Gento e alguns de seus troféus, bandeira madrilenha e um campeão absoluto (Realmadridfin.net)
Quando o pequeno Gento corria pelos arredores de Guarnizo e sonhava em um dia defender as cores do Racing Santander, ninguém imaginava o sucesso que ele alcançaria dentro do futebol. Com uma velocidade impressionante e uma canhota mortal, Francisco “Paco” Gento López conquistou tudo vestindo a camisa onze do Real Madrid. Em 18 anos com os merengues, foram 23 títulos e a participação na histórica equipe vencedora de cinco Ligas do Campeões seguidas.
Gento iniciou sua carreira no Nueva Montaña, onde além de jogar futebol, praticava o atletismo. Dessa forma, ele trabalhou e evoluiu suas arrancadas e sua velocidade. O próximo clube de sua carreira foi o Astillero, de onde se transferiu para o Rayo Cantabria. A filial do Racing Santander pagou 3 mil pesetas pela assinatura do contrato, que previa 500 pesetas por mês e 50 pesetas por vitória da equipe. Em 1952, Gento chegou à equipe principal do time de cantábrico.
À época, o vice-presidente do Real Madrid, Álvaro Bustamante, tinha grande relação com a região e, nascido na Cantabria, fez a ponte entre Racing e os blancos. A transferência veio no ano de 1953, quando Gento chegou à capital espanhola e recebeu a camisa onze. O primeiro título já veio na temporada de estreia - a Liga foi vencida com quatro pontos de vantagem em relação ao Barcelona. Di Stéfano era a principal estrela da compania e alcançou a artilharia do espanhol ao marcar 29 tentos, boa parte deles com boa contribuição do passador Gento.
Porém, a dupla ficou conhecida pelos cinco títulos da Liga dos Campeões, nos anos 50. Foi nessa época que Gento recebeu o apelido de “Galerna del cantábrico”( em português, “Tempestade do mar Cantábrico”). A explicação é simples: o Cantábrico banha a região em que o histórico camisa onze madrilenho nasceu, e tempestade era o que ele causava sempre que fazia uma jogada.
Raymond Kopa, Héctor Rial, Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskás e Francisco "Paco" Gento: um quinteto de respeito para conquistar cinco títulos continentais (AFP)
A primeira taça das grandes orelhas veio em uma campanha com apenas duas derrotas, em que Gento fez um tento e viu Di Stéfano e Héctor Rial resolvendo no ataque. No bi, Kopa já fazia parte do elenco blanco, que derrotou a Fiorentina de Julinho Botelho na final. Novamente, o camisa onze dono da ponta-esquerda merengue foi importante ao marcar o segundo gol, que definiu o placar de 2 a 0 na decisão. A “tempestade” não assombrava apenas a Europa: a Espanha também era dominada pelo Real. Foram 12 títulos da Liga Espanhola, duas Copas del Rey e duas Copas Latinas entre os anos 50 e 60: domínio total.
O tri em 1958 também consagrou Di Stéfano, artilheiro da competição com dez gols, porém Gento mereceu destaque, pelos três gols, sendo um deles na final, como no ano anterior. Depois do terceiro título em sequência, para não perder o fôlego, o Real Madrid trouxe Ferenc Puskás, outra estrela para compor a companhia. No tetra, o major galopante foi muito importante, mas as assistências de Gento facilitavam muito o trabalho do hungáro e de Di Stéfano no ataque.
A consagração total veio em 1960, quando jogando em Glasgow o Real Madrid fez 7 a 3 contra o Eintracht Frankfurt, vencendo a sua quinta LC. Gento participava e vencia sua quinta final continental consecutiva. Durante a campanha, o “Galerna del cantábrico” teve importância, pois além das assistências, ele também marcou dois tentos, sendo um deles contra o Barcelona na semifinal.
O domínio europeu, entretanto, chegou ao fim na temporada seguinte, quando Benfica e Barcelona decidiram o título, e os portugueses levaram a taça. A base merengue seguia jogando junta, e, em 1962, voltaram a aparecer na final. Os encarnados, liderados por Eusébio, foram os adversários de Gento e cia, que disputavam a sexta final em sete anos. Mas o título ficou novamente com a equipe de Lisboa. O time supercampeão europeu com algumas mudanças – mas sempre com Gento –, voltou à final da competição em 1964, quando a Inter derrotou os blancos.
O retorno ao topo da Europa só ocorreu na temporada de 1965-66, quando Gento era a grande referência do Real Madrid, que já não contava com Puskás e Di Stéfano. O camisa onze teria finalmente a chance de erguer a taça como capitão e foi isso que ocorreu. Antes da consagração, o acerto de contas com a Inter na semifinal: uma vitória e um empate garantiram os blancos na final contra o Partizan. O 2 a 1 garantiu a taça, a última continental de Gento.
Enquanto no clube a carreira foi muito vitoriosa, na seleção, o craque madrilenho passou 14 anos, marcou cinco gols em 43 jogos. Porém não conseguiu título algum e ainda participou das Copas de 1962 e 66, quando a Espanha não passou das primeiras fases.
Hoje, Gento também é um dos ídolos do Real Madrid que ainda é presença certa no clube. Na apresentação de Robben, em 2007, foi o ex-ponta-esquerda que lhe deu a camisa onze, que para os madrilenhos sempre será de Gento. Além disso, ele também treinou o time B do Real e tentou a sorte em outras equipes, mas não repetiu fora de campo o sucesso que teve dentro dele. Após o final da carreira de treinador, Francisco “Paco” Gento López se tornou embaixador do Real Madrid pelo mundo.
Francisco “Paco” Gento López
Nascimento: 21 de outubro de 1933, em Guarnizo, Espanha
Posição: Ponta-esquerda
Clubes como jogador: Racing Santander (1952-53) e Real Madrid (1953-71)
Clubes como técnico: Castellón (1974), Palencia (1977-80) e Granada (1980-81)
Títulos: 12 Campeonatos Espanhóis (1953-54, 1954-55, 1956-57, 1957-58, 1960-61, 1961-62, 1962-63, 1963-64, 1964-65, 1966-67, 1967-68 e 1968-69), 2 Copas del Rey (1961-62 e 1969-70), 2 Taças Latina (1955 e 1957), 6 Ligas dos Campeões (1955-56, 1956-57, 1957-58, 1958-59, 1959-60 e 1965-66) e 1 Taça Intercontinental (1960)
Seleção espanhola: 43 jogos e cinco gols.
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