Logo na virada de um turno para outro, o Zaragoza trocou de técnico. Deu algum resultado. Os maños conseguiram alguns pontos que devem ser suficientes para salvar o time do rebaixamento. Até porque Valladolid e Tenerife sentem incontrolável atração pela Segundona. Mesmo assim, uma equipe que está na ponta da tabela e precisa de pontos, para assegurar a terceirão posição, não pode perder por 3 a 0 para os aragoneses. Não poderia, porque o Valencia desta temporada pode. E não parece que isso fará muita diferença.
Todo campeonato tem um participante que, se você não for muito atento ou não for torcedor dele (ou do rival), nem vai perceber que está na disputa. O Campeonato Espanhol 2009/10 tam várias delas, como Villarreal, Espanyol, Getafe e Osasuna. Mas nenhum caso é tão notável quanto o dos valencianistas. Um time que, apesar de fazer uma campanha segura e sem sustos, abusa do direito de ser insosso.
Na última década (e até nos últimos anos anteriores a ela), o Valencia se notabilizou por montar equipes insinuantes, competitivas, que sabiam usar o Mestalla como arma. Nem sempre conseguia acompanhar Barcelona e/ou Real Madrid, mas era um time sempre interessante de se assistir. Não se pode dizer isso da atual formação che.
Os Davids Villa e Silva formam o fator desequilibrador. Dois craques que estão em grande forma às vésperas da Copa do Mundo em que podem se consagrar. Villa é o vice-artilheiro do campeonato, e Silva é o homem da armação, o que alimenta o goleador. À exceção dos dois, o time surgiu com uma dose de acidente, planejamento e sorte. Moyá foi contratado para ser o goleiro titular, mas não atendeu às expectativas. César, que chegou do Tottenham (depois de ter feito apenas uma partida, pela terciária Copa da Liga Inglesa) para ser um reserva experiente, ficou de titular. Na defesa, Bruno e Dealbert estão longe de serem garotos promissores. Passaram várias temporadas em times pequenos e acabaram aproveitando a oportunidade que tiveram no Mestalla. O volante Banega voltou de empréstimo ao Atlético de Madrid depois de ter fracassado em Valencia. Dessa vez, está dando certo. Pablo Hernández e Mata são bons jogadores e já se esperava que explodissem em algum momento, mas os demais meio-campistas (Joaquín, Albelda) já não estão em suas melhores fases.
No geral, é uma equipe insípida, inodora e incolor, como a água. Não fossem os dois Davids, não teria nenhum grande brilho. Não tem desempenhos espetaculares em seu estádio, tampouco fica como sombra para Barça e Real Madrid. O Valencia, porém, é estável. Muito estável. Algumas equipes tiveram grandes apresentações, como Villarreal, Atlético de Madrid e Sevilla, mas oscilam em demasia. Enquanto isso, os valencianos mantêm o mesmo ritmo durante toda a competição. Tanto que está na zona de classificação para a Liga dos Campeões desde a oitava rodada e ainda está vivo na Liga Europa.
Isso é mérito do competente Unai Emery. O técnico não faz um trabalho tão extravagante como no Almería há duas temporadas, mas tem sido capaz de gerenciar um elenco sem tanto brilho e que ainda convive com o fantasma da crise financeira do clube. Tudo com base em um padrão de jogo simples e eficiente, e que sabe aproveitar o talento dos dois craques da equipe.
Difícil ver o Valencia perder a vantagem que construiu e ficar sem a vaga na Liga dos Campeões 2010/11. Mas, sendo realista, o time precisará de algo mais para a próxima temporada.
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