Guilherme Siqueira. Foto: Marca
Pela segunda temporada consecutiva, o Granada escapou do rebaixamento nas rodadas finais. Em 2011-2012, uma série de fatores salvaram a equipe da Andaluzia do inferno da Liga Adelante, mesmo com a derrota na última rodada para o Rayo Vallecano. No entanto, em 2012-2013, o time se salvou por conta própria. Ao vencer o Osasuna por 3x0 no Nuevos Los Carménes, o Granada sentenciou sua manuntenção na elite espanhol. E um personagem merece destaque nessa "conquista" do time treinado por Lucas Alcaraz: o lateral esquerdo brasileiro Guilherme Siqueira, autor do terceiro gol da partida contra o Osasuna, após um pênalti batido de cavadinha.
Natural de Florianópolis, Siqueira começa a ganhar respeito no futebol europeu no geral. Eleito uma das revelações do campeonato pelo site da Uefa em 2012, a cada abertura de janela de transferência ele é sempre cogitado para reforçar equipes de tradição como Valencia e Benfica, além de já ter sido sondado pelo Manchester United, mas os dirigentes do clube Filipino renovaram o contrato dele para segurá-lo no elenco do time principal. Guilherme praticamente não jogou no futebol brasileiro.
Em 2005, quando tinha 18 anos, foi negociado com a Inter de Milão. No futebol italiano, também teve passagens por Lazio e Udinese, antes de chegar ao futebol do país das touradas. O periódico espanhol Ideal, em fevereiro deste ano, publicou uma matéria que a comissão técnica da seleção espanhola estudou a possibilidade de convocá-lo à Fúria, embora Vicente Del Bosque nunca tenha confirmado tal especulação.
O blog entrevistou o jogador, gerenciado pela Assessoria de Imprensa, que intermediou a entrevista. Abaixo, confira a entrevista com Guilherme Siqueira.
Nos últimos anos, os brasileiros Thiago Alcântara e Marcos Assunção se naturalizaram espanhol. Visto que a lateral esquerda é, talvez, uma das lacunas da seleção espanhola, caso aparecesse uma proposta para se naturalizar espanhol, você toparia?
Guilherme Siqueira: Toparia sim. Estou esperando sair a nacionalidade para ter essa opção. Hoje tenho a nacionalidade italiana.
Dos quatro laterais convocados por Felipão para a disputa da Copa das Confederações, três atuam no futebol espanhol (Daniel Alves do Barcelona, Marcelo do Real Madrid e Felipe Luís do Atlético de Madrid). Você ainda acredita em vaga na seleção brasileira?
Guilherme Siqueira: Sei que aqui no Brasil poucas pessoas me conhecem. Prefiro ir passo a passo na Europa. Sei que se meu trabalho for bem feito lá fora a recompensa vai chegar.
Você iniciou sua carreira nas divisões de base do Figueirense e dois anos depois se transferiu ao rival Avaí. Qual foi o motivo dessa mudança?
Guilherme Siqueira: Eu fui vendido com 16 anos, mas até os meus 18 anos eu não poderia sair do Brasi. Então para estar em atividade e perto da minha família acabou surgindo a possibilidade de assinar com o Avaí.
Guilherme, até você se estabilizar no Granada, você passou por quatro times no futebol italiano. Qual o grande problema que você encarou para não se adaptar da forma que se adaptou no futebol espanhol na Itália? Pesou a questão do idioma, por exemplo?
Guilherme Siqueira: O idioma não foi o meu problema. Com três meses de Itália eu já falava o idioma fluentemente. Eu acho que o estilo de jogo e as lesões foram os principais aspectos.
Guilherme Siqueira ao lado de Marcelo (Divulgação/AV Assessoria de Imprensa)
Na Espanha, por sua vez, você não tardou a cair na graça das torcidas. O que te proporcionou essa adaptação tão fácil ao futebol europeu?
Guilherme Siqueira: Desde que eu cheguei na Espanha a minha vida mudou completamente. Hoje tenho a felicidade de jogar na primeira divisão do melhor futebol do mundo. Sou feliz e reconhecido. Todo esse meu sucesso atual eu devo ao Granada. Se hoje tenho uma estabilidade é graças a esse clube.
Ano após ano, seu nome é ligado a uma especulação no Manchester United. Quanto ao futuro: até quando vai seu contrato com o Granada? Você pretende renová-lo?
Guilherme Siqueira: Eu renovei ano passado com o Granada por cinco temporadas. Tenho ainda mais 4 anos de contrato. Se vou cumprir não sei porque não depende só de mim. Mas acho que se chegar alguma proposta que seja boa para o clube e para mim, eu acredito que seria o momento ideal de aspirar novos objetivos.
Por mais um ano consecutivo, o Granada conseguiu se salvar e permanecer na primeira divisão. Para você, o Granada pode chegar a brigar por alguma vaga na Liga Europa na próxima temporada?
Guilherme Siqueira: O Granada a cada ano que passa vem se estabilizando mais na primeira divisão. Acho que falar de Liga Europa ainda é muito cedo. No entanto, com o projeto que os donos desse clube vem fazendo não seria nenhuma loucura eu falar que dentro de dois ou três anos o Granada poderia brigar por essas posições.
Você costuma enfrentar frequentemente Real Madrid e Barcelona, que conta com dois melhores jogadores do mundo, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Por jogar mais do lado direito do campo, dificilmente você marca individualmente o português. Por outro lado, o combate com o camisa dez do Barcelona é maior. Qual a maior dificuldade em encarar o Messi?
Guilherme Siqueira: O Messi é o jogador mais imprevisível do mundo. Ele pode sair pela sua direita ou esquerda. Então você nunca sabe o que ele pode fazer em determinadas partes do jogo. Além da sua baixa estatura é muito difícil de derrubá-lo. O melhor a ser feito é uma marcação coletiva em cima dele e não deixar ele cômodo dentro de campo.
E quem é melhor: Messi ou Cristiano Ronaldo?
Guilherme Siqueira: São os dois melhores do mundo, mas tem características diferentes. Nessa vou ficar em cima do muro (risos).