Os jogadores lamentam: o Villarreal está rebaixado para a Liga Adelante (getty images)
Há seis anos, a comunidade de Castellón lamentava o fato de não poder ver seu representante na final da Liga dos Campeões. Um pênalti desperdiçado por Riquelme, que, segundo muitos torcedores, foi o melhor jogador a vestir a camisa amarilla, deixou a equipe comandada por Manuel Pellegrini a um passo de chegar a final de Paris contra o Barcelona. Ontem, exatamente às 21h50 local, após o apito final de Estrada Fernández, a lamentação tornou-se lágrimas. Seis anos depois de viver seu auge, o estopim de uma crise que começou cedo, logo no início da temporada, teve conhecimento: o El Madrigal presenciou o rebaixamento do Villarreal à Liga Adelante.
Com perdão do trocadilho: o Submarino Amarelo afundou. Como diz o título do texto, a queda é difícil de explicar, mas fácil de entender. Nada deu certo na temporada. Mesmo possuindo um elenco forte para, pelo menos, disputar Liga Europa, as ausências de Cazorla, Capdevilla e Rossi foram sentidas. A bem da verdade, a lesão do ítalo-americano logo na introdução da temporada não seria tão sentida se, junto com ele, Nilmar não tivesse ido junto. Quando soube que ficaria sem seus principais atacantes, tudo começou a desandar. Enquanto Rossi continuou patinando no Departamento Médico, Nilmar voltou. Entretanto não era nem a sombra daquele atacante veloz e ágil que infernizava as defesas.
Um dos principais motivos para a queda foi a atuação do setor defensivo no andamento da temporada. Frágil e sempre muito desprotegido, principalmente pelo estilo de jogo ofensivo da equipe, concedeu 60 gols. Dessa maneira, ficou difícil para o ataque compensar na frente. No entanto, esse setor também foi problema. Principal responsável pelos méritos do time nos últimos anos, a ligação meio de campo-ataque inexistiu. Sem Rossi, custou para arranjar um atacante decente, sobretudo após retorno abaixo da média de Nilmar. Lotina chegou a jogar no 4-2-3-1 em detrimento do 4-4-2 que tanto deu frutos positivos ao clube. Marco Rúben foi o artilheiro da temporada com 9 gols. A exemplo de comparação, o vice-artilheiro da temporada passada, Nilmar, marcou 13 (Rossi, o artilheiro, anotou 20). O gaúcho, em queda livre, anotou apenas quatro em 2011/2012. Os testes foram múltiplos. Martinuccio foi contratado por empréstimo junto ao Fluminense no inverno; Hernán Pérez foi muito utilizado; e até o canterano Joselu teve que ser efetivado para ajudar, num claro sinal de desespero.
A crise econômica também afetou dentro de campo. Sem um substituto natural para Cazorla, vendido ao Málaga, onde irá disputar a Champions League, para fazer caixa, custou aos amarillos criarem jogadas. Borja Valero foi a força motriz do ataque até dezembro, criando jogadas impensáveis para qualquer outro jogador do elenco e decidindo com gols. Mas ele enfrentou um período bem improdutivo entre janeiro e abril, quando caiu substancialmente de produção. Incapaz de criar oportunidades com a frequência de 2011, o Borja Valero de 2012 foi bem menos brilhante. Todavia, ainda conseguiu ser melhor que Cani, decepcionante à medida que se tornava-se o principal jogador da equipe devido as lesões dos principais. A temporada de Marcos Senna é a mais irônica. Mal e relegado à reserva em 2010/2011, quando os castellonenses terminaram em 4º e foram semifinalistas da Liga Europa, o brasileiro naturalizado espanhol deu a volta por cima justamente no pior momento do clube desde sua chegada. Senna domina o meio-campo, ataca e defende com a mesma eficiência e consegue ser ainda melhor do que em 2007/2008, quando foi vice-campeão e premiado com uma vaga à Eurocopa.
Contratado em fevereiro, após as demissões de Juan Carlos Garrido e José Molina, Miguel Ángel Lotina encarou uma situação que, negativamente, tem sido corriqueira em sua carreira. É o quinto rebaixamento do treinador, antes rebaixado com Logronês, Celta Vigo, Real Sociedad e Deportivo La Coruña, igualando as marcas de Fernando Vázquez e Lucien Müller. O do Villarreal foi semelhante ao do Celta Vigo 2003/2004 de Lotina e o Deportivo da temporada passada do basco. Os celestes, há oito temporadas, começaram o ano na Champions League e terminaram rebaixados, exatamente como os amarillos. Os galegos, por sua vez, foram rebaixados, mas deixaram a sensação de azar justamente por possuírem, entre os postulantes ao descenso, a melhor equipe, assim como o Villarreal 2011/2012. A Liga Adelante também sofre as consequências da queda amarrila. O Villarreal B, em 13º na tabela, é automaticamente rebaixado à Segunda B pelo fato do regulamento não permitir a participações de dois times da mesma instituição numa mesma divisão.
O desmanche no elenco deverá ser grande. Para fazer caixa, será necessário vender. Rossi, Nilmar, Borja Valero, Cani, Mussachio, Marco Rúben serão nomes eternamente ligado às especulações durante o verão. O brasileiro já havia recebido propostas da Roma e do futebol brasileiro nos últimos mercados, mas o clube não quis vender. Agora, será obrigado. Marcos Senna, Ángel e Gonzalo afirmaram querer continuar a fim de ajudar no retorno à elite. Renovar com as bandeiras do clube, os nomes mais benquistos pela torcida, indica que o Villarreal imagina estar de volta à elite em 2013/14. Porém, tudo é incógnita. E o meio-campo e ataque, principais setores da equipe? Como será o mercado? Quem fica? Quem sai? Quem chega? Tudo é incógnita.
A família Roig, responsável pelas ações do clube, viveu um drama na noite passada. A tragédia se personificou em Fernando Roig. O máximo acionista e presidente do clube castellonense acompanhou a partida nas tribunas do El Madrigal ao lado de seu filho José Manuel Llaneza, vice-presidente. Durante anos, o Villarreal sempre foi exemplo de gestão esportiva e econômica. Também dentro de campo, praticando um futebol charmoso, atraente, valente, com a busca pela posse de bola. Bastou uma temporada de adversidade tanto interna como externamente para tudo cair por água abaixo. Após o término da partida, Roig desceu ao gramado, onde, sob lágrimas, foi ovacionado pela torcida, que não se esquece do que ele fez pelo clube nesses últimos dez anos. Fora do estádio, os gritos dos aficionados para os jogadores foram de mercenários. Não é hora de buscar culpado ou desculpas. Aos torcedores amarillos, a boa notícia é que Roig não vai abandonar o projeto. A Liga BBVA perde um time que desempanhava um belo futebol, mas o espera ansiosamente pelo retorno.
Muito triste o rebaixamento do Villarreal, clube que circulava entre os grandes já havia um bom tempo. Uma pena e que os Submarino Amarillo esteja de volta ano que vem. ABS
ResponderExcluirComeçou a liquidação Villareal, os jogadores que devem ser negociados renderão um bom valor ao clube, seria interessante se contratasse um treinador que saiba trabalhar com jovens revelações do Villareal B, visando se reestruturar para uma temporada de baixa. E só te corrigindo Victor, ansiosamente é com s e não com c.
ResponderExcluirAbraços!!!
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