sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Os pecados da Espanha nas Olimpíadas

 É, Mata, difícil de entender a eliminação da Espanha na fase de grupos das Olimpíadas (Zimbio)

Espanha 0x1 Japão. Espanha 0x1 Honduras. Espanha 0x0 Marrocos. Em três jogos, nenhuma vitória e nenhum gol marcado. A Espanha que deixa Londres sai pelas portas do fundos. Favorita ao ouro, a equipe em momento algum brilhou, mostrou uma faceta negativa e um futebol diametralmente opostou àquele que deveria ser exercido e que já é costume na seleções de base espanhola. A geração, formada por jogadores como Jordi Alba, Javi Martínez e Juan Mata, campeões europeu com a principal há cerca de um mês, não pode ser totalmente crucificada, mas a falha é inadmissível. O blog tenta traçar alguns motivos da vergonhosa queda precoce da Fúria.

O melhor de Ander Herrera. Em maio, discutimos a forma física de Ander Herrera. Essencial para o Athletic Bilbao, o jovem foi bastante desgastado numa temporada em que a equipe disputou três torneios até o limite. O basco viveu um dilema e teve a opção de operar no final da temporada e perder os Jogos Olímpicos. Preferiu esperar e chegou em Londres totalmente abalado fisicamente. O resultado foi a presença no banco de reservas nos dois primeiros jogos, que culminaram na eliminação da Roja. Koke, seu substituto, assim como toda a Espanha, não brilhou e em momento algum foi o armador de jogadas que se esperava.

Thiago Alcântara. Cortado dos Jogos Olímpicos devido a uma lesão nas costas sofrida no final da temporada passada, o hispano-brasileiro foi a ausência mais sentida. Principal jogador na conquista do Europeu Sub-21 em 2011, o culé não viu em Isco, Rodrigo e Tello substitutos à altura. O senso de liderança do meia, seus dribles e, principalmente, seus passes fizeram a falta na hora da decisão. Faltou o dinamismo que Thiago dava ao meio-campo e suas mágicas jogadas tiradas da cartola.

"Ausências" dos melhores Mata e Adrián. Centralizado para criar jogadas devido a ausência de Thiago, Mata ficou sobrecarregado e naufragou junto à equipe, quando deveria puxar a responsabilidade. Faltou mais vontade do camisa 10, que, mesmo marcando na final da Eurocopa, convive com uma má fase vista desde a reta final da temporada passada com o Chelsea. Indiretamente ao mau torneio do jogador blue, Adrián nada fez. Dependente das enfiadas de bola dos meio-campistas, o colchonero tentou muitas vezes sair da área para construir as jogadas, mas em vão. Acostumado a jogador aberto à direita no Atlético de Madrid, não rendeu dessa vez de falso nove.

Má forma dos titulares. Mesmo se avançasse de fase demonstrando esse futebol, a Espanha dificilmente conquistaria o ouro. À exceção de Jordi Alba, Javi Martínez e David De Gea, que evitou um desastre maior na estreia contra o Japão, todo o resto do grupo mostrou-se abaixo da média. As participações fracas de Botía, Iñigo Martínez, Montoya, Muniain, Tello, Rodrigo, Oriol Romeu e dos já comentados Mata e Adrián fazem a gente recordar da Eurocopa de 2004, quando a Espanha também caiu na fase de grupos: peças-chaves apáticas e alegadamente cansadas. Houve várias decepções, que resultaram nessa queda tão cedo.

O oba-oba pré-Jogos. O clima de "já ganhei" afetou o vestiário. Ainda que Luis Milla ratificasse a cada coletiva que o grupo não estava com a cabeça na medalha de ouro, os jogadores fizeram questão de evidenciar isso nas diversas coletivas pré-Olimpíadas. De Gea, Mata, Azpilicueta e Adrián discursavam como se a Espanha já tivesse conquistado a medalha. O amistoso de preparação feito contra Senegal (perdido por 3x0) mostrou que o buraco seria mais embaixo e no final pode ser interpretado como uma tragédia anunciada. Acabou que a falta de humildade pesou. A bola puniu.

Apatia nas conclusões. O defeito que mais chatou a atenção. Contra a Honduras, um show de horror. Só Mata desperdiçou três claras chances na primeira etapa. Se a seleção principal é criticada justamente por não chutar a gol, ao menos a Sub-21 usa e abusa das finalizações. No entanto, mostrou ao longo do torneio muitas falhas na hora das conclusões. As múltipas chances jogadas para fora fizeram falta. Contra o Marrocos, a falta de contudência para derrotar a seleção mais fraca do grupo resumiu bem a vergonhosa campanha olímpica da Espanha em Londres, que deve ser apagada da recente história vencedora do futebol do país.

3 comentários:

  1. Ótimo texto Victor. Concordo com você, infelizmente a Espanha passou longe da favorita que se esperava. E ainda acrescento que a não-convocação de Victor Ruíz, titular do time campeão europeu sub-21 também pesou.

    http://bolanooctogono.blogspot.com.br/

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  2. Bem lembrado, Henrique. Até hoje o Milla é cobrado por isso.

    Abraço!

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  3. a espanha e uma vergonha no futebol mundial

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