domingo, 24 de outubro de 2010

8ª Rodada (1ª Parte): Encantador

Cristiano Ronaldo comemora: essa cena se repetiu mais três vezes no jogo (reuters)


Na semana passada, já haviamos alertado que o campeonato tinha tomado novo rumo e poderia voltar a ser polarizado entre os dois gigantes do futebol espanhol. E, de fato, parece ser verdade. Enquanto Barcelona e Real Madrid vencem seus respectivos adversários, no Mestalla, o Valencia decepciona a sua torcida ao perder para o Mallorca. Sobrou para Unai Emery, principal responsável pela derrota. Como de praxe, o técnico de Hondarribia mandou para campo um time diferente das partidas anteriores, entretanto, as trocas feitas hoje foram bastante prejudiciais ao time. A principal pergunta que paira no ar é: por que Unai não deixou para fazer rotações no time no jogo do meio de semana contra o pobre Logroñes, pela Copa del Rey?

A noite foi mais que especial para Cristiano Ronaldo e Messi: O gajo, autor de um poker (quatro gols em um único jogo), se isolou na artilharia da Liga Espanha - quatro gols à frente de Messi, Nilmar e Higuaín; enquanto que o argentino, com os dois gols contra o Zaragoza, chegou a 139 gols com a camisa blaugrana e tornou-se o quinto maior artilheiro da história do clube em competições oficiais - com apenas 23 anos, diga-se de passagem -, ultrapassando Paulino Alcántara na lista. O principal é César Rodríguez, com 235.

Zaragoza 0x2 Barcelona
Novamente Messi brilhou no La Romareda. Como se não bastasse a atuação fenomenal nesse estádio na temporada passada - quando marcou um hat-trick e sofreu um pênalti convertido por Ibrahimovic em um jogada sensacional - a pulga marcou um doblete, garantiu a vitória azulgrená e tornou-se o quinto maior artilheiro do Barcelona em competições oficiais. Como já era esperado, o Barcelona tomou a iniciativa. Messi, por exemplo, teve duas oportunidades antes dos 15min, todas defendidas pelo goleiro Doblas. O time catalão era melhor em campo e insistia bastante. O argentino, aliás, era o que mais criava para os visitantes, na falta de Xavi. No entanto, parava num dia inspirado de Doblas.

Sem Xavi, Guardiola mandou a campo um meio-campo muito pesado, com Mascherano na volância e Busquets na armação. O 4-1-2-1-2 que já virou tradicional, não surtiu efeito, e Messi teve trabalhos dobrados. Um dos grandes temas que roda à Catalunha é David Villa. Contratado para ser o homem-gol, até agora o Guaje não conseguiu exercer tal função e vê Messi fazer isso com maestria, como na temporada passada. É fato que Villa nem está tão mal assim. Acostumado a jogar no 4-5-1 do Valencia das últimas duas temporadas, Villa não está fazendo gols, mas tem recompensado com algumas boas assistências, como a que deu para Messi fazer o primeiro gol.

Se neste início de temporada, o Barcelona ainda não convenceu jogando no Camp Nou, fora dele, o time é outro. Com o triunfo, o Barcelona firmou seu melhor arranque como visitante no Campeonato Espanhol desde 1955-56 com quatro vitórias longe da Catalunha. À época, o Barcelona do húngaro Ferenc Plattko derrotou Real Sociedad (1-2), Murcia (0-1) e Hércules (2-3), mas parou no José Zorilla, quando perdeu para o Valladolid (1-0).

Real Madrid 6x1 Racing Santander
O madridismo está em êxtase. Abraçou uma nova religião, de um único profeta: José Mourinho, o eleito para iluminar e guiar esse povo blanco que viaja em nuvens de felicidade, que estão na glória. O Real Madrid continua nessa progressão, quase matemática, calculada por Mourinho, que converteu a equipe em algo impenetrável e quase indestrutível. Primeiro, consertou a defesa até converter a área de Casillas em algo quase inabitável. Quatro gols sofridos em oito rodadas é uma marca fabulosa. Depois, conseguiu o movimento harmônico das peças no ataque, sujeitando tudo às ordens do maestro no meio de campo, Xabi Alonso, escoltado também por Khedira, que está fazendo um curso avançado com o espanhol. O seguinte passo é triturar todos os rivais que cruzem o seu caminho. A última vítima foi o Racing, que não fez sequer cócegas no Madrid e levou meia dúzia de gols, assim como poderia ter levado mais. Di María, Cristiano Ronaldo, Higuaín e Özil resolveram a partida em um quarto de hora. As atuações de Di Maria e Cristiano sobressaíram.

Contra o Racing, desativado por uma pressão tão intensa quanto inteligente, o Madrid ofereceu a sua melhor versão. Deram um banho de futebol vertical, executado com toques rápidos e muita velocidade. Não se trata de renunciar ao jogo elaborado, pois isso também foi visto, mas sim de renunciar a pausa, de não deixar o rival respirar. Cada duelo contra o Madrid é uma prova de resistência física e quem não for derrotado pela técnica, cairá por esgotamento.

Os mais lúcidos e virtuosos foram Di María e Cristiano. O primeiro acendeu as luzes da equipe e o segundo foi o braço executor. O argentino completou a sua melhor atuação com a camiseta madridista. Foi atrasado e passou a se converter em um distribuidor de jogo tão brilhante quanto inesperado. Se atreveu a competir na arte do passe com Xabi Alonso e se saiu bem no duelo.

Valencia 1x2 Mallorca
Jogando em casa diante de um time na parte de baixo da tabela, o Valencia tinha todas as chances de seguir na perseguição ao líder Real Madrid. Mas acabou surpreendido com os dois gols de Gonzalo Castro até os 30 minutos de jogo e acabou derrotado pelo Mallorca por 2 a 1. Com um triunfo convicente, o Mallorca mostrou que não conta apenas com a sorte e é também uma equipe ofensiva e organizada. Prova disso é que não foi derrotado para os badalados Real Madrid e Barcelona. Contra ambos, ficou no empate por 0 a 0 e 1 a 1, respectivamente. Na etapa final, o time da casa tentou sair para o jogo, mas se mostrou desestruturado e tinha apenas determinação, mas poucas jogadas técnicas. Dessa forma, não evitou a derrota, a primeira no Mestalla em 15 jogos - 13 vitórias e dois empates.

Após o jogo, Unai Emery resolveu tomar as rédeas e assumir a culpa. Para Unai, ele se equivocou tanto no primeiro tempo, quanto no segundo. Sobre Mata, Unai deixou claro que o meio-campo só havia treinado uma vez durante toda a semana e que não queria forçá-lo.

2 comentários:

  1. Enquanto isso, Iniesta diz: " A torcida do Real Madrid já demonstrou que aplaude jogadores rivais. E o único título que os milhões de torcedores do Real comemoram em dois anos foi o Mundial da Espanha (risos). Como não aplaudir o cara que deu o título a eles? É uma provocação, mas é a realidade"

    Até ele está provocando, hein?

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