domingo, 8 de maio de 2011

Jogadores: Carlos Kameni

Kameni ao lado do compatriota Samuel Eto'o: o goleiro é titular absoluto do Espanyol desde 2004 (AP Photos)

Conquistar um título aos 16 anos pode não ser tarefa difícil numa competição sub-17, mas num campeonato com jogadores de até 23 anos chegar ao topo é um feito para poucos. O goleiro camaronês Carlos Kameni alcançou essa façanha, em Sydney 2000. E não apenas como integrante do grupo, mas como peça importante na campanha do título dos Leões Indomáveis - principalmente na semifinal contra o Chile, que levou o país até a decisão com a Espanha. Além da conquista olímpica, que o converteu no goleiro mais jovem a ganhar uma medalha, Kameni já passou por diversas dificuldades em sua carreira. Ficou quatro anos na França abandonado. Perdeu um companheiro de seleção camaronesa, Marc Foé, na Copa das Confederações de 2003, e um companheiro de clube, Dani Jarque, vítima de ataque cardíaco em agosto de 2009. Sofreu e ainda sofre com o racismo, mas hoje desfruta da titularidade absoluta, tanto em seu clube quanto na seleção.

Carlos Idriss Kameni, um nome não muito típico no Camarões, é uma homenagem dos seus pais ao seu tio, chamado Carlos. O jogador é fruto da Douala's Kadji Sports Academy, clube de futebol de sua cidade natal, Douala, onde surgiu Samuel Eto'o, Eric Djemba Djemba, entre outros. Aos 15 anos, foi para a Europa, onde atuou pelas categorias de base do suíço Sion, em 1999. Ainda esteve rapidamente na Itália, treinando pela Juventus. Após a conquista na Oceania, o goleiro recebeu o convite para atuar no futebol francês, mais precisamente no Le Havre. Com o status de campeão, o jogador chegou, mas foi esquecido, não tendo atuado pelo time principal nesses quatro anos que permaneceu na equipe. Após sair, o jogador confessou estar muito decepcionado com o clube porque eles nunca depositaram fé em seu potencial. Nesse meio tempo, surgiram muitas sondagens.

A única concreta foi a do Saint Etienne. O arqueiro ficou emprestado, mas, novamente, não pôde mostrar seu potencial. Sem oportunidades, foi relegado novamente ao banco de reservas. Durante a temporada 2003/04, quase se transferiu para a Premier League, para atuar pelo Wolverhampton, mas o acordo não foi finalizado porque o jogador não conseguiu o visto de trabalho. O técnico do Wolves, na época, Dave Jones, frequentava os tribunais na tentativa de obter o visto, mas a licença não foi permitida devido ao número de convocações internacionais. O Bolton Wanderes chegou a oferecer um teste de um mês ao jogador também.

Em junho de 2004, Kameni finalmente deixou a França. Mudou para a Catalunha para atuar no Espanyol, a pedido do ex-goleiro do clube e compatriota, Thomas N'Kono, numa transferência de apenas $600.000. N'Kono chegou a atuar pelo clube de 1982 a 1990 e hoje exerce a função de preparador de goleiros.

Não desembarcou como titular e o passado na França havia voltado a memória. Demorou uma temporada para se firmar no clube. No começo concorreu com o belga Erik Lemmens pela camisa 1, mas depois se firmou. Logo na primeira temporada, um título. Venceu a Copa do Rei. Depois chegou a final da antiga Copa UEFA, contra o Sevilla, mas perdeu nos pênaltis. Além de terminar o campeonato espanhol na quinta colocação.

Como nem tudo é perfeito, na temporada 2008/09 Kameni teve problemas com um torcedor, que insultou o jogador, com gestos racistas, logo após o término de um treinamento. Depois brigou com um companheiro de clube, o defensor francês Gregory Beranguer, mas nada que estragasse a boa fase do africano. Ainda nesta temporada, ele quebrou o recorde de minutos sem conceder um gol do compatriota e antigo ídolo, N'Kono, 497 no total. Em outubro do ano passado, o atleta foi considerado pela revista Don Balón o melhor jogador do mês da primeira divisão espanhola.

A carreira internacional de Kameni com os Leões Indomáveis começou aos 17 anos. Marcou presença nas Copas Africana de Nações em 2002, 04, 06, 2008 e em 2010. Em 2002, na primeira disputa, foi campeão. Jogou a Copa das Confederações de 2003, onde perdeu o companheiro Foé. No ano anterior, fez parte do grupo que disputou o Mundial na Coréia do Sul e no Japão, mas não atuou. Disputou as eliminatórias para as Copas de 2006 e 2010 - além das Copa, obviamente.

Na primeira não teve sucesso e seu país não se classificou, já na África do Sul, ele estará presente. E ainda por cima afirmou que um país africano vencerá o Mundial, mesma opinião de um dos maiores jogadores do futebol africano de todos os tempos, Roger Milla. Ganhou ainda o prêmio de melhor goleiro africano da temporada 2006/07. No ano 2005/06, ficou como segundo melhor.

O camaronês renovou o contrato por mais quatro temporadas. O contrato expiraria no último mês de junho, deixando o arqueiro livre para seguir em janeiro para outro clube sem custo. Kameni disse nunca ter tido a intenção de deixar o clube. Equipes inglesas e o Galatasaray tentaram levar o jogador, mas o camaronês decidiu ficar a pedido da família, já adaptada à Espanha.

Desde 2004 como titular, o goleiro, cuja imprensa espanhola já dava como certa sua saída, renovou até o fim de 2013. A confiança é tão alta que o jogador atuou em praticamente em todos os jogos do clube, desde 2005/06, ficando de fora apenas quando estava suspenso. Até quando estava lesionado, ele fazia um esforço para atuar. Uma certa vez, ele entrou em campo com cacos de vidro no pé. Num domingo estava com a família e deixou cair um copo de refrigerante. O copo quebrou e algumas partes atingiram seu pé. Superou a dor e mostrou porque ele considera o Espanyol como segunda família.

Mesmo estando na Europa, Kameni não esquece suas raízes. Ele tem uma escola de futebol em seu país, com mais de 150 meninos carentes, além de colaborar com muitas organizações na África.

Carlos Kameni
Nome completo: Carlos Idriss Kameni
Data de Nascimento: 18/02/1984
Local de Nascimento: Douala, Camarões
Clubes que defendeu: Le Havre (FRA), Saint Etienne e Espanyol
Títulos: Copa do Rei 2005/2006, Medalha de Ouro Olímpica 2000, Copa da África 2022.

Nenhum comentário:

Postar um comentário