Mostrando postagens com marcador Numancia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Numancia. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Eternas Promessas: Mario Rosas

"Rosas era o melhor jogador da nossa equipe", disse Xavi sobre o Juvenil A do Barcelona. Hoje, o meia é importante para o Salamanca (superdeporte)

O Castellón é um time espanhol da cidade homônima, vizinha a Valencia. Historicamente oscila entre a segunda e a terceira divisões do país. Já esteve na elite, mas por pouco tempo. Não tem taças importantes em sua sala de troféus. O meio-campista Mario Rosas, de 30 anos, atualmente atleta do Salamanca, é considerado um dos maiores jogadores da história do Castellón.

A honraria é fruto das quatro temporadas em que defendeu o clube, entre 2006 e 2009. Estar no panteão dos ídolos de um time – ainda que pequeno – é algo consagrador para a carreira de qualquer jogador. Mario Rosas poderia dormir tranquilo pelo feito. Não fosse pelas expectativas que ele mesmo gerou no início de sua carreira.

Quando tinha apenas 18 anos, Rosas estreou pelo time principal do Barcelona. O jogo, digamos a verdade, tinha um quê de amistoso – o clube catalão já era campeão nacional e pegou o Salamanca (o mesmo que Rosas defende hoje) em casa, para cumprir tabela. Rosas foi escalado e ali coroava uma trajetória de sucesso nas categorias de base. Sua visão de jogo e qualidade no passe encantavam a todos – até mesmo a alguns que, no futuro, alcançariam triunfos incrivelmente superiores aos obtidos pelo próprio Rosas.

“Ele era o melhor da minha geração”. Quem afirma isso é ninguém menos que Xavi Hernandez, multicampeão pelo Barça e pela seleção espanhola. Xavi e Rosas cresceram juntos no Barcelona e foram, simultaneamente, promovidos para a equipe principal. Mas um deu certo, e o outro não. A razão? Xavi desconhece. Em entrevistas, Rosas diz que o motivo de seu insucesso é o treinamento por ele recebido em La Masia, o centro de formação dos jovens barcelonistas. Diz ele que a filosofia lá imposta é tão adequada ao estilo do Barça que, em outros lugares, quem a segue não consegue ir além.

No Barcelona, segundo Rosas, o estilo de jogo marcado pelos toques rápidos e pela ofensividade que se vê no time principal é apenas um reflexo de algo que é severamente trabalhado desde a base. Iniesta, Xavi e Messi, apenas para citar os três mais estrelados do grupo atual do Barça, estariam simplesmente replicando na atualidade o que aprenderam nos seus tempos de juvenil.

E como o futebol da “vida real” não é tão belo e musical como o do Barça, quem tenta viver desta forma em outros lugares não vai longe. Decerto Cèsc Fábregas, referência do Arsenal e da seleção espanhola, discorda. A aparição de Rosas no time principal do Barcelona, na temporada 1997/8, foi decorrência do destino – o clube achava que ainda não era época de efetivá-lo como atleta do time de cima. Eram duas as explicações para tal: o excesso de bons meio-campistas no grupo (Rivaldo era um deles) e a inexperiência do jovem.

Rosas então voltou ao time B do Barcelona, que disputa a segunda divisão nacional. Permaneceu por lá até a temporada 1999/2000, como um dos principais jogadores do clube. Antes disso, entrou em campo também pela seleção espanhola sub-17, porém sem figurar entre os integrantes das delegações que jogaram o Mundial da categoria.Foi aí então que começou sua peregrinação pelo mundo do futebol.

Em três temporadas, Rosas atuou por três clubes diferentes: Alavés, Salamanca e Numancia. Apenas no primeiro deles disputou a primeira divisão. E neste meio-tempo ainda teve uma incursão não bem-sucedida pelo New York Metrostars (atual Red Bull New York), dos EUA.

Mais dois anos de instabilidade no Cádiz, um no inferno da terceira divisão (pelo Girona) até a chegada ao Castellón, para a temporada 2005/6. Lá se assentou, até chegou a virar ídolo, mas nem sequer foi capaz de levar o simpático clube de volta à elite.

O fato é que Rosas rodou, rodou e rodou e jamais sentiu novamente o gosto de jogar na primeira divisão do futebol espanhol. Nunca foi cogitado para um dos grandes locais e até mesmo os médios e pequenos da elite não se preocuparam em tê-lo em campo. Consolidou-se, mesmo, como um jogador menor. “Passei do ‘menino bonito do Barcelona’ à Segunda Divisão B [a terceirona local]”, declarou o próprio Rosas ao El País em entrevista de 2009.

Hoje, depois de uma passagem pelo Murcia, Rosas está de volta ao Salamanca – o time contra quem estreou pela equipe principal do Barcelona e foi seu segundo destino no início da sua peregrinação pós-Barça. Como se poderia esperar, não está empolgando. O Salamanca faz péssima campanha, ocupando a zona de rebaixamento, e Rosas foi às redes uma única vez. Se permanecer no clube – pouco provável, já que não vem agradando – é possível que Rosas volte a sentir as agruras de jogar a terceira divisão.

Em entrevistas recentes, Rosas comenta que comumente é abordado pelos outros jogadores dos clubes em que atua e é obrigado a falar sobre os insucessos de sua carreira, discutir o “o que não deu certo?”. Tal situação é inevitável. O futebol espanhol passa pelo melhor momento de sua história – quem imaginaria a seleção da Espanha ganhando Eurocopa e Copa do Mundo, e o Barcelona encantando o planeta com sua base formada por atletas revelados pelo próprio clube? – e muitos dos protagonistas deste instante de ouro foram parceiros de Rosas na época de seus inícios no futebol.

Mais que isso: foram fãs dele, já que Rosas era a verdadeira estrela da companhia no final da década passada.

Mario Rosas
Nome completo: Mario Alberto Rosas Montero
Data de nascimento: 22/05/1980
Local de nascimento: Málaga, Espanha
Clubes que defendeu: Barcelona, Alavés, Salamanca, Numancia, Cádiz, Girona, Castellón, Murcia

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Eternas promessas: Alberto Rivera

Colega de base de Raúl no Real Madrid, Rivera caiu no esquecimento (AS)

Na temporada da conquista do título espanhol 1994/95 pelo Real Madrid, o atacante Raúl surgia para o mundo do futebol, sendo eleito como a revelação daquele campeonato. Naquela mesma época, a futura lenda merengue faria seu primeiro gol no dérbi com o Real, se tornando o mais jovem a marcar pelo clube, com 17 anos e 131 dias. O recorde foi derrubado mais cedo do que se poderia imaginar.

Dentre jovens lançados por Jorge Valdano, estava o volante Alberto Rivera, que naquela mesma campanha, quebraria o recorde de Raúl e parecia poder ser aproveitado da mesma forma que o colega - que depois se tornaria um dos maiores jogadores da história do Real. Com uma única aparição naquela temporada, Rivera seria aproveitado na equipe principal novamente, vagando pelas equipes C e Real Madrid Castilla (o time B), até deixar o Bernabéu com apenas quatro partidas pela equipe principal em quase oito anos. O talentoso meio-campo ainda seria importante em campanhas de outras equipes de menor expressão como Levante e Betis. Mas bem distante de todas as glórias alcançadas pelo colega famoso de base.

Formado nas canteras do próprio Real Madrid, Alberto Rivera teve uma chance que soa improvável na equipe merengue da atualidade, de elenco repleto de estrelas do futebol mundial: com o Campeonato Espanhol de 1994/95 ganho, o técnico Jorge Valdano resolveu dar chance para o garoto, um volante que também gosta de apoiar o ataque quando necessário.

Valdano já tinha dado chance para Raúl, então um garoto, estrear naquela mesma temporada, na qual ele marcou impressionantes nove gols no Espanhol, com pouco mais de 17 anos. Porém, o recorde de goleador mais jovem, conseguido pelo atacante naquela mesma temporada - quando marcou diante do Atlético de Madrid - cairia na mesma temporada, algumas partidas depois. Aos 17 anos e 111 dias, Rivera marcou na vitória diante do Celta de Vigo e se tornou o mais jovem atleta a marcar pelo Real, marca que permanece até hoje. À época, era também o mais jovem a marcar na liga espanhola – marca quebrada apenas em 2003, pelo meia Xisco, do Valencia.

Em alta pela ótima estreia, o volante retornou ao time C para pegar mais experiência para um futuro retorno ao elenco principal. Em 1995/96, fez boa temporada, que lhe deu vaga para o Real Madrid Castilla, onde atuou por três anos. Ainda sem chances no time principal, foi emprestado ao Numancia, na temporada 1999/2000. Nos Rojillos, foi uma das principais peças do time que evitou o descenso para a segunda divisão. Porém, a boa temporada fora do clube merengue não foi suficiente para que Rivera emplacasse uma série de jogos no Real Madrid de 2000/01 (que já tinha seu colega de cantera Raúl mais do que consagrado na equipe). Apenas três partidas e um novo empréstimo, desta vez para o Olympique de Marseille.

Apesar da passagem regular, a estadia de Rivera em Marselha não deixou saudades. Não conseguiu se firmar na equipe titular, mas ainda assim conseguiu marcar dois gols em 12 partidas. Contudo, o nono lugar na Ligue 1 de 2001/02 trouxe uma reformulação ao OM e o volante foi devolvido ao Real, que acabou vendendo seus direitos ao Levante, integrante da segunda divisão espanhola. A versatilidade de Rivera no auxílio à defesa e o apoio ao ataque fez com que logo ele se tornasse uma das principais figuras dos Granotes. Quase conseguiu o acesso em sua primeira temporada no clube. E foi de grande valia na temporada seguinte, que marcou o retorno do clube após 40 anos à primeira divisão, ao marcar 11 gols – marca elevada, em se tratando de um volante. Também foi a primeira temporada em que trabalhou com o técnico Manuel Preciado, com quem desenvolveu boa relação pessoal.

Em 2004/05, conseguiu novamente se destacar ao marcar cinco gols no Espanhol, mesmo com o Levante retornando para a divisão de acesso. Precisando reduzir gastos após a queda, o clube aceitou a proposta de 3,4 milhões de euros do Betis - prestes a disputar a Liga dos Campeóes da temporada seguinte após uma ótima quarta colocação no Espanhol. Era uma boa vitrine para o futebol crescente de Rivera. Titular em todas as partidas do Betis no torneio continental, não conseguiu ajudar a equipe até a classificação à fase seguinte, em um grupo que contava com Chelsea e Liverpool. Ainda assim, ficou no terceiro posto da chave e garantiu uma vaga na Copa da Uefa, na qual a equipe caiu diante do Steaua Bucareste, nas oitavas de final. As boas jornadas nos béticos renderam ao volante sua primeira convocação para a Espanha de Luís Aragonés, em outubro de 2005.

Rivera ficaria por quatro temporadas na equipe de Sevilha. Após o bom início, ele foi perdendo espaço gradualmente, aliado à crise que o clube atravessou no final da década passada. Com a queda concretizada para a segundona, em 2008/09, o volante decidiu não renovar seu vínculo com o Betis e numa transferência livre, rumou ao Sporting Gijón, a pedido do técnico Preciado, velho parceiro de Levante. Novamente, foi titular absoluto do treinador na equipe, que conseguiu se manter na elite espanhola para 2010/11. Disputou 34 das 38 partidas e anotou um gol.

Rivera acumula duas convocações para a seleção espanhola, mas nunca defendeu a equipe principal em campo. A primeira chamada veio em novembro de 2005, para a partida das Eliminatórias para a Copa de 2006, contra a Eslováquia. Antes disso, integrou a equipe sub-18 da Fúria, da qual, curiosamente, é um dos maiores artilheiros da história, com sete gols, entre 1995 e 1996. Esteve na equipe vice-campeã do Europeu Sub-19 de 1995/96, que se classificou ao Mundial Sub-20 do ano seguinte, disputado na Malásia. No torneio, Rivera foi um dos destaques da Espanha - que perdeu da Irlanda nas quartas de final por 1 a 0. Marcou gols contra a Costa Rica (fase de grupos) e Canadá (oitavas). Apesar de algumas glórias na carreira, ficou muito distante do que se suponha. Basta olhar até onde foi o ex-companheiro Raúl.
Texto de André Augusto

Alberto Rivera
Nome completo: Alberto Rivera Pizarro
Data de nascimento: 16/02/1978
Local de nascimento: Puertollano, Espanha
Clubes que defendeu: Real Madrid, Numancia, Olympique Marseille, Levante, Betis e Sporting Gijón