sábado, 2 de abril de 2011

Volta por cima

Benzema foi do inferno ao paraíso e hoje é, quem diria, fundamental para o Real Madrid (getty images)

Quando Higuaín se lesionou, às vésperas do superclássico no primeiro turno, Benzema pensou: "chegou a minha hora". Mas não. A lesão do Pipita não foi aproveitada pelo francês, que passou dois meses se arrastando em campo, sendo vaiado pela torcida e tornou-se alvo de discussão entre José Mourinho e Jorge Valdano. Para piorar a situação do camisa dez da seleção francesa, a cúpula merengue, a pedido de Mourinho, foi a Manchester contratar Adebayor. O fim da linha de Benzema em Chamartin parecia estar chegando ao fim, não fosse um velho conhecido do francês.

Convocado para a partida contra a seleção brasileira, Benzema recebeu a visita de ninguém mais ninguém menos que Zidane, a quem sempre teve como um ídolo, como a maioria dos franceses. Aquela partida contra a seleção de Mano marcou uma nova era para o franco-argelino, autor do gol da vitória francesa e de uma excelente partida. Após isso, Benzema emplacou uma sequência impressionante: marcou dez gols em sete jogos e foi um dos principais nomes da classificação merengue às quartas-de-finais da Champions League, o que já não acontecia há seis temporadas.

Ninguém ama tanto Karim Benzema quanto a imprensa de Madri. Talvez seus pais, mas ainda assim é discutível. Os jornais de Madri, sempre alinhados a Florentino Pérez, não se cansam de bancar o atacante. Compreensível, já que o francês foi o grande nome do dirigente para o ataque da equipe. Defender Benzema é como defender Florentino, e – aparentemente – defender Florentino é cláusula pétrea no projeto editorial desses veículos. Pelas características de cada partida, percebe-se que Mourinho e a melhoria de Benzema não esteve ligada a uma grande mudança tática no time, pois Mourinho não deixou de utilizar o 4-2-3-1. Em duas partidas, o francês entrou como jogador de referência no ataque, posição em que perdeu a posição para Higuaín. Nas duas últimas, jogou com um companheiro de ataque, como havia ocorrido assim que chegou a Chamartín, no início da temporada passada (seu colega foi Raúl). Também não dá para creditar a evolução à forma física, pois o atacante nunca aparentou problemas de condicionamento. Por isso, tudo leva a crer que a questão é psicológica.

Benzema chegou a Madrid com a obrigação de ser o grande atacante do time, o jogador que transformaria em gol as espetaculares jogadas de Cristiano Ronaldo e Kaká (outros recém-chegados). Quando a concorrência com Higuaín ficou mais evidente, o francês murchou. Agora, o argentino está fora de ação. E o jogador que precisa atender às expectativas da torcida e da imprensa é Adebayor, contratado a pedido de Mourinho. Sem tanto peso nas costas, Benzema pôde atuar de modo mais solto, mais natural. E voltou a apresentar o bom futebol da época de Lyon. Claro que o nível técnico discutível dos últimos adversários do Real contribuem para a chuva de gols do francês.

Mas é perceptível como, de repente, seu futebol parece mais compatível com o do resto do time. A ponto de alguns analistas espanhóis pensarem que Mourinho teria pedido Adebayor apenas como modo de dar um impulso psicológico ao francês. O retorno a Lyon, com direito a ovação da torcida de seu ex-time, também pode ter dado um novo ânimo ao atacante. Pode ser tudo isso junto, ou um pouco de cada coisa. O importante é que o Real Madrid encontrou um atacante para substituir Higuaín. E nem precisava gastar dinheiro para isso.

A sequência goleadora de Benzema
Amistoso, França 1x0 Brasil
Gol de Benzema aos 14 minutos da segunda etapa.

Campeonato Espanhol, Real Madrid 2x0 Levante
Benzema abriu a vitória merengue com um tento aos 7 minutos da primeira etapa.

Liga dos Campeões da Uefa, Lyon 1x1 Real Madrid
Benzema entrou em campo ovacionado e, no seu primeiro toque na bola, marcou, facilitando a vida dos merengues na partida.

Campeonato Espanhol, Real Madrd 7x0 Málaga
Doblete de Benzema, que abriu o caminho da goleada.

Campeonato Espanhol, Racing Santander 1x3 Real Madrid
Sem Cristiano Ronaldo, lesionado, coube a Benzema e Özil liderarem o Real Madrid e o francês não decepcionou: foi o autor de - mais um - doblete.

Campeonato Espanhol, Real Madrid 2x0 Hércules
Antes da volta contra o Lyon, Benzema chegou ao seu quarto doblete em Chamartin.

Liga dos Campeões da Uefa, Real Madrd 3x0 Lyon
Ótima partida de Benzema e mais um gol na sua ex-equipe.

Campeonato Espanhol, Atlético de Madrid 1x2 Real Madrid
No dérbi de Madrid, Benzema não foi brilhante, mas marcou o gol que tranquilizou os merengues, aos 11 minutos do primeiro tempo.

2 comentários:

  1. Benzema é bom. Finalmente jogando muito bem pelo Real, tanto como centroavante fixo, ou como pelo lado esquerdo, na função do Ronaldo, no 4-2-3-1.

    Abraços.

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  2. A zica, antes de Benzema, agora tem novo dono: Emanuel Adebayor.

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