segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Messias da bola

O dia 9 de janeiro de 2012 está eternizado na história do futebol. Foi a data que consagrou, definitivamente, um dos maiores craques pós-Pelé. A premiação de melhor jogador do mundo, que juntou pela segunda vez a Fifa e a Bola de Ouro da France Football, entregou a Messi o troféu de melhor pela terceira vez consecutiva, igualando nomes como Platini, Cruyff, Van Basten, Zidane e Ronaldo. A distancia da Pulga de Rosário para seus rivais é tão grande que Cristiano Ronaldo, talvez o único que possa tirar o prêmio das mãos do argentino nos próximos anos, parece apenas um jogador normal comparado ao blaugrana. Os feitos do português, que conseguiu fazer 41 gols em uma única edição de Liga Espanhola, parecem algo comum quando relacionados com os do blaugrana.

Hoje, o futebol comemora. A relação de Messi com a bola sempre foi de amor. A carreira tem felicidades, lágrimas, como, até o momento, as decepções por ter falhado em duas Copas disputadas, mas nunca faltou sentimento. Messi só existe um. Virão anos, décadas, séculos, gols, sincronias e sinais. Mensagens do além, dos céus, dos gramados. Um camisa 10 de 1,69 de altura que exala genialidade a cada partida. Seu namoro com a bola é precoce. Há mais de 20 anos, numa tarde em família, seu pai, ao lado de tios, primos e amigos, preparava-se para disputar uma tradicional pelada. Faltava um. Quis o destino que a criança Messi, com apenas cinco anos, completasse uma das equipes. "Dizem que, assim que eu toquei na bola, todos ficaram surpresos, como se já soubesse do que se tratava isso", disse em uma entrevista ao Mundo Deportivo em 2006.

Na família, ninguém suspeitava de que ali brotava um craque. À exceção de sua falecida avó, Celia, mãe de sua mãe. Foi ela quem o presenteou com a primeira bola e convenceu o genro, Jorge Messi, do talento do moleque franzino. O pai não teve escolha: levou La Pulga para treinar no Grandoli, pequeno clube de seu bairro. Durou apenas um ano a aventura do craque no clube. O próximo passo foi a ida para o Newell's Old Boys, paixão desde sempre e onde Messi sempre ratifica que atuará profissionalmente um dia. O amor do clube com o jogador, no entanto, não foi recíproco. Os Leprosos viraram as costas a Messi justamente quando este mais precisava. Lionel descobrira que possuia um problema de crescimento. O destino, novamente e, dessa vez, ironicamente, acertou. Foi justamente no maior drama da vida da Pulga que o levou ao clube onde, atualmente, desfila classe e é idolatrado.

A profecia que nasceu na Argentina se alastrou à Catalunha. No Barcelona, chegou aos 13 anos. Baixo demais, franzino demais, moleque demais. Acima de tudo, craque demais. Bastou isso para Messi cruzar o Atlântico e fazer história. Viajou com seu pai, deixando em Rosário sua mãe e seus irmãos. Em seu primeiro teste, o gigante da Catalunha não deu chance ao azar. Carlos Rexach o contratou vendo-o jogar por instantes. O catalão fica impressionado até hoje: "Eu o contratei em 30 segundos! Ele me chamou muita atenção. Em meus 40 anos de futebol, jamais havia visto coisa semelhante. De cinco situações de gol, converteu quatro. E tem uma habilidade excepcional. Me lembrou o melhor Maradona. Seu primeiro contrato eu assinei, simbolicamente, em um guardanapo. Queria contratá-lo o quanto antes. Não podia deixá-lo escapar", afirma.

Senhor do próprio destino, fez do calvário a estrada para a redenção. O destino desafiou, ele respondeu. Messi tem a eterna sede dos imortais. Não lhe satisfaz a arrancada, o drible ou o gol. Tem que estar tudo completo. Não lhe satisfaz se, com apenas 24 anos, possui um currículo invejável. São 3 Champions League, 5 Ligas Espanholas, 2 Mundial de Clubes, além de Supercopas da Uefa e da Espanha e Copa do Rei. Tem que vir tudo junto. Não lhe satisfaz se, com apenas seis temporadas na carreira, já possui 217 gols e 87 assistências. Já é o segundo maior artilheiro da história do Barcelona, ficando 18 gols atrás de César Rodríguez, o maior. La Pulga faz jus ao "quanto mais, melhor". O céu é o limite de Messi.

Todo mundo já sabe o final, mas não cansa de assistir. Messi não seria o mesmo sem as peças que o destino lhe pregou. Foram as voltas por cima que fizeram dele o que ele é, vitórias e derrotas, baques e recomeços, gols, títulos, arrancadas e dribles, o mundo estupefato com suas jogadas, furacão em campo. Um jornalista pernambucano, Wagner Sarmento, o definiu bem, uma vez. Messi é o pesadelo dos superlativos e o sonho dos neologismos. É preciso inventar novas palavras em que caibam seu brilho. No futuro, talvez Messi se torne um adjetivo. Sinônimo de maior.

Parabéns, Messi!

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