domingo, 8 de janeiro de 2012

A implicância chata com Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo marcou seu 21º gol na Liga BBVA contra o Granada e não comemorou. Foi notícia, claro (getty images)

Marrento. Polêmico. Craque. Estes são alguns dos adjetivos que são atribuidos diariamente a Cristiano Ronaldo. Filho ilustre da Ilha da Madeira, teve o nome dado por sua mãe Dolores em homenagem ao então presidente dos EUA, Ronald Reagan. Com pouca idade, perdeu seu pai, Dinis Aveiro, e cresceu muito ligado aos seus irmãos Hugo, Cátia e Elma. Uma infância de muitas dificuldades, mas repleta de sonhos. Hoje, o que Cristiano Ronaldo faz em sua vida pessoal vira notícia. Mas, muita das vezes, negativas. A implicância da mídia para com o português começa a extrapolar.

Se ele, a pedido de Mourinho, resolve não viajar a uma premiação onde não será o ganhador em prol de uma preparação especial para um duelo decisivo, foi o egocentrismo que falou mais alto. Se sua equipe não joga bem contra o Barcelona, apenas ele é taxado de pipoqueiro. Se ele marca três gols e resolve, dessa vez, criticar quem o critica, é taxado de chato. Se ele marca seu 21º gol numa competição onde é o artilheiro disparado, a ponto de deixar o melhor jogador do mundo quatro gols atrás, e não comemora, justamente por ter sido o quinto gol de uma partida que foi 5 a 1, também é criticado. O fato é: o que Cristiano Ronaldo toca vira ouro. São picuinhas desnecessárias para criarem certo tipos de notícias. Querem de Ronaldo uma pessoa semelhante a Messi. Esqueçam. Sua personalidade é forte e isso é problema dele. Seu brilho ninguém tira. Cristiano Ronaldo é a fantasia objetiva.

O talento já brotava nos campinhos do Funchal e no Andorinha, clube em que deu seus primeiros chutes. Dali, despertou os olheiros do Nacional, que descobriam grande talento. Aos 11 anos, o desafio de ir para as divisões de base do Sporting, um dos maiores clubes de Portugal. Foi ali que ele cresceu e amadureceu, deixando de ser promessa e se tornando realidade. Foram seis anos encarando os sacrifícios de sua ousada escolha. Mas ele seria recompensado. No jogo de estréia do Estádio Alvalade Século XXI, entre Sporting e Manchester United, o abusado meia-atacante simplesmente levou os ingleses à loucura, com dribles desconcertantes. Foi o suficiente para que os próprios jogadores do time britânico pedissem sua contratação ao técnico Alex Ferguson. A negociação foi 12 milhões de libras (cerca de R$ 41 milhões).

A partir de 2003, Ronaldo surgiu para o estrelato com a camisa dos Diabos Vermelhos. Desde então, coleciona casos polêmicos, como envolvimento com prostitutas e o acidente com sua Ferrari novinha. Em campo, porém, não há como negar seu sucesso. No clube britânico, foram sete títulos e atuações memoráveis, que levaram José Mourinho, à época, a chamá-lo de "o filho de Van Basten", em alusão ao grande atacante holandês do fim da década de 80. Atuações de galas e com um prêmio de melhor do mundo na bagagem levaram o português da camisa sete ao sonho de infância: atuar pelo Real Madrid, "maior clube da história", segundo o próprio.

Na capital espanhola, Ronaldo se consolidou de vez. Chegou, em apenas 2 anos e meio, a 112 gols em sensacionais 112 jogos. Uma marca absurda: média de um por jogo. Conseguiu, a efeito de comparação, ultrapassar Ronaldo Fenômeno mesmo não jogando com Figo, Beckham e Zidane. Detalhe: o brasileiro conseguiu 101 gols em cinco anos. Os 94 milhões de euros pagos por Florentino Pérez em junho de 2009, que tornou a transferência mais cara da história do futebol, são recompensados a cada jogo. Na primeira temporada como merengue, um gostinho de quero mais. Uma lesão no tornozelo o tirou de dois meses da temporada e dois cartões vermelhos mancharam sua temporada.

Em 2010/2011, o gajo foi extraterrestre. Pulverizou recordes. Foram 40 gols na Liga, tornando-se recordista de gols em uma única edição de Liga BBVA. Na temporada, foram 53 gols, tornando-se recordista de gols em uma única temporada pelo Real Madrid. De esquerda, de direita, de falta, de cabeça, de pênalti. Teve gols de tudo que é forma. Para trás, nada mais nada menos que Púskas, Zarra. A história foi escrita. Cristiano Ronaldo tem uma história rica no futebol. Podem chamá-lo de tudo: prepotente, marrento, arrogante, chato, pipoqueiro. Porém, o garoto da Madeira driblou, literalmente, todas as batalhas da vida e já escreveu seu nome na galeria dos grandes craques da história do futebol. Queiram ou não.

9 comentários:

  1. belo texto

    a imprensa é um combinado de pessoas insuportáveis

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  2. Um fato real, pegam no pé dele de um jeito que nunca vi antes. Tudo que ele faz é ruim e tudo que o Messi faz é bom.... É um craque, um dos melhores dos últimos 10, 15 anos.

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  3. Um dos melhores textos que li recentemente. Parabéns!

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  4. Obrigado, galera.

    De fato, Gabriel, querem um Cristiano Ronaldo como Messi. Não será assim. O argentino é de um jeito e o português de outro, totalmente diferente.

    Abraço!

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  5. Ui, ele paga pau pro CR7.
    Deve se gozar todo quando ele faz um gol.

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  6. Ui, ele não é homem suficiente para aparecer com o perfil original, limitando-se a se esconder atrás do anonimato. Pena.

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