domingo, 1 de janeiro de 2012

Um bom filho à casa torna

Fadado ao sucesso, Simeone está de volta ao Atlético de Madrid. A torcida está ao seu lado e as expectativas são grandes (getty images)

Em 1995/1996, o Atlético de Madrid conquistou, pela última vez em sua história, a Liga Espanhola. Foi um título que colocou fim definitivo à época de ouro do Barcelona, que havia formado o primeiro dream team de sua história. Os blaugranas, que viam de quatro títulos espanhóis consecutivos e uma Liga dos Campeões, foram sentenciados pelos colchoneros, que aplicaram, naquela campanha, um doblete no rival, com direito a 6 a 2 na soma dos dois jogos (3 a 1 para o Atléti nas duas partidas). Além disso, à época, o Atlético de Madrid também pôde comemorar a Copa do Rei, derrotando na final justamente os catalães. Não havia mais dúvidas de que, na Espanha, havia um novo dono, e ele trajava vermelho e branco.

Um anos antes da temporada histórica, chegou a Manzanarez um argentino que chamava a atenção do mundo futebolístico. Proveniente do Sevilla, Simeone assinou com o time do Vicente Calderón e não demorou muito a cair nas graças da torcida. Ganhando ou perdendo, a feição nunca mudou. Frio, centrado sempre e, sobretudo, raçudo, Simeone encantou os torcedores. Não por sua habilidade. E sim por sua disposição a cada jogo, não importava o adversário. De nível inferior ou superior, El Cholo levava sempre a sério. Foi assim que o argentino seduziu o mundo. Peça-chave do Atlético de Madrid de 96, formou um excelente quarteto de meio-campo ao lado do sérvio Pantic e dos espanhóis Caminero e Viscaíno. Em 1997, transferiu-se para o futebol italiano, deixando uma lacuna no coração de cada torcedor colchonero. A camisa 14 nunca mais fora a mesma.

O natal na Espanha não é tão comemorada como aqui no Brasil, mas os aficionados atleticanos receberam um presentão. Após mais um vexame, ao ser eliminado da Copa do Rei para o modesto Albacete, a paciência da cúpula rojiblanca com Gregório Manzano esgotou-se e o técnico acabou demitido. Um dia depois, o presente do Dia de Reyes foi antecipado. O novo nome foi anunciado: Simeone estaria de volta à capital, dessa vez como treinador. O desafio não é simples: recolocar os Índios entre os grandes espanhóis novamente. "A responsabilidade é enorme, mas isso, em vez de me aterrorizar, serve para me motivar a ajudar a equipe, pouco a pouco, a recuperar o que já teve há tempos", afirmou em sua apresentação. Na 10ª colocação atualmente, copar uma vaga na Champions League parece uma missão ingrata. As atenções, portanto, voltam-se a conquistar uma vaga na Liga Europa e, por que não, tentar o bi da competição, onde os colchoneros enfrentam a Lazio, onde o argentino fez bastante sucesso, na fase 16 avos.

Em sua primeira coletiva, El Cholo deixou claro como irá querer o seu Atlético. Avisou que pretende montar um time agressivo, forte, aguerridos, que tenha como principal característica o contra-ataque. Seria um dèja vú de 95/96? Com Manzano, a última característica inexistiu. O módulo tático ainda é uma incógnita, embora Simeone goste de usar o 4-4-2 em suas equipes. A efetividade do sistema está na pressão constante sobre o adversário e na ocupação dos espaços do campo. Para isso, o bom condicionamento físico do time é essencial. Na zaga, não deve haver nenhuma mudança. Recuperar o bom futebol de Antonio López, entretanto, é o principal desafio. O ex-capitão não começou bem a temporada e vem armagurando o banco de reservas há tempos. O mesmo vale para Filipe Luís, que ainda não justificou sua ida à capital. Titular da lateral esquerda, o brasileiro ainda não se destacou como no Deportivo.

Está no meio-campo as dores-de-cabeças. Como Manzano alternava esquemas, a volância foi o principal problema durante sua pequena passagem. Com Simeone, a lógica leva a crer que Gabi e Paulo Assunção formarão a dupla com o objetivo de transbordar a segurança no meio. À frente, Diego e Arda Turan deverão jogar no suporte a Adrián e Falcão García. Nesse caso, Sálvio, que era constantemente titular com o ex-treinador, deve aparecer no banco com frequência. A não ser que o módulo tático seja um 4-1-3-2, que foi o que mais teve bons resultados na atual temporada. Diego centralizado, na armação à dupla de ataque, e Arda Turan e o argentino abertos pelos flancos é uma opção que, se bem trabalhada, pode levar perigo no contra-ataque.

Pouco mais de cinco mil pessoas acompanharam o primeiro treino comandado por El Cholo no estádio. Os torcedores ocuparam parte da arquibancada inferior e receberam Simeone com muita festa. O argentino ainda dedicou cerca de 25min após o treino para distribuir autógrafos. Não há garantia de que a escolha de Simeone para o comando do time é a certa, mas que é uma boa aposta poucos negam. O ex-jogador sabe o tamanho do Atléti e carrega consigo uma mentalidade que falta ao clube há alguns anos. É esperar para ver. A estreia é no próximo dia 8, contra o Málaga, na Andaluzia. Um bom teste para um dos melhores e mais queridos aluno rojiblancos nos últimos anos.

Um comentário:

  1. Que faça bom trabalho. Missão bem complicada, mas desafiante pro Simeone.

    O Atléti tem de voltar a ser forte e ganhar 1 derby também no Calderon no returno.

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