quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Volta por cima

O mau início de temporada do Athletic Bilbao foi deixado para trás com a vaga na final da Copa do Rei (AS)

Quando lançou sua candidatura à presidência do Athletic Bilbao, Josu Urrutia antecipou que tinha um antigo desejo de contratar Marcelo Bielsa. Não deu em outra: o presidente ganhou com uma vantagem considerável do rival Fernando García Macua e o argentino desembarcou no País Basco para susbstituir Joaquín Caparrós. No início, a torcida não ficara muito satisfeita. Caparrós era um treinador querido, que estava no clube desde 2007. Mas não demorou para o pensamento dos bascos irem mudando. Conhecido por sua proposta de jogo voltada ao ataque, Bielsa herdou de Caparrós uma excelente base para continuar seu trabalho.

Entretanto, os primeiros jogos de El Loco no comando técnico bilbaense não foram agradáveis. A equipe começou a Liga num ritmo lento, perdendo três e empatando dois nos primeiros cinco jogos. O fato de somar apenas dois pontos em 15 disputados começou a deixar a torcida com um pé atrás com o argentino, que, por sua vez, manteve-se tranquilo e pediu sequência, necessário em um trabalho como esse. O divisor d'águas para Bielsa veio exatamente naquele que os aficionados consideram um dos jogos mais importantes da temporada: o dérbi basco. Contra a Real Sociedad, que à época era a equipe sensação da Liga, um doblete de Llorente em pleno Anoeta deu uma vitória que mudou os rumos de Bielsa e do Athletic Bilbao na temporada.

Hoje, quatro meses após o dérbi, o Athletic Bilbao é outro. Ao golear o Mirandés por 6 x 2, garantiu o retorno à final da Copa do Rei, três anos depois de ser vice-campeão perante o Barcelona. Não bastasse isso, os leones também garantiram automaticamente uma vaga nas competições europeias em 2012/2013. Na Liga, ocupa a 6ª posição e é um candidato real a tomar a vaga do Levante na zona de Champions League. Atualmente, o único time que duela de igual para igual com os leones é o Atlético de Madrid, apesar de Espanyol, Osasuna e Málaga também estarem vivos.

A sensação é de evolução. É difícil basear-se num jogo contra um adversário inferior em todos os aspectos, mas o Athletic que despachou o Mirandés o fez com louvor. Sem nenhum poupado, deu uma aula de futebol à equipe da Segunda División B. A troca de passes no meio-campo e as tabelas frente à área do Mirandés enlouqueceram a equipe do treinador Carlos Pouso, que foi sucumbindo à medida que o jogo passava. Quanto mais forçava, mais o Athletic ficava perto do gol. E os trabalhos iniciou-se cedo, com Muniain marcando aos 10. Foi um recital. Iturraspe, Ander Herrera e De Marcos formam um excelente trio de meio-campo, enquanto Susaeta, Llorente e Muniain se completam na frente. O centroavante recuperou a forma do primeiro semestre de 2011 e faz 2012, por ora, impecável.

Bielsa implantou no Athletic Bilbao uma característica fundamental que, pelo visto, o elenco parece ter se adaptado com completo: a marcação pressão. Com três jogadores pressionando o adversário, a bola é recuperada com facilidade e fica com os jogadores. A posse de bola também aumentou consideravelmente em relação à temporada passada. Há duas semanas, quando foi goleado pelo Real Madrid, o Athletic saiu do Bernabéu com 52% da posse de bola. Bielsa já avisou: o objetivo não é jogar a final da Copa, e sim ganhar. Seja contra quem for. A vocação ofensiva e a marcação pressão que pode chegar a diminuir a posse de bola do Barcelona (58% foi a posse do Barça no confronto do San Mamés, no primeiro turno) podem levar o Athletic ao título.

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