quinta-feira, 10 de maio de 2012

O Real Madrid inspirou o Atlético de Madrid

 Em Neptuno, a festa é do Atléti. Bi-campeão da Liga Europa, colchoneros se inspiraram o rival merengue para bater Athletic Bilbao (getty images)

Há três semanas, o Real Madrid foi ao Camp Nou para vencer o Barcelona e sentenciar o campeão espanhol da temporada. Ao vencer por 2x1, os merengues, paralelamente, deixaram uma lição ao rival Atlético de Madrid. Para parar um futebol baseado na troca de passes, é preciso inteligência, aplicação tática e acerto na hora do contra-ataque. Foi assim que os principais clubes de Madrid conseguiram seus maiores resultados na temporada. Os colchoneros, jogando de maneira semelhante, conquistaram o bi-campeonato da Liga Europa ao derrotar o Athletic Bilbao, equipe espanhola que mais próxima chega do estilo de jogo barcelonista.

Embora diga bastante sobre as equipes, a estatística menos relevante do confronto foi a posse de bola, que, claro, ficou com o conjunto basco em 63% do tempo. O número não significa que o Athletic Bilbao, segundo time que mais troca passes na Liga BBVA, tenha sido melhor, pelo contrário. O Atlético de Madrid simplesmente abdicou da bola e apostou na força da trinca do meio-campo formado por Diego, Adrián e Arda Turan, que impusseram aos rojiblancos de Bilbao uma avalanche futebolística que a equipe de Bielsa ainda não havia presenciado na Liga Europa. Na frente, bola para Falcão que ele decide. Foram dois gols que ratificaram a artilharia da competição pela segunda temporada consecutiva. Também pela segunda temporada consecutiva, El Tigre marca na final e é campeão. Literalmente, o Mister Europe League, como é chamado.

A estratégia dos colchoneros, executada à perfeição, era evidente: desarmar e acionar os meio-campistas pelo flanco ou o artilheiro no comando do ataque, já que o Athletic Bilbao descia ao ataque desesperado, deixando a retaguarda desprotegida. Porém, assim como o Real Madrid no Camp Nou, o Atléti jamais se limitou a ficar apenas na defesa. Com a bola, o time de Simeone sabia o que fazer. Gabi e Suárez foram perfeitos na volância, combatendo Iturraspe e Ander Herrera. A dupla do Bilbao, aliás, ficara extremamente preocupado com Diego, Arda Turan e Adrián López em determinados momentos do jogo.

Por exemplo, o estilo de jogo dos Leones passa necessariamente pelo encaixe de seus meio-campistas. Em Bucareste, Ander foi decepção, pois não criou nada, mostrou-se nervoso, errou finalizações bobas e foi substituído cedo. Assim, Llorente passou despercebido e foi presa fácil para Miranda, que, talvez, fez sua melhor partida na temporada e na carreira no Atlético de Madrid. Susaeta, pela direita, foi anulado por um Filipe Luís que cada vez parece mais com aquele do Deportivo La Coruña que quase acabou contratado pelo Barcelona. Apenas Muniain tentou e teve (pouco) sucesso. A entrada de Ibai Gómez e Iñigo Pérez no segundo tempo foi uma alternativa de Bielsa para colocar velocidade pelos flancos do campo. Com o meio-campo congestionado, as inflitrações seriam necessárias para bater a meta de Courtois.

A escolha da postura e sua execução do Atlético de Madrid foram ótimas. Méritos para Simeone, que pegou uma equipe eliminada na Copa do Rei para o pequeno Albacete (no Vicente Calderón, vale lembrar) e a transformou na campeã da Liga Europa pela segunda vez em três anos. É um time totalmente diferente da época de Manzano. Simeone ajustou a defesa, soube usar o jogo de seus laterais e, sobretudo, apostar no contra-ataque, talvez maior mérito de El Cholo desde seu retorno a Manzanares. A jogada, que inexistiu com Manzano, foi, para muitos, a principal responsável pelo título. Agora, como bem avisou Simeone, é hora de esquecer um pouco o título e seguir adiante na Liga. Contra o Villarreal, na última rodada, os rojiblancos entram em campo necessitando da vitória e torcendo para uma derrota do Málaga para fechar a temporada com chave de ouro: a vaga na Liga dos Campeões da Uefa.

Ao Athletic Bilbao, resta levantar a cabeça. A base é boa, promissora e mostrou ao mundo um dos mais belos futebol da temporada. O País Basco, certamente, está orgulhoso do time. Cair é permitido, claro, mas se levantar é essencial. O choro dos jogadores ao término da partida foi comovente, mas tem mais final pela frente, ainda que seja difícil derrotar o Barcelona, que vem à todo na despedida do Guardiola. Ainda não era hora de título, entretanto a taça pode estar próxima de Gabarra. "Voltamos já", disse Marcelo Bielsa, que deve ter seu contrato renovado. A Liga Europa o espera, Athletic.

3 comentários:

  1. Grande texto Torci para o Athletic de Bilbao, mas Falcão estragou a brincadeira. Que jogador!

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  2. Não entendo por que a vitória do Atlético de Madrid tenha qualquer coisa a ver com Real Madrid x Barcelona mas tudo bem...

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  3. Leia o texto novamente.

    Eu não disse que a vitória do Atlético de Madrid tenha a ver com a do Real Madrid, e sim que o cenário foram totalmente semelhantes.

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