segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Futebol ofensivo

Antes de mais nada, gostaria de pedir de desculpa pela escassa atualização no blog nos últimos meses. De fato, o tempo está pegado para mim até em janeiro. Ainda que num período menor, no entanto, uma coisa eu prometo: não deixarei esse espaço acabar, atualizando-o semanalmente. Aproveitem e conheçam um projeto no qual faço parte há mais ou menos cinco meses, o Doentes Por Futebol, clicando aqui.

Vitória da Real Sociedad ante o Barcelona não surpreende (AP Photos)

2006/2007 foi a última temporada que uma equipe sem ser Barcelona e Real Madrid conseguiu disputar o título com a dupla até a rodada final. Naquela temporada, o Sevilla de Juande Ramos demonstrou poder de força ao ganhar Copa do Rei e Copa da Uefa e terminar em terceiro na Liga com 71 pontos, cinco a menos que os gigantes. Na temporada posterior, o Villarreal até ficou à frente do Barcelona (dez pontos), num campeonato decidido com quatro rodadas de antecedência - o Real Madrid, campeão, ficou oito pontos à frente do Submarino Amarelo. 

A monopolização da Liga Espanhola nos últimos anos criou uma espécie de preconceito por parte de quem não assiste. "Ah, mas só tem Barcelona e Real Madrid", diz um. Está mais que claro que a diferença deles para os demais é abissal, o que não quer dizer que o campeonato vive só de jogos de merengues ou blaugrana. E é esse motivo que me leva à criação desse texto. Sobretudo na atual temporada, quase 80% das equipes do futebol espanhol tem adotado uma proposta de jogo ofensiva, baseada no estilo direto de buscar o gol. É algo que vem em ascensão desde o início do Barcelona de Guardiola e, consequentemente, do período vencedor da seleção espanhola.

É claro que, atualmente, a Liga BBVA está muito longe da Premier League e da Bundesliga como campeonatos, em geral. A média de público do campeonato espanhol é muito inferior aos campeonatos da Inglaterra e da Alemanha, muito por causa dos altos ingressos cobrados pelos clubes. Nem o líder Barcelona tem atraído muitos fãs em alguns locais em relação às temporadas anteriores. Em setembro, na visita ao Getafe, pouco mais de dez mil pessoas acompanharam a vitória azulgrená por 4x1 com dois gols de Messi. No aspecto técnico, no entanto, a diferença não é tão notável. Dentro de campo as equipes da primeira divisão têm proporcionado jogos agradáveis.

Um exemplo recente foi o duelo entre Real Sociedad e Deportivo há uma semana. Lanterna do campeonato, o Deportivo foi a San Sebastián disposto a vencer, enquanto os mandantes crescem atuando no Anoeta, onde tiraram a invencibilidade do Barcelona neste sábado. O 1x1 foi pouco porque os dois times pecaram na finalização, mas o duelo divertiu o público e quem assistiu. Foram mais de 30 chutes a gols, 56% da posse de bola para os bascos e aplausos ao término da partida. A mentalidade ofensiva da Real, adquiridade desde a chegada do hoje contestado Phillipe Montánier, apelidado na França de Guardiola francês, vem colhendo frutos à equipe, que hoje briga por uma vaga na Liga Europa, e tira o melhor de seus principais jogadores, como Vela, Griezzmann e o subestimado Xabi Prieto.

Athletic Bilbao no Old Trafford em 2011-2012: aula de futebol ao Manchester United (BBC)

Na temporada passada, o Athletic Bilbao de Bielsa chamou a atenção da Europa pela proposta de jogo levada a campo. Alcançou as finais da Copa do Rei e da Liga Europa, mas perdeu para o Atlético de Madrid e Barcelona. Ainda assim, fica na cabeça dos torcedores a lembranças das classificações ante Manchester United e Schalke 04. Em sua visita a Old Trafford, os Leones mostraram duas virtudes irrefutáveis. A primeira foi individual, de ótimos jogadores como Javi Martínez, De Marcos, Muniain, Susaeta e Llorente, que derrubaram o conceito preconceituoso de que o clube, limitado a atletas bascos, não pode competir em alto nível. A segunda e mais importante foi coletiva: os habituais ataques em bloco, pressão à defesa adversária e zelo com a posse de bola que fazem de Marcelo Bielsa um treinador brilhante. Atualmente, os bilbaínos fazem temporada muito abaixo da média, muito pelo fato dos problemas internos terem refletixo nas atuações em campo. O jogo não flui, as peças-individuais não brilham, mas mesmo assim a equipe não abdica do estilo de jogo que encantou o futebol europeu na temporada passada.

A grande ironia disso tudo, talvez, é que a Liga Espanhola mais agradável para se assistir nos últimos anos já parece ter um campeão definido. O Barcelona, que está oito pontos à frente do Atlético de Madrid e 15 do Real Madrid, não deve deixar o título escapar. O virtual campeão tenta agora alcançar e ultrapassar os registros do Real Madrid de José Mourinho, que é, nos números, o maior campeão espanhol da história. As atenções se voltam à disputa por vagas na Liga dos Campeões. Além do Barcelona, é difícil imaginar a dupla de Madrid de fora do torneio, o que faz restar uma última vaga. Atualmente, Bétis, Rayo, Valencia e, em menor proporção, Levante e Real Sociedad se mantém na disputa. Em comum entre eles, além do esquema tático (4-2-3-1), está o estilo de jogo ofensivo.

Os milionários elencos de Barcelona e Real Madrid e a criticada divisão de receitas das cotas de televisão tendem a ainda deixar, pelos próximos anos, a Liga BBVA bipolarizada - a não ser que campanhas como a do atual Atlético de Madrid apareça no meio do caminho. No entanto, as demais equipes apresentam espírito competitivo das demais equipes e um estilo de jogo atrativo. Assim, a Liga Espanhola, definitivamente, tem argumentos para ganhar novos fãs e diminuir o preconceito por quem não assiste.

3 comentários:

  1. Vc falou das equipes espanholas que eu mais gosto de ver, e de ler, que é o A. Bilbao e a R. Sociedad, como vc disse, jogam um futebol ofensivo, lembrando ainda da boa fase do Sevilla, do Villarreal e do atual A. de Madri.

    Realmente dá gosto de verem jogar.

    Vc ainda não escreveu nada sobre a contratação do Guardiola pelo Bayer, foi ago que pegou muitos de surpresa, pelo menos para mim.

    Já que vc citou, vc deve falar tbm do Phillipe Montánier, o Guardiola francês. Técnicos que privilegiam o futebol ofensivo, devem ser ovacionados. Uma matéria só sobre ele.

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  2. Colocarei em pauta essa sugestão sobre o Montannier. Apesar de estar sendo contestado, foi quem fixou o estilo de jogo atual na Real Sociedad.

    Sobre Guardiola, posso falar algo, mas o Bayern de Munich não faz partes dos assuntos do blog, hehe.

    Abraço!

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  3. O Bayer não, mas Guardiola sim, ele é espanhol hehehehe.

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