segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Grande Deportivo

 Bom início do Deportivo é fruto do trabalho feito por José Luis Oltra. Equipe tem condições de conseguir vaga na Liga Europa (getty images)

Dois jogos, uma vitória, um empate, cinco gols marcados, três sofridos. Esses são os números do Deportivo, que mostrou uma grande capacidade de reação no final de semana, contra o Valencia, no Campeonato Espanhol. Os galegos foram para o intervalo perdendo por dois gols de diferença num estádio onde, historicamente, não costuma se dar bem, mas teve méritos e construiu o empate com naturalidade e base na paciência. Um soberbo Abel Aguillar guiou o Depor, que termina a rodada entre os cinco primeiros colocados. A posição favorável e a boa partida em Paterna não surpreende pelo louvável trabalho feito em La Coruña.

Mais do que qualquer um, o consciente técnico José Luis Oltra sabe que, por mais que uma equipe seja dominante na Liga Adelante, ela precisa se reforçar para disputar a elite. O Deportivo sobrou na segundona na temporada passada e voltou à primeirona se reforçando. Foram nove contratações neste verão: Abel Aguillar, Evaldo, Salomão, André Santos, Pizzi, Nelson Oliveira, Roderick, Marchena e Camuñas. Marchena era a principal figura da sólida defesa de dois anos atrás do Villarreal e do Valencia campeão espanhol em 2004. Ironicamente, ele anotou um gol ante a equipe onde foi revelado, mas não comemorou e ainda foi aplaudido pelos torcedores. Abel Aguillar tem se destacado neste início de campanha. Escalado mais recuado do que em relação à época de Hércules, o colombiano dita o ritmo do jogo no Depor ao lado do experiente Valerón.

Os dois reforços ao ataque foram cirúrgicos. Nelson Oliveira e Pizzi, entre outros motivos, são bons concorrentes ao irregular Riki, que tem a confiança de Oltra e iniciou como titular contra Osasuna e Valencia. A revelação portuguesa já deixou o aviso: quer ganhar a vaga de titular. Ele saiu do banco dando outra mobilidade ao ataque nos dois jogos. Na estreia, anotou um golaço no Riazor. Associadas às boas fases dos meio-campistas, as novas caras dão confiança a Oltra para jogar com três homens de meio-campo, o que ele evitava há algum tempo. No entanto, o treinador vive um paradoxo: o 4-2-3-1 não rendeu tanto quanto o 4-4-2. A maior prova disso foi o domínio territorial exercido contra o Valencia na segunda tática.

Se mantiver o 4-4-2 clássico na maior parte dos jogos, Oltra ajuda demais suas estrelas. Abel Aguillar passa a jogar no setor onde mais gosta, aberto pela esquerda e impondo bastante velocidade ao setor. Camuñas, aberto pelo outro flanco, deve mostrar mais serviço quando utilizado. Sua passagem pelo Villarreal não foi positiva devido ao fato da equipe ter virado uma zona, mas o bom futebol mostrado no Osasuna dá margem a confiança. Potencial, ele tem. Pizzi finaliza bem e é mais efetivo com um parceiro. Ao contrário de Adrián López, do Atlético de Madrid, que atua aberto à direita no clube rojiblanco e é improvisado de falso nove na seleção sub-21, o português melhora o rendimento quando adiantado ao ataque.

Com intensidade e consciência do que pode fazer, o Deportivo tem outro objetivos no campeonato: alçar uma vaga à Liga Europa é possível. É a antítese do adversário de estreia, o Osasuna, que está mais enfraquecido em relação aos outros anos e não deve sair do meio da tabela - apesar da boa partida contra o Barcelona. Os blanquiazules, ao contrário, têm os pés no chão e sabem que os pontos podem vir de qualquer lugar: se conseguiu o empate no Mestalla, tem condições, por exemplo, de fazer bonito no Ramón Sanchéz Pizjuan e no Vicente Calderón. É uma equipe que sabe o que fazer com a bola e pode surpreender os gigantes na Galícia, sobretudo o Real Madrid, que venceu lá apenas uma vez em 14 anos. No Riazor é trabalho, meu filho.

Seleção da 2ª rodada
Andréz Fernandez (Osasuna); Valera (Getafe), Marchena (Deportivo), Alexis (Getafe), Miguel Torres (Getafe); Trochowski (Sevilla), Abel Aguillar (Deportivo), Lamah (Osasuna), Jonas (Valencia); Soldado (Valencia), Falcão García (Atlético de Madrid). Treinador: Luis García (Getafe)

2 comentários:

  1. Eu adoro esses times médios, Deportivo não foge a regra.
    Os clubes espanhóis (mesmos os do 2º escalão) tem se dado bem nas competições europeias. Vide Athletic Bilbao, Atletico de Madri e Valencia, Sevilla, Almeria, Villarreal, Getafe em anos anteriores. Depor pode ser incluído nessa lista se fizer o dever de casa nessa temporada. O 442 parece ser o esquema preferido de times assim. O Swansea da Inglaterra, que começou ganhando e jogando bonito nas duas primeiras rodadas joga assim. Michael Laudrup, o técnico, treinou o Getafe inclusive que fez uma boa capanha na Liga Europa.
    Isso só mostra como o futebol espanhol está forte, no auge, em excelente fase.
    O Brasil já foi assim e deixou passar o bonde.

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  2. Verdade, o Deportivo sempre foi bastante simpático. Também torço para uma boa temporada do clube galego.

    Abraço!

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