quinta-feira, 23 de junho de 2011

A oportunidade de Bojan

Bojan foi do mais a menos no Barcelona e a transferência para a Roma de Luis Enrique pode ser sua grande oportunidade (reuters)

O ida de Bojan Krkic à Roma merece uma maior reflexão sobre o papel que exerce a cantera barcelonista. Está claro que o primeiro objetivo é formar jogadores capazes de triunfar no Camp Nou, mas a de reconhecer que isso não cabe a todos, pois o desafio é tão abundante que, sem oportunidades, muitos jovens acabam escolhendo por buscar seu futuro longe da Catalunha. A estrutura do futebol base de La Masia é uma fábrica de produzir talentos, mas em circustâncias normais o plantel A incorpora apenas um ou dois jogadores a cada temporada, sendo que, raramente, esse jogador se fixa na equipe titular, como Pedro na temporada 2009/2010.

Como consequência, as transferências dos jovens promissores para outros clubes é algo que a diretoria blaugrana já está acostumada. Buscando progressão, muitos canteranos ficam insatisfeitos no clube e o aval do presidente do Barcelona é sempre compreendido nesse tipo de situação. Porém, desde a saída de Cesc Fàbregas ao Arsenal, e a consequente briga do clube com o Arsenal para trazê-lo de volta a cada mercado, há o caso da opção de recompra. E é esse o caso de Bojan. Na última terça-feira, Walter Sabatini, diretor esportivo da Roma, confirmou a transferência do Principito ao principal clube da capital italiana, por 10 milhões de euros e a opção de recompra após duas temporadas. A também ida de Luis Enrique ao clube, onde será o novo treinador, acabou influenciando muito o jovem, pois o técnico preza pelo estilo semelhante ao de Guardiola. Portanto, é de se esperar que Bojan adapte-se com facilidade ao esquema de Luis Enrique. Em Roma, no entanto, o obstáculo será grande: Totti, Borriello, Vucinic e Menéz são alguns dos atacantes que El Principito irá "rivalizar" para ganhar uma vaga na equipe titular.

De olho em Aléxis Sanchez, da Udinese, a quem o Sport já diz que será jogador do Barcelona nesta noite, o dinheiro pela venda de Bojan caiu como uma luva. No início da semana, Sandro Rosell havia dito que o clube só teria 45 milhões de euros para gastar no mercado, preço que a Udinese está pedindo pela transferência do chileno. Os 10 milhões de euros conseguidos por Bojan, no caso, já é suficiente para que se concretize a ida de Sanchez ao clube azulgrená sem a necessidade de envolver Jeffren no negócio. Embora ainda não tenha nada confirmado, Marco Branca, diretor esportivo da Inter de Milão, que estava atrás do chileno, disse que houve uma negativa por parte do jogador devido à vontade de jogar no Barcelona.

No final das contas, acabou pesando para Bojan sua precocidade: aos 17 anos, promovido por Frank Rijkaard, já fazia parte do elenco A e, ao término da temporada 2007/2008, foi um dos responsáveis pela saída de Ronaldinho, que acabou promovido ao banco de reservas em dentrimento do garoto-prodígio. As comparações frequentes com grandes estrelas do futebol espanhol e a ascensão de Pedro na equipe titular também foram problemas. Desde que Josep Guardiola assumiu o comando da equipe, procurou, sempre que possível, promover Pedro à equipe A. No início, os aficionados culés chegaram a "protestar" contra o técnico por preferir Pedro à Bojan, que havia terminado a temporada anterior com saldo extremamente positivo com a torcida. Entretanto, não houve mais jeito: Pedro se fixou na equipe titular decidindo jogos importantes e decisivos, tornando-se o novo xodó da torcida culé.

Fato é que a estadia de Bojan no Barcelona acabou progredindo inversamente. Na temporada de estreia, surgiu como um meteoro, e marcou 11 vezes em 40 partidas, sendo que tornou-se o jogador mais jovem a marcar na Liga Espanhola trajando azulgrená e o segundo mais jovem a marcar na LC (17 anos e 22 dias). Em 2008/2009, anotou 7 vezes em 36 e foi o artilheiro da Copa do Rei ao lado de Lionel Messi conquistada pelo Barcelona. Na temporada seguinte, 12 vezes em 35. No total, e contando com a temporada passada, El Principito marcou 37 vezes em 148 encontros. Sem confiança e necessitando de mais minutos e gols, Bojan parte para a Roma com um "até breve". Tem apenas 20 anos e um mundo pela frente.

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