quinta-feira, 4 de julho de 2013

Entrevista: Guilherme Siqueira

Guilherme Siqueira. Foto: Marca

Pela segunda temporada consecutiva, o Granada escapou do rebaixamento nas rodadas finais. Em 2011-2012, uma série de fatores salvaram a equipe da Andaluzia do inferno da Liga Adelante, mesmo com a derrota na última rodada para o Rayo Vallecano. No entanto, em 2012-2013, o time se salvou por conta própria. Ao vencer o Osasuna por 3x0 no Nuevos Los Carménes, o Granada sentenciou sua manuntenção na elite espanhol. E um personagem merece destaque nessa "conquista" do time treinado por Lucas Alcaraz: o lateral esquerdo brasileiro Guilherme Siqueira, autor do terceiro gol da partida contra o Osasuna, após um pênalti batido de cavadinha.

Natural de Florianópolis, Siqueira começa a ganhar respeito no futebol europeu no geral. Eleito uma das revelações do campeonato pelo site da Uefa em 2012, a cada abertura de janela de transferência ele é sempre cogitado para reforçar equipes de tradição como Valencia e Benfica, além de já ter sido sondado pelo Manchester United, mas os dirigentes do clube Filipino renovaram o contrato dele para segurá-lo no elenco do time principal. Guilherme praticamente não jogou no futebol brasileiro. 

Em 2005, quando tinha 18 anos, foi negociado com a Inter de Milão. No futebol italiano, também teve passagens por Lazio e Udinese, antes de chegar ao futebol do país das touradas. O periódico espanhol Ideal, em fevereiro deste ano, publicou uma matéria que a comissão técnica da seleção espanhola estudou a possibilidade de convocá-lo à Fúria, embora Vicente Del Bosque nunca tenha confirmado tal especulação.

O blog entrevistou o jogador, gerenciado pela Assessoria de Imprensa, que intermediou a entrevista. Abaixo, confira a entrevista com Guilherme Siqueira.

Nos últimos anos, os brasileiros Thiago Alcântara e Marcos Assunção se naturalizaram espanhol. Visto que a lateral esquerda é, talvez, uma das lacunas da seleção espanhola, caso aparecesse uma proposta para se naturalizar espanhol, você toparia? 
Guilherme Siqueira: Toparia sim. Estou esperando sair a nacionalidade para ter essa opção. Hoje tenho a nacionalidade italiana. 

Dos quatro laterais convocados por Felipão para a disputa da Copa das Confederações, três atuam no futebol espanhol (Daniel Alves do Barcelona, Marcelo do Real Madrid e Felipe Luís do Atlético de Madrid). Você ainda acredita em vaga na seleção brasileira?
Guilherme Siqueira: Sei que aqui no Brasil poucas pessoas me conhecem. Prefiro ir passo a passo na Europa. Sei que se meu trabalho for bem feito lá fora a recompensa vai chegar. 

Você iniciou sua carreira nas divisões de base do Figueirense e dois anos depois se transferiu ao rival Avaí. Qual foi o motivo dessa mudança? 
Guilherme Siqueira: Eu fui vendido com 16 anos, mas até os meus 18 anos eu não poderia sair do Brasi. Então para estar em atividade e perto da minha família acabou surgindo a possibilidade de assinar com o Avaí. 

Guilherme, até você se estabilizar no Granada, você passou por quatro times no futebol italiano. Qual o grande problema que você encarou para não se adaptar da forma que se adaptou no futebol espanhol na Itália? Pesou a questão do idioma, por exemplo? 
Guilherme Siqueira: O idioma não foi o meu problema. Com três meses de Itália eu já falava o idioma fluentemente. Eu acho que o estilo de jogo e as lesões foram os principais aspectos. 

Guilherme Siqueira ao lado de Marcelo (Divulgação/AV Assessoria de Imprensa)

Na Espanha, por sua vez, você não tardou a cair na graça das torcidas. O que te proporcionou essa adaptação tão fácil ao futebol europeu? 
Guilherme Siqueira: Desde que eu cheguei na Espanha a minha vida mudou completamente. Hoje tenho a felicidade de jogar na primeira divisão do melhor futebol do mundo. Sou feliz e reconhecido. Todo esse meu sucesso atual eu devo ao Granada. Se hoje tenho uma estabilidade é graças a esse clube. 

Ano após ano, seu nome é ligado a uma especulação no Manchester United. Quanto ao futuro: até quando vai seu contrato com o Granada? Você pretende renová-lo? 
Guilherme Siqueira: Eu renovei ano passado com o Granada por cinco temporadas. Tenho ainda mais 4 anos de contrato. Se vou cumprir não sei porque não depende só de mim. Mas acho que se chegar alguma proposta que seja boa para o clube e para mim, eu acredito que seria o momento ideal de aspirar novos objetivos. 

Por mais um ano consecutivo, o Granada conseguiu se salvar e permanecer na primeira divisão. Para você, o Granada pode chegar a brigar por alguma vaga na Liga Europa na próxima temporada? 
Guilherme Siqueira: O Granada a cada ano que passa vem se estabilizando mais na primeira divisão. Acho que falar de Liga Europa ainda é muito cedo. No entanto, com o projeto que os donos desse clube vem fazendo não seria nenhuma loucura eu falar que dentro de dois ou três anos o Granada poderia brigar por essas posições. 

Você costuma enfrentar frequentemente Real Madrid e Barcelona, que conta com dois melhores jogadores do mundo, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Por jogar mais do lado direito do campo, dificilmente você marca individualmente o português. Por outro lado, o combate com o camisa dez do Barcelona é maior. Qual a maior dificuldade em encarar o Messi?
Guilherme Siqueira: O Messi é o jogador mais imprevisível do mundo. Ele pode sair pela sua direita ou esquerda. Então você nunca sabe o que ele pode fazer em determinadas partes do jogo. Além da sua baixa estatura é muito difícil de derrubá-lo. O melhor a ser feito é uma marcação coletiva em cima dele e não deixar ele cômodo dentro de campo. 

E quem é melhor: Messi ou Cristiano Ronaldo? 
Guilherme Siqueira: São os dois melhores do mundo, mas tem características diferentes. Nessa vou ficar em cima do muro (risos).

terça-feira, 18 de junho de 2013

Os melhores da Liga BBVA 2012-2013

Após as revelações, chegou a vez dos melhores. O Quatro Tiempos votou para eleger os melhores da temporada dividido em três categorias: a seleção da temporada, o melhor jogador e o melhor jovem (considerando até 21 anos). Dessa vez, contamos com a colaboração mais do que agradável da equipe do Futebol Espanhol, jornalistas brasileiros e espanhol. Agradecemos a cada um dos participantes desta votação e também a você, leitor, que nos acompanha diariamente. E se a Liga BBVA entra de férias, não se preocupem: o blog continuará na ativa no período da pré-temporada. Boa leitura.

Isco Román, o Golden Boy europeu e o melhor jovem da Liga BBVA 2012-2013 (UEFA)

Seleção da temporada
Courtois (Atlético de Madrid); Carlos Martínez (Real Sociedad), Iñigo Martínez (Real Sociedad), Sergio Ramos (Real Madrid), Filipe Luís (Atlético de Madrid); Xabi Alonso (Real Madrid), Iniesta (Barcelona), Özil (Real Madrid); Messi (Barcelona), Falcao García (Atlético de Madrid), Cristiano Ronaldo (Real Madrid). Treinador: Diego Simeone (Atlético de Madrid).

Melhor jovem: Isco Román, do Málaga
O Golden Boy europeu brilhou por mais uma temporada. Pelo segundo ano consecutivo, Isco termina a Liga Espanhola como o melhor jovem. Dessa vez, teve a concorrência de Varane (Real Madrid), Iñigo Martínez (Real Sociedad), Illarramendi (Real Sociedad) e Courtois (Atlético de Madrid), que tiveram seus nomes mencionados entre os votantes. Invertendo posição com Joaquín e ora Eliseu, ora Júlio Baptista na veloz linha de três do Málaga, Isco brilhou. Jogando numa posição em que ficava mais próxima do gol, o espanhol deixou o rótulo de promessa de lado para virar realidade: com apresentações de gente grande contra Real Madrid e Barcelona, além das brilhantes partidas na UCL, ele está sendo disputado por Real Madrid e Manchester City. Em entrevista ao AS no início da semana, Isco afirmou que irá pensar no melhor para o Málaga e para ele na hora da decisão. Hoje, ele tornou-se campeão da Eurocopa Sub-21 com a seleção espanhola e foi consagrado com o troféu  de melhor jogador da competição.

Melhor goleiro: Thibaut Courtois, do Atlético de Madrid
O sucessor de Peter Cech vai construíndo uma carreira de ouro em Manzanares. No topo de seus 21 anos, Courtois é bastante querido pela torcida colchonera, especialmente após a grande partida que fez na final da Copa do Rei contra o Real Madrid. Se o principal rival do Atlético era a pedra no sapato do belga, que costumava falhar perante Cristiano Ronaldo, dessa vez ele parece ter quebrado esse obstáculo. A temporada de ouro de Courtois foi premiada com a conquista do Troféu Zamora, que premia o goleiro menos vazado. Após quatro temporadas, enfim alguém superou Víctor Valdés no troféu dado pelo Marca. Menções honrosas a Caballero, do Málaga, e Diego López, do Real Madrid.

Melhor defensor: Iñigo Martínez
O salto na carreira de Iñigo Martínez foi dado nesta temporada. Um ano depois de ter aparecido na lista das revelações da temporada 2011-2012, o basco, em apenas seu segundo ano como profissional do time A da Real Sociedad, foi um dos principais pilares do time que alcançou a vaga na fase preliminar da Uefa Champions League. Foi, também, por que não, uma temporada de redenção ao jovem, que sofreu uma lesão no menisco em abril do ano passado, retornando apenas em agosto. Bom no jogo aéreo, seguro no mano-a-mano e com um bom arremate de fora da área, ele começa a ter seu nome ligado a uma possível transferência ao Barcelona. Quem também recebeu votos foram Sergio Ramos (Real Madrid), Demichelis (Málaga), Varane (Real Madrid), Miranda (Atlético de Madrid) e Piqué (Barcelona). 

Melhor meio-campista: Andrés Iniesta
Em crescente desde o título da Eurocopa, Iniesta voou na temporada. Bem fisicamente, o espanhol foi o segundo melhor blaugrana no ano e terminou a Liga com sensacionais 16 assistências. Na primeira parte da temporada, foi escalado aberto à esquerda do ataque por Tito Vilanova, numa tentativa de encaixar Fàbregas ao lado de Xavi e Andrés. Deu certo, com os três atuando num nível positivo. No entanto, após as derrotas para Milan e Real Madrid, Tito/Roura resolveram colocar Villa no ataque e atrasar Iniesta à sua posição de origem, onde ele atua melhor. Ao lado de Xavi, Iniesta controla mais a armação das jogadas. Menções honrosas: Xabi Alonso (Real Madrid), Beñat (Bétis), Kondogbia (Sevilla), Illarramendi (Real Sociedad), Xavi (Barcelona), Busquets (Barcelona), Özil (Real Madrid), Isco (Málaga) e Xabi Prieto (Real Sociedad).

Lionel Messi: artilheiro da Liga pela segunda vez consecutiva e terceira em sua carreira, o argentino foi o melhor jogador da competição (Getty Images)

Melhor atacante: Lionel Messi
Melhor jogador: Lionel Messi

Mesmo não tendo sido, tecnicamente, a melhor temporada da carreira de Messi, o argentino novamente assombrou. Com 46 gols em 32 jogos, o argentino deixou os rivais bem para trás na disputa pela artilharia. Seu principal rival, o português Cristiano Ronaldo, foi o vice-artilheiro com 34 gols. Mesmo com o título espanhol, o Barcelona viveu uma temporada difícil, com muitos problemas de lesão e Tito Vilanova tendo que sair no meio do campeonato para se tratar de um câncer em Nova Iórque. 

No entanto, nenhuma outra lesão foi tão sentida pelo torcedor como a de Messi, que se lesionou numa partida da Uefa Champions League contra o PSG e, a partir daí, foi utilizado esporadicamente em jogos especiais. Nesse período a Messi-dependência que vem sendo criada desde o fim da era Guardiola foi escancarada. O melhor jogador do mundo também não foi ameaçado na nossa votação: dos oito votantes, seis votaram no argentino como melhor jogador- os outros dois votaram em Cristiano Ronaldo. Na categoria melhor atacante, menção honrosa a Falcao García, que só não recebeu um voto dos oito participantes.

Votantes da seleção dos melhores da Liga BBVA 2012-2013
Josep Capdevila (Diário Sport, Catalunha)
Leonardo Bertozzi (Espn)
Marcelo Bechler (Rádio Globo)
Maurício Bonato (Sports +)
Pedro Pedroso (Futebol Espanhol)
Pierre Andrade (Futebol Espanhol)
Vitor Sergio (Esporte Interativo)
Victor Mendes (Quatro Tiempos/Doentes Por Futebol)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

As revelações da Liga BBVA 2012-2013

Uma das revelações da temporadas, Varane foi excepcional na marcação contra Messi (AP Photos)

A temporada 2012-2013 da Liga BBVA não foi tão farta em revelações, diferentemente da temporada passada, quando tivemos poucos jovens se destacando. Entre os jovens jogadores que tiveram algum destaque neste ano, a grande maioria deles já vinha sendo observada com atenção por grandes clubes e confirmaram expectativas ou já havia tido destaque em anos anteriores em alguma competição de base.

Nomes como Varane e Bartra, por exemplo, foram titulares de Real Madrid e Barcelona nas semifinais da Uefa Champions League. Leo Baptistao, Campbell e Ruben García apareceram com protagonismo em determinados momentos das temporadas de Rayo Vallecano, Bétis e Levante, respectivamente. Enquanto isso, Oliver Torres, do Atlético de Madrid, deu seus primeiros passos. O mais promissor canterano rojiblanco tem toda a confiança de Simeone para brilhar nos próximos anos.

O Barcelona, conhecido por sua excepcional cantera, revelou aquém do esperado. Pelo o time B estar na disputa da Liga Adelante, o clube blaugrana concentrou suas promessas na segunda divisão espanhola. Não foi dessa vez que Deulofeu, tratado há anos como novo Messi, ganhou múltiplas chances. Por outro lado, o Athletic Bilbao ratificou a força de sua cantera, com o aparecimento de Laporte e Jonas Ramalho.

Confira, abaixo, a lista das revelações da Liga BBVA 2012-2013, em ordem alfabética. Boa leitura.

Aymeric Laporte
Idade: 19 anos
Posição: Zagueiro
Clube: Athletic Bilbao
Na temporada conturbada do Athletic Bilbao, Laporte não deixou a desejar. Ele, que já havia estreado pelo clube basco ainda na época de Joaquín Caparrós, enfim ganhou mais oportunidade e mostrou suas qualidades. Bom no jogo aéreo, o zagueiro francês renovou seu contrato com o Athletic até 30 de junho de 2016 com uma cláusula firmada em 27,5 milhões de euros.

Álvaro Morata aproveitou positivamente as chances dadas por Mourinho e ganhou pontos com o treinador português (Marca)

Álvaro Morata
Idade: 20 anos
Posição: Centroavante
Clube: Real Madrid
Centroavante genuíno, Morata surge como uma esperança para o ataque merengue no futuro. Em 2012-2013, ele aproveitou positivamente o período em que Cristiano Ronaldo e Benzema se lesionaram. O jovem começou a ganhar pontos com José Mourinho após decidir uma partida difícil contra o Levante em Valencia, anotando o gol da vitória por 2x1. Titular num superclássico contra o Barcelona, Morata não sentiu o peso da partida, cruzando para Benzema anotar um dos gols da vitória merengue ante o maior rival. De acordo com o Marca, Florentino Pérez está esperando definir o novo treinador do Real Madrid para propôr um novo contrato ao centroavante de 20 anos.

Joel Campbell
Idade: 20 anos
Posição: Atacante
Clube: Bétis
O costa-riquenho que deixou más impressões no Arsenal de um up em sua curta carreira na Andaluzia. Emprestado pelo clube londrino ao Bétis, Campbell substituiu à altura Jorge Molina e Rubén Castro em determinada partidas. Forte fisicamente, ele se destaca pelo bom chute. Após a boa temporada, o treinador do Arsenal, Arséne Wenger, resolveu dar uma nova chance ao atacante, que irá retornar ao Emirates Stadium. No Benito Villamarín, Campbell certamente não desapontou os torcedores verdiblancos.

José Campaña
Idade: 20 anos
Posição: Meio-campista
O cerebral meio-campista andaluz é tratado há anos como o canterano mais promissor da cantera do Sevilla. Um dos principais responsáveis pelo título da Espanha na Eurocopa Sub-19 em 2011, Campaña deu um passo importante para se firmar no clube nervionense. Dono de um passe apurado e uma ótima visão de jogo, ganhou moral com Unai Emery, que o efetivou ao elenco principal e pretende utilizá-lo com mais frequência a partir da próxima temporada. Campaña é mais um nome da escola espanhola que tem formado excelente meio-campistas nos últimos anos.

Jonas Ramalho
Idade: 20 anos
Posição: Lateral direito
Clube: Athletic Bilbao
Filho de pai angolês e mãe basca, Ramalho tornou-se, no final de 2011, o primeiro jogador negro a estrear com o uniforme do Athletic Bilbao. Sua temporada de afirmação, no entanto, foi 2012-2013, o que lhe rendeu uma convocação à seleção sub-19 da Espanha. Lateral que apoia o campo ofensivo a todo momento, ele foi elogiado por Bielsa, responsável pela sua estreia no time A. Com o argentino, que não irá mais treinar o Athletic, Ramalho chegou a aparecer na linha de três do meio-campo em alguns jogos.

Leo Baptistao: apelidado de Cristiano Ronaldo de Vallecas, ele chamou a atenção do Atlético de Madrid, que desembolsou 7 milhões de euros para contratá-lo (getty images)

Idade: 19 anos
Posição: Meia-atacante
Clube: Atlético de Madrid
Novo contratado do Atlético de Madrid para a temporada 2012-2013, Leo Baptistao se destacou, no entanto, no Rayo Vallecano. Após passar por um pesadelo e ter sua carreira em xeque, graças a uma lesão na clavícula, o brasileiro natural de Santos viveu sua redenção. Apelidado de Cristiano Ronaldo de Vallecas pela torcida franjiroya, Leo deu uma pequena mostra do que poderia fazer logo na primeira rodada, quando entrou no decorrer do jogo e marcou o gol da vitória contra o Bétis. Nas primeiras sete rodadas, Baptistao chegou ao incrível número de sete gols e quatro assistências, algo que nem Messi havia conseguido aos 19 anos anos.

Marc Bartra
Idade: 22 anos
Posição: Zagueiro
Clube: Barcelona
Tratado há anos como a joia de ouro das canteras blaugranas, Bartra finalmente teve as chances que esperava em 2012-2013. Principalmente por ter visto um sistema defensivo desfalecido na reta final da temporada, Tito Vilanova teve que se render ao central nascido em Tarragona. Ele colheu bons frutos com a bom posicionamento e categoria na saída de bola. Um ano antes, foi eleito o melhor zagueiro da Liga Adelante pelo Barça B. Mas na Uefa Champions League não foi páreo para o super ataque do Bayern de Munich. Durante a temporada, ele ganhou a ficha exclusiva de um jogador do time A, renovando seu contrato até 2015.

El Índio: tratado como a maior promessa do Atlético de Madrid desde Fernando Torres, Oliver Torres tem animado a torcida colchonera (Mirror)

Oliver Torres
Idade: 18 anos
Posição: Meio-campista
Clube: Atlético de Madrid
Um dos jogadores sub-19 mais promissores do futebol espanhol, Oliver Torres é bastante querido da torcida colchonera. Por suas ótimas exibições nas categorias inferiores, ele começou a ser tratado como uma futura estrela. E não é para menos: há tempos que o Atlético não revela um nome tão promissor como Torres. Habilidoso, a tendência é que ele apareça com mais saliência na próxima temporada, quando o time treinador por Simeone terá que dividir suas atenções entre Liga, Copa e Uefa Champions League.

Raphael Varane
Idade: 19 anos
Posição: Zagueiro
Clube: Real Madrid
Anular o melhor jogador do mundo uma vez pode ser considerado sorte. Mas e quando isso acontece mais de uma vez? O responsável por esse feito é Varane, que simplesmente não deixou a vida de Messi em paz nos duelos da Copa do Rei. Indicado por Zidane, o francês chamou a atenção dos fãs de futebol após os confrontos contra o Barcelona. Sua capacidade para recuperar bolas é louvável, além do excelente vigor físico. Rápido e excelente na disputa pelo alto, Varane tem a faca e o queijo nas mãos para fazer história em Chamartín.

Ruben García
Idade: 19 anos
Posição: Meio-atacante
Clube: Levante
É outro jogador que tem se destacado nas divisões de base da seleção espanhola. Proporcionalmente, Rubén García é a mais grata surpresa da temporada. Atuou em 28 jogos, anotou cinco gols e deu quatro assistências. Rápido, técnico bom passador e com muito fôlego, Rúben esteve a um passo de acertar com o principal rival do Levante, o Valencia, mas desistiu e resolveu ficar no clube azulgrená. Com Caparrós, que adora trabalhar com jovens, é provável que seu belo futebol evolua mais.

Samuele Longo
Idade: 21 anos
Posição: Atacante
Clube: Espanyol
Presença constante nas seleções de base da Itália, Longo foi emprestado ao Espanyol pela Inter para ganhar mais experiência. Ele fez três gols em 16 jogos (dez como titular), mas passou boa impressão aos péricos. Atacante completo, Longo joga em todas as posições do ataque e tem ótimo chute com os dois pés. Um jogador em formação, que deve explodir nos próximos anos.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O que esperar da Real Sociedad na Uefa Champions League?

Na despedida de Montannier, a Real Sociedad rebaixou o Deportivo e conseguiu uma vaga na fase prévia da Uefa Champions League (Marca)

Após muito drama, a Real Sociedad vai jogar a fase preliminar da Uefa Champions League. Um prêmio à equipe que desempenhou um futebol agradável durante toda a temporada e não mudou sua forma de atuar nos momentos turbulentos. Depois de um segundo turno de ouro, os bascos cambalearam na reta final ao empatar com o Granada e um desinteressado Real Madrid no Anoeta e perder para o inócuo Getafe em Madrid, mas contaram com a ajuda do Sevilla (e de Negredo, autor de quatro gols na vitória sevillista ante o Valencia por 4-3) e venceram o Deportivo na Galícia, sepultando os galegos e confirmando a ida à fase preliminar da maior competição de clube da Europa.

A vaga consolida a melhor temporada da Real Sociedad desde 2002-2003, quando o time comandado pelo francês Raynald Denoueix e com Nihat e Kovacevic formando a dupla de ataque terminou a Liga com o vice-campeonato. Além disso, dá continuidade ao bom momento do futebol basco nos últimos anos. Em 2011-2012, a Europa ficou encantada com a temporada do Athletic Bilbao, finalista da Copa do Rei e da Liga Europa. O País Basco forma bons jogadores e agora começa a ver seus principais representantes nas competições europeias.

No entanto, a Real sabe que a tarefa de ir à fase de grupos é um tanto árdua. A realidade é que o time está mais para Sevilla 2010-2012 (aquele que caiu na fase prévia para o Braga) do que para o Málaga 2012-2013, que não só avançou à fase de grupos como só foi parado (e nos minutos finais) para o vice-campeão Borussia Dortmund. Muito porque o Málaga deu continuidade ao projeto mantendo Pellegrini no comando técnico, apesar das vendas Cazorla, Mathijsen e Rondón para sanar as dívidas. A diretoria basca já começou errado deixando Phillipe Montánier, responsável pelo excelente futebol desempenhado pela equipe, voltar ao futebol francês.

Ainda que este que vos escreve já tenha elogiado a atual geração da Real em outras colunas (aliás, fui um dos primeiros a apostar no sucesso desse time, só não esperava que fosse tão cedo), é difícil acreditar na Real fazendo boa campanha em âmbito europeu. Contra Arsenal, Milan, Schalke, Lyon ou Zenit, os possíveis adversários dos blanquiazules de San Sebastian, a Real larga em desvantagem. Pela fraca condição financeira, capturar bons valores no mercado doméstico deve ser algo a ser pensado. Para a próxima temporada, o clube pode estar próximo de fechar com Marc Muniesa, considerado durante muito tempo o "substituto natural de Puyol" no Barcelona. O basco Beñat cairia como uma luva na volância ao lado do ótimo Illaramendi, mas deve estar próximo de um retorno ao Athletic Bilbao.

O grande fruto do sucesso da Real na temporada foi deixar de depender exclusivamente de Xabi Prieto. Com Vela em temporada de ouro, Griezmann retornando à boa fase e Agirretxe comprovando por que é o atacante mais confiável do Anoeta desde Nihat e Kovacevic, o time de Montanier ganhou um leque de opções decisivas. Por mais que Xabi Prieto continue sendo o jogador mais respeitado do elenco, foi de Vela a melhor temporada individual de um jogador da Real Sociedad. Quando Vela ou Griezmann estiveram indisponíveis, Zurutuza e Chory Castro foram boas reposições. Zurutuza, aliás, é subestimado. Na zaga, Iñigo Martínez provou a cada jogo estar deixando para trás o rótulo de promessa. A principal revelação da Liga 2011-2012 é, hoje, realidade. Ele, que sofreu uma grave lesão no menísco em abril de 2012, retornou com saliência.

Na coletiva de despedida, Montannier aproveitou para dizer que uma parte de seu coração estará com a Real na UCL. A diretoria irá pensar no substituto após a Copa das Confederações. E o futuro treinador já sabe que igualar a grande temporada de Montannier será difícil. Ainda que caia na fase prévia da Champions, no entanto, o próximo treinador da Real com certeza terá em mãos um brilhante elenco e jogadores capacitados para ao menos terminar o próximo campeonato espanhol na zona de Liga Europa deixado por Phillipe Montanier, o Josep Guardiola francês.

domingo, 26 de maio de 2013

Por que o Barcelona é a melhor opção para Neymar

Futuro parceiro de Messi, Neymar será importante para o argentino (getty images)

Neymar é do Barcelona. Uma das novelas mais demoradas do futebol brasileiro chegou ao fim ontem, quando o (ex) craque do Santos confirmou em seu Instagram a ida ao clube catalão na próxima temporada. Os valores ainda não foram oficialmente divulgados, mas é provável que tenha sido algo em torno de 32-35 milhões de euros.

A ida de Neymar ao futebol europeu chega em excelente hora, já que ele estava estagnado e sem nada a fazer no futebol brasileiro. Agora, num time totalmente oposto ao desorganizado e bagunçado taticamente Santos, o brasileiro começará uma nova história em sua carreira. Abaixo, os motivos que mostram por que a escolha pelo Barcelona foi a melhor que Neymar poderia ter feito.

Menos pressão
Apesar da expectativa alta, a torcida do Barcelona não é tão exigente com seus jogadores. O maior exemplo é Alexis Sánchez, contratado em 2011, que nunca mostrou sua versão Udinese no Camp Nou. Nem por causa disso os torcedores deixam de apoiar. E no caso de Neymar, em que haverá todo um tempo para se adaptar a um estilo de futebol novo, a torcida certamente será paciente. Em Madrid, por outro lado, os torcedores costumam pegar no pé. Cristiano Ronaldo só foi ganhar respeito máximo após ser o protagonista do título da Liga 2011-2012. Por suas frequentes fracas apresentações diante do Barcelona, o gajo era criticado por uma parte da torcida.

Questão tática
De acordo com um dossiê que o clube vinha preparando desde 2009, "Neymar é um jogador que irá se encaixar de forma perfeita no lado esquerdo do ataque". Só do brasileiro ter a garantia que, inicialmente, é opção para jogar no setor do campo onde mais gosta de atuar já é uma grande vantagem. No Real Madrid, por exemplo, ele esbarraria na presença de Cristiano Ronaldo pelo lado do campo. Aberto à esquerda do 4-3-3, com Messi se aproximando para tabelar, e Iniesta e Xavi armando atrás, Neymar tem tudo para brilhar.

Ser o parceiro ideal de Messi
Num time onde 80% dos gols são concentrados em um jogador, Neymar chega para "dividir essa responsabilidade", com bem frisou Daniel Alves. Com 138 gols em 228 jogos, o brasileiro é um exímio finalizador. É claro que o cargo de protagonista vai continuar com Messi, mas em situações onde o argentino é anulado pelo esquema adversário (em outras palavras: contra retranca como as do Milan, Chelsea ou Inter) Neymar pode servir para dar liberdade ao camisa dez, até mesmo trocando de posição e aparecendo como falso nove, função que já desempenhou em alguns jogos com Mano Menezes na seleção brasileira.

Local onde brasileiros brilham
Nos últimos anos, os torcedores do Barcelona se acostumaram a ver os brasileiros se destacaram vestindo a camisa azulgrená. Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho ganharam títulos e foram Bola de Ouro. Lá atrás, Evaristo de Macedo virou ídolo da torcida culé. O mais supersticioso acredita que Neymar dará continuidade aos grandes brasileiros que brilharam no clube. Além disso, o Barcelona já está pensando em fazer uma versão em português de seu site oficial.

Filosofia
O Barcelona tem uma filosofia de jogo simples e direta: privilegiar o futebol ofensivo, baseado na troca de passes. Num time que em situação nenhuma vai optar por um esquema defensivo, Neymar vai se sentir em casa. Com o plus de ganhar uma disciplina tática que dificilmente ganharia no futebol brasileiro. Ainda que Pedro cumpra o papel de marcar o lateral adversário no lado direito, Neymar terá que fazer isso em algumas situações para desafogar Alba.

sábado, 18 de maio de 2013

San Simeone

Diego Simeone sorri à toa: ele é o principal nome do atual Atlético de Madrid (AS)

23 de dezembro de 2011. Após uma fraca primeira parte de temporada, que culminou numa eliminação precoce na Copa do Rei diante do modesto Albacete, a diretoria do Atlético de Madrid resolveu demitir Gregório Manzano, que, durante cinco meses, não conseguiu definir uma tática e dar um padrão jogo à equipe. Sem muitos treinadores disponíveis no mercado, o jeito foi recorrer a Diego Simeone, ex-jogador e ídolo do clube. Hoje, quase um ano e cinco meses depois, não há mais dúvidas de que a diretoria acertou em cheio na contratação do argentino.

Ontem, Simeone conseguiu, por tudo que envolveu, o maior título de sua carreira: a Copa do Rei 2012-2013. Diante do Real Madrid, no Santiago Bernabéu, um tabu perseguia o Atlético de Madrid: há 14 anos que o clube de Manzanares não vencia o rival de Chamartín. No entanto, numa das melhores apresentações do Atléti em tempos, a equipe manteve a concentração após o gol de Cristiano Ronaldo, empatou ainda no primeiro tempo com Diego Costa e levou o jogo à prorrogação, quando Miranda decretou o fim do pesadelo e o primeiro título de um clube-não-Real-Madrid-e-Barcelona em solo nacional desde a Copa do Rei do Sevilla em 2010, justamente contra o Atlético de Madrid.

Mas os méritos de Simeone vão muito além das taças levantadas (Liga Europa, Supercopa da Uefa e Copa do Rei). A começar pelo sistema defensivo, inconstante há anos, que El Cholo ajustou de maneira brilhante. Com Juanfran, Miranda, Godin e Filipe Luís, o argentino formou uma retaguarda sólida, capaz aguentar a pressão adversária. Coincidência ou não, Miranda e Filipe Luís fizeram suas melhores temporadas na Europa, enquanto a adaptação de Juanfran à lateral direita foi um golpe de mestre do treinador - Juanfran, aliás, chegou até a ser chamado para a seleção espanhola.

O segredo dos bons resultados na atual temporada passa, em partes, pela forte marcação no meio-campo, que desarma à rodo e aciona os contra-ataques. A marcação pressão no campo adversário, principalmente em jogos decisivos, gera um cenário de desconforto ao rival. O Atlético adora jogar sem a bola, mas sabe que tem obrigação. Executa contra-ataques à perfeição e se defende com grande aplicação tática. Personalidade e raça são as principais características da equipe.

Outro dos acertos de Simeone foi ter conseguido encaixar Diego Costa ao lado de Falcao García sem necessariamente abrir mão dos atributos dos dois jogadores, embora para privilegiar o faro de gol do colombiano o brasileiro tenha cumprido outro papel em 90% da temporada. Sem seu principal armador, Diego, que voltou ao futebol alemão, El Cholo encarregou o cerebral Arda Turan (que mostrou, durante o período que ficou ausente, ser tão essencial quanto Falcao) à função da armação, deslocando Diego Costa ao flanco esquerdo do 4-2-3-1.

Os 34 gols em 40 jogos, sendo 28 na Liga Espanhola, cravam Falcao García como o melhor jogador do Atlético de Madrid na temporada. E os gritos da torcida de "Falcao, quedate" (especulações o colocam no Monaco, novo rico da Europa) na comemoração do título da Copa do Rei prova isso. Além dos méritos do próprio Falcao, Simeone também tem a ver com a excelente fase do centroavante. Com Manzano, até pela bagunça que era o time, o camisa 9 não se encontrou. Com um time moldado para ele brilhar, El Tigre não decepcionou. Colecionou aparições decisivas (gols na final da Liga Europa e da Supercopa, assistência na final da Copa do Rei) e tornou-se querido pelos aficionados.

Os resultados estão aí. O Atlético de Madrid aguentou até onde pôde acompanhar o Barcelona na Liga Espanhola, terminou o primeiro turno em segundo lugar, mas não suportou o pique e acabou ultrapassado pelo Real Madrid. No entanto, soube manter os jogadores em alta e não pressioná-los, porque, apesar do título ter ficado difícil, ainda havia a disputa por uma vaga na Champions em jogo. E, dessa forma, sem ser pressionado por Real Sociedad, Valencia e Málaga, times que disputam o quarto lugar, os rojiblancos confirmaram, com três rodadas de antecedência, o retorno à maior competição de clubes do mundo, após três temporadas disputando Liga Europa.

Agora, Simeone tem novos desafios. Conquistar UCL e Liga é uma missão difícil, porém o Atléti precisa fazer campanhas aceitáveis para ganhar mais força e respeito em âmbito europeu. Por exemplo, o time precisa ir além das oitavas de finais como em 2008/2009 ou de uma queda precoce na fase de grupos como em 2009/2010. Na Liga, a equipe é o melhor time humano e, em CNTP, não deve ter muito trabalho para terminar em terceiro (ou, quem sabe, brigar com Barcelona e Real Madrid novamente). Contudo, o momento agora é de aproveitar a melhor temporada rojiblanca desde 1995-96.

sábado, 11 de maio de 2013

O título da regularidade

O abraço entre Messi e Iniesta, os protagonistas do título de Liga Espanhola do Barcelona 2012-13 (getty images)

Soa como clichê dizer que o campeão de um torneio de pontos corridos se destaca pela regularidade apresentada durante a competição. Mas essa é a palavra que mais se encaixa ao Barcelona de Tito Vilanova, campeão espanhol em sua primeira temporada como treinador profissional e líder do início ao fim. Em temporada inconstante e com alguns problemas extracampos, a equipe não deu sopa ao azar e capitalizou positivamente os tropeços de Atlético de Madrid e Real Madrid, seus principais rivais durante boa parte da Liga. 

Com um primeiro turno de alto nível, com 18 vitórias e um empate em 19 jogos, os blaugranas puderam atuar com mais tranquilidade na segunda parte, onde a queima de gordura foi permitida. Mais concentrado na parte decisiva da Uefa Champions League, o Barça caiu naturalmente de rendimento, mas nada que assustasse bastante: apenas duas derrotas (Real Sociedad e Real Madrid) em 15 jogos, até o momento. Ainda que não tenha derrotado o Real Madrid nos dois superclássicos, não há do que reclamar da campanha catalã.

Taticamente, Tito Vilanova deixou a desejar. O treinador manteve o 4-3-3 natural da filosofia azulgrená, mas não o utilizou em essência. Sem marcação pressão, poucas infiltrações dos ponteiros e uma recomposição mais lenta em relação ao time de Guardiola, a defesa ficou vulnerável aos contra-ataques. Outro problema foi as jogadas aéreas, sempre um Deus nos acuda ao sistema defensivo. A bem da verdade, o aparecimento repêntino de um câncer na glândula paródita acabou por colocar em xeque seu trabalho. É injusto julgar negativamente Tito Vilanova e esquecer do bom futebol que o Barcelona parecia estar recuperando até sua ida a Nova Iórque para o tratamente de quimioterapia. A vitória contra o Málaga por 1x3 na Andaluzia, com 74% da posse de bola e um tiki-taka ao fino, é a prova disso. Com Jordi Roura, os blaugranas viveram seu pior momento em 2012-2013.

Dos personagens, dois se destacaram: Andrés Iniesta e Lionel Messi. Apesar dos números assustadores do argentino, o espanhol talvez tenha se destacado tanto quanto. Em fevereiro, num momento crucial da temporada, Messi padeceu, enquanto o meio-campista (que atuou durante 60% da temporada aberto à esquerda do ataque) manteve-se bem. Até esse período, a temporada de Iniesta era de outro mundo. Para muitos críticos, foi o melhor ano do jogador de Albacete, que vem mantendo a boa fase desde a Eurocopa, quando foi campeão e melhor jogador. 

Mas o camisa 10 não pode se esquecido. Pichichi da Liga pela segunda vez consecutiva e terceira em sua carreira, Messi alcançou, mais uma vez, registros sobrenaturais. Ele se tornou o primeiro jogador a marcar gols em 19 rodadas consecutivas, o que dá, em outras palavras, um turno inteiro indo às redes. Além disso, marcou pelo menos um gol em todas as equipes da competição (à exceção do Barcelona, óbvio), feito que só Cristiano Ronaldo, na temporada passada, havia conseguido. Com 46 gols em 34 rodadas, La Pulga está a quatro de igualar seu recorde de 50 anotados em 2011-2012.

Com o título, o Barcelona se torna o clube espanhol com o maior número de títulos oficiais (79), dois à frente do Real Madrid, que disputa a final da Copa do Rei na próxima sexta-feira. Esse é o título de número 24 da carreira de Xavi, o jogador espanhol com mais títulos em toda a história. Em campo, no entanto, foi uma temporada atípica do maestro catalão, que já não foi tão dominante no meio-campo quanto nos últimos anos. Ainda que em janeiro e fevereiro tenha tido uma excelente sequência, o camisa seis barcelonista fez sua pior temporada desde 2008.

Agora, a diretoria começa a se planificar visando a próxima temporada. Principalmente pela eliminação acachapante na Uefa Champions League para o Bayern de Munique, com direito a 4x0 na Alemanha e 0x3 na Catalunha, o elenco precisa de uma renovação, sobretudo na retaguarda. Com Piqué inconstante e Puyol dando sinais claros de decadência, é necessário contratar, ao menos, dois zagueiros. Dentre os especulados, o nome de Hummels, do Borussia Dortmund, aparece com mais força, embora o preferido de Tito Vilanova e Andoni Zubizarreta seja o brasileiro Thiago Silva, sonho antigo dos espanhóis. 

No gol, o clube vive um dilema: Víctor Valdés revelou não querer renovar seu contrato, que se encerra em julho de 2014, e o desejo do corpo técnico é contratar um novo arqueiro já na próxima temporada. Ter Stegen, Guaita, Handanovic e De Gea são os que têm o nome ligado a uma possível transferência ao Camp Nou. Nas laterais, Daniel Alves mostrou-se irregular, enquanto Alba se adaptou perfeitamente ao time titular. Do meio para frente, o nome mais desejado é o de Neymar. O santista, que parece estar com um pé e meio em Barcelona, voltou a ser atacado pelo Real Madrid, de acordo com a imprensa espanhola, embora seu desejo seja o de atuar com Messi e cia. Além de Neymar, Tito prefere contar com mais um atacante de lado do campo.

Abaixo, os principais jogos, em ordem de acontecimento, que marcaram o título barcelonista. Para ver os gols, clique em cima do resultado.

Barcelona 5x1 Real Sociedad, 1ª rodada. Gols de Messi (2), Puyol, Pedro e Villa.
Nada melhor começar o campeonato goleando. No retorno (e com gol) de Villa, a Real assustou nos primeiros minutos, mas Messi deu seu cartão de visita à temporada com um doblete.

Osasuna 1x2 Barcelona, 2ª rodada. Gols de Messi (2).
Em um jogo extremamente difícil em Navarra, onde o Barcelona sempre encontra dificuldades, o time de Tito Vilanova não se encontrava em campo. Mas eis que Messi, como de praxe, decidiu marcando os gols da virada aos 31 e 35 minutos do segundo tempo. Na mesma rodada, o Real Madrid perdeu para o Getafe por 1x0 e os azulgrenás abriram distância na tabela.

Sevilla 2x3 Barcelona, 6ª rodada. Gols de Fàbregas (2) e David Villa.
A uma semana do primeiro superclássico contra o Real Madrid, o Barcelona iria à Andaluzia encarar o Sevilla, que à época viveu sua melhor fase na temporada. Com uma marcação forte, perigoso nos jogos aéreos e um contra-ataque fatal, os nervionenses abriram 2x0 e, indiretamente, ressuscitavam os merengues. Mas aí o Barcelona acordou, impulsionado por Fàbregas, autor de um doblete providencial. No último suspiro do jogo, Villa mostrou estar recuperado ao tabelar com Messi e anotar o gol da remontada.

Barcelona 2x2 Real Madrid, 7ª rodada. Gols de Messi (2).
No Camp Nou, tanto Barcelona quanto Real Madrid chegavam ao superclássico rodeado de dúvidas. E Cristiano Ronaldo e Messi, que anotaram dois gols cada, trataram de mascarar os problemas das duas equipes, num jogo não tão espetacular tecnicamente.

Barcelona 4x1 Atlético de Madrid, 16ª rodada. Gols de Adriano, Busquets e Messi (2)
À época, o confronto do líder contra o vice-líder. O Atlético de Madrid de Simeone chegava ao Camp Nou  com uma grande campanha e a segunda colocação. Dentro de campo, nos primeiros 45 minutos, os rojiblancos se comportaram muito bem e chegaram a abrir o placar com Falcao García. O golaço de Adriano trouxe o Barcelona de volta ao jogo e, depois, o Atléti inexistiu.

Málaga 1x3 Barcelona, 19ª rodada. Gols de Messi, Fàbregas e Thiago Alcântara.
O Málaga vivia um ótimo momento, era o quarto colocado e havia derrotado o Real Madrid um mês antes. Era um compromisso bastante difícil ao Barcelona. No entanto, o que se viu em campo foi um time à Guardiola, com muita pegada na marcação, infiltrações pelos lados do campo e belas trocas de passes.

Barcelona 2x1 Sevilla, 16ª rodada. Gols de Messi e Villa
Era o jogo depois da derrota em Milão para o Milan e antes do confronto decisivo pela Copa do Rei contra o Real Madrid. A virada marcou uma espécie de mudança na equipe titular: Villa aproveitou a chance dada por Roura, marcou o gol do empate e ganhou a vaga de Fàbregas no onze inicial, com Iniesta sendo recuado à sua posição original, no meio-campo.

Barcelona 4x2 Bétis, 34ª rodada. Gols de Alexis Sánchez, Villa e Messi (2)
Os blaugranas acabavam de sair da eliminação humilhante na Champions para o Bayern e pareciam estar sentindo a queda em âmbito europeu. Messi, que começou no banco, teve que entrar para decidir: no primeiro toque na bola, sofreu uma falta. No segundo, cobrou com perfeição. Com uma nova postura, o Barcelona virou e aliviou a relação com a torcida, que acabou o primeiro tempo vaiando a equipe.