segunda-feira, 22 de abril de 2013

O desafio de Munique

Há quatro anos, o trio Messi-Eto'o-Henry fez o carnaval contra o Bayern de Munich. Agora, no entanto, a fase bávara é outra (BBC)

Após eliminar Milan e PSG, vem aí o Bayern de Munich para o Barcelona, no último passo rumo a Wembley, local onde os blaugranas ganharam duas de suas quatro UCL. Para muitos, o jogo do ano. Nesta terça, às 15h45 (horário de Brasília), a Allianz Arena verá a melhor equipe dos últimos anos contra o melhor time da temporada 2013/14. Nos últimos quatro anos, era automático colocar o Barcelona como o mais      cotado a vencer algum confronto de UCL. Contra o Bayern, o favoritismo é dividido em 50% para cada. Os números domésticos do time que Jupp Heynckes entregará a Pep Guardiola são incríveis. O aproveitamento na Bundesliga é de 86%. O saldo é de 75 gols – 89 marcados e 14 sofridos. Como mandantes, os bávaros perderam apenas uma vez, para o Bayer Leverkusen, em outubro de 2012.

O Bayern que perdeu o título europeu para o Chelsea ainda não tinha Dante, Javi Martínez e Mandzukic, reforços do mercado de verão. Eles se distribuíram por três dos quatro setores do 4-2-3-1 de Heynckes: o brasileiro oferece mais segurança à defesa, o espanhol garante estabilidade e saída de bola qualificada, e o croata aproveitou a lesão de Gómez para assumir o posto de centroavante titular (apesar de que, nesta terça-feira, Gómez irá jogar devido a suspensão de Mandzukic). O outro setor, dos meias, teve a consolidação do excelente Kroos e a recuperação de Müller, que não fazia uma grande temporada desde a Copa do Mundo de 2010.  Com a lesão de Kroos, Robben recuperou sua titularidade, e será ameaça real a Jordi Alba.

No final de semana, Tito Vilanova usou um time misto contra o Levante. Apesar da partida sonolenta e previsível do Barça, a equipe venceu por 1x0 nos minutos finais, com gol de Fàbregas, após boa jogada de Alexis Sánchez. No entanto, a melhor notícia que Vilanova poderia receber foi o excelente rendimento de Abidal na zaga ao lado de Piqué. O francês passou segurança a um sistema defensivo bastante vulnerável e pela primeira vez desde seu retorno ficou em campo os 90 minutos. É claro que o ritmo dos alemães será outro em relação ao dos levantinos, mas Abidal pode aparecer como um elemento mais confiável do que Bartra ou Song para o duelo de Munique (Adriano está suspenso, e Mascherano e Puyol estão lesionados).

Outra notícia positiva que o treinador barcelonista recebeu é sobre Lionel Messi. O argentino treinou normalmente com os companheiros no domingo e viajou para Munique. Ainda sem alta médica, no entanto, sua participação como titular está 80% confirmada. De acordo com o periódico Mundo Deportivo, o camisa 10 fará exames médicos na Alemanha para poder, enfim, receber a tão esperada liberação. Iniesta e Daniel Alves, que fizeram um trabalho específico após o duelo do final de semana, também estão confirmados.

Daniel Alves é uma questão à parte no duelo. O baiano, autor de uma temporada inconstante, irá combater diretamente Franck Ribéry, um dos melhores jogadores do mundo. Na temporada passada, o francês abusou de Arbeloa e foi um dos caminhos para a classificação bávara sobre o Real Madrid. Contra o Bayern, Daniel Alves irá precisar controlar suas subidas ao ataque para não deixar espaços ao francês. Precisará ser mais o Daniel Alves de 2009/2011, que anulava Cristiano Ronaldo, e não o de 2013, que deixou espaços para Pastore marcar no Camp Nou.

No meio-campo, talvez o duelo que irá condicionar o jogo: Busquets, Xavi e Iniesta contra Javi Martínez (ou Luiz Gustavo), Schweinsteiger e Müller. Ainda que Iniesta faça uma temporada de ouro, Xavi vive de lampejos e Busquets vem de partida fraca contra o PSG, na qual não conseguiu controlar Verrati. É preciso mais concentração a um meio que já não consegue ditar tanto o ritmo da partida como outrora. Xavi conhece bem Schweinsteiger, que foi anulado pelo espanhol no confronto entre Espanha x Alemanha na Copa do Mundo. Porém, desta vez, Xavi irá encontrar uma versão mais evoluída do alemão.

Os duelos também reservarão outra questão, a mais interessante: a posse de bola. Há cinco anos (ou 301 jogos, se você preferir) que ninguém tem mais posse de bola jogando contra o Barcelona. Os blaugranas lideram todas as estatísticas referentes à manutenção da bola na Liga dos Campeões 2012/13: é o líder de posse e o time que mais acertou passes. Atrás, nos dois quesitos, está exatamente o Bayern de Munich, que tem poderio suficiente para agredir os azulgrenás e fazer eles correrem atrás da bola. Para isso, indico o texto de Marcelo Bechler, da Rádio Globo, falando mais sobre o assunto.

Prováveis escalações.
Bayern: Neuer; Lahm, Dante, Van Buyten, Alba; Javi Martínez (Luiz Gustavo), Schweinsteiger; Robben, Müller, Ribéry; Mário Gómez.
Barcelona: Víctor Valdés; Daniel Alves, Piqué, Bartra (Abidal), Jordi Alba; Busquets, Xavi, Iniesta; Pedro, Messi, Villa (Alexis Sánchez)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

PSG x Barcelona

Pela segunda vez consecutiva, o sorteio da Uefa Champions League colocou frente a frente Barcelona contra Zlatan Ibrahimovic, que teve uma pequena passagem pelo clube blaugrana, de onde saiu de maneira controversa. Se na temporada passada seu Milan não conseguiu parar o tetracampeão europeu, dessa vez cabe ao sueco tentar levar o Paris Saint Germain à semifinal da principal competição europeia de clubes. Nas oitavas de finais, o clube da capital francesa eliminou um clube espanhol: vitória, no agregado, por 3x2 contra o Valencia. Mas os confrontos não teve um Ibrahimovic protagonista, muito pelo contrário. Expulso na partida de ida, quando ele passou em branco, coube a Pastore, Lavezzi e Lucas liderar os parienses.

Especialmente após eliminar o Milan, o Barcelona parece ter retornado à velha forma. O futebol total, que andava em modo lento, dá mostras que voltou com maestria e, como bem deixou claro o brasileiro Leonardo, diretor técnico do PSG, os azulgrenás são os favoritos para avançar de fase. Na última sexta-feira, o representante do Parc des Princes jogou para o gasto e derrotou o Montpellier por 1x0, gol de Gameiro. A derrota do Lyon para o Souchaux, no domingo, por 1x2, dá total liberdade à equipe de Carlo Ancelotti se concentrar nos confrontos contra o Barça.

Ao contrário dos catalães, o PSG não é um primor coletivo. A maioria das vitórias tem saído à base da invidualidade de seus principais jogadores, sobretudo Ibrahimovic, artilheiro do time na temporada com 31 gols. A velocidade de Lucas pela direita do 4-2-3-1 é uma arma importante da equipe, que costuma ter no brasileiro uma válvula de escape para a armação dos contra-ataques. No outro flanco, Ezequiel Lavezzi tem se destacado em âmbito europeu, onde é o principal goleador do PSG na LC, com cinco gols. No auxílio a Ibrahimovic, Javier Pastore, após um início opaco, atua mais à vontade, como nos tempos de Palermo.


Dizer que Ibrahimovic é uma ameaça real à zaga barcelonista é chover no molhado. Sem Puyol, que pode ficar de fora do restante da temporada, cabe a Piqué e Mascherano total atenção. Aliás, o argentino está a um cartão amarelo da suspensão, que poderia complicar a vida barcelonista visando o jogo da volta. Na esquerda, Jordi Alba irá precisar ser preciso como contra Di María no superclássico de outubro para encarar Lucas. Até por ser um lateral ofensivo, ele terá, acima de tudo, que contrabalancear suas subidas ao ataque para não deixar espaços ao brasileiro, que, certamente, também precisará marcar o espanhol nas jogadas ofensivas barcelonista.

Outra peça-chave para o Barça será Iniesta. O camisa oito jogará no setor do mapa da mina dos parienses: o lado direito da zaga, onde atua o fraco Christophe Jallet. Além dele, Villa é outro que cumprirá função importante. A versatilidade do Guaje oferece flexibilidade ao Barcelona. Tito pode orientá-lo a centralizar e puxar a marcação de Thiago Silva e Alex para Messi entrar em diagonal (um dos caminhos para a vitória contra o Milan) ou fechar o lado esquerdo do ataque. Na direita, Tello, com moral alta após a excelente partida na Galícia contra o Celta, deve ganhar a vaga de Alexis Sánchez e substituir Pedro, suspenso.

Contra dois jogadores velozes pela ponta e um dos melhores centroavantes do mundo, o Barcelona não pode deixar os franceses contra-atacarem. Trabalhar a bola com mais velocidade, acionar os ponteiros (para isso, Xavi on fire será primordial), aproveitando-se da carência do adversário na marcação pela bandas, é a chave para a vitória.

O pesadelo de todo o elenco do PSG certamente atende-se por Lionel Messi. Ibrahimovic, Thiago Silva, Lucas, Pastore e Lavezzi rasgaram elogios ao argentino antes do duelo. É provável que Ancelloti repita a "fórmula Inter-Chelsea-Celtic-Milan", com duas linhas de quatro protegendo a retaguarda de Sirigu para ilhar o camisa dez. Trocar de posição com frequência com Tello e cair pelo lado direito é essencial. A marcação frouxa do ex-blaugrana Maxwell não deve aguentar nem o catalão e muito menos o argentino. Com 56 gols na temporada, Messi voltou aos melhores momentos e deixou claro que "está animado e com boas sensações para enfrentar o PSG". Que o virtual campeão francês se cuide.