quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Cristiano Ronaldo de Vallecas*

Grande revelação da Liga Espanhola na temporada, o brasileiro Léo Baptistão caiu nas graças da fanática torcida do Rayo Vallecano (foto: site oficial do Rayo Vallecano)

Durante a primeira parte da Liga Espanhola, um jovem despontou como candidato máximo à revelação do campeonato. Trata-se de Léo Baptistão, um brasileiro pouco conhecido pela mídia e pelo povo brasileiro. Natural de Santos, ele desembarcou em Vallecas aos 15 anos, após passagem pela base da Portuguesa Santista. Ainda no Brasil, ele chegou a jogar com Neymar, de quem era bastante amigo. Em uma de suas recentes publicações no “Instagram”, o craque do Santos postou a foto dos dois quando criança ( Léo é o da esquerda). 

Logo após passar nos testes para o Rayo Vallecano, o brasileiro passou por um grave problema de saúde, sendo obrigado a retornar ao Brasil para tratar da doença (seu pai é médico). Ao retornar, já curado e no meio da temporada, a Federação Espanhola não aceitou a inscrição do jogador no time juvenil, o que acabou fazendo com que o Rayo o emprestasse ao San Fernando de Henares para não ficar muito parado e aprimorar a parte física. 

Na temporada seguinte, Léo retornou e foi adicionado à lista da equipe sub-17 do Rayo que iria disputar a Divisão de Honra Juvenil, o maior torneio de base espanhol, ao lado de outra grande promessa franjiroya, o ganês Lass Bangoura. Os rayistas fizeram boa campanha, mas não passaram à fase seguinte (conhecida como Copa dos Campeões) pois pararam no Real Madrid (apenas uma equipe por região se classifica à fase final). 

Apesar da eliminação ainda na primeira fase, a boa participação do brasileiro no torneio chamou a atenção de José Ramon Sandoval, à época treinador da equipe A do Rayo. Ele convidou Léo Baptistão para um período de treino com o elenco principal durante a pré-temporada. Sandoval se rendeu ao talento do jovem e o elogiou com frequência. No entanto, o destino mais uma vez influenciou negativamente sua carreira. Naquele que seria, ainda que não oficialmente, sua estreia pelo time principal, Leo Baptistão acabou lesionando a clavícula durante um amistoso contra o Sporting Gijón válido pelo Troféu de Vallecas. O resultado: Léo só iria voltar aos gramados em sete meses, perdendo assim 90% da temporada. 

Sem Sandoval, que acabou demitido ao término da temporada, o esperado era Léo ter que reconquistar a confiança do novo treinador ao longo da temporada pelo Rayo B. Porém, Paco Jemez não exitou em dar continuidade à ideia do antigo treinador, que iria promover a estreia profissional do brasileiro. Logo no retorno dos jogadores das férias, Paco teve uma conversa com Baptistão, que novamente faria a pré-temporada com o time A. Dessa vez, felizmente, tudo ocorreu bem. A melhor notícia viria há uma semana da estreia do Rayo na Liga Espanhola 2012-2013, contra o Bétis na Andaluzia: Léo viria a ser convocado para esse duelo. 

E a estreia foi a melhor possível. A confiança de Paco no jogador era tanta que ele começou com Léo entre os titulares. E o jovem não se acanhou dentro de campo. Aberto pelo lado esquerdo do surpreendente 3-4-3 rayista, ele realizou a melhor estreia possível. Logo no começo, fez uma bela jogada e assistiu Piti marcar. No segundo tempo, após o empate verdiblanco, Léo decidiu o jogo: um chutaço que garantiu a vitória do Rayo e sua estreia de ouro pelo time A. Foi o suficiente para ratificar a confiança de Paco Jémez, que o efetivou na equipe titular. 

A ascensão de Léo Baptistão foi meteórica. Em cinco meses, ele se tornou o principal jogador do time ao lado de Piti. Por seu estilo de jogo, foi apelidado de “Cristiano Ronaldo de Vallecas”* (o título do texto é  em clara alusão a esse apelido) pela fanática torcida franjiroya. Apesar de também fazer as vezes de centroavante, atua com mais saliência na ponta esquerda, onde aproveita a velocidade, o bom drible e a louvável disciplina tática. O belo início de temporada (sete gols e quatro assistências em 13 jogos) deu lugar a uma queda de rendimento natural nos últimos jogos. Uma lesão na coxa direita o afastou dos gramados por três semanas em janeiro, mas ele retornou há uma semana.

A imprensa espanhola não demorou a especular uma possível convocação à equipe de base espanhola. De cidadania espanhola, italiana e brasileira, ele nunca comentou sobre isso. Nos últimos meses, foi especulado com força no Atlético de Madrid, o segundo maior clube da capital espanhola. Os colchoneros, de acordo com o Marca, podem desembolsar seis milhões de euros por sua contratação no próximo verão. É perfeitamente plausível imaginá-lo no Atléti, já que Simeone recua Diego Costa para fazer o lado esquerdo do 4-2-3-1. No início do mês, Léo deu mais força às especulações ao ser flagrado acompanhando uma partida dos rojiblancos no Vicente Calderón. 

No Rayo Vallecano ou no Atlético de Madrid, fato é que Léo Baptistão, aos 20 anos, é um dos brasileiros que mais se destacam nos quatros cantos do mundo na atualidade. Onde quer que haja futebol, terá um brasileiro jogando.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Prévia: Milan x Barcelona

Na temporada passada, o Milan parou Messi no San Siro e segurou o 0x0 contra o Barcelona com uma pequena retranca. E agora? (AP Photos)

Por mais um ano consecutivo, o sorteio da Uefa Champions League colocou frente a frente Barcelona x Milan. Se, nos confrontos da temporada, houve um leve favoritismo ao lado do Barcelona, principalmente depois da lesão de Thiago Silva, que ficou de fora dos dois jogos, atualmente o peso do favoritismo por parte blaugrana é ainda maior. À época, no entanto, o Milan deixou a competição de cabeça erguida, após segurar os azulgrenás no San Siro com uma competente retranca e chegar a assustar os mais de 90 mil torcedores culés presentes no Camp Nou, quando Nocerino empatou a partida por 1x1, resultado que classificava os rossoneros (logo depois, Messi, de pênalti, e Iniesta decidiram a classificação barcelonista).

Pelo lado catalão, o respeito pelo time de Milão é alto. Jordi Roura, na coletiva desta segunda-feira, afirmou ser altamente difícil encarar o Milan em seus domínios. O diretor esportivo Zubizarreta, por sua vez, admitiu não estar 100% confiante na classificação e que os rossoneros merecem respeito não importa a situação. O mesmo disse o capitão Puyol, reconhecidamente um seguidor do Milan.

Para a prévia deste confronto, que terá seu jogo de ida nesta quarta, 20 de fevereiro, às 16h45 (horário de Brasília), e volta no dia 5 de março, contaremos com a colaboração, por mais uma vez, dos parceiros do Quattro Tratti, especializado no calcio italiano. Quem fala sobre o Milan é Arthur Barcelos. Boa leitura.

A temporada até aqui
Milan: Depois de um início tenebroso, com seis derrotas, dois empates e apenas quatro vitórias, gerando um aproveitamento de 33,3%, o time de Massimiliano Allegri vem conseguindo se recuperar na Serie A. Nos últimos 13 jogos pelo campeonato, o Diavolo teve um aproveitamento de 69,2%, com nove vitórias, três empates e apenas uma derrota, marcando 26 gols e sofrendo outros 15. Atualmente, o clube de Milanello é o quarto colocado, com 44 pontos em 25 jogos, empatado com a Lazio, a última equipe na zona de classificação para a próxima Champions League. Pela Coppa Italia, o Milan parou nas quartas de finais, contra a Juventus, após ter batido sem dificuldades a Reggina nas oitavas. Já na fase de grupos da Champions, os comandados de Allegri fizeram campanha irregular, surpreendidos pela ótima campanha do Málaga, conseguindo uma vaga no mata-mata apenas na penúltima rodada.

Barcelona: Líder isolado e virtual campeão da Liga Espanhola, nem tudo foi mil maravilhas para o Barcelona no início da temporada. Sem Josep Guardiola, que em abril, logo após a eliminação para o Chelsea, havia anunciado que não renovaria seu contrato para 2012-13, a equipe demorou a engrenar. Em campo, Tito Vilanova não mexeu na filosofia de jogo de Pep, dando continuidade ao estilo do ex-treinador. No entanto, o jogo encantandor dos últimos quatro anos não fluia. Especialmente na Uefa Champions League, o Barcelona não convencia. O estopim foram dois jogos muito abaixo da média contra o Celtic, que resultou em uma derrota por 2x1 e uma vitória pelo mesmo placar com o gol da vitória aos 47 minutos do segundo tempo, através de Jordi Alba. A perda da Supercopa para o Real Madrid, quando foi amplamente dominado pelo time de Mourinho, foi moralmente absorvida pela campanha louvável em âmbito doméstico: enquanto os merengues iniciaram a temporada pecando na busca pela manuntenção do título, os blaugranas, por sua vez, firmaram o melhor início de um time em toda história do campeonato, vindo a perder sua invencibilidade apenas na primeira rodada do returno (derrota para a Real Sociedad por 3x2 no País Basco). Pela Copa do Rei, o Barça conseguiu boa vantagem ao empatar contra o Real Madrid no Bernabéu por 1x1.

Pontos fortes
Milan: A sequência de bons resultados deve dar um gás a mais para a equipe milanesa, mas são poucos os pontos fortes do atual Milan. Allegri tem no jovem El Shaarawy sua principal arma ofensiva, o artilheiro do time na Serie A e na Champions League, com 15 e 2 gols, respectivamente, contribuindo também com 4 assistências na temporada. Outros destacáveis dos rossoneri são Montolivo, Constant e De Sciglio. O primeiro vem rendendo bem na função de regista, correspondendo as expectativas, enquanto o segundo, por sua vez, talvez seja a grande surpresa na temporada, indo bem na lateral esquerda, e mesmo lhe faltando técnica, compensa com entrega e bom posicionamento. Já o último é a grande revelação do Diavolo, fazendo valer toda a expectativa criada após seu ótimo desempenho na base rossonera, desbancando o antes titularíssimo Abate e conquistando, inclusive, uma lembrança de Prandelli na Nazionale.

Barcelona: Lionel Messi e Andrés Iniesta vivem estados de graça. O primeiro, eleito pela quarta vez consecutiva o melhor jogador do mundo pela Fifa e France Football no início de janeiro, caminha para registrar sua melhor temporada nos números, após assombrosos 72 gols na temporada passada - 91 no ano. São 48 gols em 36 jogos, uma média de 1.33 por partida. Iniesta, por sua vez, é o motor do time. Adaptado ao setor esquerdo do ataque, em uma tentativa de encaixar Fàbregas no meio-campo, o espanhol, segundo muitos especialistas, faz a melhor temporada de sua carreira. Impulsionado pelo título e o troféu de MVP da Eurocopa, o camisa 8 é fundamental para o esquema do treinador, fazendo ótima parceria com Jordi Alba pelo lado esquerdo. Fàbregas é outro grande nome do Barça na temporada. Após um início fulminante, ele caiu de rendimento nos últimos jogos, mas nada de tão impressionante. Por outro lado, quem cresceu consideravelmente na temporada foi Xavi. O camisa 6 começou de maneira tímida, não tão dominante no meio-campo, mas desde dezembro tem feito partidas com selo Xavi.

Pontos fracos
Milan: Apesar do bom momento dos últimos quatro meses, o time de Allegri não apresenta bom futebol, que, certamente, não enche os olhos dos rossoneri. Suas vitórias geralmente vêm de placares apertados e/ou decididos no final dos 90 minutos, tendo muitas dificuldades contra equipes que jogam mais fechados e que usam contra-ataque e bola longa. O Milan tem a segunda maior média de posse de bola, 57,9%, atrás apenas da Juventus, contudo apresenta problemas quando com a posse, aproveitá-la para abrir espaços na defesa adversária, fazer infiltrações, chutar ao gol e, claro, converter suas chances, mesmo tendo o quarto melhor ataque da Serie A, 34% de gols do menino El Shaarawy, sobrecarregado no ataque. Balotelli, contratado no mercado de inverno, conseguiu amenizar um pouco a situação, marcando quatro gols em três jogos, porém não poderá jogar pelo Diavolo na Champions League, por já ter atuado pelo Manchester City. Não bastasse isso, a defesa segue falha, especialmente os zagueiros. Os veteranos Mexès, Yépes e Bonera não conseguem substituir a altura Nesta e Thiago Silva, e ainda apresentam certa irregularidade, enquanto Zapata não consegue repetir as atuações dos tempos de Udinese, também apresentando irregularidade.

Barcelona: Desde a Era Guardiola a zaga não inspirava confiança. Com Tito Vilanova tem exagerado. Os erros são múltiplos e cruciais. A recomposição é feita com muita lentidão, o que gera muitas bolas nas costas, sobretudo pelo lado de Daniel Alves, lateral que ataca com mais frequência que Alba, o lateral esquerdo. O catalão, talvez, seja o grande destaque desse sistema defensivo. Inteligente taticamente, ele comete poucos erros e ajuda substancialmente o ataque. Com Puyol apto, a melhoria é considerável, porém não garante 100% de confiança. Piqué, após bom início de temporada, voltou a falhar em janeiro, mas ganhou moral após anular Cristiano Ronaldo no superclássico de três semanas atrás. Outro ponto fraco conhecido desse time do Barça é a dificuldades de encarar retrancas. A eliminação para o Chelsea ratificou essa deficiência. Contra o próprio Milan, pelas quartas-de-finais da LC 2011-12, os azulgrenás passaram por dificuldades no San Siro, quando os rossoneros retraíram as linhas e diminuiram os espaços de Messi e Xavi. 

Expectativas
Milan: Bom momento, futebol burocrático, as expectativas do Milan contra o líder espanhol e soberano Barcelona não são das melhores. Contra o eficiente time de Tito Vilanova, Allegri já não conta mais com Ibrahimovic e Thiago Silva, além da disposição tática da equipe das últimas duas temporadas, fatores que seriam fundamentais contra o clube catalão, que também vem apresentando problemas na defesa, problemas esses que poderiam ser explorados pelo trio Niang-Balotelli-El Shaarawy, que não poderá se repetir nos dois confrontos pela ausência do camisa 45. Além de tudo isso, o retrospecto da equipe de Milanello contra o Barcelona também pesa contra: nos últimos seis jogos, foram três vitórias dos culés, sendo duas em pleno San Siro, e três empates. Os comandados de Allegri terão de se superar caso ainda sonhem com o avanço para as quartas, mas pelo visto as atenções do time de Berlusconi estão todas voltadas para a Serie A, na briga por uma vaga na próxima Champions.

Barcelona: O Barcelona recuperou o bom futebol dos últimos tempos, após um fraco início quanto ao desempenho em campo, e chega ao confronto com muita confiança e com o peso do favoritismo ao seu lado. 12 pontos à frente do vice-líder Atlético de Madrid, os azulgrenás podem se concentrar com mais atenção à competição europeia. O treinador Tito Vilanova não estará presente nos confrontos devido a uma ida a Nova York para o início da quimioterapia para curar o câncer. O auxiliar Jordi Roura, nos últimos três jogos, tem feito alguns turnovers no time titular especialmente para evitar algumas lesões, principalmente de jogadores "frágeis" fisicamente, casos de Iniesta, Fàbregas, Daniel Alves, Puyol e Xavi. Em quatro confrontos contra o Milan na temporada passada, o Barcelona venceu dois, enquanto os outros dois terminaram empatados. Por tudo que as equipes vem apresentando na atual temporada, é fácil imaginar os catalães avançando de fase com certa facilidade. Mas uma camisa como a do Milan merece respeito, como frisou Roura na coletiva pós-jogo contra o Granada, no sábado.

Prováveis escalações
Milan: Abbiati; De Sciglio (Abate), Mexès (Zapata), Yépes, Constant; Nocerino, Montolivo, Boateng (Muntari); Niang, Pazzini (Bojan), El Shaarawy. Técnico: Allegri.

Barcelona: Víctor Valdés; Daniel Alves, Piqué, Puyol, Alba; Busquets, Xavi, Fàbregas; Pedro, Messi, Iniesta. Técnico: Jordi Roura

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Difícil, mas não impossível

Pellegrini fracassou no Real Madrid e alcançou a semifinal com o Villarreal. Agora no Málaga, espera surpreender o Porto (El Desmarque)

O Málaga iniciou a temporada sob dúvidas. Recheados de problemas extracampos provenientes do sheikh Abdullah Al Thani, infestado de dívidas, o clube pouco gastou na recomposição do elenco e esteve a um passo de perder o técnico Manuel Pellegrini. Logo nos dois jogos qualificatórios para a fase de grupos do principal torneio de clubes do mundo, contra o Panathinaikos, a equipe mostrou um amadurecimento fantástico para quem disputava uma competição desse porte pela primeira vez. 

Na fase de grupos, mais duas pedreiras: o reforçado Zenit e o nem tão reforçado mas um gigante que sempre merece respeito Milan, além do Anderletch, que completou o grupo C. E, novamente, atuações mágicas, como no 3x0 ante os russos no La Rosaleda e o 1x0 ante os rossoneros no mesmo estádio. Na Liga Espanhola, a equipe começou a mil nos primeiros dois meses, e a queda recente era esperada. No entanto, a vitória por 1x0 contra o Athletic Bilbao no último sábado pode ter servido para abastecer a moral de um elenco que, há quase dois meses, foi impedido pela UEFA de participar das próximas edições da UCL. Quarto colocado da Liga Espanhola, o Málaga ainda tem esperanças de que a entidade volte atrás na decisão. 

Amanhã, às 16h45, os blanquiazules fazem o primeiro dos dois principais jogos de sua história. Contra o  Porto, principal time de Portugal e líder da Liga Sagres com 43 pontos ao lado do Benfica, é preciso ter bastante cuidado com o colombiano Jackson Martínez, artilheiro máximo do campeonato português com 20 gols. Em grande fase na carreira, o atacante de 26 é ameaça real à defesa andaluza. Quem também precisará ter atenção especial é João Moutinho, o principal articulador de jogadas do time. Há quase um mês, Xavi teve uma de suas principais atuações na temporada exatamente contra o Málaga, quando atuou solto em campo. Não cometer o mesmo erro contra um jogador de característica semelhante ao do catalão é necessário para obter um resultado favorável.

Pelo lado andaluz, o grande destaque fica por conta de Isco Román, que assegurou com perfeição a condição de protagonista deixado por Santi Cazorla, que rumou ao Arsenal. Sobretudo em âmbito europeu, o melhor jovem espanhol da atualidade tem feito excelentes partidas. É nele a aposta dos torcedores para os confrontos. Pelo lado direito do 4-2-3-1 blanquiazul, Joaquín, que renasceu após temporadas opacas, é outra grande ameaça. A defesa, a menos vazada do campeonato espanhol, tem no goleiro Caballero seu principal ponto. Em grande fase na carreira, o arqueiro vem sendo essencial nos últimos jogos. Sua atuação no San Mamés foi louvável. Outro ponto positivo foi o bom retorno de Júlio Baptista. O brasileiro, que ficou parado quase 16 meses, tem sido escalado no auxílio a Saviola ou, como no jogo de sábado, na função do argentino.  

Paradoxalmente, o Málaga tem de lidar com um seu ponto fraco: o lado esquerdo de sua defesa. Desde que Monreal deixou a Costa do Sul rumo a Londres para defender o Arsenal, o treinador Manuel Pellegrini encontrou problemas e muitas dores-de-cabeças. Eliseu foi improvisado, mas passou por apuros. Nos últimos dois jogos, Antunes jogou os 90 minutos, mas a confiança do argentino no português não é das maiores. No último treinamento antes do duelo, a aparição de Jesus Gámez foi a grande surpresa. E é exatamente por esse setor que joga o jogador mais arisco do Porto: o colombiano James Rodríguez. O ponta direita canhoto de extrema habilidade tem uma boa finalização e uma ótima visão de jogo. No entanto, é dúvida para o duelo por conta de uma lesão. Vitor Pereira o irá esperar até a última hora.

Na coletiva de imprensa, Pellegrini mostrou-se confiante, apesar dos elogios aos portugueses. "Demonstramos na atual edição da Champions League que somos capazes de surpreender. Sinceramente, o Porto é uma grande equipe, mas se avançarmos de fase não será nenhuma zebra", disse. Pelas palavras ditas no término da coletiva ("a eliminatória deve ser decidida em Málaga. é meu desejo"), o treinador deve levar a campo uma escalação mais preservada para o confronto desta terça-feira, no estádio do Dragão. Não será surpresa se Pellegrini abdicar de um centroavante (Saviola ou Santa Cruz) e colocar Júlio Baptista de falso nove, escalando Portillo (Eliseu está lesionado), Toulalan e Iturra juntos no meio-campo. 

A facilidade para cuidar da posse de bola e para explorar a velocidade, sobretudo em jogos fora de casa, pode levar o Málaga a um resultado positivo em Portugal. Se o time de Vítor Pereira adiantar as linhas, haverá o trio de meio-campo mais Júlio Baptista para contra-atacar. Foi exatamente dessa maneira o Villarreal de Pellegrini por um triz não alcançou uma surpreendente final de Champions League em 2005-2006. As classificações do Submarino Amarelo diante de Rangers e Internazionale e a quase classificação perante o Arsenal de Henry se encaixam nas declarações do argentino. Ele quer reviver aquele cenário que quase o levou a glória?

Prováveis escalações
Porto: Helton; Danilo, Otamedi, Mandala, Alex Sandro; Lucho González, Fernando, João Moutinho; James Rodríguez (Atsu), Varela, Jackson Martínez.

Málaga: Caballero; Sérgio Sánchez, Demichelis, Welington, Antunes (Jesus Gámez); Toulalan, Iturra; Joaquín, Isco, Júlio Baptista; Saviola/Santa Cruz (Portillo).

Obs: mantive a escalação habitual do Málaga, apesar de ter deixado claro no texto que não seria surpresa um onze inicial mais preservado com a entrada de Portillo e o deslocamento de Baptista à referência do ataque.