sábado, 26 de maio de 2012

O Barcelona de sempre

Na despedida de Guardiola, o Barcelona ganhou a Copa do Rei e teve atuação memorável (getty images)

O maior presente de despedida que o Barcelona poderia dar a Josep Guardiola aconteceu. Na final da Copa do Rei, que garantiu o 26º título da competição aos catalães, o Athletic Bilbao sofreu. Descansado e com a motivação de encerrar o ciclo sob o comando do treinador com o 14º título em 19 possíveis, seria natural que os azulgrenás fossem intensos e pressionassem os bascos desde o início. Mas o que se viu nos primeiros 25 minutos no Vicente Calderón foi o Barcelona voltando à sua essência, à proposta de jogo nos melhores momentos da equipe durante os quatro anos de domínio blaugrana. Os Reis de Copa, simplesmente, não deixaram o Bilbao respirar durante o primeiro terço da partida.

Como especulei um dia antes da final, o abalo psicológico ficou nítido no Athletic Bilbao. Acuados, foram presas naturais à marcação sob pressão fulminante do blaugranas. Os problemas começaram antes da bola rolar. Ander Herrera e Iturraspe não estavam sob condições de jogo e tiveram que ser descartados por Marcelo Bielsa, que resolveu abastecer seu meio-campo com o retorno de Javi Martínez à volância e deu oportunidade a Ekiza na zaga. El Loco sabia que, sem Ander, perderia em intensidade e passe. Para isso, resolveu deslocar De Marcos para fazer companhia a Javi na linha de dois. Para não perder a velocidade pelos flancos, iniciou com Ibai Gómez na direita do seu 4-2-3-1, com Susaeta na armação.

O resultado começou a ser construído cedo. A mil por hora, os azulgrenás tiveram duas chances nos primeiros dois minutos. Na terceira, Pedro colocou às redes. Foi de Pedro também o terceiro gol, o que abriu um novo debate: terminando a temporada em alta, o canário ainda teria lugar nos 23 de Del Bosque para a Eurocopa? A imprensa espanhola vinha dando como confronto direto por uma vaga o duelo do barcelonista com Muniain, convocado pelo treinador madrilenho contra a Venezuela. Substancialmente, Pedrito largou bem à frente do basco. Ao contrário do "rival", apareceu bastante no jogo, não apenas com gols, mas sendo importante nas infiltrações em diagonal, que tanto fez falta ao Barcelona na temporada. A excelente partida do camisa 17 certamente trouxe, paradoxalmente, dor de cabeça a Guardiola. Em partidas decisivas, como contra Chelsea e Real Madrid, Pedro certamente seria mais decisivo que Cuenca e Tello, não?

Outro fato evidenciado em campo foi a partida de Iniesta. Muito abaixo da média na temporada, El Albino, acredite, não se "deu bem" jogando ao lado de Fàbregas. Aconteceu que, muitas vezes, era ele quem fazia o lado esquerdo do ataque. Sem Fàbregas ou Keita e jogando em sua posição original, foi um dos melhores em campo no Calderón. É um aviso direto a Vicente Del Bosque, que precisa deixar de lado a ideia de utilizar Iniesta aberto à esquerda, ao menos que seja no 4-2-3-1. Autor do segundo gol, Messi fechou a temporada com estratosféricos 73 gols. O maior artilheiro da história do Barcelona lembrou, na maior parte do confronto, seus tempos de ponta-direita: bem preso ao setor, foi graças a uma infiltração sua que marcou o gol.

O título, e a maneira com a qual foi campeão, só ratifica que o ciclo vencedor barcelonista está longe de acabar. Tito Vilanova, o novo treinador, conhece a filosofia de jogo, é querido pelos jogadores e deve manter a mesma proposta de Guardiola. O Barcelona campeão terá outros tantos por muito tempo. O Barcelona nunca deixará de ter. O Barcelona nunca deixará de ser.

Espanha 2x0 Sérvia
Acabou agora há pouco na Suiça o amistoso da seleção espanhola. Sem os jogadores do Barcelona, Athletic Bilbao e Chelsea, Del Bosque aproveitou a partida para fazer muitos testes. Curiosamente, retornou ao 4-4-2, que, contudo, não deverá aparecer na Ucrânia e Polônia. A utilização do módulo tático deve ter sido para ver como Negredo e Soldado se sairiam. Os dois, contudo, passaram despercebidos em campo e pouco criaram oportunidades. A dúvida pelo terceiro atacante do elenco permanecerá, pelo visto. 

Nesse cenário, quem ganhou pontos foi Adrián López. O colchonero, sim, fez valer seus pouco menos de 25 minutos de chances. Na primeira oportunidade que teve, aproveitou um cruzamento de Jesus Návas e cabeceou firme para abrir o placar. O passe oriundo da assistência de Navas veio dos pés de Beñat, mais um bom armador da geração espanhola que certamente deverá ganhar oportunidades e aparecer com naturalidade nas convocações de Del Bosque após a Euro. Não irá jogar a competição, fatalmente, mas larga na frente para tentar ir à Copa do Mundo. Cazorla, autor do gol que sacramentou a vitória, praticamente sentenciou sua vaga no grupo que tentará o tri-europeu.

Um comentário:

  1. Barça tem que comemorar muito esse título, pois a próxima taça vai demorar pra chegar.

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