“Nesta terra, tudo que se planta dá”. A frase escrita pelo escritor português Pero Vaz de Caminha registrou as impressões da terra que seria nomeada de Brasil. Se bem que a carta dirigida ao Rei D. Manuel também poderia fazer referência a um outro endereço: a Avinguda de Joan XXIII, s/nº. Por lá está localizada a famosa “cantera” La Masía, do FC Barcelona. A horta catalã de craques colheu frutos como Guardiola, De la Peña, Puyol, Xavi, Iniesta, Valdés, Messi, Pedro e tantos outros. Apesar da produtiva safra, o grão Gabriel Francisco García de la Torre, o Gabri, não brotou como era esperado, e a semente entrou na lista de uma grande promessa que não foi germinada. Campeão mundial sub 20, em 1999 e medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, pela seleção espanhola. Campeão da UEFA Champions League na temporada 2005/2006, da Liga 2004/2005 e 2005/2006, pelo Barcelona. Campeão da Copa da Holanda em 2006/2007, além da Supercopa em 2006 e 2007, pelo Ajax. Por que, apesar de tantos títulos, Gabri não conseguiu se destacar como um dos frutos da cantera azul-grená?
Para chegar até a resposta, voltemos ao dia 22 de setembro de 2004, considerado o dia para ser apagado da memória do clube catalão. Mesmo com a vitória de 4 a 1 sobre o Real Zaragoza, duas lesões antes dos 10 minutos inicias de partida deixaram os culés preocupados. O brasileiro Sylvinho, que regressara de uma contusão, não aguentou dois minutos em campo. A avaliação médica havia detectado uma entorse no joelho esquerdo que o deixaria um mês afastado. Contudo, o pior ainda estava por vir.
Sete minutos depois da substituição de Sylvinho, Gabri, que também voltara de uma leve lesão, caiu no gramado após controlar a bola. A baixa era séria, um entorse no joelho direito. "O ligamento cruzado anterior e do ligamento lateral interno do joelho direito foram completamente despedaçados”, avaliou o chefe médico do clube, Jordi Ardevol. A contusão era a mesma que havia afastado o meia brasileiro Thiago Motta, no início daquele mesmo mês de 2004, o deixando longe dos gramados por alguns meses.
A saída precoce de Gabri fez com que a temporada 2004/2005 terminasse naquele instante para o jogador. Para se ter uma ideia, em cinco anos na equipe principal do clube catalão, o jogador tinha uma média de 22 jogos por temporada, e só naquele ano atuou em apenas quatro jogos. Mesmo com a volta aos gramados em 2005/2006, Gabri pouco foi aproveitado, atuando em apenas 11 partidas, até porque a equipe dirigida pelo técnico Frank Rijkaard havia encontrado a formação ideal, tanto que conquistou a Champions League ao final da campanha.
Apesar do título, a ausência das principais partidas fez com que o clube espanhol não renovasse o contrato. Assim, em junho, antes do início da Copa da Alemanha, o Barcelona liberou de graça o jogador para o Ajax, da Holanda. Na Eredivise, Gabri voltou a atuar. Trinta e uma participações na temporada de estreia e com direito a cinco gols. Seria o reencontro com o bom futebol?
Tudo não passou de uma miragem. Com o passar dos anos, o número de jogos declinava. Até que faltando um mês para o término da temporada 2008/2009, atuando no Ajax B, a história se repetiu. Uma ruptura nos ligamentos em um dos joelhos levou o jogador para o departamento médico mais uma vez. Na última temporada, Gabri sequer foi aproveitando como era no início de carreira. Atuou em apenas 13 partidas, e a maioria na equipe de reservas do Ajax. Definitivamente, Gabri não fazia mais parte dos planos da equipe comandada por Martin Jol.
Discriminação?
Lesões à parte, o catalão foi contestado no seu país de origem por apoiar a questão separatista da região da Catalunha com o território espanhol. “Nossa vida seria melhor com a independência. Na Espanha se esmaga o jogador catalão, há discriminação”. Os dizeres, em uma prestigiada revista alemã, deixariam o então técnico da Fúria, Luis Aragonês, que conquistaria a Eurocopa no ano seguinte, chateado. Até porque havia jogadores catalães na seleção espanhola.
Segundo Gabri, tudo não havia passado de uma falha de interpretação, mas ele nunca quis voltar a comentar o assunto. O jogador que havia participado da Eurocopa de 2004 e de todas as seleções de base da Fúria não poderia ter colocado mais lenha na fogueira na “questão separatista”. Tudo era questão de bom senso.
Gabri, que surgiu como uma grata revelação de La Masía, que surpreendeu a todos na equipe de reservas do Barcelona, e logo foi promovido para a equipe principal, hoje se encontra no banco de reservas do clube holandês. A ausência das principais partidas poderá fazer com que a mesma história, ocorrida no Barça, se repita, e Gabri não tenha seu contrato renovado pelo Ajax. Assim, a tão prestigiada colheita catalã terá um dos seus frutos desperdiçados.
Gabri
Nome completo: Gabriel Francisco García de la Torre
Data de nascimento: 10/02/1979
Local de nascimento: Sallent, Espanha
Clubes que defendeu: Barcelona e Ajax
Para chegar até a resposta, voltemos ao dia 22 de setembro de 2004, considerado o dia para ser apagado da memória do clube catalão. Mesmo com a vitória de 4 a 1 sobre o Real Zaragoza, duas lesões antes dos 10 minutos inicias de partida deixaram os culés preocupados. O brasileiro Sylvinho, que regressara de uma contusão, não aguentou dois minutos em campo. A avaliação médica havia detectado uma entorse no joelho esquerdo que o deixaria um mês afastado. Contudo, o pior ainda estava por vir.
Sete minutos depois da substituição de Sylvinho, Gabri, que também voltara de uma leve lesão, caiu no gramado após controlar a bola. A baixa era séria, um entorse no joelho direito. "O ligamento cruzado anterior e do ligamento lateral interno do joelho direito foram completamente despedaçados”, avaliou o chefe médico do clube, Jordi Ardevol. A contusão era a mesma que havia afastado o meia brasileiro Thiago Motta, no início daquele mesmo mês de 2004, o deixando longe dos gramados por alguns meses.
A saída precoce de Gabri fez com que a temporada 2004/2005 terminasse naquele instante para o jogador. Para se ter uma ideia, em cinco anos na equipe principal do clube catalão, o jogador tinha uma média de 22 jogos por temporada, e só naquele ano atuou em apenas quatro jogos. Mesmo com a volta aos gramados em 2005/2006, Gabri pouco foi aproveitado, atuando em apenas 11 partidas, até porque a equipe dirigida pelo técnico Frank Rijkaard havia encontrado a formação ideal, tanto que conquistou a Champions League ao final da campanha.
Apesar do título, a ausência das principais partidas fez com que o clube espanhol não renovasse o contrato. Assim, em junho, antes do início da Copa da Alemanha, o Barcelona liberou de graça o jogador para o Ajax, da Holanda. Na Eredivise, Gabri voltou a atuar. Trinta e uma participações na temporada de estreia e com direito a cinco gols. Seria o reencontro com o bom futebol?
Tudo não passou de uma miragem. Com o passar dos anos, o número de jogos declinava. Até que faltando um mês para o término da temporada 2008/2009, atuando no Ajax B, a história se repetiu. Uma ruptura nos ligamentos em um dos joelhos levou o jogador para o departamento médico mais uma vez. Na última temporada, Gabri sequer foi aproveitando como era no início de carreira. Atuou em apenas 13 partidas, e a maioria na equipe de reservas do Ajax. Definitivamente, Gabri não fazia mais parte dos planos da equipe comandada por Martin Jol.
Discriminação?
Lesões à parte, o catalão foi contestado no seu país de origem por apoiar a questão separatista da região da Catalunha com o território espanhol. “Nossa vida seria melhor com a independência. Na Espanha se esmaga o jogador catalão, há discriminação”. Os dizeres, em uma prestigiada revista alemã, deixariam o então técnico da Fúria, Luis Aragonês, que conquistaria a Eurocopa no ano seguinte, chateado. Até porque havia jogadores catalães na seleção espanhola.
Segundo Gabri, tudo não havia passado de uma falha de interpretação, mas ele nunca quis voltar a comentar o assunto. O jogador que havia participado da Eurocopa de 2004 e de todas as seleções de base da Fúria não poderia ter colocado mais lenha na fogueira na “questão separatista”. Tudo era questão de bom senso.
Gabri, que surgiu como uma grata revelação de La Masía, que surpreendeu a todos na equipe de reservas do Barcelona, e logo foi promovido para a equipe principal, hoje se encontra no banco de reservas do clube holandês. A ausência das principais partidas poderá fazer com que a mesma história, ocorrida no Barça, se repita, e Gabri não tenha seu contrato renovado pelo Ajax. Assim, a tão prestigiada colheita catalã terá um dos seus frutos desperdiçados.
Gabri
Nome completo: Gabriel Francisco García de la Torre
Data de nascimento: 10/02/1979
Local de nascimento: Sallent, Espanha
Clubes que defendeu: Barcelona e Ajax
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