terça-feira, 21 de junho de 2011

A primeira glória

O onze inicial da final contra União Soviética. 47 anos atrás, a Espanha tornava-se campeã europeia pela primeira vez em sua história (marca)

Há exatos 47 anos, no dia 21 de junho de 1964, a seleção espanhola de futebol comemorava pela primeira vez em sua história um título. Após o quarto lugar na Copa do Mundo de 1950 no Brasil e o fracasso na Copa de 1962 no Chile, a Fúria, liderada por Luis Suárez, maior jogador espanhol de todos os tempos, Josep Maria Fusté, Franciso Gento e treinada por José Villalonga conquistou a Eurocopa em seu território após vencer a ex-URSS na final.

Aquela gereção mágica de 64 bateu na trave por várias vezes, mas mereceu o título europeu. Era composta por jogadores históricos e conquistou a Europa por merecimento. Conhecida por amarelar na hora H - estigma que caiu por terra abaixo após as conquistas da Euro de 2008 e da Copa do Mundo de 2010, a má sorte espanhola, como sempre definiu o povo espanhol, começou nessa época. No Mundial do Chile, em 1962, a Fúria chegou com status de favorito por ser a base do, à época, quase imbatível Real Madrid, que arrasava em solo europeu, mas caiu na primeira fase e viu o Brasil de Garrincha e Pelé, algoz na fase de grupos, levar a taça Jules Rimet.

Na Eurocopa de 64, o caminho começou sem sustos. Após eliminar com facilidade a Romênia por 6 a 0 na primeira fase, Irlanda do Norte, nas oitavas de finais, num agregado de 2 a 1, e Irlanda, nas quartas de finais, no agregado de 7 a 1, La Roja chegou até à fase semifinal, que, a partir de então, seria disputada na própria Espanha. A adversária da vez seria poderosa Hungria, que havia deixado para trás nomes fortíssimos como Alemanha Oriental e Inglaterra, que seria campeã mundial dois anos depois. Segundo os jornalistas espanhóis, a partida foi bastante mirrada, como o previsto. Num Santiago Bernabéu com mais de 80 mil espectadores, o 1 a 1 do tempo normal levou a um tempo extra de trinta minutos e, numa espécia de "Iniestazo", Amancio deu a vitória à Fúria aos 30 minutos da prorrogação. Na outra semifinal, no Camp Nou, a União Soviética bateu com facilidade a Dinamarca por 3 a 0.

Na final, o favoritismo foi dividido 50% para cada lado. Do lado soviético, a melhor defesa da competição com apenas dois gols sofridos desde a fase eliminatória e, de praxe, ainda contava com Lev Ivánovich Yashin, a Aranha Negra, o melhor goleiro da história do futebol (para alguns) protegendo as redes. "Como iremos derrotar esta seleção?", perguntavam os milhares de torcedores espanhóis presentes no Bernabéu. As técnicas de motivação ainda não era tão utilizada à época, e para reforçar a motivação dos jogadores, talvez, Villalonga tenha dito apenas um "vamos com tudo!".

A Espanha começou o jogo a mil e bastante ofensiva. Jesús Maria Pereda, que com quatro gols foi o artilheiro da competição, pôs a Roja à frente do marcador logo aos seis minutos. No entanto, a felicidade durou pouco, pois, aos oito minutos, Khusainov empatou a partida para os soviéticos. A tensão durou até aos 41 minutos do segundo tempo: Marcelino Martínez aproveitou assistência de Pereda e venceu Yashin para colocar seu nome na história do futebol espanhol e levar os mais de 80 mil torcedores presentes no estádio do Real Madrid à loucura. "Gol da Espanha; gol de Marcelino, senhores", anunciava eufórico o locutor do Bernabéu.

A Espanha era campeã europeia pela primeira vez em sua história. O segundo título demorou - e como: 44 anos depois, em 2008, na Áustria, a seleção espanhola capitaneada por Casillas e liderada por Xavi, Iniesta, Villa e Fernando Torres conquistava o bi-europeu após bater a Alemanha. Esse título, contudo, será relembrado em outra hora.

Onze inicial: Iribar; Rivilla, Calleja, Zoco, Olivella; Fusté, Amancio, Pereda, Martínez, Luis Súarez; Lapetra.


Os gols da final histórica no Santiago Bernabéu. Durante muitos anos, a assistência para o gol de Martínez foi creditada a Amancio, mas a TVE, 34 anos depois, revelou a verdade e creditou a Pereda. A confusão aconteceu porque o gol do título não foi filmado por nenhuma televisão e, numa espécia de montagem, colocaram uma assistência de Amancio para passar à Europa

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