segunda-feira, 23 de abril de 2012

A assistência da temporada

Özil recuperou sua melhor versão, está mais solto e confiante em campo e é peça-chave do esquema de José Mourinho (getty images)

5 anos. Foi esse o período de jejum do Real Madrid sem vencer o Barcelona no Camp Nou. Os merengues, durante esse tempo, sofreram em suas visitas à Catalunha: perderam de 2x0, de 5x0, de 3x2... Simplesmente o jogo não fluía. A cada partida, o cenário era o mesmo: um Real Madrid acuado, nervoso e antipático perante uma avalanche azulgrená, que só fazia valer sua filosofia de jogo. Porém, é preciso voltar a janeiro deste ano para saber que os blancos já haviam perdido o medo de visitar os barcelonistas. No jogo de volta das quartas-de-finais da Copa do Rei, o Real Madrid foi ao Camp Nou para vencer. Empatou, foi eliminado, mas a sensação foi de avanço.

E foi o que ficou comprovado no superclássico deste sábado. A vitória por 2x1que praticamente sentenciou a Liga evidencia que, após anos de derrotas e humilhações, o Real Madrid está disposto a dar a volta por cima. O primeiro passo foi dado. Os merengues não sofreram em momento algum da partida. Dominaram o meio-campo, em partidas destacáveis de Khedira e Xabi Alonso, mostraram uma louvável aplicação tática (Di María se sacrificou em prol de ajudar na marcação de Iniesta) e não deixaram Messi em paz: eram dois marcando na frente e um na cobertura. La Pulga inexistiu, só aparecendo em lampejos (diga-se de passagem foi dele a jogada do gol de Sánchez).

Nesse cenário, dois nomes se destacam: Cristiano Ronaldo e Mesut Özil. O português sempre se viu taxado de amarelão. A própria torcida madridista o criticava justamente por sumir em jogos contra o Barcelona. A torcida culé, por sua vez, o ironizava em cada visita do gajo ao Camp Nou. Mas CR7 nunca abaixou a cabeça e continuou fazendo seu trabalho. O gol e a comemoração de desabafo e ironia é um divisor d'águas em sua carreira no Real Madrid: Ronaldo está pronto para ser ídolo, fazer história e ganhar tudo na capital espanhola.

Entretanto, o personagem do post é o alemão. Özil encerrou 2011 em baixa. Em má fase e relegado ao banco, perdeu moral com José Mourinho. A lesão de Di María abriu espaços para o camisa 10 recuperar os créditos perdidos. E o germânico o faz com louvor. Está mais elétrico e, assim como Cristiano Ronaldo, tem sido peça fundamental em superclássicos. Já havia sido o melhor em campo na Copa del Rey e, dessa vez, foi o responsável pela assistência milimétrica para o tento do gajo. O periódico AS definiu bem: foi a assistência da temporada. O que mais chama a atenção nessa nova versão de Özil é sua regularidade. A irregularidade era justamente o ponto no qual a imprensa sempre batia o martelo.

Özil é o arquiteto - junto com Xabi Alonso - que o Real Madrid não tinha há muito tempo. Özil cumpre uma função tática semelhante a de Figo (não estou comparando os jogadores, hein) na época do título europeu de 2002. São 19 assistências na Liga, 25 na temporada. Seja jogando aberto à direita ou centralizado no auxílio a Benzema ou Higuaín seu futebol continua o mesmo. É o talento somado a regularidade e a naturalidade. Aos 23 anos, ele tem o arranque, o chute e a visão de jogo que o transformam num dos meio-campista mais completo da liga. Mourinho celebra a cada jogo o retorno do futebol e a adaptação de Özil ao estilo de jogo merengue. É evidente que o Real Madrid se sagrará campeão com autoridade e justiça. Assistimos a uma irrefutável demonstração de força dos líderes na temporada e a um concerto do alemão, que cumpre todas as tarefas que você pode esperar de um criador de jogadas. Um timaço, um craque.

Um comentário:

  1. foi um jogaço mesmo, Real Madrid marcou muito e Özil jogando o fino, desta vez os torcedores do madrid não tem do que reclamar do time, que se dedicou os 90 minutos. Cristiano Ronaldo decidindo um clássico, dependendo do que vir a acontecer pode ganhar o prêmio de melhor do mundo novamente, acho que será decidido por quem ganhar a Champions.

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