quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sobrando na turma

 "Melhor equipe humana" do futebol espanhol, Valencia deve manter o terceiro lugar na atual temporada (getty images)

A cada vez mais polarizada disputa por título entre Barcelona e Real Madrid tem tirado muito glamour da Liga Espanhola, batizada de Liga das Estrelas anos atrás. É evidente que, em questão de qualidade, La Liga hoje está atrás da Premier League e Bundesliga entre os principais campeonatos da Europa. A disparidade da dupla para os restantes das equipes é notório. Na temporada passada, por exemplo, a diferença entre o campeão Real Madrid e o terceiro colocado Valencia terminou em exagerados 39 pontos. Em relação ao Barcelona, vice-colocado, os chés ficaram 30 pontos atrás. E é exatamente essa disputa paralela pela terceira colocação que tem colocado uma emoção a mais na Liga. Há duas temporadas, o Marca apelidou de "campeão humano" quem terminava naquela colocação.

E quem vem mantendo esse status por duas temporadas consecutivas é justamente o Valencia. Em 2010/2011, não teve muito trabalho para desbancar o Villarreal, enquanto teve que suar mais um pouco para jogar o Málaga à quarta colocação em 2011/2012. Os chés possuem uma equipe coesa, segura e consistente o bastante para disputarem um campeonato de 38 rodadas em busca de seu objetivo: conquistar uma vaga na Champions League. Se a equipe viveu um período de ostracismo principalmente entre 2007 e 2009, hoje não tem mais com o que se preocupar: é muito superior aos demais times, o que deve ser ratificado nesta nova temporada que está prestes a começar. Em um período de forte crise na Espanha, a lógica é que os clubes não se reforcem com tanta intensidade em relação aos outros anos.

Entre os que vão disputar as duas vagas na próxima Champions League, apenas Valencia e Atlético de Madrid deram prosseguimento à certeza. O Sevilla ainda é uma incógnita e o Athletic Bilbao pode estar a um passo de perder duas peças-chaves de seu elenco: Javi Martínez e Llorente. Hoje, fontes do Bild e do Transfermarket confirmaram a proposta de 40 milhões de euros feita pelo Bayern de Munich para tirar o zagueiro-volante de Lezama, justamente o preço estabelecido pela diretoria. O Rei Leão, por sua vez, comunicou a Josu Urrutia, presidente do clube, que não irá renovar seu vínculo que termina em janeiro de 2013. Para não sair de graça, deve ser negociado com a Juventus, que, através de seu diretor-geral, Beppe Marota, confirmou o início das negociações.

O Valencia é justamente o mais forte porque soube utilizar bem o dinheiro da venda de Jordi Alba ao Barcelona. Os blanquinegros trouxeram Guardado, Gago, João Pereira e Haedo Valdez. O presidente Manuel Llorente ainda prometeu mais uma contratação para o meio-campo, que deve ser Ali Cissokho, para substituir Pablo Hernández, de provável saída ao Swansea. Com um elenco leve, o Valencia precisava dessa profundidade para se prevenir. O problema mais esdrúxulo da temporada passada foi resolvido. A contratação de João Pereira, ex-Sporting Lisboa, já será o bastante para o irregular Barragán não ser titular absoluto na lateral direita e evitar o deslocamento de Ricardo Costa ao setor. O zagueiro português pode formar uma boa dupla de zaga com o bom Adil Rami, de temporada positiva em 2011/2012. Para a lateral esquerda, Nacho Monreal está muito próximo de chegar. O propósito de Pellegrino é aproveitar bem a polivalência de Mathieu, que atua tanto na lateral esquerda, quanto na extrema esquerda na linha de três.

A chegada de Guardado tem duas importâncias: o acréscimo de mais técnica ao meio-campo e o retorno de Jonas ao ataque. O brasileiro, muito utilizado por Unai Emery centralizado atrás de Soldado, pode não ser tão subutilizado porque hoje não tem a concorrência de Aduriz no ataque. A saída do basco ao Athletic Bilbao abre espaço para o paulista de Bebedouro atuar na posição mais próxima ao gol, onde brilhou no Grêmio. Isso sem contar com Haedo Valdez, que chega prometendo uma disputa saudável com Jonas e Soldado, e Paco Alcácer, promissor atacante das canteras valencianista que se destacou na pré-temporada e teve seu nome cobrado pela torcida para ganhar mais chances ao longo do ano. O jovem é taxado como novo Villa nas divisões de base. Juan Bernat foi outro canterano que se destacou nos jogos amistosos e deve ter uma utilização mais constante no Mestalla. Aliás, o garoto foi titular na estreia do Valencia na Liga passada.

O esquema tático é que anda balançando a cabeça do treinador. Ainda que tenha adotado um discurso de que pretende impor uma nova "filosofia" no clube, a verdade é que com tanto nomes à disposição, sobretudo do meio para frente, o módulo não fuja do 4-2-3-1. Na pré-temporada, ele não ousou em mudá-lo, mas variou durante boas partidas para o 4-3-2-1 que prometeu encaixar. A proposta é um futebol mais pegado no meio-campo, onde Gago seria essencial. A escalação com essa trinca de volantes deve aparecer em confrontos que pedem mais cautela, como contra o Real Madrid (na estreia domingo), Barcelona e até mesmo os rivais pela LC em seus domínios. Fazer bonito em âmbito continental também é uma obrigação. Após cair nas oitavas-de-finais e na fase de grupos nas últimas duas temporadas, o Valencia precisa saber que tem equipe para, a depender de um sorteio acessível, avançar às quartas. Potencialmente, os chés possuem o terceiro melhor conjunto de La Liga.

2 comentários:

  1. eu to confiante nesse Valencia, manteve a espinha dorsal e conseguiu bons reforços como o Gago, João Pereira e Guardado, to muito ansioso pra ver o Jonatan Viera em ação, acredito que dessa a diferença para Madrid e Barça será bem menor, estou confiante no Valencia do Pellegrino

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  2. A questão é que, com esse time, o Valencia pode ter a chance de levantar uma taça: a Copa do Rei.

    Abraço!

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