segunda-feira, 7 de março de 2011

Jogadores Históricos: Edmundo Suárez

Primeiro homem-gol do Valencia, Mundo foi o principal nome dos três primeiros títulos de Liga Espanhola dos ché (sportige.es)

Muito antes de Mário Kempes e David Villa assombrarem as defesas e os goleiros trajando a camisa blanquinegra do Valencia, os aficionados chés já idolatravam um homem-gol, o primeiro da história valenciana. Trata-se de Edmundo Suárez (não confundir com o meia do Barcelona Luis Suárez), ou, como era tratado carinhosamente, Mundo. Oitavo maior artilheiro da Liga BBVA de todos os tempos, com 195 gols em 231 partidas, o que dá uma média de 0,84 por jogo, Mundo jogou no Valencia durante 11 temporadas, onde foi o principal artilheiro da equipe em nove anos (oito vezes consecutiva). Apesar da vencedora carreira em clubes, Suárez disputou apenas seis partidas com a seleção espanhola, onde anotou três tentos.

Mundo é um grande símbolo da história do Valencia, uma vez que é o recordista de gols com a camisa blanquinegra em uma única edição de Liga Espanhola. O atacante basco teve um importante papel na primeira era de ouro do Valencia, onde conquistou três títulos espanhóis e duas Copas do Rei. Nascido em Baracaldo, pequena cidade de Vizcaya, no País Basco, profissionalizou-se no extinto time Vizcaya e, como qualquer jovem na época, sonhava em jogar profissionalmente pelo Athletic Bilbao. O sonho de Mundo quase foi realizado. Em 1938, o Athletic Bilbao contratou o promissor atacante, mas essa contratação não pôde ser concretizada em território republicano, pois não foi considerada válida pelo regime de Franco.

Em 1939, o exército de Franco criou uma equipe, que formaram parte do elenco diversos jogadores que haviam batalhado na região militar de Levante. Essa equipe debutou pela primeira vez contra o Valencia e o jogo marcou, também, a estreia de Suárez no futebol profissional. Vendo Mundo em ação, os dirigentes do Valencia não quiseram dar sopa ao azar: em um processo que durou quase um ano e meio, os chés conseguiram levar o promissor atacante a Paterna, onde, em pouco tempo, tornaria-se um ídolo da torcida. Em função da ditadura de Franco, o clube teve que "castelhanizar" seu nome, que passou a se chamar Valencia Club de Fútbol.

Dotado de grande volume físico e força de caráter que o fez lutar por cada bola, Mundo se tornou um dos grandes artilheiros dos anos 40. Ao lado de jogadores como Peri, Amadeo, Asensi e Gorostiza, formou um quinteto ofensivo vencedor, apelidado de Dianteira Elétrica, que fizeram o Valencia ser bastante temido em cenário nacional. No primeiro título espanhol da história do Valencia, em 1941-42, os naranjas terminaram o campeonato com 40 pontos, sete a mais que o Real Madrid, e com o melhor ataque e a melhor defesa. O quinteto ofensivo do Valencia era tão avassalador, que, ao final da Liga, a equipe teve 85 gols pró, vinte a mais que o segundo melhor ataque, pertencente ao Real Madrid. À época, Mundo foi artilheiro com 21 gols. No ano seguinte, quando duvidava-se da capacidade do espanhol em manter o impressionante número de tentos, Edmundo foi além: 27 gols em 26 jogos para decorar sua prateleira com seu terceiro Pichichi de máximo goleador seguido. O título daquela temporada, porém, acabou ficando com o Athletic Bilbao, do impressionante Telmo Zarra.

Em 1942/43, Mundo novamente quebrou qualquer tipo de prognóstico. Além de comandar o Valencia a mais um título nacional, foi o artilheiro com 28 gols, três a mais que Esteban Echevarria, do Oviedo. Após armagurar um período de quatro temporadas sem títulos da principal competição nacional, mas nunca deixando de anotar gols, Mundo conquistou seu último campeonato espanhol em 1946/47. E de maneira emocionante. O Valencia chegara à última rodada com 31 pontos e na terceira colocação e só uma combinação de resultados improváveis daria-lhe o título. Mas, para delírio dos aficionados valencianos, o Athletic Bilbao tropeçou ante o rebaixado Castellón, numa das maiores zebras da história do futebol espanhol, e o extinto Atlético Aviación ficou no empate contra o Barcelona no Camp Nou, o que fez valer o título do Valencia, que derrotou no Mestalla o Sabadell, que hoje em dia milita na segunda división b. A artilharia, porém, acabara nas mãos de Zarra, pela sexta vez.

A saga de Suárez como jogador do Valencia estava chegando ao fim e, após uma temporada em que disputou apenas seis partidas, o atacante decidiu deixar o clube de Paterna, rumando para o modesto Alcoyano, que também disputava a primeira divisão. No clube de Alicante, permaneceu apenas uma temporada, onde foi rebaixado com o time blanquiazul, e viu Zarra, um monstro, ser artilheiro pela sétiva vez e o Atlético de Madrid, o campeão nacional. Após a péssima temporada com o Alcoyano, decidiu abandonar os gramados e começar uma nova vida.

Como treinador, Mundo não foi tão genial como foi com as bolas nos pés. Numa espécie de Maradona, que foi um gênio nas quatro linhas mas não passa de um simples comum no banco de reservas, debutou no Hércules, que disputava a Liga Adelante, no mesmo ano que se aposentou dos gramados. Pelo time de Alicante, ficou três anos no comando técnico e não conquistou nenhum título de suma importância, assim como não conseguiu fazer a equipe subir à Liga BBVA. Após a campanha mediana com os blanquiazules de Alicante, ficou nove anos no estaleiro, mas retornou ao clube onde obteve sucesso como jogador.

A passagem pelo comando técnico do Valencia pode ser dividido em duas, literalmente: a primeira, durante 1963 a 1965, sem sucesso algum; e a segunda, durante 1966 a 1968, onde conquistou seu único título como comandante técnico: a extinta Copa do Generalíssimo de 1967/1968 (hoje, conhecida como Copa do Rei). Comandados pelo brasileiro Waldo e pelo basco Ansola, os blanquinegros venceram o Athletic Bilbao por 2 a 1 na final e quebraram um incômodo jejum de 14 anos sem títulos. Em 1968, após maus resultados, foi demitido amigavelmente pela diretoria ché. Em 1970, treinou interinamente o Múrcia, mas, logo depois, foi substituído por Pasparini. Após essa aventura como treinador, decidiu desligar-se totalmente do futebol e passou a investir em negócios próprios. Com 52 anos, faleceu em 5 de dezembro 1978, vítima de uma parada cardíaca. Dia D para os valencianistas, que ovacionaram Mundo durante muito tempo. O atacante, com certeza, está guardado na memória de cada torcedor ché.

Edmundo Suárez "Mundo"
Nome completo: Edmundo Suárez de Tabanco
Nascimento: 22 de janeiro de 1916, em Baracaldo
Posição: atacante
Clubes: Valencia e Alcoyano
Seleção espanhola: 6 jogos, 3 gols
Títulos: 3 Campeonato Espanhol, 2 Copa do Rei
Carreira como treinador: Hércules, Valencia, Real Múrcia
Títulos: 1 Copa do Generalíssimo

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