O dono da bola: articulador do meio-campo do Málaga, Cazorla termina temporada em alta e tem tudo para ir à Eurocopa (AP Photos)
Cazorla esteve impossível. O meio-campista marcou 13 gols na temporada e assistiu 11. Contra o Sporting Gijón, no jogo que garantiu o Málaga na Liga dos Campeões da Uefa, foi dele o passe para o gol decisivo de Rondón, o único jogador do elenco blanquiazul com mais gols que o ex-Villarreal na temporada. Sua marca só não foi maior que a da 2006/2007, quando, jogando pelo Recreativo, anotou 14. À época, Santi também foi premiado como o melhor jogador espanhol do ano, em prêmio concedido pela famosa revista Don Balón. Naturalmente, muito se especula sobre o futuro do jogador asturiano, cujo vínculo com o Málaga termina em 2014, mas dificilmente ele sairá da Andaluzia. Liverpool, Arsenal, PSG, Roma e Juventus mostraram interesse nele no verão passado, quando decidiu reforçar o Málaga. Hoje, praticamente um ano depois de garantir o Villarreal na fase prévia da principal competição europeia, Cazorla tem Málaga a seus pés.
El Cuín, como é chamado desde a época das divisões de base do Oviedo, foi o principal acerto do Sheik Abdulla Al-Thani no mercado. Vendido pelo Submarino Amarelo por 20 milhões de euros como uma das alternativas para fazer caixa, o meio-campista viu seu ex-clube afundar, literalmente. Tanto dentro de campo, deixando claro a falta que Cazorla fazia na meiuca, como fora, sendo rebaixado à Liga Adelante. No Málaga, o asturiano se encaixou com naturalidade. As expectativas criadas em torno de sua contratação foram cumpridas com excelência. Os 20 mil torcedores que lotaram La Rosaleda no dia de sua apresentação estão, com certeza, satisfeitos. Peça-chave do esquema de Pellegrini, tornou-se essencial à medida que a temporada passava.
Aos 27 anos, Cazorla certamente sabia que, se renovasse pela segunda vez com os amarillos, abriria mão da chance de brilhar por um time de ponta da Espanha. O Atlético de Madrid tentou sua contratação, o Valencia por pouco não anunciou, mas foi o projeto Málaga que mais chamou sua atenção. Ex-treinador e fã, Juan Carlos Garrido chegou a implorar por sua permanência em Castellón, mas sabia que sua venda era necessárioa, já que não havia abrido mão de Rossi e Nilmar. O camisa 12 blanquiazul não entrou na seleção da temporada feita pelo blog, mas certamente teria seu nome no banco de reservas e seria a alternativa a Özil, líder de assistências e dono de um excelente segundo turno.
O nome de Cazorla, certamente, seria unanimidade numa votação de top 5 dos melhores jogadores do Málaga na temporada. Ao lado de Isco e Rondón, foi o principal nome do time em 2011/2012. Toulalan, até se lesionar, e Demichelis completariam a lista. O asturiano é consistente há muito tempo e tem uma capacidade impressionante de posicionamento e tomada de decisões. Bom finalizador tanto com a direita quanto com a esquerda, é cobrador nato de faltas. Na Liga, foram quatro, ficando atrás apenas de Beñat, do Bétis, com seis. Nomes como Cristiano Ronaldo, Daniel Alves, Marcos Senna e Messi foram deixados para trás. É também importante taticamente, como evidenciado no duelo contra o Real Madrid no Santiago Bernabéu, ajudando na marcação pelo setor direito e sendo importante na frente. Aliás, foi de falta que ele marcou e deu um pingo de esperanças para o Barcelona.
Outra importante característica é a versatilidade. Por jogar no centro, na direita e na esquerda, mais avançado e recuado, dá a Pellegrini bastante flexibilidade para adaptar o time às
necessidades de cada momento. Com 57,6 passes (84,8% de acerto), 7,4
lançamentos e 2,2 passes para finalização por partida, ele faz o jogo do
Málaga fluir. Não sai do lugar certo, passa quando tem de passar e
chuta quando tem de chutar. Após deixar Santi de fora da Copa do Mundo devido a má temporada com o Villarreal em 2009/2010, Vicente Del Bosque não teve escolhas e se rendeu ao jogador. Convocado para os dois últimos amistoso pré-Eurocopa, é certo seu nome aparecer na lista final dos jogadores que vão tenta o bi-europeu (Cazorla esteve no elenco campeão em 2008). Afinal de contas, ele merece. Pode não ser melhor e nem mais importante para o treinador madrilenho, mais fez melhor temporada do que Fàbregas e Iniesta, por exemplo.
*Para quem não entendeu, o título é uma alusão a mitologia das Astúrias, província espanhola onde Cazorla nasceu. A mitologia asturiana e as suas lendas estão baseadas nas vivências
religiosas dos povos Astures, com temas simples sobre a adoração à natureza e ao sol, interligados com as mitologias celta e nórdicas.
Comentário perfeito. Temporada brilhante do Cazorla.
ResponderExcluirCazorla é tudo aquilo que o Niño Torres e o David Villa pensam que são
ResponderExcluirBelo texto sobre Cazorla. Como se esquecer de seus belos gols de falta (ainda mais aquele mítico contra o Real Madrid).
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