domingo, 30 de outubro de 2011

11ª rodada: Tarde do alívio

O sorriso voltou: após três jogos sem marcar, Messi desencantou em alto estilo (getty images)

Nos quatro jogos que abriram a décima-primeira rodada da Liga BBVA, três deles tiveram sabor de redenção, alívio. Na Comunidade Valenciana, Valencia e Villarreal derrotaram Rayo Vallecano e Getafe e voltaram a vencer após três e oitos jogos, respectivamente. Alívio maior para o treinador amarillo Juan Carlos Garrido, que estava muito ameaçado, viu o nome de Rafael Benítez ser bastante especulado e conseguiu tirar a equipe da zona de rebaixamento.

No Camp Nou, o Barcelona voltou a convencer. O "alívio" da vez foi de Messi, que não marcava há três jogos e marcou um triplete, se isolando no Pichichi. No último jogo da noite, a Real Sociedad, que já havia tirado dois pontos do Barcelona, até fez um bom segundo tempo, mas foi castigada pelo primeiro tempo horrível e não conseguiu segurar o Real Madrid no Anoeta. Com a vitória e a derrota do Levante (na segunda parte do resumo), os blancos assumiram a liderança da competição.

Barcelona 5x0 Mallorca
Crise é a palavra certa para definir um meia-atacante (leia-se: não-centroavante) que, mesmo criando oportunidades, não marcava há três partidas? Se, em determinado momento, especulações quanto a Messi foram criadas, sobretudo que ele precisava de descanso por não estar na forma física ideal, La Pulga respondeu os críticos em alto estilo: melhor em campo, anotou um hat-trick em apenas 30 minutos e definiu a goleada do Barcelona. As boas notícias começam a aparecer no ambiente azulgrená: além dos gols de Messi, Guardiola já tem à disposição Puyol e Piqué, que estiveram no banco contra os baleares. Alexis Sánchez, mesmo sem alta, irá voltar na terça-feira contra o Viktória Pilsen, pela Champions League.

Numa data marcado pelas estreias de Raúl e Iniesta - há 17 e 9 anos, respectivamente -, dois canteranos que estão começando a ter chance com Guardiola chamaram a atenção: Cuenca e Deulofeu, visto como grande esperança dos aficionados para ser o chefe de uma próxima geração vitoriosa do Barcelona. O primeiro, que já havia sido titular contra o Granada, foi convocado para uma partida da equipe A pela quarta vez consecutiva e começa a mostrar seus dotes: no início da segunda etapa, recebeu bom passe de Thiago Alcântara, passou por Aouate e marcou seu primeiro gol com a camisa azulgrená. O hispano-brasileiro, aliás, foi indicado ao prêmio Golden Boy, entregue pelos italianos do Tuttosport. Segundo a imprensa espanhola especula, Thiago é o favorito para receber o prêmio, que já foi conquistado por Messi (2005) e Fàbregas (2006).

Derrotado, o Mallorca chegou ao Camp Nou animado. Impussionados pelos seus últimos resultados, os baleares, contudo, decepcionaram. Acuados, não levaram perigo à meta de Valdés em nenhum momento e correram atrás da bola os noventa minutos. Na última temporada, o Mallorca de Laudrup havia tirado pontos do Barcelona na Catalunha, mas dessa vez foi bem diferente: mesmo sem Iniesta, Fàbregas, Xavi, Pedro, Puyol e Piqué, o Barcelona voltou a ser dominante e não deu espaços aos isleños.

Villarreal 2x0 Rayo Vallecano
A tarde do alívio foi a melhor possível para o Villarreal. Após quebrar a racha negativa de oito jogos sem vitória, o Submarino Amarelo também deixou a zona de rebaixamento. Na semana em que a imprensa inglesa especulou com força que Benítez poderia substituir Garrido no comando técnico amarillo, o treinador voltou a escalar o 4-2-3-1 da partida contra o Real Madrid. Borja Valero, nome da partida, atuou mais centralizado, no suporte a Marco Rúben. Pelo lado franjiroyo, a equipe do treinador José Ramón Sandoval teve uma maior posse de bola e o domínio territorial em boa parte da segunda etapa. Mas a lesão de Tamudo fez com que a boa partida rayista caísse por água baixa. Sem referência na frente, o Rayo viu o ímpeto do Villarreal crescer. A dupla de zaga composta por Jordi e Arribas também se comportava bem, mas o gol de Bruno evidenciou os problemas que a equipe passa pelo alto.

Ironicamente, o Villarreal voltou a vencer justamente sem seus dois principais jogadores: lesionados, Rossi e Nilmar só voltarão a jogar juntos na próxima temporada, já que o ítalo-americano rompeu o ligamento do tendão esquerdo na partida contra o Real Madrid e só volta em 2012/2013. Mesmo com a vitória, a praga de lesões continua: Camunãs, Cani, Marcos Senna e Marco Rúben se lesionaram e estão de fora do jogo decisivo contra o Manchester City. Situação preocupante é a de Cani, que irá ficar seis semanas fora. Sem três atacantes de ofício disponível, Garrido só tem à disposição o chileno Hernán Pérez.

Real Sociedad 0x1 Real Madrid
A comemoração de Mourinho após o apito final do árbitro Undiano Mallenco representa bem o que foi o jogo em San Sebastián. Um tempo bom de cada equipe e uma maior eficiência do Real Madrid definiu a vitória blanca. Melhor na primeira etapa, os merengues conseguiram o gol da vitória logo aos oito minutos, com Higuaín. O gol do argentino jogou por água abaixo a proposta de jogo de Phillipe Montanier: com cinco jogadores de defesa e dois volantes defensivos (atuou no 5-4-1), o francês mudou totalmente seu estilo de jogo para tentar parar o Real Madrid; mas acabou castigado com o gol cedo de La Pipita. A má fase dos atacantes txuri-urdin continuam: já são cinco jogos sem marcar e, nos últimos cinco gols, os artífices foram os jogadores de defesa.

Com a vitória, que garantiu consequentemente a liderança momentânea aos blancos, o Real Madrid encerrou um outubro perfeito. No mês 10, foram seis vitórias em seis jogos, com uma parcial de 20 gols pró e um gol contra. A melhor notícia que poderia receber Mourinho foi, sem dúvidas, a volta do bom futebol de Kaká. Outubro é um mês mágico para Mourinho: a última derrota do treinador de Setubal nesse mês foi para o Manchester City, em 2006, quando Mou ainda treinava o Chelsea. Nas quatro linhas, partida notável de Fábio Coentrão. Com Marcelo poupado, o português jogou pela segunda vez na lateral (a primeira foi no superclássico contra o Barcelona) e, ao contrário da partida no Camp Nou, mostrou boas facetas. Participou constantemente das jogadas ofensivas e protegeu o lado esquerdo da defesa com eficiência. Estrada e, depois, Griezmann não conseguiram bordar por ali.

Valencia 3x1 Getafe
Após três jogos sem vitória, o Valencia voltou a vencer, e com um protagonista inesperado: o francês Feghouli aproveitou bem a chance dada por Unai Emery e marcou duas vezes, sendo o responsável pela vitória ché. O autor do terceiro gol também andava sumido: após um início de temporada turbulento, com direito a expulsão e afastamento, Aduriz voltou a se reencontrar com as redes, num momento no qual o Getafe parecia mais próximo do empate do que o Valencia do terceiro gol. Os azulones sentiram a falta de seu principal destaque neste início de Liga, Pedro León. O meio-campista lesionou o joelho esquerdo e foi operado em Barcelona neste final de semana, ficando de fora dos gramados por dois meses.

No lado valenciano, mais uma partida excepcional de Banega. Após a lesão de Canales, o argentino ficou sobrecarregado de armar as jogadas, mas não tem decepcionado. Após começar a temporada de uma maneira preguiçosa, o camisa dez vem atuando muito bem, e voltou a ganhar moral com a torcida. Para substituir Canales, o Valencia está próximo de fechar com o mexicano Andrés Guardado, do Deportivo. O meio-campista já afirmou que não irá renovar contrato com o clube galego e, segundo informou a Cadena Ser neste final de semana, o clube valenciano já iniciou as negociações com o agente do jogador para assinar um pré-contrato com o clube. Ainda que não tenha a característica de um armador, Guardado cairia como uma luva num meio-campo que ainda não viu Piatti engrenar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

10ª rodada: Encantando

Jogando bonito, o Real Madrid encanta: contra o Villarreal, o resultado foi construído com meia hora de jogo (getty images)

Real Madrid 3x0 Villarreal
Encantador é a palavra que define o futebol do Real Madrid. Jogando numa intensidade bem alta, os merengues passaram com facilidade pelo Villarreal. O resultado foi construído nos primeiros 31 minutos de jogo, quando o Real Madrid, marcando sob pressão, não deixou o Villarreal tocar a bola e sair para o jogo. Di María, melhor em campo, lançou Benzema a mais de 30 metros para o francês fazer o primeiro gol, tocou entre Musacchio e Bruno para Kaká ampliar e, após um contra-ataque perfeito, deixou o seu e carimbou o resultado. A velha incógnita sobre os três homens titulares da linha de três parece estar chegando ao fim com a bela partida do argentino e do brasileiro. Özil, pelo visto, deve deixar de vez a titularidade, embora Mourinho, após a partida, voltara a afirmar que, nesse Real Madrid, não há jogadores titulares e reservas: com talento à disposição, todos irão jogar.

Derrota e na antepenúltima colocação, a palavra rebaixamento já começa a virar realidade no ambiente do Villarreal. Jogando um futebol feio, totalmente oposto aos dos últimos anos, o Villarreal não consegue emplacar e, principalmente, fazer seu jogo de passes fluir com naturalidade. Falta um Cazorla, que De Guzmán, inexplicavelmente adiantado, obviamente não consegue suprir. E, quando a fase não é boa, nada vai bem. Substituido por Marco Rúben logo na volta do intervalo, Rossi rompeu os ligamentos do tendão direito e foi operado na quinta-feira. Resultado: o ítalo-americano estará de quatro a seis meses de baixa. Sem Nilmar, também lesionado, Garrido, com a batata muito quente, terá que abrir a cabeça para escalar o ataque para enfrentar o Rayo.

Athletic Bilbao 3x0 Atlético de Madrid (Claudio Araujo)
Na melhor partida do Athletic Bilbao desde a chegada de Marcelo Bielsa, os bascos convenceram. O time do País Basco foi melhor no primeiro tempo, mas não conseguiu aproveitar as chances que teve. As melhores foram do centroavante Fernando Llorente, que não conseguia transformá-las em gols. A segunda etapa foi mais movimentada, com o Athletic voltando a desperdiçar oportunidades. Até que aos 22 minutos, Llorente finalmente abriu o placar, em boa jogada individual. Logo depois, aos 25', o artilheiro voltou a marcar, dessa vez após receber belo cruzamento de Toquero. Com o jogo caminhando para o fim, Diego fez falta perigosa perto da área do Atlético, que Ander cobrou e Toquero tratou de colocar para o fundo do gol, fazendo 3 a 0.

Enquanto o Athletic Bilbao bai dando boas vindas à boa fase, no Atlético de Madrid o clima é quente nos bastidores. Após ser substituido por Manzano, Reyes insultou o treinador no banco de reservas. Arrependido, o jogador pediu desculpas publicamente na sexta-feira, justificando que estava de cabeça quente no momento. De cabeça quente devem estar os aficionados colchoneros. Quem acompanha futebol pelos números estão preocupados com a situação do Atléti. No ano do rebaixamento rojiblanco, o Atléti apresentava números similares aos que apresenta hoje. Nas primeiras 10 rodadas da Liga, logrou 3 vitórias, um empate e cinco derrotas, tendo os mesmos 10 pontos que atualmente. A diferença é que, à essa altura da temporada, aquele Atlético apresentava uma vitória a mais (mas vale lembrar que este Atlético tem um jogo a menos).

Levante 3x2 Real Sociedad (Claudio Araujo)
O líder da Liga BBVA também vence com emoções. A Real Sociedad precisou de apenas três minutos para abrir o placar diante do Levante, que entrou em campo brigando pela liderança, mas encontrou muitas dificuldades diante dos visitantes, que impuseram forte ritmo nos primeiros minutos de bola rolando. Após a batida de Aranburu, Munúa espalmou para frente e o Estrada pegou o rebote para converter. Depois de ver o mesmo Aranburu dos primeiros minutos de jogo errar o cabeceio no início da segunda etapa, o Levante conseguiu igualar o placar apenas aos 11 minutos, quando Nano arrematou e o zagueiro Demidov desviou contra as próprias redes. Menos de cinco minutos depois, a glória foi encontrada pela cabeça de Valdo, que recebeu grande lançamento de Barkero e saltou mais alto que De La Bella para virar a favor do Levante que, a partir de então, só administrou o resultado.

A questão é que o time se acuou demais no campo de defesa e deixou o Real Sociedad fazer seu jogo com cruzamentos na área e muita movimentação. O resultado não podia ser diferente: aos 41, depois de exercer certa pressão, Iñigo Martínez voltou a deixar o placar igualado. E foi justamente Rúben, que entrou para cadenciar o jogo no meio-de-campo, o homem do gol da vitória do Levante sobre o Real Sociedad. Em cobrança de falta a mais de 40 metros de distância, o time da casa conseguiu se sobrepor ao adversário e anotou o tento da vitória, para a festa da torcida de Valencia, que levantou das cadeiras e comemorou a vitória e a liderança da Liga Espanhola.

Granada 0x1 Barcelona (Claudio Araujo)
O Barcelona não encontrou a facilidade esperada para bater o Granada. Com Iniesta e Villa no banco, Guardiola começou com Fàbregas e Cuenca, grande novidade do onze inicial. O canterano saiu-se bem em seu debut como titular da equipe blaugrana e, certamente, ganhou pontos com Guardiola. Dentrou de campo, a equipe de Guardiola tinha dificuldades de invadir a área adversária, mas não demorou para abrir o placar devido à falta de pontuaria e ao goleiro Roberto. O gol só veio aos 33 minutos, quando Xavi cobrou falta com perfeição. Acuado, o Granada pouco produziu durante o primeiro tempo. Foram só dois chutes de fora da área que pouco incomodaram Valdés. Os anfitriões voltaram com uma postura ainda mais defensiva para a etapa final, que se intensificou com a expulsão de Romero Gómez, aos cinco minutos. O Barça continuava a construir as jogadas, porém pecava nas finalizações. Keita, Iniesta e David Villa entraram em campo, mas não conseguiram mudar o panorama da partida. Antes do apito final, o Granada ainda perdeu mais um jogador expulso: González Benítez.

Sevilla 2x2 Racing Santander
É curioso e paradoxal que em um começo de Liga tão cheio de obstáculos, um calendário complicado, repleto de rivais diretos, com um Sánchez-Pizjuán lotado em um dia de semana contra o lanterna, foi ele mesmo quem roubou os primeiros pontos sevillistas em Nervión. E resulta curioso, além disso, que seja a única equipe, junto com o Villarreal, que conseguira fazer mais de um gol em Javi Varas. É curioso, ou talvez nem tanto. Porque esse Sevilla que já deixou claro que quando quer defender, defende como ninguém,t ambém evidenciou nesses nove primeiros encontros de Liga que atacar é complicado. Custa a encontrar fórmulas, vias de penetração nas zagas rivais. Tem pouca clareza para fazer o gol e, até o momento, os gols conseguidos pelos nervionenses foram rentabilizados no máximo em pontos. Se a isso for somado o cansaço (nove dos onze titulares no Camp Nou jogaram novamente), a equipe nervionense esteve com ausência de idéias. Portanto, foi mais lógico o empate. O Sevilla conseguiu ao menos se manter invicto, após nove partidas, o que não é pouco. Porém, perdeu uma chance de ouro para começar a fazer uma gordura e se estabilizar nas posições mais altas da tabela. Talvez isso dependa da margem de melhora do Sevilla no ataque. Porque é evidente que para os objetivos planejados, o time precisará atacar, e bem.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

9ª rodada: Fazendo história

Ballesteros comemora com Juanlu: o Levante convenceu contra o Villarreal e chegou à liderança (getty images)

O 23 de outubro de 2011 certamente será um dia que entrou na história do segundo principal clube de Valencia. É a data na qual, pela primeira vez em seus 102 anos de história, o Levante pôde comemorar a liderança da Liga BBVA, após aproveitar o fato de o Barcelona ter empatado contrao Sevilla. Jogando à Barcelona e com o azulgrená já tradicional, os levantinos fizeram do El Madrigal, casa de seu rival regional, Villarreal, seu palco de felicidades. um 3 a 0 para não deixar mais dúvidas quanto a capacidade de seu elenco. A rodada também marcou o crescimento do futebol do Athletic Bilbao, que conseguiu um bom empate no Mestalla contra o Valencia, o novo tropeço do Atlético de Madrid, que só empatou em Madrid contra o Mallorca, e a confirmação da boa fase do Espanyol, que derrotou o Racing Santander na Cantábria.

Villarreal 0x3 Levante
Um líder de escândalos. Sem cerimônia, o Levante encurralou o Villarreal no El Madrigal e venceu facilmente por três gols de diferença. A derrota assou mais a batata de Juan Carlos Garrido, que, dizem, poderá ser demitido em caso de uma provável derrota para o Real Madrid, na quarta-feira. O Levante foi bem do início ao fim. Após assustar com Barkero, de falta, logo aos dois minutos, os azulgrenás chegaram ao um a zero após um belo contra-ataque, concluído por Juanlu. O externo esquerdo chegou ao doblete no fim da primeira etapa, em mais uma bela jogada da equipe comandada por Juan Ignácio Martínez. Em jogada de Barkero, meio-campista que vive ótima fase, Koné cruzou e Juanlu, que se desmarcou de Marchena, bateu firme às redes de Diego López.

O zagueiro espanhol viveu uma semana negra: após marcar um gol contra contra o Manchester City que complicou a vida do Villarreal na partida, o campeão mundial deixou Juanlu livre no momento do segundo tento levantino, que jogou por água abaixo uma provável reação amarilla. No segundo tempo, o Submarino Amarelo naufragou de vez. Sem opção, Garrido colocou Rúben no lugar de Marchena na volta do intervalo, mudando equipe para um 3-4-3, e deixou mais espaços para o Levante penetrar. Koné, que passou a ficar mais solto, deu o golpe final: após receber na entrada da área, passou por Gonzalo e fuzilou a meta de Diego López. A superioridade do Levante em campo é diretamente proporcional ao momento que vive o Villarreal. Acostumado a fazer a bola correr, os amarillos provaram do próprio veneno: correram atrás da bola e tiveram apenas 44% da posse de bola.

Valencia 1x1 Mallorca
Em jogo marcado por dois golaços (Muniain para o Athletic Bilbao e Soldado para o Valencia), o resultado final teve sabor mais doce para o Athletic Bilbao do que para o Valencia. Apesar de ter dominado o jogo inteiro e sofrido o empate aos 48 minutos da segunda etapa, o Athletic Bilbao sai do Mestalla satisfeito. O estilo de jogo de Bielsa vai começando a funcionar e, de pouco em pouco, os resultado vão saindo. Na coletiva pós-jogo, o argentino ficou contente com o resultado e afirmou que, apesar do gol sofrido nos acréscimos, o placar foi justo por cada equipe ter feito um tempo bom. A atuação do árbitro Clos Gómez foi bastante controversa e prejudicou os bascos.

O árbitro anulou um gol legal de Susaeta e deixou de marcar um pênalti clarrísimo em Susaeta. No lado valenciano, as dúvidas prosseguem. Após emplacar o terceiro jogo sem vitória, Unai Emery ainda recebeu uma péssima notícia: Canales saiu lesionado e será baixa por três meses. Dentro de campo, a saída de El Principito deixou os chés numa situação muito ruim. Sem seu principal armador, Unai Emery deverá escalar Banega mais adiantado ou utilizar Jonas mais centralizado, como no início da Liga.

Atlético de Madrid 1x1 Mallorca
Jogo com cara de dèjá vu. Tropeçando nos mesmos pecados, o Atlético de Madrid voltou a dominar uma partida, mas não conseguiu somar três pontos. Após quebrar a racha negativa de seis jogos sem marcar, os atleticanos tiveram que correr atrás do prejuizo, dessa vez. Com três minutos de jogo, o Mallorca já vencia, após gol de Hemed de pênalti. De nada adiantou, portanto, o domínio territorial dos rojiblancos. Para se ter uma noção do que foi o jogo, o Atléti chutou 15 bolas às redes de Aouate, mas, ironicamente, só marcou de pênalti, convertido por Falcão García. Na próxima rodada, os colchoneros terão um duro desafio: visitarão o Athletic Bilbao na Catedral. Na 9a colocação e após bons investimentos no mercado, o Atlético de Madrid novamente vai fazendo uma campanha decepcionante, até o momento.

domingo, 23 de outubro de 2011

9ª rodada: Orgulhosos de Javi Varas

O cara: Javi Varas para Barcelona e é recebido como herói em Sevilla (eldesmarque)

Barcelona 0x0 Sevilla
Se os antecedentes à partida no Camp Nou resevaram polêmicas em relação à Andaluzia (daí o motivo pelo uso do "Orgulhosos pela Andaluzia" estampando no uniforme do Sevilla, certamente os aficionados sevillistas sentiram bastante orgulho não só de sua região, representada muito bem em campo pelos guerreiros que pararam o Barcelona, mas como principalmente do camisa número 12 que parou, de fato, tudo: Javi Varas mostrou por que é o melhor goleiro do campeonato até então e foi o principal responsável pelo empate heróico conquistado pelo Sevilla na Catalunha. Não bastasse as 17 defesas feitas durante os 90 minutos, o goleiro ainda reservou uma defesa de pênalti cobrado por nada mais nada menos que Lionel Messi aos 48 minutos do segundo tempo. Com o empate, os nervionenses firmaram seu melhor início de Liga Espanhola desde 1945/46, quando conquistaram seu único título.

Do lado blaugrana, que sentiu a má partida de Messi, culminada com o pênalti perdido, o único destaque positivo foi mais uma vez a atuação de Iniesta. Com Xavi sobrecarregado e bastante marcado no meio-campo, El Albino tentou puxar a responsabilidade e, ainda por cima, sofreu o "pênalti" nos minutos finais, em bela jogada individual. Escalado inicialmente no 3-4-3, com Adriano aberto à direita, Guardiola rapidamente mudou a proposta de jogo, trocando a equipe para um 4-3-3. As lesões seguem assolando o ambiente do clube: para a partida contra o Granada, Guardiola terá apenas Fontàs de zagueiro de ofício disponível. A boa notícia foi o recorde de Xavi de participações na Liga BBVA (391 partidas), igualando Miguelli.

Málaga 0x4 Real Madrid
O empate no Camp Nou agradou o Real Madrid, que jogou antes dos blaugranas e cumpriram a lição. Jogando bonito, sobretudo na primeira etapa, os merengues domaram os blanquiazules e chegaram ao resultado apenas nos primeiros 45 minutos, quando Higuaín e Cristiano Ronaldo, três vezes, marcaram. O português, que não havia marcado um dos últimos 13 gols blancos, lavou a alma: com direito a gol de chaleira, marcou um triplete e assumiu a liderança ao lado de Messi, que viveu o outro lado da moeda na rodada. Kaká, titular no lugar de Özil, dessa vez foi mal: jogando na armação, o brasileiro participou pouco do jogo, abdicando da velocidade, sua principal característica.

O Málaga, por sua vez, decepcionou. Segunda equipe que mais gastou no mercado, os malagueses ainda não emplacaram e veem a vaga na LC ficar distante, apesar de ser início de temporada. Pellegrini, reverenciado pela torcida antes do jogo, teve uma parcela de culpa pelo resultado. Com uma postura mais defensiva do que de costume, mandou um Málaga estranhamente a campo no 4-3-2-1, abdicando-se dos ataques, e mexeu muito errado ao longo do jogo, chegando a substituir Cazorla, melhor blanquiazul em campo, para colocar Duda. No segundo tempo, quando já perdia por quatro a zero, resolveu mudar para o 4-2-3-1 e viu jogo: os andaluzes chutaram oito bolas à meta de Casillas, sendo três na trave. Certamente, Pellegrini deve ter se arrependido de ter mandado a campo uma equipe "covarde". Júlio Baptista voltou a fazer falta: Isco sentiu a imaturidade (e a postura defensiva do Málaga) e foi peça-anulado na partida.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Segredos de campeão

Dirigentes do Barcelona frente à nova sede de La Masia: um novo marco no barcelonismo (getty images)

Quinta-feira, 20 de outubro de 2011, um dia histórico para o barcelonismo. Às 20:15 local, a nova La Masia, centro de treinamento da famosa canteras do Barcelona, foi inaugurada, rebatizada de La Masia do século XXI. Após 31 anos, a estrutura das divisões de base do clube mudou de lugar e agora está em um prédio de 6 mil metros quadrados, de dois andares com capacidade para 83 pessoas e salas para estudo dos jovens. A sede da nova La Masia já havia sido inaugurada antes, na sexta-feira, 14. Segundo informou o site oficial do clube, a garotada fará reforço escolar diariamente de 12h às 18h e também há espaço para o lazer: uma sala de jogos conta com videogame e internet sem fio liberada.

Na equipe que entrou em campo na conquista da última Champions contra o Manchester United, sete jogadores foram formados dentro do clube (Víctor Valdés, Piqué, Busquets, Xavi, Iniesta, Messi e Pedro), além de Puyol, Bojan e Thiago Alcântara, que ficaram no banco de reservas. No atual elenco, o meio-campista Cesc Fàbregas, que havia saído muito jovem para o Arsenal, voltou à sua casa, em uma transferência que envolveu, no total, 40 milhões de euros, e ainda há o zagueiro Andreu Fontàs, que no início da temporada assinou um contrato exclusivo para ser jogador da equipe A e nesta semana renovou seu contrato até 2015. Mais que tudo, o futebol desempenhado pela equipe que é taxada por muitos de melhor do mundo é baseado numa filosofia de jogo simples e encantadora: o futebol total. Pode soar estranho, mas o início da formação de uma das melhores gerações da história do Barcelona começou há 23 anos.

Futebol total
O estilo de jogo baseado no toque de bola, técnica refinada e objetividade foi implantando em 1988 por duas lendas do Camp Nou: os ex-jogadores Johan Cruyff e Carles Rexach, então técnico e auxiliar técnico do time à época. Rexach, aliás, foi o principal responsável pela ida de um dos maiores ídolos da torcida atualmente: em 2001, Rexach conheceu Messi e encantou-se com o futebol daquele menino mirrado. O garoto, ainda com 13 anos de idade, seria levado ao Barcelona, onde teria o seu tratamento pago e treinaria com os outros atletas das categorias de base. A família de Messi, por sua vez, ganharia novos empregos na Catalunha.

Rexach e Cruyff criaram um estilo de jogo único. Raramente o jogador dá mais de dois toques na bola. Os apoiadores se movimentam constantemente, a ponto de jogar em todas as posições do meio-campo. No ataque, não há posição definida. Tudo em enorme sincronia, fruto da intensidade com a qual a equipe encarar seus jogos. O maior exemplo é Messi, que saiu da ponta direita, onde ficava muito "preso", para jogar mais centralizado, fazendo as vezes de enganche e falso nove. Jogando dessa maneira, os Dream Teams de Cruyff e Guardiola dominaram/dominam a Espanha e, por que não, a Europa. Na primeira metade da década de 90, entre 1990 e 1994, os azulgrenás treinados pelo holandês conquistaram quatro Ligas Espanholas, duas Supercopas da Espanha, uma Copa do Rei, uma Liga dos Campeões, uma Recopa da Uefa e duas Supercopa da Uefa.


Vídeo que explica um pouco a filosofia de jogo blaugrana

Hoje, talvez, o único diferencial da equipe treinada por Guardiola em relação a de Cruyff seja o módulo tático. O primeiro Dream Team jogava num 3-4-3 em linhas, influenciado por Rinus Michels, ex-treinador e amigo do holandês, e sem um centroavante de ofício (até a chegada de Romário, em 1993). Para Cruyff, os atacantes deveriam jogar pelos flancos, a fim de que os meio-campistas tivessem mais prioridade para chegar nas jogadas ofensivas. Outra técnica bastante utilizada para evitar marcações adversárias era o revezamento de posições, que deixavam a zaga adversária confusa, sem saber quem marcar. Na equipe de Guardiola, o módulo tático utilizado é o mesmo do antecessor do catalão, Frank Rijkaard: o 4-3-3, com o lateral direito tendo mais liberdade para participar das jogadas de ataque, que a partir de 2009 se transformou em um 4-3-1-2 pelo posicionamento de Messi. A posse de bola é o principal trunfo do segundo Dream Team.

No entanto, o jogo bonito não seria o bastante para garantir o sucesso da filosofia azulgrená. De nada adiantaria ter garotos de grande técnica, mas despreparados emocionalmente para encarar a pressão de 90 mil torcedores no Camp Nou. Eis, então, a segunda etapa do processo de formação de craques: criar, de fato, vencedores. Desde a menor categoria é passado o sentimento de competição. Não que seja uma obrigação, mas que é importante, sempre, ganhar. Ter uma mentalidade vencedora é obrigatória. Trabalhando principalmente na parte psicológica, os jogadores atuam de forma diligente, como se lutasse apenas pelos resultados posivitos. A contratação de jogadores como Ronaldo, Figo, Rivaldo, Ronaldinho, Eto'o, Deco, Ibrahimovic e David Villa ao longo dos anos enfatiza o aspecto de jogadores determinados quanto o de jogadores de nível mundial, capazes de decidir partidas.

O trabalho na base
Além de seu estilo de jogo voltado ao ataque, uma das principais características associadas ao Barcelona é o trabalho prolífico feito nas categorias de base. Famoso por ter lançado jogadores da estirpe de Amor, Guardiola, Messi e Xavi, a formação de atletas, porém, nem sempre foi colocada em primeiro plano pelos blaugranas. Contratações de jogadores de renome e poucos atletas criados em casa no time principal eram políticas comuns até as décadas de 1970 e 1980. A partir da adoção de La Masia como casa dos jovens culés, em 1979, a situação ganhou novos rumos e a lapidação de novos jogadores tornou-se prioridade.

Guardiola é um dos principais defensores da utilização de jogadores da base. Até por isso, mais da metade do atual elenco titular da equipe é formado por jogadores das canteras, como supracitado acima. Sempre que pode, o técnico acompanha partidas e treinos das categorias inferiores. Em sua agenda, há conversas frequentes com os técnicos da garotada. Em 2009, antes de um superclássico contra o Real Madrid, Pep expressou seu sentimento em relação às jovens promessas e comparou-as com as do Real Madrid. Até meados de 2008, os treinos aconteciam em campos anexos à La Masia, no entorno do Camp Nou. Hoje, no entanto, as atividades são realizadas em um moderno centro de treinamento, localizado a cerca de 20 minutos do estádio.

A mudança foi um pedido exclusivo de Pep, que quando assumiu o cargo técnico do clube, em junho de 2008, exigiu o término das obras da Cidade Esportiva de Joan Gamper, inaugurada em 2006, mas, até então, pouco utilizada pelo clube. Pep argumentava que os treinos no Camp Nou atrapalhariam a concentração de seu elenco, dado a presença diária de visitantes no local. De quebra, aproveitou para unir time principal e garotos, seguindo à risca a filosofia barcelonista.

A diretoria acatou o pedido do treinador e acelerou as obras da cidade esportiva. Em menos de seis meses, estava concluído um dos maiores centros de treinamento de toda Europa. São nove campos (sendo cinco de grama natural), um ginásio poliesportivo, 13 vestiários (oito apenas da base), enfermaria, sala de palestras e academia. Há, também, uma sala exclusiva para Guardiola, com vista para o campo do time principal e acesso de carro até a porta. Seu discurso sempre é o de quem sabe que não ficará no time para sempre, mas que deseja deixar uma base sólida para que as próximas gestões do clube sejam tão organizadas como as de atualmente.

O Barcelona B é um dos maiores exemplos de sucesso das canteras. Na temporada passada, terminou a Liga Adelante na histórica terceira posição. Nenhuma outra filial havia alcançando uma posição tão alta como a equipe treinada por Luis Enrique à época. Dessa forma, ampliando cada vez mais seu processo de profissionalização, o Barcelona permanece muito à frente das sociedades rivais e da melhor maneira possível: conquistado títulos e mais títulos.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fazendo feio

O Atlético de Madrid de Juanfran não viu a cor da bola na primeira etapa, mas os gols da Udinese só saíram nos quarenta e cinco minutos finais (AP Photos)

O Atlético de Madrid somou ontem mais uma decepção para sua interminável coleção. Jogando fora de casa contra a Udinese, pela terceira rodada da Liga Europa, os colchoneros sofreram dois gols nos minutos finais e terão que apostar todas as fichas no jogo no Vicente Calderón, daqui a duas rodadas, caso queira avançar de fase na segunda principal competição da Europa. Para piorar, a equipe dirigida pro Gregório Manzano completou seis jogos sem marcar ao menos um golzinho.

O início foi avassalador, com Armero e Badu armando as principais tramas ofensivas, mas sem sucesso na hora da conclusão, já que Floro Flores não cansou de desperdiçar chances reais de abrir o placar aos dois, aos oito e aos 17 minutos, quando bateu por cima do gol de Courtois. A partir dos 20 minutos, a equipe espanhola se reorganizou e deu menos espaços. Foi quando o lateral brasileiro Felipe Luís teve a bola nos pés para armar o time, pois Diego e Juanfran tinham dificuldades em penetrar a sólida defesa da Udinese. Se no final do primeiro tempo, aos 44, o goleiro Courtois falhou e quase ofereceu a oportunidade para a Udinese marcar, o final do segundo tempo seria ainda mais emocionante e alucinante.

A entrada de Reyes no Atlético melhorou a movimentação espanhola e fez com que os visitantes passasem a criar mais chances de gol. Mais confortável, o time rojiblanco partiu para cima e passou a deixar espaços em sua defesa. Apesar da facilidade para armar contra-ataques, a Udinese só apostava em Armero, enquanto Isla via o jogo do banco, e mal chegava ao gol adversário. Quando o Atlético de Madri começou a trocar passes de lado com a missão de voltar para casa com um ponto conquistado, a Udinese se atirou à frente e, em dois momentos de muita felicidade, fez o que esteve para fazer durante toda a partida: gols.

O caminho natural para o jogo seria um empate sem gols, mas já beirando os 45 minutos da etapa final, Benatia aproveitou desvio de Fabbrini após cobrança de falta e abriu o placar, fazendo explodir o Friuli. A perda do ótimo ponto que seria conquistado fora de casa fez os madrileños se desesperarem. Desorganizado, o Atlético partiu para o ataque na base do desespero e abriu ainda mais brechas para os friulanos. E em contra-ataque puxado por Badu aos 48 minutos, o desacreditado Floro Flores finalmente fez o dele.

Dessa forma, os italianos tomam a liderança do grupo I com sete pontos, deixando o time do brasileiro Diego na segunda colocação com quatro. Por sorte, os espanhois não perderam mais uma posição, já que Rennes e Celtic empataram na França e seguem na terceira e quarta colocação, respectivamente.

Viktória curta

Enquanto Messi desperdiçou cinco chances claras de gols, Iniesta aproveitou a única que teve para marcar (reuters)

Os prognósticos do duelo do Barcelona contra o Viktória Pilsen indicavam uma goleada acachapante dos azulgrenás. Entretanto, o que se viu na noite de quarta-feira no Camp Nou foi um Barcelona para lá de opaco e preguiçoso e que desperdiçou muitas oportunidades fazer apenas 2 a 0 na equipe da República Tcheca. No outro jogo do grupo, o Milan passou fácil pelo BATE pelo mesmo placar e, como tudo indicava antes, está, assim como o Barcelona, próximo de avançar de fase. Blaugranas e rossoneris farão, portanto, um duelo decisivo em Milão pela liderança do torneio, que, na teoria, reserva um caminho mais fácil nas oitavas-de-finais.

Para enfrentar o Viktória, Guardiola voltou a abdicar do 3-4-3 que havia utilizado nos primeiros jogos da temporada. Assim como na partida contra o Racing Santander, o 4-3-3 voltou a ser o esquema tático. Curiosamente, a volta do módulo tático que consagrou este Barcelona vem após declarações de Pedro "reclamando" de sua nova posição no esquema. O canário, que é o xodozinho de Pep no elenco, havia dito que vai demorar muito para se adaptar à nova forma de jogar, recompondo as subidas de Daniel Alves. Pedro, inclusive, vinha fazendo a cobertura pelo lado direito muito mal: nos jogos contra Milan e, sobretudo, Valencia, viu-se um buraco enorme no setor direito da defesa barcelonista.

O gol de Iniesta logo no início do jogo condicionou a partida. Após isso, o Barcelona até tentou marcar mais, mas pecou muito nas finalizações. Ao término, foram 22 chutes a gol dos blaugranas, sendo que apenas seis foram em direção às redes de Cech. Se há uma notícia relevante para Guardiola é justamente a partida de Iniesta. Se, contra o Racing Santander, o meio-campista já havia ido muito bem mesmo não estando 100% (volta de lesão), contra o Viktória, El Albino voltou a repetir a bela atuação de outrora: melhor em campo, foi um dos poucos barcelonistas a buscar sempre o gol, ao lado de Messi.

Messi foi um caso à parte do jogo. La Pulga esteve muito bem em campo; entretanto, não concluiu suas jogadas com os êxitos vistos antes. Vale lembrar que Messi busca pela quarta vez consecutiva a artilharia do principal torneio do velho continente, algo nunca registrado anteriormente. Se o ataque não esteve em noite feliz, pelo menos a defesa não foi vazada. Até porque, os tchecos não ameaçaram as redes de Valdés em nenhum momento dos noventa minutos. O goleiro catalão, aliás, está a cinco jogos sem receber um gol. No total, já são 517 minutos sem sofrer um gol, o que deixa Valdés a 60 minutos de superar seu recorde de outrora.

O jogo sem sal no Camp Nou não é o primeiro e nem será o último do Barcelona contra essas equipes inferiores pela fase de grupos da LC. Os azulgrenás não costumam, de umas temporadas para cá, dar show atuando em seus domínios (à exceções, como nos duelos contra Inter e Panathinaikos). Na temporada passada, por exemplo, o Barcelona repetiu os 2 a 0 de ontem contra o Copenhagem em um jogo tão chato quanto contra o Viktória. Na coletiva, Iniesta e Mascherano trataram de amenizar a vitória curta, e falaram que nem sempre é possível ganhar dando show.

O dia depois do jogo contra o Viktória foi de festa. A diretoria do Barcelona inaugurou oficialmente nesta quinta-feira a nova sede da La Masia, o famoso centro de treinamento das canteras azulgrenás. Após 31 anos, a estrutura das divisões de base do clube mudou de lugar e agora está em um prédio de 6 mil metros quadrados, dois andares, com capacidade para 83 pessoas e salas para estudo dos jovens. Segundo informou o diretor de La Masia, Carles Folgueroles, a garotada fará reforço escolar diariamente de 12h às 18h. Também há espaço para o lazer: uma sala de jogos conta com videogame e internet sem fio liberada. Ontem, Guardiola promoveu a estreia oficial de Isaac Cuenca, que entrou no final da partida no lugar de Villa. Foi o décimo-oitavo canterano a estrear desde que Guardiola assumiu o clube, em 2008.

Ih, Valencia!
O outro espanhol a entrar em campo nessa quarta-feira foi o Valencia. Mas ao contrário do Barcelona, que está com a vaga caminhada às oitavas-de-finais, os chés se complicaram ao perder para o Bayer Leverkusen por 2 a 1. Jonas abriu o placar na primeira etapa, dominada completamente pelo Valencia. Entretanto, a queda na postura foi nítida nos quarenta e cinco minutos finais e, não fosse por Diego Alves, o resultado poderia até ter sido mais elástico. A derrota não caiu bem em Paterna. Hoje, as peñas oficiais do clube blanquinegro acusou a equipe de falta de dignidade e entrega e exigiram uma mudança radical nas atitudes dos jogadores. Além disso, criticaram Unay Emery, a quem qualificaram como um treinador "sem sangue". Pela Champions, já são seis jogos sem vencer (a última vitória foi contra o Bursaspor, na quarta rodada da LC passada). Na terceira colocação e a quatro do Bayer, os chés farão um jogo decisivo contra os alemães na próxima rodada, atuando no Valencia. Um empate eliminará virtualmente a equipe comandada por Unai Emery.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Virtualmente eliminado

Agüero comemora, para desespero de Gonzalo, ao fundo: o Villarreal está próximo da eliminação precoce na Champions (getty images)

O Villarreal viajou a Manchester com a sensação de final de campeonato. Contra o poderoso Manchester City, líder da Premier League, o Submarino Amarelo fez sua melhor partida na temporada, chegou, inclusive, a estar vencendo por um a zero, mas sucumbiu nos finais da primeira e segunda etapa e saiu da Inglaterra virtualmente eliminado da Champions League. Com nenhum ponto em três jogos, sonhar com a Liga Europa também complicou: Manchester City e Napoli, seus "concorrentes", estão com quatro e cinco pontos, respectivamentes. Aos amarillos, restam fazer uma returno perfeito e saber o usar o fator casa: irá enfrentar os azuis de Manchester e Napoles no El Madrigal. O Bayern lidera o grupo com folgas: com sete pontos, já está praticamente classificado à próxima fase.

Curiosamente, o gol que decretou a vitória mancuniana veio através de um velho conhecido dos aficionados amarillos: Agüero, que entrou em meados do segundo tempo, sacramentou a virada dos anfitriões e chegou ao seu oitavo gol em dez partidas contra a equipe de Castilla e Leão. David Silva, que vive bela fase, passou em branco e, bem marcado pelo meio-campo amarillo nos primeiros quarenta e cinco minutos da partida, passou a crescer apenas no segundo tempo, com a saída de Nasri, muito marcado por Zapata, que liberou o espanhol para jogar mais aberto à esquerda. A defesa do Villarreal se comportou muito bem, mas falhou em dois lances capitais que decidiram a partida: no gol de empate do City, marcado por Marchena contra, e no de Kun, quando, mal posicionado, deixou três jogadores dos sky blues sozinhos (Silva chegou a desviar) e Agüero completou.

O capitão Gonzalo Rodríguez se comportou, de fato, como um capitão. Limpo e seguro, foi um dos melhores em campo. Dzeko, isolado no 4-2-3-1 de Roberto Mancini, foi anulado pelo camisa dois. Marchena foi do céu ao inferno: o ex-Valencia fazia uma partida bastante correta até o momento que, numa jogada de infelicidade e falta de comunicação com Diego López, cortou para o gol um cruzamento de Kolarov. Talvez faltou ao Villarreal mais ousadia. Atuando num inédito 4-2-3-1 (até pela lesão de Nilmar), o Submarino Amarelo dominou o City na primeira etapa e levaram muito perigo à meta de Hart. No segundo tempo, Garrido recuou demais o Villarreal, chamando o Manchester para cima. Ao tirar De Guzmán e Cani, dois dos melhores em campo, e colocar o canterano Gullón e Mário, o treinador deu um tiro pela culatra: além de perder em experiência, Garrido mudou o módulo tático da equipe paraum 4-4-1-1, o suficiente para tirar, praticamente, Rossi da partida, que ficou mais isolado do que já estava.

O pós-jogo foi marcado por polêmicas. José Manuel Llaneza, vice-presidente do Villarreal, acusou Agüero de zombar do clube e dos jogadores no caminha para os vestuários. "O que o Agüero fez foi falta de ética, respeito e, acima de tudo, companheirismo", esbravejou Llaneza. "É uma pena que um jogador tão talentoso como Agüero tenha uma cabeça tão pequena", disse Marchena. Por sua vez, Agüero negou qualquer tipo polêmica: "todos conhecem minha trajetória e minha conduta. Não sou e jamais farei isso", afirmou Kun. José Ortiz, zagueiro do Almería, colocou mais lenha no fogo ao afirmar que, em 2007, o atacante já havia tido uma atitude semelhante a este após uma vitória do Atlético de Madrid. Os castellonenses, agora, não poderão nem pensar em empatar: se ainda pensa em classificação - muito improvável, agora - terão que somar, no mínimo, sete pontos dos nove possíveis.

A Espanha que dá certo

Benzema e Özil, melhores em campo, comemoram: enquanto o Villarrel está praticamente fora, os merengues estão a um empate da classificação (getty images)

Diante de um Lyon tímido e omisso e sentindo a falta do artilheiro Lisandro López, o Real Madrid passou como um rolo compressor e aplicou 4 a 0 em Santiago Bernabéu para disparar na liderança do Grupo D da Liga dos Campeões. A postura agressiva do time espanhol, que tinha toque de bola e capacidade de chegar à frente, rendeu os tentos marcados por Benzema, Khedira, Özil e Sérgio Ramos.

Mesmo com o ótimo final de semana de Kaká e Higuaín, Mourinho fez jus às palavras ditas após a partida contra o Racing Santander, no qual havia afirmado que, com tanto talento à disposição, não existe jogador titular e reserva: iniciou o jogo com Benzema e Di María, em dentrimento da dupla citada acima. O francês voltou a ser uma pedra no sapato de sua ex-equipe: além de ser um dos melhores em campo, ao lado de Özil, marcou o primeiro gol e deu a assistência para o tento de Khedira. O turco-alemão, por outro lado, lembrou Zidane, dominando o meio-campo e deixando Cristiano Ronaldo e Benzema na cara de Lloris por muitas vezes.

Se, por um lado, o craque português não marcou um dos últimos 12 gols do Real Madrid nas últimas três partidas, isso serve para mostrar que uma possível "CR7dependência" inexiste. Ao contrário da temporada passada, quando o gajo foi disparado o artilheiro merengue, na atual temporada os gols estão bem divididos: Cristiano Ronaldo permanece como o máximo artilheiro, com nove gols, mas seguido de perto por Higuaín (9), Benzema (6) e Kaká (4). O que surpreende nesta seca de Ronaldo é uma versão mais solidária do craque: foram cinco passes para gols nesses 12 tentos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

8ª rodada: Azul e grená são as cores

Para o alto, e avante: após vencer o Real Madrid, o Levante deu mais uma prova de força ao bater o Málaga. Quem para a sensação espanhola? (reuters)

Com uma postura cada vez mais convincente, o Levante fez mais uma vítima no campeonato. Em mais um grande teste, os azulgrenás foram aprovados após vencerem com contundência o Málaga por 3 a 0 no Ciutat de Valencia. Os andaluzes não suportaram o voo de um time muito bem armado, que tem uma base sólida na defesa e joga sem sofrer riscos. Enquanto o azul e grená de Valencia vai bem, o branco e negro do principal clube da cidade decepcionou: numa partida na qual dominou por completo o Mallorca, mas prendeu muito o jogo, o Valencia sofreu o castigo no último suspiro do duelo, permitindo o empate dos baleares na estreia de Caparrós. A rodada também marcou as novas decepções de Getafe e Villarreal, a recuperação de Zaragoza e, principalmente, Athletic Bilbao, que convenceu contra o Osasuna, e a continuação da invencibilidade de um inconstante Sevilla, que derrotou o Sporting Gijón e continua sem perder no campeonato. Confira, abaixo, o resumo da oitava rodada da Liga BBVA.

Levante 3x0 Málaga
Os granotes atravessaram sem maiores traumas um dos desafios mais complicados deste início de temporada: o Málaga de Pellegrini, que vem em boa fase. Se ainda havia alguém que desconfiasse dos valencianos mesmo após a vitória contra o Real Madrid, a equipe de Juan Ignácio Martínez segue calando a boca dos críticos: ontem, venceu com autoridade os blanquiazules, que foram engolidos pelos donos da casa. O Ciutat de Valencia é um dos maiores trunfos da sensação da temporada: nos últimos 13 jogos no estádio, os levantinos só perderam uma (incluindo aí partidas contra Barcelona e Real Madrid). O bom desempenho do Levante tem a ver com as palavras que Juan Ignácio Martínez passa aos seus comandados e a humildade com a qual o elenco trata esse período da equipe: no vestiário ninguém fala de título, Champions ou Liga Europa. O objetivo maior é conseguir a permanência na Liga. E, nesse ponto, os azulgrenás já estão muito bem encaminhados: com 17 pontos e a co-liderança ao lado do Barcelona, o Levante já acumula dois pontos a mais que os 15 conseguidos no primeiro turno da liga passada.

O Málaga sentiu muito a falta de Júlio Baptista. Isco, titular pela primeira vez na temporada, não substituiu o brasileiro à altura e foi peça-nula na esquerda. Cazorla, que começou a temporada muito bem, também não resistiu à dura marcação levantina e passou despercebido no duelo. A expulsão de Caballero foi determinante: expulso de maneira infantil (e até rigorosa), após "colocar" a mão na bola fora da área, o goleiro ainda viu o segundo gol do Levante sair na falta oriunda de sua expulsão e seu reserva, Rúben, cochilar também infantilmente frente a Koné no terceiro gol. O dia após a derrota ante o Levante foi de reflexão, visando o próximo jogo do Málaga: o Real Madrid, no La Rosaleda. Hoje, em entrevista à rádio Onda Cero, o treinador chileno criticou Florentino Pérez e José Mourinho, a quem já havia criticado na temporada passada.

Athletic Bilbao 3x1 Osasuna
Marcelo Bielsa já respira. Não bastasse a vitória no dérbi, o Athletic Bilbao deu mais uma prova de recuperação na temporada ao bater com contundência o Osasuna, em nova boa partida de Muniain. O treinador argentino, dessa vez, não inventou: jogou no 4-2-3-1 com Javi Martínez na volância (tem sido zagueiro neste início de temporada) e viu a melhor partida dos leones desde sua chegada ao País Basco. De pouco e pouco o estilo de jogo do treinador vai funcionando. Contra os rojos, vimos um Athetic Bilbao menos vertical que os jogos passados e praticando um futebol mais elaborado, com boas trocas de passes e prezando pela posse de bola. Muniain está em estado de graça: autor de um gol, La Joya, como vem sendo tratado por Bielsa, só cresce desde a chegada do argentino. Atrevido e ousado, o jogador marcou mais um gol e foi novamente o melhor em campo, jogando um pouco mais centralizado como de costume.

O Osasuna se entregou aos bascos à medida que os minutos passavam. Após iniciar o duelo com intensidade, caíram muito de produção após o 1 a 0 e morreram depois do 2 a 0, marcado por Gabilondo. Lamah foi o melhor rojillo em campo, dando muito trabalho a Ekiza e Amorebieta, e desbordando graças à sua velocidade. Contudo, acabou expulso após dar um tapa na cara de Muniain, mostrando um gesto de impotência. A defesa, mais vazada da competição, preocupa: já são 15 gols sofridos em apenas sete jogos. Para completar, o iraniano Masoud, que está fazendo muita falta no meio-campo rojillo, pode ficar mais seis meses de baixa após complicações na fratura no pé esquerdo. Quando a fase não é boa, nada dá certo.

Sevilla 2x1 Sporting Gijón
O Sevilla tinha que ganhar a partida ante o Sporting e ganhou. Sempre que continuar fazendo o que tem de ser feito, irá trilhar o bom caminho. O Sevilla de Marcelino está se convertendo em uma equipe confiável, que ganha quando tem de ganhar com mais ou menos sofrimento, e que quando não consegue vencer, ao menos empata. Com esse invejável ritmo, o conjunto nervionense já está em postos de Champions e se abastece de pontos antes de viajar para Barcelona. Não é um mal começo. É possível pedir mais a essa equipe, claro. Sobretudo mais continuidade no jogo, mais regularidade para dominar os rivais, mais controle de bola talvez, e por alguns momentos, mais presença ofensiva. Porém, o Sevilla segue oferecendo grandes serviços atrás (Varas esteve ótimo, Spahic esteve gigante e Escudé esteve regular), maneja os ritmos da partida perfeitamente e independente do resultado, dá a sensação de ter a situação sob controle. É aguerrido, muito aguerrido, e complicado.

O Sevilla desse domingo não foi brilhante, e não foi até hoje na Liga, mas foi efetivo, tremendamente efetivo. Nessa partida recebeu um gol, o que frustrou o récorde de imbatibilidade de Varas, mas Manu Del Moral se encontrou com as redes de forma impressionante, que aclarou seu panorama desde o começo da temporada e também o do Sevilla na partida. O conjunto nervionense, quando não tinha ainda as idéias claras ante um Sporting valente, se encontrou com o marcador à favor e optou pela solução que marca a toada de Marcelino nesses casos: recuar, dar um passo atrás e buscar definir nos contra-ataques ante uma adiantada defesa asturiana. Porém, o Sevilla não encontrou esses contra-ataques. Os jogadores de Preciado recuperavam quase sempre a bola e as imprecisões dos anfitriões não permitiram a criação de jogadas que metessem medo nos sportinguistas. Sofreu em algumas jogadas na área e novamente surgiu a figura de Varas, melhor goleiro do campeonato até aqui. Porém, teve chances em alguns contra-ataques desperdiçados. Assim chegou ao fim da partida, onde foi regular para matar o encontro e somar outros três pontos que colocam os nervionenses na zona nobre da classificação, e invictos.

Mallorca 1x1 Valencia
Matar a partida ou cozinhar à espera do apito final do árbitro? O Valencia que foi a Palma de Mallorca optou pela segunda opção e acabou engolindo em seco o gol de Hemed, de pênalti, aos 49 minutos do segundo tempo. Pênalti, aliás, que gerou muita discussão e resultou na expulsão do bom zagueiro Rami, que, segundo Paradas Romeros escreveu na súmula, o chingou com palavras de baixo calão no caminho ao vestiário após o término do jogo (o jogador teria chingado a mão do árbitro). A arbitragem de Paradas foi bastante controversa: os chés, além do pênalti mal marcado de Topal, reclamaram de um pênalti não marcado de Chico em Piatti quando o jogo ainda estava zero a zero. Para o Mallorca, valeu pela persistência. Na estreia de Caparrós, o ponto foi comemorado pelo treinador, que pediu mais o futebol apresentado no segundo tempo e menos apresentado no segundo tempo. O gol de Hemed foi o terceiro do israelense em três jogos, marca obtida somente por Eto'o, na temporada 2004/2005.

Getafe 0x0 Villarreal
Decepceções. Não há outra palavra que define melhor Getafe e, sobretudo, Villarreal. Os azulones por terem feito um ótimo mercado, ambicioso, e ter começado a Liga com uma vontade de brigar por competições europeis. Os amarillos pelos simples fato de ter conseguido manter Rossi e Nilmar em seu elenco. Os atacantes, por enquanto, não têm decepcionado, mas parecem sozinhos imerso num confuso Villarreal. O meio-campo, setor de destaque da equipe na temporada, bate cabeça sem a presença de Cazorla. De Guzmán, inexplicavelmente, tem jogado como armador da equipe com Borja Valero lesionado, em uma das ações sem explicação de Garrido. E é assim, com resquícios de crise, que o Submarino Amarelo viaja a Manchester para o jogo decisivo contra o Manchester City, pela LC. Sem opção, Garrido não teve outra escolha a não ser arriscar e convocar Borja Valero, que ainda não está 100%. No lado madrileño, a decepção fica por conta de Guiza, contratação mais cara da história do Getafe, mas que ainda não mostrou a que veio.

Zaragoza 2x0 Real Sociedad
Teria, tão cedo, acabado o encanto da Real Sociedad? Após começar a Liga Espanhola a todo vapor, chegando a tirar pontos do líder Barcelona, os txuri-urdins emplacaram uma sequência de três jogos sem vitórias e deixaram de vez o top-10. Em Aragão, a Real Sociedad fez sua pior partida na temporada. Com Griezmann novamente no banco e Xabi Prieto sobrecarregado no meio-campo pela má partida de Sarpong e Zurutuza, os bascos não levaram perigo algum à meta de Roberto. No lado maño, destaque para Helder Postiga, autor de um doblete, sendo um deles um golaço de bicicleta. O português, que já começava a ser questionado, respondeu à altura os críticos e foi essencial para a vitória, além de sair dem campo aplaudido pela primeira vez pela torcida. O domínio territorial valeu pela boa partida de Ponzio, que ganhou todas no meio-campo. A Real Sociedad, quem diria, tem sentido a falta de Illarramendi, lesionado. Mesmo após a terceira vitória consecutiva, Javier Aguirre manteve os pés no chão: "estou bastante satisfeito, mas ainda há muito o que trabalhar", alertou o treinador. Após o mau início de liga, o Zaragoza já soma nove pontos e ocupa a nona colocação.

Rayo Vallecano 0x1 Espanyol
Em um jogo bastante movimentado marcado pelo reencontro de Tamudo com o Espanyol, um gol de Romaric deu uma vitória merecida ao Espanyol, que segue sendo uma incógnita total. Valeu pela boa partida de Sérgio García, melhor em campo, e do canterano Thievy Bifouma, que segue caindo nas graças da torcida desde o doblete contra o Barcelona pela Copa Catalunha. Ramón Sandoval, treinador do Rayo Vallecano, foi valente o jogar num 4-2-3-1 que tornava-se um 4-3-3 super ofensivo, mas certamente não esperava um Rayo Vallecano sentindo o calor do meio-dia, horário cada vez mais contestado pela imprensa espanhola. Os ataques franjiroyos foram bastante previsíveis, sobretudo no segundo tempo, quando Christian Álvarez quase não teve trabalho. O treinador reclamou após partida da falta de ímpeto de sua equipe: "se não chutar a gol, não iremos vencer nunca", esbravejou após a partida. Pochettino, por sua vez, comemorou o resultado (merecido, nas palavras dos dois treinadores) e voltou a pedir paciência com essa "nova" equipe.

domingo, 16 de outubro de 2011

8ª rodada: Criando problemas

Higuaín, reverenciado: boa fase do argentino cria problemas para Mourinho (AS)


Real Madrid 4x1 Bétis
No jogo que abriu a rodada, o Bétis até ensaiou surpreender o Santiago Bernabéu, mas a noite inspirada de Higuaín e a nova boa partida de Kaká não deixaram. O primeiro tempo insonsso dos merengues deixaram dúvidas quanto se a vitória viria. O Bétis, ousado e à espera de um contra-ataque, não se intimidou com a visita à capital. Pepe Mel jogou num super-ofensivo 4-3-3, quebrando qualquer tipo de especulação que dizia que, pelo menos contra o Real Madrid, o técnico adotaria uma postura mais defensiva. O resultado, pode-se dizer, foi um pouco "mentiroso". Porém, o gol de Higuaín no primeiro suspiro do segundo tempo fez com que o Real Madrid voltasse à realidade.

O terceiro hat-trick em três semanas de Higuaín (o segundo consecutivo com o Madrid) ratifica sua excelente fase. Se, na temporada passada, La Pipita voltou de lesão muito mal e, ainda por cima, viu Benzema jogar muito bem, na atual temporada a disputa por uma vaga no ataque promete: Benzema realizou uma pré-temporada excelente e começou a liga espanhola em alta estilo, contrabalanceando com o fato de Higuaín começar a desencantar. Mesmo negando que não terá problemas, Mourinho sabe que terá. Possibilidades de rodízios? "Para mim, não existe essa de jogador titular quando se tem tanto talento disponível", disse Mourinho após o jogo. A fase de Higuaín é excelente: já são nove gols no mês de outubro, uma média de um gol a cada 38 minutos.

Não é só no ataque que Mourinho terá problemas. No meio-campo, setor mais forte da equipe, Kaká voltou a atuar com sobressaliência, marcando um belo gol, e Di María, que entrou no segundo tempo, deu duas assistências. Özil, que ontem foi titular, também fez boa partida, apesar de não ter feito nenhum gol e não ter dado nenhuma assistência. O turco-alemão ganha pontos com Mourinho por ser essencial para o esquema do português. Já vimos, por exemplo, na partida contra o Rayo os blancos quebrarem a cabeça para criar alguma situação de gol sem a presença de Özil no meio-campo, fato totalmente diferente quando o camisa dez entrou em campo. Em uma enquete do Marca, a torcida foi clara: hoje, do meio para frente, os titulares seriam Kaká, Özil, Cristiano Ronaldo e Higuaín.

Barcelona 3x0 Racing Santander
Dez minutos. Esse foi o período em que o Racing Santander conseguiu aguentar o Barcelona. Os blaugranas, que não costumam se dar bem após a Data Fifa, superaram as adversidades do vírus e venceram com contundência os cantabrianos. A grande notícia que Guardiola poderia receber após a partida foi a volta em alto estilo de Iniesta. O meio-campista, que recebeu alta antes do previsto, se entendeu muito bem com Messi, não sentiu a falta de ritmo por ter ficado um mês fora dos gramados e participou, diretamente, de dois gols - os dois da Pulga. Guardiola, aliás, voltou ao 4-3-3 ontem, mas com uma curiosidade: os três homens do meio-campo foram Xavi, Thiago e Iniesta, um setor sem nenhum volante de marcação.

Quem também fez grande partida foi Messi. La Pulga, pichichi do campeonato, anotou um doblete (sendo um deles um golaço) e não lembrou nem um pouquinho aquele Messi apático visto no duelo da Argentina contra a Venezuela. Mas nem tudo são flores no paraíso de Guardiola. As lesões, mais precisamente o bíceps femoral, voltaram a assolar o vestiário dos catalães. Ontem, foi Piqué: o zagueiro, que já havia pedido substituição por precaução no duelo da seleção espanhola contra a Escócia, se lesionou no início do primeiro tempo e será baixa por 15 dias. O Racing Santander de Héctor Cúper continua vivendo num pesadelo: já são seis jogos sem vencer, e a possibilidade de rebaixamento já é real em Santander.

Granada 0x0 Atlético de Madrid (Claudio Araujo)
Será mais uma temporada decepcionante do Atlético de Madrid? O jogo contra o Granada, antepenúltimo colocado, seria uma excelente oportunidade de afastar qualquer resquício de crise em Manzananares. Entretanto, os rojiblancos não jogaram melhor que os anfitriões e, pela partida, saíram satisfeito dos Los Carménes. Ante a ausência de Silvio e o jat-leg de Perea, Manzano optou por colocar Juanfran de lateral direito. Pouco acostumado à função, sofreu com Dani Benítez, melhor jogador da partida.

A falta de gols assusta: apesar do início promissor de Falcão García, o colombiano caiu de rendimento e, junto ao Atlético de Madrid, já não marca há cinco partidas seguidas. Adrián teve uma boa oportunidade no final da segunda etapa, mas acabou desperdiçando frente a Roberto. O goleiro esteve em uma boa noite: parou, além da defesa no chute de Adrián, Reyes e Diego em duas oportunidades. Se há uma boa notícia para Manzano, esta é Courtois: o goleiro vem substituindo De Gea à altura e, apesar da juventude, parece um veterano em campo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Davi e Golias do futebol espanhol

Levante é a grande surpresa deste início de temporada, disputando a liderança com o Barcelona de Messi (AP Photos)

Texto em parceria com Claudio Araujo

Barcelona e Levante. Levante e Barcelona. Duas equipes de uniformes similares: listras verticais azuis e grenás, com calção azul. Fora isso, Barcelona e Levante não têm nada em comum. Tanto quanto o orçamento, o que diferencia os dois times é o estilo de jogo. Enquanto os catalães gostam de fartura em todos os fundamentos, os valencianos vivem em economia de guerra, extraindo cada ponto do pouco que produzem. O Levante vem arrancando elogios importantes por uma campanha que nem seu torcedor mais otimista poderia prever: 14 pontos em seis rodadas, com direito a quatro vitórias consecutivas - sequência recorde do clube na primeira divisão. Entre os triunfos, jogos contra Real Madrid e Betis, ambos líderes no momento da entrada em campo.

Em Barcelona, posse de bola é obsessão. O time não tem menos de 50% da posse desde antes de Josep Guardiola assumir o clube. Na atual temporada, o treinador catalão tem optado por uma interessante variação tática: o 4-3-3 (ou 4-2-3-1 pelo posicionamento de Messi) deu lugar ao 3-4-3, que, com a adição de Fàbregas na linha de quatro, tem sido mortal neste início de Liga. O maior problema da tática, entretanto, é o fato de a linha de três defensiva jogar muito adiantada, deixando muitos espaços, sobretudo, pelo lado direito, onde Daniel Alves sobe muito ao ataque e Pedro, que declarou nesta semana ainda não estar adaptado à tática, não recompor as subidas do brasileiro à altura. Enquanto isso, os levantistas têm uma média de 38,5% de posse em seus jogos. Nesta temporada, apenas o Racing de Santander fica menos tempo com a bola nos pés. Na frente, os granotes de Valencia marcaram apenas 8 gols, mesmo número que os azulgrenás de Barcelona fizeram apenas em um jogo, contra o Osasuna. Indo um pouco mais além: só Messi já tem 10 gols na Liga BBVA.

O sucesso inicial desse Levante mostra uma grande adaptação às limitações da equipe. A base é formada por jogadores veteranos que não tinham muito espaço em equipes maiores, como o goleiro Munúa, os laterais Javi Venta e Del Horno e os zagueiros Nano e Ballesteros. Diante deles, uma dupla de volantes mais nova, Iborra e Xavi Torres, capaz de se sacrificar. Com isso, o Levante sofreu apenas três gols no campeonato, melhor marca ao lado do Sevilla, e recebeu apenas 3,67 arremates por partida (apenas o Barcelona recebeu menos), mesmo permitindo que os adversários tivessem a posse da bola por tanto tempo. Na frente, o time faz o básico: contra-ataques e bola parada. O orçamento do clube é pouco superior a 20 milhões de euros, menos do que se gastou nas transferências de jogadores como Alexis Sánchez, Cesc Fàbregas e Fábio Coentrão. Só o salário de um Messi ou Cristiano Ronaldo paga a folha salarial dos 25 jogadores do Levante.

Xavi Torres, aliás, essencial para o bom desempenho defensivo do Levante, sabe o que é estar do outro lado. Em 2009, estava no elenco do Barcelona e participou de dois jogos na campanha do título espanhol. De promessa sem espaço no Camp Nou, virou destaque de um clube pequeno que tem ousado desafiar a lógica ao se manter no topo da tabela. Não deve durar. Mas que desfrutem enquanto dura. O Levante tem um estádio com capacidade para 25.354 torcedores e tem uma taxa de ocupação pouco maior que 50%: média de 12.378 por partida. Enquanto isso, o Barcelona desfruta de uma média de público de 79.184 pagantes em um estádio com capacidade para 98.787, ocupando mais de 80% dos assentos. Os jogadores do Levante, somados, têm 26 títulos. Os do Barcelona, 295.

O técnico Juan Ignacio Martínez, estreante na primeira divisão e contratado após uma boa temporada na segundona à frente do Cartagena, é o artífice da sensação da temporada na Espanha. O ponto forte é a defesa, que sofreu apenas três gols. Esta defesa tão confiável até aqui totaliza 165 anos de idade entre o goleiro, Munúa, os laterais, Javi Venta e Del Horno, e os zagueiros, Nano e Ballesteros. Este último, por sinal, é o mais velho deles (36 anos) e não comete uma falta no campo de defesa há quatro rodadas. Ainda assim, o discurso no Ciutat de Valencia é discreto. Juanlu, por exemplo, diz que “aconteceu uma vez em 100 anos, não acredito que ocorra muito mais vezes”. O meia até se remete à temporada passada, quando o time teve uma boa fase e até se aproximou da vaga na Liga Europa, mas caiu no final e teve de se preocupar com o rebaixamento.

O normal é que o Levante não consiga manter esse nível por muito tempo. O elenco é enxuto e a equipe titular depende demais de jogadores veteranos. Por exemplo, dos titulares na partida contra o Betis, apenas quatro tinham menos de 30 anos. Uma hora o fôlego acabará. Mas a torcida tem todo o direito de curtir esse pequeno momento de grande. Mas sem esbanjar muito na festa, porque essa não é a cara da equipe. Barcelona e Levante. Levante e Barcelona. Duas equipes com filosofias extremamente diferenciadas que começaram a temporada a todo vapor.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Considerações finais

David Silva aponta para o céu: melhor do jogo, El Mago deverá ser titular na Euro (AP Photos)

A Espanha encerrou hoje a fase eliminatórias para a Eurocopa de 2012. E, assim como no jogo contra a República Tcheca, a Fúria jogou centrada na partida, buscando o resultado mesmo com a classificação à fase final garantida, do jeito que Del Bosque havia pedido na coletiva de quinta-feira. A roja alinhou uma equipe com jogadores diferentes dos habituais, com as estreias oficiais de Jordi Alba, na lateral esquerda, e Víctor Valdés no gol. As outras mudanças em relação ao confronto contra os tchecos foram as entradas de Cazorla, que voltou à Roja, no meio-campo e Pedro e David Villa no ataque. O placar, que interessava mais a Escócia, que entrara em campo com possibilidades de classificação à repescagem, acabou numa boa vitória dos comandados de Del Bosque: 3 a 0, com show de David Silva, autor de um doblete e de uma assistência para Villa.

A excelente partida de Silva somada, mais uma vez, a escolha pelo 4-3-3 (que hoje pareceu um 4-3-1-2), tática que vai se consolidando e deverá ser usada na Polônia e Ucrânia, no ano que vem, reabre uma uma velha discussão: deverá Fernando Torres ser titular? A grande partida de David Silva, melhor em campo, influi diretamente no uso (ou não) de Fernando Torres, que ficou no banco de reservas durante os noventa minutos. Jogando à Messi no Barcelona e revezando posição com Cazorla, adiantado à ponta pelo lado esquerdo, Silva ratificou seu excelente início de temporada: já são quatro gols e nove assistências. O meio-campista, que havia cobrado publicamente um espaço na Espanha, mostrou estar certo: deverá ser titular na Eurocopa, provavelmente. Com moral no país, Silva vem ganhando a simpatia da imprensa. O Diário Sport, exageradamente, deixou no ar: A Espanha achou o seu Messi, em referência ao fato de El Mago ter jogado como um enganche. Alfredo Relaño, editor-chefe do AS, já cobra a titularidade do mancuniano.

Um dos estreantes da noite, Jordi Alba convenceu e ganhou pontos com Del Bosque. O lateral do Valencia teve um notável debut com a Roja. Sobrio na defesa e incisivo nos ataques, Alba aproveitou a chance dada por Del Bosque. Autor da assistência ao primeiro gol de Silva, certamente o lateral ché deverá figurar em outras convocações do treinador madrileño, visto que Capdevila está em baixa com o treinador desde sua transferência ao Benfica. Víctor Valdés, por outro lado, teve uma atuação digna de nota seis. Pouco acionado, o goleiro cometeu pênalti bobo em Naismith, que Goodwillie converteu. Três minutos depois, o catalão apareceu positivamente, fazendo boa defesa em chute de Smith.

Notícias referente ao pós-jogo devem ter deixado o Barcelona preocupado. Sofrendo com lesões neste início de temporada (já foram 22 em apenas dois meses de competição), os azulgrenás deverão ter mais dois jogadores no estaleiro: Xavi e Piqué foram substituidos por desconfortos e exames médicos que serão feitos amanhã deverão confirmar a gravidade da lesão. Villa, por sua vez, tomou um chute no dedo de Berra, mas não preocupa muito. Se a vitória não mudou muita coisa na tabela do grupo, ao menos serviu para a Fúria alcançar uma nova marca: a Roja igualou o recorde de 14 vitórias consecutivas, que a seleção francesa, em 2004, e a holandesa, em 2010, haviam conseguido antes. A última derrota oficial da seleção espanhola foi justamente na Copa do Mundo de 2010, na estreia contra a Suiça.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mais problemas

A família Nadal, representada por Miguel Ángel Nadal, se desligou do Mallorca: os problemas não param (Marca)

As diversas desavenças entre Michael Laudrup, ex-treinador do Mallorca, e Serra Ferrer, vice-presidente do clube, valeu o cargo do dinamarquês, que foi oficialmente demitido do clube de Palma de Mallorca no início da semana passada. Em sua despedida, o ex-jogador afirmou, entre inúmeros motivos de sua decisão de deixar o cargo de treinador, que não concordava com a política de contratações do clube, que, segundo ele, não cumpriu com as palavras ditas antes do início da temporada.

A decisão de Laudrup de deixar o clube aconteceu um dia depois do seu assistente Erik Larsen ser demitido por dizer que Serra Ferrer é uma "pessoa ruim". O ex-jogador dinamarquês tinha criticado a decisão do clube de vender vários jogadores, incluindo o atacante Pierre Webó e o meio-campista Jonathan De Guzman durante a última janela de transferências. O clube de Palma de Mallorca é um dos vários da Espanha que teve de buscar proteção contra a falência nos últimos anos (lembrem-se da perda da vaga na Liga Europa passada, por dívidas enormes com a Uefa e o governo espanhol). Sua nova diretoria, portanto, adotou uma política de austeridade. "Eu não vim aqui pelo dinheiro. Eu vim porque era um bom projeto", disse Laudrup, em suas palavras finais.

Os problemas internos, que quase minaram as duas últimas temporadas do Mallorca, continuam imperando no clube mallorquino. Logo após a demissão de Laudrup, membros da Federação de Peñas Mallorquistas se reuniram nos arredores do Iberostar Estadio para discutir sobre os problemas do club. Em um dos assuntos em pauta, os sócios-torcedores chegaram a um consenso unanime e pediram, diretamente ao clube, a demissão de um dos conselheiros da chapa de Ferrer, Gabriel Cerdàs, que, segundo eles, não tem respeito a imagem do clube e aos outros membros da comissão técnica. Apesar do clima de tensão pairando sobre o ambiente do Mallorca, em uma reunião entre os dirigentes do clube nenhum membro da comissão-técnica foi demitido, apesar do pedido das peñas e da especulação da imprensa espanhola de que Ferrer iria demitir Pedro Terrasa, diretor geral do clube que foi acusado publicamente pelo vice-presidente pelo principal responsável pela crise interna com a qual vive o clube.

Para completar uma crise sem fim, a família Nadal, representada pelo ex-jogador Miguel Ángel Nadal, se desligou oficialmente do clube, em anúncio feito hoje à tarde, como o Marca havia especulado há uma semana. "Lamentamos a imagem que está sendo projetada nestes últimos dias", afirmou o presidente do Mallorca, Jaume Cladera, que garantiu que, apesar das divergências, a família do tenista Rafael Nadal seguirá tendo 10% das ações do clube. Os problemas extracampo, contudo, não vêm afetando muito o desempenho dos baleares dentro de campo: os bermellones ocupam a décima-colocação, com duas vitórias, um empate e três derrotas.

Injeção de ânimo?

Em 2004, Ferrer era presidente do Bétis e Caparrós treinador do Sevilla. Hoje, os dois estarão do mesmo lado no clube balear (LFP)

Para o lugar de Michael Laudrup, Serra Ferrer anunciou na última quinta-feira um velho conhecido dele e do futebol espanhol: o andaluz Joaquín Caparrós, ex-Deportivo, Sevilla e Athletic Bilbao. Coincidentemente, o vice-presidente do Mallorca é sócio do Bétis, enquanto o novo treinador é sócio do Sevilla. Durante a temporada 2004/2005, os dois se "encontraram" no outro lado da moeda: enquanto Ferrer caminhava para sua segunda temporada à frente da presidência verdiblanca, Caparrós acumulava êxitos com os nervionenses. Os dois nunca foram amigos, é verdade, mas sempre manteram a educação em público. Agora, "jogarão" juntos no mesmo lado por um único motivo: ajudar o Mallorca.

Em campo, Caparrós, que costuma utilizar o 4-4-2 com dois volantes e dois meias no suporte aos atacantes, deverá apostar no 4-2-3-1 variando para o 4-1-4-1 de Laudrup. A defesa deverá seguir a mesma com o canterano Pedro Bigas na esquerda, enquanto Cáceres e Kevin não voltarem de suas respectivas lesões. O meio-campo, aliás, deverá ter algumas alterações: Michel Pereira deverá aparecer no lugar de Nsue, que iniciou muito mal a temporada, e Alfaro deve ser deslocado para a linha de três, abrindo espaço para Victor no ataque. Os primeiros jogos de Caparrós sob o comando rojo irá requer uma série de atenção e concentração: Valencia, Atlético de Madrid, Sporting Gijón e Barcelona. Uma prova de fogo para o treinador.

sábado, 8 de outubro de 2011

Foco na missão

Fúria mantém o 100% de aproveitamento nas Eliminatórias para a Eurocopa de 2012 (reuters)

Na coletiva antecedente ao jogo contra a República Tcheca, Vicente Del Bosque havia dito que sua equipe iria entrar em campo centrada na partida, mesmo com o objetivo já cumprido, que é se classificar à fase final da Eurocopa. E seus comandados cumpriram à risca o pedido do treinador: com a cabeça no jogo, venceram com tranquilidade os tchecos por 2 a 0, chegando a 21 pontos dos 21 possíveis. A boa notícia foi as notáveis exibições de David Silva e Juan Mata, reservas que vivem excelentes fases em seus clubes na Premier League e aparecem com boas opções para o torneio. Além disso, é só mais uma prova que Del Bosque tem nas mãos um elenco em profundidade, com jogadores reservas que, quando entram no onze inicial, sabem o que fazer.

Jogando em um 4-3-3 que se transformava em um 4-5-1, a Espanha dominou por completo a partida. Tanto é que, com seis minutos, já vencia a partida por um a zero através de Xavi e Mata. O meia blaugrana, que jogou solto no meio-campo, lançou em profundidade e milimetricamente o meia do Chelsea, que chutou no contrapé de Peter Cech para abrir o placar. Com o placar aberto, esperava-se uma Espanha administrando a partida. Mas o bom jogo e a boa disposição em campo duraram por muito mais tempo do que nas outras partidas, quando a Fúria costuma ter uma postura citada acima após abrir o placar.

Muito bem postada em campo, a Espanha continuava com o ímpeto ofensivo enorme. O adversário, desperado pelo empate e pressionado pela torcida, só assistia a troca de passes envolvente da Fúria. Para se ter uma noção maior, a seleção espanhola terminou a partida com uma porcentagem incrível de posse de bola: 81%, com 587 passes certos ao longo dos noventa minutos. O segundo gol não tardou a chegar: após dividir com Kadlec, Fernando Torres passou a bola meio que sem querer para um esforçado Silva, que, inteligentemente, levantou a cabeça e tocou com a parte externa do pé esquerdo para Xabi Alonso, solto no meio da área, bater à direita de Cech para marcar o segundo gol espanhol. Um balde de água fria para os torcedores tchecos que, antes da partida, confiavam na vitória de sua seleção.

A República Tcheca cometeu um erro primário: entregou de graça a bola à Roja. Busquets, Xabi Alonso, Xavi, David Silva e Mata domaram o meio-campo. O ataque foi o problema. Fernando Torres não aproveitou a chance dada por Del Bosque e parece cada vez mais distante da titularidade na Polônia e Ucrânia em 2012. Villa, que entrou no segundo tempo no lugar do Niño, deu mais mobilidade ao ataque, acertando duas bolas na trave. A postura exercida no segundo tempo foi a supracitada acima: a República Tcheca chegou a ensaiar uma reação, mas não passou de um perigoso chute de Baros defendido por Casillas. O lance crucial do segundo tempo aconteceu aos vinte e dois: Hübschmann chegou dividindo com Xabi Alonso e, por pouco, não quebrou a canela do volante. O tcheco foi expulso imediatamente e mostrou-se bastante culpado pelo lance (concordou com a expulsão e pediu desculpas a todos os espanhóis após o jogo).

Xabi imediatamente saiu de campo e ainda não se sabe a profundidade de sua lesão. A imprensa madrilenha especulou que Mourinho teria ligado a Del Bosque pedindo para que não forçe seu jogador na terça-feira, quando a Fúria encara a Escócia em jogo que promete ser pegado. Outros dois merengues também saíram de campo lesionados: Raúl Albiol e Sergio Ramos estarão inaptos para o duelo contra os escoceses. Enquanto isso, Fernando Torres não aproveitou bem sua chance, David Silva o fez com louvor. Após cutucar o treinador há duas semanas, quando havia dito que só não é titular pelo fato de não jogar no Barcelona ou no Real Madrid, El Mago jogou com tranquilidade no meio-campo e ainda deu uma assistência. E é assim que a Espanha vem firme e forte para a manuntenção do título europeu.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

7ª rodada: A primeira vez de Marcelo Bielsa

Gols de Llorente dão primeira vitória ao Athletic Bilbao de Marcelo Bielsa na Liga Espanhola (getty images)

CONTEÚDO REMOVIDO PELO BLOGGER

Andaluzes em alta

Mesmo sem ainda convencer, o Sevilla aparece no alto da tabela, assim como Málaga e Bétis, outras equipes da região da Andaluzia (AP Photos)

Se a zona de classificação às competições europeias pudesse ser representada por alguma região da Espanha, ela seria, certamente, a Andaluzia. Cinco semanas e seis rodadas após o início do campeonato, três dos quatro times das região somam, juntos, 37 pontos e ocupam a zona conhecida como Europa. Enquanto o projeto de Euro Málaga vai dando certo neste início de temporada, com a equipe blanquiazul sendo a única representante da Andaluzia a estar entre os quatro primeiros, os rivais Sevilla e Bétis ameaçam: os verdiblancos chegaram a liderarem a competição, mas caíram de rendimento nos últimos jogos e ocupam a sexta colocação, logo atrás dos nervionenses.

Dentre os quatro representantes da região, apenas o novato Granada está destoando: recém-chegado à Liga Espanhola, os horizontales só conseguiram quatro pontos até o momento e já são candidatos reais à briga pelo rebaixamento. No último sabado, diante do Valencia no Mestalla, mostrou uma evolução, ao jogar de igual para igual contra os chés. Contudo, o empate - ou até mesmo a vitória - acabou não saindo por falta de experiência: os rojiblancos pecaram bastante na finalização e mostraram-se bastante acuados nos primeiros minutos, quando sofreram o gol de Canales. A vitória contra o Villarreal, há três rodadas, foi um lâmpejo do bom futebol que o elenco granadense pode mostrar.

O Sevilla, por sua vez, está pouco a pouco se encontrando. O mercado tímido no verão somado à vergonha pela eliminação precoce na Liga Europa colocaram em xeque o cargo de Marcelino Toral como treinador da equipe e a temporada dos nervionenses. Porém, quebrando qualquer tipo de prognósticos negativos, o Sevilla começou a Liga BBVA disposto a recuperar-se: em seis jogos, ainda mantem-se invicto, com duas vitórias e quatro empates. O treinador ainda não é nenhuma unanimidade, mas vai encontrando um padrão de jogo ao time.

Ainda há algumas escolhas a se corrigir. Marcelino arriscou e resolveu mexer no esquema tático da equipe, mudando o 4-4-2 a rombo que deu certo com Manzano no primeiro semestre deste ano para usar o 4-2-3-1. Acontece que, com a nova tática, Rakitic é recuado para jogar na volância ao lado de Medel, posição totalmente diferente da época de Manzano. O croata, que caiu como uma bênção na equipe de Manzano (jogando centralizado, no suporte a Kanouté e Negredo), ainda não "estreou" na temporada.

O Bétis foi a grande surpresa deste início de temporada (clique aqui e leia uma análise mais completa do Bétis). Do time-base, apenas quatro jogadores (Chica, Mario, Montero e Santa Cruz) não estavam no clube no título da Liga Adelante na temporada passada. Quem também já estava em Heliópolis era o técnico Pepe Mel. De carreira discreta, com apenas uma passagem pela elite (em 2001/02, no comando do Tenerife), ele soube agrupar o elenco. Montou o time em um 4-5-1 que pode se transformar em 4-2-3-1, mas os números são secundários. O fundamental é a confiança que esse time tem, mesmo sem grife.

Voltou à primeira divisão falando em entrar em campo como protagonista e disposto a brigar por competições europeias. E é isso que tem feito nestas primeiras rodadas. Mesmo com as duas derrotas consecutivas, a discurso no Benito Villamarín é otimista. É evidente que esse time não tem fôlego para ocupar as primeiras posições por muito tempo. De qualquer modo, é um novo Betis que se vê na primeira divisão. Um Betis sem megalomania e sem gastar mais do que pode.

No Málaga, as aquisições poderosas no mercado já não são mais incógnitas. Com quatro vitórias, um empate e uma derrota em seis jogos, os blanquiazules estabeleceram o melhor início de temporada desde 1983 e chegaram a liderarem a competição por pelo menos oito horas. O clube de Martirico ainda não tem rendido 100% do que pode, mostrando carências em alguns setores, mas a torcida está ilusionada: a cada jogo no La Rosaleda, o alto-falante do estádio colocar a música oficial da Champions League para tocar antes da bola rolar.

Em campo, Pellegrini não tem inventado: mesmo afeito a rodízios, o treinado pouco tem trocado jogadores de um jogo para outro e, mesmo acenando com a possibilidade de voltar ao 4-4-2 utilizado na pré-temporada, tem jogado no 4-2-3-1, a melhor tática para a equipe. Com Júlio Baptista tinindo após a volta da lesão, Cazorla justificando os milhões de euros pago junto ao Villarreal e a capacidade goleadora de van Nistelrooy começando a aparecer, os blanquiazules prometem muito.