa muito comum desde que Guardiola assumiu: a acomodação. Em alguns jogos, o Barça não mata a partida, mas consegue "segurar" o resultado a favor. Nos dois últimos, entretanto, sofreu o castigo e deixou de levar três pontos. Guardiola já havia reiterado que haverá jogos que, se os seus comandados tirarem o pé da forma, irá se lamentar no final. Entretanto, os dois últimos resultados não devem ser preocupação. Como bem avisou Pep na coletiva pós-jogo, sua equipe só começa a mostrar todo seu poderio de verdade depois de dois, três meses do arranque da temporada. E, curiosamente, Barcelona e Milan voltam a se enfrentar em novembro, quando o Barcelona, provavelmente, já deve estar voando na temporada.

Outra coisa que Guardiola deve lamentar é a lesão de Iniesta. Após um lance isolado com Abate, o meio-campista lesionou o bíceps femoral da perna esquerda e estará de fora dos gramados por um mês. Curioso é que as outras lesões deste início de temporada foram justamente por esse músculo da perna: Adriano, Piqué, Afellay e Alexis Sánchez ficaram (o espanhol e o chileno ainda estão) inapto devido ao mesmo tipo de lesão. Zubizarreta lamentou a lesão de Iniesta, mas tocou em um outro assunto: a profundidade do elenco. Com a ascensão de Thiago ao plantel A e a contratação de Fàbregas, que começa a temporada muito bem, Guardiola tem duas excelentes opções para suprir a ausência de Iniesta, ao contrário das temporada anteriores, quando tinha que improvisar Keita (foi assim nas últimas duas semifinais de LC, contra Inter e Real Madrid).

Valencia empata na Bélgica
Outro espanhol a entrar em campo na abertura da nova temporada da Champions foi o Valencia. No início do jogo, os chés sufocaram o Genk e pareciam até que iriam vencer facilmente. Contudo, o nível do jogo foi caindo e o zero não saiu do marcador. Para uma partida, teoricamente, fácil, Unai Emery jogou no seu querido 4-3-3, mas mais uma vez a formação mais estragou do que ajudou o Valencia. Adil Rami, melhor em campo, teve a chance de abrir o placar após bela cabeçada, mas a jogada mais perigosa da partida foi um chute de Simayes, defendido por Diego Alves, titular ontem.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

3ª rodada: O bom e o ruim do País Basco

Festa em San Sebastián: Real Sociedad é a grande surpresa deste início de temporada e mostrou um grande poder de reação ao empatar com o Barcelona (getty images)


A terceira rodada da Liga BBVA mostrou que as equipes do País Basco começaram a temporada de maneira oposta: enquanto o Athletic Bilbao foi a Barcelona e perdeu para o Espanyol, continuando sem vitória no campeonato, a Real Sociedad é só alegria. Jogando no Anoeta, viu um Barcelona sem Messi, Villa e Iniesta sair na frente por dois a zero nos primeiros dez minutos, mas buscou a recuperação em uma excelente segunda etapa, onde quase chegou à virada no final.

Nos outros jogos da rodada, Atlético de Madrid e Villarreal mostraram que também não começaram o campeonato muito bem. Os amarillos só ficaram no empate contra o Sevilla do artilheiro Negredo, em ótima fase, enquanto que os rojiblancos perderam fora de casa para o Valencia, que divide a liderança junto com Real Madrid e Bétis. Confira, abaixo, o resumo dos dez jogos da terceira rodada do campeonato espanhol 11/12.

Real Sociedad 2x2 Barcelona
Um dia antes do jogo mais difícil que a Real Sociedad teria para fazer neste início de temporada, Philippe Montanier havia filosofado na coletiva pré-jogo, falando que "quem quer subir uma montanha não pode ter medo de altura". E, pelo menos no segundo tempo do duelo, os donostiarras mostraram não ter medo do altura. Após o gol de Agirretxe de cabeça, seu terceiro no campeonato, a Real Sociedad pressionou o Barcelona de uma maneira não vista antes. O resultado foi o gol de empate de Grizmann, que dessa vez começou como titular no lugar de Vela, e a bola rente à trave de Víctor Valdés em um chute de Xabi Prieto no final da partida, que deixou, de fato, Guardiola assustado.

O treinador catalão não colocou a culpa no vírus FIFA, mas, de fato, o Barcelona não costuma se dar bem após essa data: na Era Guardiola, foram somente sete vitórias após jogos da data FIFA. Vale lembrar que a surpreendente derrota ante o Hércules na temporada passada também foi após a data referente à compromissos com a seleção. Dentro de campo, Guardiola não deve ter ficado nada satisfeito com o desempenho na reta final de seus comandados. A amnésia sofrida em dois minutos, que resultou nos dois gols da Real Sociedad, comprometeu um jogo que já estava praticamente ganho e controlado. Fàbregas e Xavi controlaram o meio-campo txuri-urdin durante toda a primeira etapa, mas caíram de produção, sobretudo Xavi, muito marcado, nos minutos finais. As entradas de Messi e Iniesta também não representaram um acréscimo no futebol: muito bem marcado, os dois não levaram muito perigo à meta de Bravo.

Para piorar a situação de Pep, Alexis Sánchez, que era o melhor em campo, sofreu uma dura falta de estrada e acabou lesionando o músculo adutor da coxa direita, ficando de fora dos gramados de 6 a 8 semanas. No lado basco, Montanier vai cada vez mais caindo nas graças da torcida. Sua tática de adiantar a marcação para asfixiar Xavi no meio-campo na segunda etapa deu muito certo, pois o camisa seis blaugrana caiu facilmente na marcação de Illarramendi e Aranburu no meio-campo. Quem surpreende até agora é o canterano Iñigo Martínez: com apenas 20 anos, marcou com personalidade Messi, perdendo apenas uma de cinco divididas com a Pulga. Fato é que a Real Sociedad promete ir mais longe na atual temporada, já com a experiência negativa do segundo turno da temporada passada. Até onde os bascos aguentarão?

Espanyol 2x1 Athletic Bilbao
Enquanto a Real Sociedad é só alegria, o Athletic Bilbao coleciona decepções neste início de temporada. Até agora, foram três partidas oficiais (uma pela Liga Europa), e nenhuma vitória. No reencontro de Marcelo Bielsa com o Espanyol - única equipe que o argentino havia treinado na Europa até então, em 1999 - e seu pupilo, Maurício Pochettino, melhor para os péricos: vitória sofrida, com direito a doblete de Sergio García, que terminou a temporada passada em baixa, e defesas sensacionais de Cristian Álvarez, dificultando a volta de Kameni à meta blanquiazul. A provável disputa com Pandiani para um lugar no ataque do Espanyol condicionou Sergio García, que jogou como um leão.

Não bastasse a derrota, Marcelo Bielsa recebeu uma notícia hoje pela manhã que o desagradou muito: Ander Herrera sofreu uma ruptura no menisco e, assim como Alexis Sánchez no Barcelona, estará de fora dos gramados de 6 a 8 semanas. O argentino, como bem escreveu Ubiratan Leal, já começa a ficar pressionado. Seu 3-3-1-3 não tem dado certo e Bielsa não sabe o que fazer. As improvisações são muitas e o elenco anda muito em dúvida, por jogar em um esquema tático muito diferente do habitual. Na coletiva, El Loco reconheceu que tomou decisões equivocadas durante a partida, e que esses erros teriam sido responsáveis pelo fato de o marcador não refletir o futebol das duas equipes no jogo. Assumir a culpa e acenar com uma mudança tática já é um bom início.

Real Madrid 4x2 Getafe
O Getafe voltou a encrencar para o lado do Real Madrid, mas no final a individualidade dos craques merengues e a polêmica decisão do árbitro Clóz Gomez fizeram a diferença. Primeiro, quando a partida estava um a um com o Getafe pressionando, o árbitro assinalou um pênalti muito mal marcado de Cata Díaz em Cristiano Ronaldo - que, diga-se de passagem, caiu fora da área -, que o português acabou convertendo. O lance foi comentando até por Mourinho após o jogo. E, acreditem, o português confirmou que não houve nada, mas ressaltou que o árbitro só marcou porque Cristiano Ronaldo não é cai-cai.

Dois jogadores que estavam cotados para começar como titular acabaram entrando apenas no final e viram uma luz no fim do túnel: Higuain e Kaká veem Benzema e Özil, os titulares nas posições de cada, começarem a temporada a mil. Porém, tanto o argentino quanto o brasileiro entraram muito bem no duelo de sábado: o argentino marcou o gol que sacramentou a partida com uma assistência de calcanhar do brasileiro. Foi o primeiro gol oficial do Pipita, que entrou sendo ovacionado pelos aficionados merengues, desde abril. No lado azulon, destaque para a raça demonstrada pela equipe e pela excelente partida de Miku, autor de um doblete. Referência no 4-2-3-1 de Luis García, se movimentou com bastante eficácia e foi bastante elogiado pelo treinador após a partida.

Valencia 1x0 Atlético de Madrid
Em um dos melhores jogos da rodada, o Valencia derrotou o Atlético de Madrid e chegou aos seis pontos. O gol foi marcado por Soldado, que segue em alta após uma grande temporada de estreia. Contabilizando somente o ano de 2011, o atacante é o jogador espanhol com mais gols: 19 tentos, sendo que, desde a última semana de abril, o canterano do Real Madrid marca em todos os jogos, sem exceção. A partida marcou a volta de Miguel à equipe titular do Valencia, e o português foi do inferno ao paraíso: entrou em campo muito vaiado - devido à problemas extracampo -, foi o autor da assistência para o único gol da partida e, quando substituído para a entrada de Topal, foi bastante aplaudido pelos aficionados blanquinegros.

Gregório Manzano promoveu a estreia de Falcão García pelo lado rojiblanco. Entretanto, muito preso à direita do setor ofensivo, o colombiano passou em branco e ainda não mostrou a que veio. Diego, por sua vez, deixou bons olhares. O brasileiro entrou faltando vinte e cinco minutos para o final da partida e, mesmo assim, deixou claro que será, de fato, o principal armador do Atléti. Ainda por cima, quase marcou o gol de empate, em belo chute defendido por Guaita. Manzano reconheceu seu nível, mas insistiu em pedir mais tempo para que se adapte por completo ao esquema tático.

Villarreal 2x2 Sevilla
Um empate ante o Villarreal em seu estádio é sempre um bom resultado, sem dúvidas. Porém, de acordo com as circunstâncias da partida de sábado no El Madrigal, o Sevilla não voltou à Andaluzia satisfeito, mesmo tendo salvado um ponto faltando cinco minutos pro fim da partida. Se uma partida com o um a zero a favor e mais uma hora pela frente, com um jogador a mais, acaba num empate a dois, é mais demérito do visitante do que mérito do anfitrião. E não há dúvidas sobre isso. O porquê da equipe nervionense não ter sabido desfrutar de seus bons primeiros 20 minutos foi a falta de intensidade defensiva que ainda assola a equipe.

Qualquer um dos gols do Villarreal foi exemplo disso. O setor não é tão contundente como deveria e é óbvio que um bom jogador adversário como Rossi se aproveita de toda essa inocência. O Sevilla tem pegada (muita pegada), jogadores pelos flancos perigosos (Navas nas assistências), porém ainda não fabrica futebol, não tem regularidade. Se move bem nos contra-ataques, se encontra à vontade, porém, na hora de dominar realmente a partida, ocorrem falhas.

Málaga 4x0 Granada
Deu liga? Essa é a pergunta que fica após a goleada do Málaga contra o Granada no La Rosaleda. O jogo mostrou que Pellegrini deve mesmo utilizar o 4-2-3-1 durante a temporada. Contudo, a linha de três foi escalada estranhamente: Cazorla, que costuma jogar pela esquerda, jogou à direita, com Joaquín, acostumado a jogar pela direita, jogou mais centralizado. Buonanotte, que é um atacante, foi quem mais apareceu pelo flanco esquerdo. A opção acabou dando certo: tanto Joaquín quanto Cazorla marcaram um doblete e foram os nomes da partida. Outros destaques foram Demichelis e Toulalan. O argentino anulou qualquer tipo de jogada ofensiva dos granadenses, enquanto o francês acalmou, com contudência, a bola na volância. Se, após a estreia, a torcida blanquiazul ficou com um pé atrás com sua equipe, o jogo de hoje mostrou que, enfim, o novo Málaga foi ativado.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Há vida sem Juan Mata?

Pensativo: Unai Emery ainda não tem muito em mente quem escalar no lugar de Mata, que rumou para o Chelsea. Piatti aparece como primeira opção (marca)

Após concluir a venda de Mata para o Chelsea nos últimos dias do mercado de verão, Unai Emery logo se viu numa enrascada: haverá criação no meio-campo sem seu principal jogador na última temporada? O presidente Manuel Llorente não precisou ir ao mercado nos últimos dias para comprar um substituto à altura do ex-camisa 10. No elenco, Emery já conta com sete jogadores das características de Mata para a meia-esquerda.

À disposição de Unai, estão Sergio Canales, Pablo Hernández, Sofiane Feghouli, Pablo Piatti e o canterano Bernat, que irá ganhar mais minutos nesta temporada, além dos laterais esquerdos Jordi Alba e Jerémy Mathieu, que apareceram nessa posição em alguns jogos da pré-temporada. Enquanto Mata estreou com o pé direito no Chelsea, na mesma tarde, o Valencia estreava na Liga BBVA contra o Racing Santander.

O mistério por seu substituto se desfez com bastante surpresa: Emery optou pela titularidade do jovem Bernat, que aparecia como última opção, ao invés dos outros jogadores mais experientes. Dias antes do duelo, o técnico já havia acenado com a possibilidade de Bernat iniciar entre os titulares. Na estreia do Valencia Mestalla na Segunda División B contra o Orihuela, o jogador foi cortado da partida sem motivo algum para reforçar o treinamento da equipe A, que se preparava para a partida. Na pré-temporada, o jovem já havia deixado o treinador bastante satisfeito após uma partida amistosa contra o Sporting, juntamente com Piatti.

O ex-Almería monopolizou a parte esquerda do meio-campo em partidas nas quais Mata não disputou na pré-temporada. Apesar de ter começado no banco contra o Racing Santander (entrou na volta à segunda etapa), o argentino é, hoje, a primeira opção de Unai para ser o substituto natural do jogador blue. Canales também joga muito preso à esquerda, embora tenha se destacado no Racing Santander jogando mais pelo meio, na ligação ao ataque. É essa a ideia inicial de Emery com o jogador pertencente ao Real Madrid: jogador com liberdade pelo meio em 4-2-3-1, esquema que está se tornando praxe na equipe blanquinegra.

O dinamismo dos jogadores ofensivos do Valencia propicia que, na linha de três jogadores atrás do centroavante, os meio-campistas se revezem durante muitos momentos da partida, algo semelhante ao esquema do Real Madrid. Para o duelo de amanhã contra o Atlético de Madrid, válido pela segunda rodada, a opção mais plausível para iniciar é, justamente Piatti, com Dani Parejo no suporte a Soldado. Adepto às rotações, é provável que Unai ainda mude muito até achar, com firme certeza, o substituto de Mata, que, por sua vez, vai se tornando o xodó da torcida do Chelsea.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Euro é ali

Xavi e Iniesta foram os nomes da Espanha, que conseguiu a classificação à fase final da Euro (reuters)

A Espanha está classificada para a fase final da Eurocopa 2012 - assim como as potenciais favoritas Alemanha, Itália e Holanda. E depois deste ponto final, os espanhóis entrarão no torneio que Polônia e Ucrânia sediarão disposto a brigar firme pela manuntenção do título. Entretanto, o time de Vicente Del Bosque não fez frente àqueles que serão seus principais adversários pela disputa do título. Após o título da Copa do Mundo, a Fúria, é verdade, não perdeu nenhum jogo oficial, mas em amistosos contra seleções de alto nível não venceu nenhum.

Para início de conversa, Del Bosque lançou a campo o 4-3-3 que deveria ter lançado em jogos anteriores. Ao invés de adiantar Iniesta, dessa vez o treinador madrileño optou por colocar na primeira linha de três Xabi Alonso, Xavi e Iniesta. E os blaugranas, que jogam por música, domaram Liechtenstein. Outro blaugrana que ganhou destaque foi Thiago Alcântara. O jogador debutou oficialmente com a camisa Roja e acabou com as -mínimas - chances de jogar um dia pela seleção brasileira.

A nota negativa ficou por conta do corte de Fernando Torres, aparentemente por opção técnica. Em uma má fase longiqua, El Niño Torres vai perdendo moral até com aquele em quem sempre foi uma aposta. Negredo, seu substituto, não deixou a chance escapar: anotou duas vezes, confirmou o ótimo início de temporada e aparece como boa opção para continuar jogando como referência no ataque - apesar de, no Sevilla, atuar mais pelos flancos do campo. David Villa, por sua vez, voltou a marcar após quatro jogos em branco e, além disso, superou Raúl novamente: El Guaje possui uma média goleadora maior que a do ídolo blanco, que marcou 43 vezes em 102 ocasiões. Villa precisou de apenas 78 jogos para marcar 46 gols.

O jogo
Logo aos três minutos, Negredo, que foi o nome do jogo, avançou com total liberdade na fraca defesa adversária, que não esboçou reação. O chute, no entanto, saiu pela linha de fundo. Nos minutos seguintes, a Espanha continuaria mostrando o motivo de merecer a classificação antecipada para a competição continental e chegou perto de abrir o placar aos cinco, aos nove, aos treze e aos vinte, todas não aproveitadas por Villa e Negredo, que se entrosaram com muita facilidade no setor ofensivo da Fúria, que teve calma para abrir o placar.

Xavi buscou uma bola no campo de defesa e muniu Negredo que, aos 34 do primeiro tempo, fuzilou o goleiro Jehle e anotou o primeiro da Espanha. Com a "porteira aberta", como se diz no mundo do futebol, os outros gols saíram sem tanto sofrimento. O próprio Negredo, que participou de chance clara de gol aos 36, aumentou o placar no minuto seguinte. Após passe de Iniesta, sempre com qualidade, Villa não foi "fominha" e muniu o artilheiro.

Ainda no primeiro tempo, Xavi fez o terceiro em cobrança de falta na qual o goleiro Jehle não se mexeu. O quarto gol sairia logo aos sete minutos da segunda etapa, confirmando a fragilidade do adversário. Em troca de passes entre Negredo e Sérgio Ramos, o lateral estava impedido, mas recebeu a bola e marcou o gol, que não foi anulado pela arbitragem. Com o hispano-brasileiro Thiago Alcântara em campo, a Fúria não diminuiu o ritmo e construiu outras chances reais para humilhar Liechtenstein, que só assistia os gênios da bola trocarem passes e aguardarem o momento de surpreender o camisa um.

A partir dos 15 minutos, era a vez do outro artilheiro dar as caras. David Villa foi premiado duas vezes pela bela atuação. O segundo gol do camisa sete e sexto da Espanha, aos 34, sairia dos pés de Xabi Alonso, que cobrou falta e o deixou livre para marcar. Sem dar qualquer chance de reação aos liechtensteinianos, a Fúria foi superior do início ao fim, venceu por 6 a 0 e coroou sua classificação para a Eurocopa de 2012, em que pretende defender o título.

sábado, 3 de setembro de 2011

Unida

Vitória contra o Chile deixou claro que a seleção espanhola é, acima de tudo, um grupo (AP Photos)

A melhor notícia que Vicente Del Bosque poderia receber após a vitória da seleção espanhola frente ao Chile na última sexta-feira aconteceu perto do final da partida. Após um tranco de Vidal em cima de Iniesta, os merengues Arbeloa e Sergio Ramos tomaram as dores do barcelonista e partiram para cima do apoiador chileno (ver vídeo). Em outro lance, a situação se inverteu: após empurrão de Carmona em Arbeloa, o azulgrená Busquets foi tirar satisfação com o zagueiro chileno, que acabou expulso.

Os seguidos atritos destes e outros jogadores espanhóis da seleção nos últimos superclássicos colocaram em xeque a atual amizade formada dentro da Fúria. Especulações quanto à formação de grupinhos divididos entre culés e merengues foram enormes e os últimos resultados da seleção treinada por Vicente Del Bosque deixaram um alerta: no pós-jogo, foram disputados cinco jogos contra seleções de maior nível e, dentro de campo, uma Espanha para lá de preguiçosa e sem a raça vista na Euro e Copa do Mundo sucumbiu diante de seus adversários. Resultado: cinco derrotas, entre elas goleadas acachampantes para Argentina e Portugal, e a perda da liderança do ranking da Fifa, que Del Bosque logo tratou de amenizar.

O capitão Casillas já havia acenado com a possibilidade de lavar a roupa suja. Logo após o último superclássico - pela Supercopa da Espanha -, que, como de praxe, acabou em briga, o goleiro havia ligado para Puyol para conversar sobre a situação da seleção espanhola, além de ter deixado um SMS para Xavi, que acabou não respondendo pois havia trocado de celular. A ligação, como todos sabem, acabou não agradando a José Mourinho, que não gostou nada da atitude de seu goleiro e, segundo especulou a imprensa de Madrid, resolveu deixá-lo 90 minutos no banco na partida amistosa disputada contra o Galatasaray.

Neste sábado, Iniesta acabou com qualquer problema de relacionamento no grupo espanhol. "A confusão mostrou como somos uma equipe", disse. Fàbregas, um dos destaquess da partida, também destacou o entendimento entre os jogadores: "nada irá mudar que somos um grupo", afirmou Cesc. O Marca exemplificou bem o sentimento após o apito final: "Espanha se une para defender-se".

O jogo
Apesar da vitória de virada ante os chilenos e da clara união entre os jogadores, ainda há algumas coisas para Del Bosque se preocupar. Em Genebra, na Suiça, o treinador voltou a utilizar o 4-3-3, que havia deixado de lado no amistoso contra a Itália, em agosto. A cega insistência do madrilenho na tática resulta nas más partidas da Fúria, que fica com um meio-campo muito passador, é verdade, mas sem um homem que desequilibre partidas. Entretanto, há um fator chave: Iniesta. Nos últimos jogos com esse módulo tático, o treinador optou por adiantar o blaugrana para a segunda linha de três, jogando preso à esquerda.

Contra o Chile, no entanto, Andrés entrou no segundo tempo, quando os chilenos venciam por dois a zero, mas jogando na posição que costuma jogar no Barcelona: na linha de três do meio-campo, com Xavi ao seu lado. El Albino, junto com Fàbregas, mudou a cara da partida e foi eleito o principal responsável pela virada da Fúria por Del Bosque após a partida. Cesc, autor de um doblete, por sua vez, confirma o ótimo momento após a transferência para o Barcelona: em cinco jogos foram marcados cinco gols. A entrada de Pedro no lugar de um opaco Villa também foi boa. O canário colocou fogo no setor direito da defesa chilena e levou muito perigo à meta de Bravo.

A partida também marcou algumas marcas históricas. Xavi, que começou como titular, alcançou a marca de 102 jogos com a camisa roja, igualando a marca de Raúl. Na próxima terça-feira, a Espanha entra em campo para um jogo oficial válido pelas Eliminatórias para a Eurocopa de 2012. Se não perder para Liechtenstein, a Roja estará classificada para a fase final do torneio, onde irá tentar a manuntenção do título. Para a partida, Del Bosque tem em mente a titularidade de Thiago Alcântara, que, se atuar, dará, definitivamente, adeus às possibilidades - que são mínimas - de atuar um dia com a seleção brasileira. Nos treinos para o confronto, Del Bosque ensaiou algumas mudanças no esquema de jogo da seleção. O 4-3-3 finalmente deve dar vez a algum outro módulo tática - provavelmente o 4-5-1 utilizado na reta final da Copa do Mundo. A conferir.