sexta-feira, 28 de outubro de 2011

10ª rodada: Encantando

Jogando bonito, o Real Madrid encanta: contra o Villarreal, o resultado foi construído com meia hora de jogo (getty images)

Real Madrid 3x0 Villarreal
Encantador é a palavra que define o futebol do Real Madrid. Jogando numa intensidade bem alta, os merengues passaram com facilidade pelo Villarreal. O resultado foi construído nos primeiros 31 minutos de jogo, quando o Real Madrid, marcando sob pressão, não deixou o Villarreal tocar a bola e sair para o jogo. Di María, melhor em campo, lançou Benzema a mais de 30 metros para o francês fazer o primeiro gol, tocou entre Musacchio e Bruno para Kaká ampliar e, após um contra-ataque perfeito, deixou o seu e carimbou o resultado. A velha incógnita sobre os três homens titulares da linha de três parece estar chegando ao fim com a bela partida do argentino e do brasileiro. Özil, pelo visto, deve deixar de vez a titularidade, embora Mourinho, após a partida, voltara a afirmar que, nesse Real Madrid, não há jogadores titulares e reservas: com talento à disposição, todos irão jogar.

Derrota e na antepenúltima colocação, a palavra rebaixamento já começa a virar realidade no ambiente do Villarreal. Jogando um futebol feio, totalmente oposto aos dos últimos anos, o Villarreal não consegue emplacar e, principalmente, fazer seu jogo de passes fluir com naturalidade. Falta um Cazorla, que De Guzmán, inexplicavelmente adiantado, obviamente não consegue suprir. E, quando a fase não é boa, nada vai bem. Substituido por Marco Rúben logo na volta do intervalo, Rossi rompeu os ligamentos do tendão direito e foi operado na quinta-feira. Resultado: o ítalo-americano estará de quatro a seis meses de baixa. Sem Nilmar, também lesionado, Garrido, com a batata muito quente, terá que abrir a cabeça para escalar o ataque para enfrentar o Rayo.

Athletic Bilbao 3x0 Atlético de Madrid (Claudio Araujo)
Na melhor partida do Athletic Bilbao desde a chegada de Marcelo Bielsa, os bascos convenceram. O time do País Basco foi melhor no primeiro tempo, mas não conseguiu aproveitar as chances que teve. As melhores foram do centroavante Fernando Llorente, que não conseguia transformá-las em gols. A segunda etapa foi mais movimentada, com o Athletic voltando a desperdiçar oportunidades. Até que aos 22 minutos, Llorente finalmente abriu o placar, em boa jogada individual. Logo depois, aos 25', o artilheiro voltou a marcar, dessa vez após receber belo cruzamento de Toquero. Com o jogo caminhando para o fim, Diego fez falta perigosa perto da área do Atlético, que Ander cobrou e Toquero tratou de colocar para o fundo do gol, fazendo 3 a 0.

Enquanto o Athletic Bilbao bai dando boas vindas à boa fase, no Atlético de Madrid o clima é quente nos bastidores. Após ser substituido por Manzano, Reyes insultou o treinador no banco de reservas. Arrependido, o jogador pediu desculpas publicamente na sexta-feira, justificando que estava de cabeça quente no momento. De cabeça quente devem estar os aficionados colchoneros. Quem acompanha futebol pelos números estão preocupados com a situação do Atléti. No ano do rebaixamento rojiblanco, o Atléti apresentava números similares aos que apresenta hoje. Nas primeiras 10 rodadas da Liga, logrou 3 vitórias, um empate e cinco derrotas, tendo os mesmos 10 pontos que atualmente. A diferença é que, à essa altura da temporada, aquele Atlético apresentava uma vitória a mais (mas vale lembrar que este Atlético tem um jogo a menos).

Levante 3x2 Real Sociedad (Claudio Araujo)
O líder da Liga BBVA também vence com emoções. A Real Sociedad precisou de apenas três minutos para abrir o placar diante do Levante, que entrou em campo brigando pela liderança, mas encontrou muitas dificuldades diante dos visitantes, que impuseram forte ritmo nos primeiros minutos de bola rolando. Após a batida de Aranburu, Munúa espalmou para frente e o Estrada pegou o rebote para converter. Depois de ver o mesmo Aranburu dos primeiros minutos de jogo errar o cabeceio no início da segunda etapa, o Levante conseguiu igualar o placar apenas aos 11 minutos, quando Nano arrematou e o zagueiro Demidov desviou contra as próprias redes. Menos de cinco minutos depois, a glória foi encontrada pela cabeça de Valdo, que recebeu grande lançamento de Barkero e saltou mais alto que De La Bella para virar a favor do Levante que, a partir de então, só administrou o resultado.

A questão é que o time se acuou demais no campo de defesa e deixou o Real Sociedad fazer seu jogo com cruzamentos na área e muita movimentação. O resultado não podia ser diferente: aos 41, depois de exercer certa pressão, Iñigo Martínez voltou a deixar o placar igualado. E foi justamente Rúben, que entrou para cadenciar o jogo no meio-de-campo, o homem do gol da vitória do Levante sobre o Real Sociedad. Em cobrança de falta a mais de 40 metros de distância, o time da casa conseguiu se sobrepor ao adversário e anotou o tento da vitória, para a festa da torcida de Valencia, que levantou das cadeiras e comemorou a vitória e a liderança da Liga Espanhola.

Granada 0x1 Barcelona (Claudio Araujo)
O Barcelona não encontrou a facilidade esperada para bater o Granada. Com Iniesta e Villa no banco, Guardiola começou com Fàbregas e Cuenca, grande novidade do onze inicial. O canterano saiu-se bem em seu debut como titular da equipe blaugrana e, certamente, ganhou pontos com Guardiola. Dentrou de campo, a equipe de Guardiola tinha dificuldades de invadir a área adversária, mas não demorou para abrir o placar devido à falta de pontuaria e ao goleiro Roberto. O gol só veio aos 33 minutos, quando Xavi cobrou falta com perfeição. Acuado, o Granada pouco produziu durante o primeiro tempo. Foram só dois chutes de fora da área que pouco incomodaram Valdés. Os anfitriões voltaram com uma postura ainda mais defensiva para a etapa final, que se intensificou com a expulsão de Romero Gómez, aos cinco minutos. O Barça continuava a construir as jogadas, porém pecava nas finalizações. Keita, Iniesta e David Villa entraram em campo, mas não conseguiram mudar o panorama da partida. Antes do apito final, o Granada ainda perdeu mais um jogador expulso: González Benítez.

Sevilla 2x2 Racing Santander
É curioso e paradoxal que em um começo de Liga tão cheio de obstáculos, um calendário complicado, repleto de rivais diretos, com um Sánchez-Pizjuán lotado em um dia de semana contra o lanterna, foi ele mesmo quem roubou os primeiros pontos sevillistas em Nervión. E resulta curioso, além disso, que seja a única equipe, junto com o Villarreal, que conseguira fazer mais de um gol em Javi Varas. É curioso, ou talvez nem tanto. Porque esse Sevilla que já deixou claro que quando quer defender, defende como ninguém,t ambém evidenciou nesses nove primeiros encontros de Liga que atacar é complicado. Custa a encontrar fórmulas, vias de penetração nas zagas rivais. Tem pouca clareza para fazer o gol e, até o momento, os gols conseguidos pelos nervionenses foram rentabilizados no máximo em pontos. Se a isso for somado o cansaço (nove dos onze titulares no Camp Nou jogaram novamente), a equipe nervionense esteve com ausência de idéias. Portanto, foi mais lógico o empate. O Sevilla conseguiu ao menos se manter invicto, após nove partidas, o que não é pouco. Porém, perdeu uma chance de ouro para começar a fazer uma gordura e se estabilizar nas posições mais altas da tabela. Talvez isso dependa da margem de melhora do Sevilla no ataque. Porque é evidente que para os objetivos planejados, o time precisará atacar, e bem.

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