segunda-feira, 28 de março de 2011

Jogadores Históricos: Raymond Kopa


Kopa jogou ao lado de grandes gênios mas mostrou sempre seu diferencial (Futebol e Cia Limitada)


Pelé foi o melhor da Copa de 1958. Uma verdade quase absula, não? Pois bem, quase...

A história do brasileiro, melhor atleta do século, é incontestável, mas esse título é de outro craque da época. Filho de poloneses, Raymond Kopa foi, ao lado de Just Fontaine, a grande inspiração da seleção francesa para chegar até as semifinais contra o Brasil.

A carreira profissional de Kopa começou em 1949, no modesto Angers SCO - atualmente na Ligue 2 da França. À época, Kopa chamava atenção por não ter o dedo indicador da mão direita, sequelas de seu trabalho nas minas de carvão, ao lado de seu pai, na infância. Em duas temporadas, 60 jogos e 15 gols, desempenho que chamou atenção do maior time francês da década: o Stade de Reims. Em uma negociação que teve a concorrência do Bordeaux e do Lens, o Reims topou pagar cerca de 1,8 milhões de francos pela promessa, além de 500 mil de bônus pela assinatura do contrato.

Foram dois campeonatos franceses em Reims, além de 48 gols marcados e um vice-campeonato da Liga dos Campeões - derrota para a versão original dos Galácticos do Real Madrid. Era o primeiro passo para a ida do craque para os merengues. O decisivo foi seu desempenho em um amistoso diante da seleção espanhola, pelo qual recebeu a alcunha de Napoleão, em virtude de sua liderança e seu pequeno tamanho (1m68cm).

Após investida sem sucesso do Milan, que propusera 52 milhões de francos pelo baixinho, o Real e seu projeto repleto de craques e de títulos, inclusive os da recém-inaugurada Liga dos Campeões, seduziu o francês. Ao lado de Di Stéfano, Kopa teve que atuar mais pela meia-direita, em virtude do posicionamento e à pedido do argentino. Na capital espanhola, Kopa também teve a chance de jogar com seu único ídolo no futebol: Ferenc Puskas.

Seu desempenho no Real Madrid foi coroado com uma excelente Copa do Mundo na Suécia, em 1958. Sem muito alarde, mas com um time muito ofensivo, a França chegou às semifinais e só parou no Brasil, que se sagraria campeão. Seu jogo individual o coroou como melhor do mundo na temporada pela France Football e sua Bola de Ouro.

Seus 48 gols em três anos de Madrid não supriam a saudade de casa. E Kopa, após trocar de lado e ver o Reims perder novamente a final da Liga dos Campeões para o Real Madrid, em 1959, voltou para a França. Nem a proposta de 20 milhões de francos por temporada em um contrato de cinco anos no maior clube do mundo à época seduziu o baixinho.

A volta à França seria também o retorno a seleção, já que atletas que jogavam fora de seus países de origem precisavam de autorizações especiais para jogar. No total, Kopa fez 45 jogos com os bleus e marcou 18 vezes, seis de pênalti.

A segunda passagem dele no Stade de Reims foi conturbada: Kopa foi suspenso por se recusar a servir a seleção em virtude de brigar com o técnico Georges Verriest, além de seis meses de gancho em 1963/64 por falar na imprensa que "os jogadores de futebol são escravos". A queda do Reims para a Ligue 2 não tirou Kopa do time. Duas temporadas depois, ele foi fator de decisão no retorno à elite francesa. Em 1967, aos 35 anos, Kopa abandodnou o futebol profissional.

Isso porque o futebol nunca abandonou Kopa. Após sua aposentadoria, ainda assinou papéis como jogador do Stade de Reims para completar a cota de 11 jogadores profissionais na equipe na temporada 1971/72. Just Fontaine, gerente de futebol do PSG no início dos anos 70, também convidou o veterano Kopa para integrar o elenco parisiense na Ligue 2 quando o baixinho tinha 42 anos. Mas Kopa preferiu ficar jogando só como amador, prática repetida até os 70 anos.

Ele fez parte de dois grandes esquadrões dos anos 50/60, foi eleito melhor de uma Copa do Mundo, mas nunca foi o grande astro de uma companhia. Mas Kopa não precisou disso para ter seu nome gravado na história do futebol.

Raymond Kopa
Nascimento: 13/10/1931, em Noeux-les-Mines, França
Posição: meia-atacante
Clubes: Angers SCO (1949-51), Stade de Reims (1951/56), Real Madrid (1956/59), Stade de Reims (1959/67).
Títulos: Quatro Campeonatos Francês (1952/53, 1954/55, 1959/60 e 1961/62), Segunda Divisão Francesa (1965/66), Copa Latina (1953), Campeonato Espanhol (1956/57, 1957/58), Liga dos Campeões (1956/57, 1957/58, 1958/59), Melhor Jogador da Copa do Mundo (1958, na Suécia)
Seleção: 45 jogos e 18 gols

3 comentários:

  1. Parabéns pelo ótimo texto e pelo blog.

    É muito bom ver um blog à altura do futebol espanhol.

    parabéns!

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  2. muito bom essa parte de ex-jogadores, continuem assim.

    vai uma dica: tá faltando o perfil do cruiff, heim?

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  3. Obrigado, Luiz. E seu pedido está anotado. xD

    Abraço!

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