quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Superjogo

 No último jogo, Cristiano Ronaldo decidiu e tirou onda... (getty images)

Não poderia haver confronto melhor para "abrir" a temporada de elite espanhola. Tradicionalmente, a disputa da Supercopa é o pontapé inicial para a Liga Espanhola, porém a LFP decidiu inverter os valores e começou a temporada com a primeira rodada da Liga BBVA. O que mais importa, no entanto, é que amanhã, às 17h30, horário de Brasília, o Camp Nou recebe o jogo de ida entre Barcelona e Real Madrid. Pela segunda vez consecutiva, os maiores clubes do futebol espanhol se enfrentam na decisão do torneio. No ano passado, o Barcelona, maior vencedor da competição, teve um Messi mágico e levantou a taça.

Nos bastidores, polêmicas. Expulsos no confronto de 2011, Marcelo, Mesut Özil e David Villa poderão atuar normalmente amanhã. O novo comitê de arbitragem espanhol considerou que a multa paga pelo trio em setembro passado "compensa" a lógica suspensão que eles deveriam cumprir. Na coletiva pré-jogo, José Mourinho e Tito Vilanova se alfinetaram de leve. O português considerou que "não quebrou nenhuma hegemonia ao conquistar a Liga Espanhola porque não há hegemonia alguma quando um time não consegue vencer a Champions League, torneio mais difícil de clubes, duas vezes consecutivas". Irônico, o catalão rebateu: "verdade, não há hegemonia quando você vence 14 de 19 campeonatos".

Com Alex Song, novo contratado junto ao Arsenal, à disposição, o Barcelona parece mais preparado para os duelos. Ao contrário da temporada passada, os blaugranas fizeram uma pré-temporada mais estável que a dos merengues e contam com os retornos de David Villa e Ibrahim Afellay como opções. O Guaje voltou em alto estilo, marcando contra a Real Sociedad, mas é difícil pensar na sua escalação como titular. Com base nos amistosos e na estreia na Liga, existe a tendência de que Pedro comece os 45 minutos iniciais. A dúvida de Tito é o último homem de ataque. Ele ainda não se rendeu à ideia de jogar com Fàbregas mais adiantado - nem Iniesta, por exemplo, que só deve aparecer nesta posição em caso de urgência - e, com o retorno de Alexis Sánchez, pode iniciar com o chileno. Arriscar Tello, titular na derrota de abril, é improvável.

Mourinho esconde, mas sabe o quão importante é começar a temporada desbancando o rival novamente. Ele afirmou que prefere "perder a Supercopa, mas ganhar a Liga BBVA ao final da temporada". Blefe? A depender dessa declaração, o gajo mostra que não se importa em fazer experiências e priorizar a preparação para a temporada de fato. Assim, não é improvável a presença da trinca de volantes no meio-campo e o retorno do 4-3-3. Mourinho havia dado mostras de que abdicara dessa tática mais conservadora desde que jogara bem contra o Barcelona no 4-2-3-1. Em janeiro, no confronto da Copa do Rei, o Real Madrid dominou os azulgrenás no Camp Nou e saíram de campo satisfeitos com o empate por 2x2, apesar da eliminação na competição. O resultado foi a vitória no mesmo estádio três meses depois, no jogo que decretou o título espanhol.

A aplicação tática de jogadores como Özil, Di María, Xabi Alonso, Khedira e até Cristiano Ronaldo é essencial para a fluência da tática sem que haja covardias. É claro que há um recuo natural das linhas para se proteger do poderio barcelonista, mas já é bem diferente da proposta utilizada, por exemplo, no confronto de ida da semifinal da Champions League, em 2010/2011. Os merengues são programados para se protegerem com solidez encurtarem o máximo possível os espaços do Barcelona, evitarem a presença de Messi no setor onde ele mais gosta de atuar e saírem com perfeição no contra-ataque. O simbólico gol de Cristiano Ronaldo no último jogo evidencia isso. Foi uma bola roubada no campo de defesa, lançada para Özil e definida pelo português. Tudo como o script manda. O problema será a defesa, que não terá Pepe, lesionado, e sim o inconstante e nada confiável Raúl Albiol.

... mas Messi e o Barcelona pretendem dar a volta por cima. Quem largará na frente? (zimbio)

Apesar de ser cedo para chegar a alguma conclusão, o Barcelona ilusiona. Com um elenco bem mais homogêneo em relação ao de 2011/2012, o triunfo contra a Real Sociedad mostrou uma faceta que há tempos não se via no jogo azulgrená: a utilização em demasia dos ponteiros. As chamadas infiltrações que tanto aterrorizou os adversários durante três temporadas e meia da era Guardiola raramente foi vista no segundo semestre da campanha passada. A escolha de jogar no 3-4-3 por parte de Pep foi o principal responsável pela perda de uma das principais jogadas. Com quatro meio-campistas, o jogo tendia a se concentrar mais pelo centro, o que explica um pouco os mais de 70 gols de Messi.

Na defesa, Puyol oferece segurança a quaisquer parceiros. Em forma fisicamente, o capitão iniciou muito bem a temporada e deve ser acompanhado de Mascherano ou Piqué, o que só será definido em última hora. Alba, na esquerda, não é um marcador nato e precisa balancear as investidas ao ataque com a defesa. Se, com Daniel Alves, o lado direito fica mais vulnerável, com o Alba o setor esquerdo também ficará bastante exposto, o que pode ser um perigo para Vilanova: é exatamente os ponteiros merengues (Cristiano Ronaldo e Di María) que fazem a diferença nesse tipo de jogo. Busquets, que costuma fazer a cobertura do lado direito para deixar o baiano livre para subir, terá que se redobrar nos dois flancos.

No confronto das principais estrelas, o momento é inverso. Cristiano Ronaldo, sempre cobrado por atuações positivas no superclássico, vem de três jogos consecutivos marcando gols contra o Barcelona, enquanto Lionel Messi já não marca há quatro partidas contra o Real Madrid. A média do argentino, que era praticamente de um gol por partida, diminuiu. Até por sinalizar menos alterações em relação à temporada passada e mostrar um estado físico melhor nesta abertura da temporada, o Barcelona parece ter certa vantagem para amanhã, mas nada que transforme uma eventual vitória do Madrid em surpresa. Os blancos sabem o caminho para a vitória.

Málaga
Os blanquiazules fizeram a lição de casa e venceram o Panathinaikos por 2x0 no jogo de ida da última fase classificatória da Uefa Champions League. Atuando com sobresaliência, os boquerones não deram espaços para o time grego e mereceram sair com a vitória. Marcaram sob pressão desde o campo de ataque, tiveram o controle da posse de bola e levaram muito perigo nos ataques. A movimentação do trio de meio-campistas foi o segredo da vitória. Isco, Eliseu e Joaquín - até ele, veja bem - se revezaram bastante e levaram a zaga rival à loucura. A vantagem é considerável, mas Manuel Pellegrini precisa abrir o olho, pois o Panathinaikos costuma atuar muito bem em Athenas. Assim, os andaluzes estão a 90 minutos de alcançarem a fase de grupos da principal competição de clubes do mundo.

2 comentários:

  1. Será um jogo de encher os olhos, post perfeito, trata perfeitamente o que será a partida.

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  2. Me parece que o Barça está melhor fisicamente.

    Espero um 3x1, 2 do Messi.

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