quinta-feira, 15 de março de 2012

A evolução que impulsiona o Real Madrid

Real Madrid 2.0 de Mourinho atropela seus adversários, faz uma temporada incrível e é taxado por muitos como melhor do mundo (getty images)

"Atualmente, o Real Madrid tem jogado mais até do que o Barcelona", sentenciou Maurício Pochettino. Embora tenha admitido que não sabe em quem apostar num embate entre os gigantes na Liga dos Campeões, o treinador argentino não hesitou em soltar essa após a goleada sofrida pelo seu Espanyol ante os merengues, há duas semanas. Minha intenção não é comparar as duas equipes ao longo desse texto, mas o fato é que a análise de Pochettino, baseada no jogo maximalista dos espanhóis, tem sua validade comprovada. E nem é por causa da vitória contra o CSKA, onde o Madrid jogou pro gasto, mas sim pela temporada num todo.

Cristiano Ronaldo é o melhor jogador da equipe da capital desde Zidane. O gajo é também o principal goleador do time de José Mourinho na temporada com impressionantes 41 tentos em 37 jogos e no próprio torneio continental com seis em igual número de partidas. No clube, já são 128, também no mesmo número de jogos. Dados históricos. Ainda que falte a Ronaldo participação mais efetiva em jogos contra o Barcelona, o dono da camisa 7 faz mais uma temporada sobrenatural. Além disso, conquistou o coração dos torcedores, que passaram a pegar em seus pés após consecutivas partidas ruins frente ao Barça. Nos últimos jogos, a Ultra Sur tem dedicado músicas em homenagem ao Pichichi da Liga. "É muito bom se sentir querido, amado", disse antes da partida contra o CSKA.

Apesar de ter o segundo melhor jogador do mundo no plantel, o Real Madrid deixa claro que não é dependente dele. Ao contrário da temporada 2009/2010, desde a chegada de Mourinho isso já vem se exemplificando. Ontem, por exemplo, CR7, apesar dos dois gols, não fez uma partida muito inspirada, mas os blancos souberam se saírem bens. O excelente André Rocha, do Olho Tático, explica melhor: acima de tudo, o Real de Mourinho é um time. Ou melhor, um timaço que nem precisa do fulgor de seu craque quando a vantagem técnica e tática sobre o oponente permite. Com Özil e Kaká promovendo com Ronaldo uma intensa movimentação em torno de Higuaín no 4-2-3-1 habitual, atacando pela esquerda com Marcelo e criando espaços para o apoio no lado oposto de Khedira que compensava o posicionamento mais conservador de Arbeloa, o Real Madrid consegue se impor.

A progressão nítida do Real Madrid é fruto de um trabalho que começou em 2009. Atenção especial a Florentino Pérez, que desde que retornou à presidência do Madrid tem feito contratações usuais. À exceção da temporada do retorno, quando gastou à rodo, Florentino tem evitado gastar milhões em estrelas e reforço o plantel com jogadores necessários. O retorno do presidente, aliás, é um divisor d'águas no recente caminho merengue. Jogadores como Özil, Di María, Xabi Alonso, Cristiano Ronaldo, Benzema, Khedira, todos contratados em sua gestão, são peças-chaves no time de José Mourinho. Antes chacota a âmbito europeu, hoje tão temido quanto o Barcelona. Essa é a evolução que impulsiona o Real Madrid.

O desempenho e o estilo de jogo são foram do comum. Nesse ponto, José Mourinho é o principal responsável. O Real Madrid propõe-se a ser agressivo e com a qualidade técnica de seus jogadores, aliando sempre com velocidade e precisão. A marcação melhora a cada partida. Mais avançada, até Cristiano Ronaldo, Özil e Kaká voltam para ajudar. Em relação a temporada passada, quando ficaram no quase, está aí a principal diferença. Povoado de jogadores, o Real Madrid sempre leva a melhor na batalha do meio-campo e congestiona o jogo do adversário. Os merengues impõem pressão física, praticamente atropelando seu rival. Com a bola, toca rápido, chega em velocidade pelos dois lados ou pela faixa central. Sem ela, marca forte, desarma muito e tem contra-ataque feroz. O título da Liga já está praticamente selado. A Europa é um sonho bastante provável.

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