Cristiano Ronaldo dá o ok: ele foi a estrela do Real Madrid campeão da Liga Espanhola (getty images)
Real Madrid x Barcelona, Barcelona x Real Madrid. O Campeonato Espanhol tem se limitado a isso nas últimas quatro temporadas. Ainda assim, a temporada 2011/12 teve suas novidades. Primeiro, que o vencedor do duelo entre os dois gigantes não foi catalão. Segundo, porque o segundo pelotão da Espanha mostrou força. Se não o fez em La Liga, usou a Liga Europa para tal. Valencia, Atlético de Madrid e Athletic Bilbao chegaram às semifinais da segunda competição de clubes do continente, sendo que os dois últimos decidiram o título. E, na parte de baixo da tabela, o que parecia uma luta que se definiria rapidamente viu mudanças de última hora, com um gol no último minuto da última rodada rebaixando uma das principais forças do país desde a virada do século.
Classificação: campeão (vaga na Liga dos Campeões)
Copa nacional: quartas de final
Copas europeias: Liga dos Campeões (semifinais)
Destaque: Cristiano Ronaldo (foto, Getty Images)
Revelação: nenhuma
Decepção: Kaká
Nota da temporada: 8,5
O Real Madrid só se sentirá plenamente satisfeito quando voltar a
conquistar a Liga dos Campeões. Aí, a torcida terá certeza que o clube
atingiu seu potencial, que o dinheiro investido realmente deu retorno.
Mas, tirando o fato de a LC ter ido para Londres, a temporada 2011/12
foi muito positiva para os merengues. O clube recuperou o título
espanhol e, melhor ainda, mostrando autoridade e superioridade diante do
Barcelona. Só o fato de ter deixado o grande rival para trás já
legitima o trabalho de José Mourinho, e dá confiança para o trabalho
seguir seu curso natural em Chamartín.
Classificação: vice-campeão (vaga na Liga dos Campeões)
Copa nacional: campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (semifinais)
Destaque: Lionel Messi (foto, Getty Images)
Revelação:
Decepção: Pedro Rodríguez
Nota da temporada: 7
O Barcelona caiu na Liga dos Campeões por uma fatalidade (Messi perdeu
um pênalti) e levou a Copa do Rei, mas a temporada termina com um sabor
amargo no Camp Nou. O Barcelona deu sinais de desmotivação durante o
Campeonato Espanhol, perdendo pontos bobos por falta de concentração.
Além disso, mostrou vulnerabilidade no jogo de volta contra o Real
Madrid e um raro descontrole emocional contra o Chelsea, sobretudo no
jogo de volta das semifinais da LC. Para completar o ano ruim (na
verdade, um ano “menos bom”), o técnico Pep Guardiola anunciou que não
ficará em Les Corts. O clima não termina bom, e há uma expectativa de
que a próxima temporada será mais turbulenta.
Classificação: 3º (vaga na Liga dos Campeões)
Copa nacional: semifinais
Copas europeias: Liga dos Campeões (fase de grupos) e Liga Europa (semifinais)
Destaque: Roberto Soldado (foto, Getty Images)
Revelação: Bernat
Decepção: Dani Parejo
Nota da temporada: 7
Não foi bom, mas não foi ruim. O Valencia ficou no quase em boa parte
da temporada. No Campeonato Espanhol, despontou como terceiro colocado
com folga, mas teve uma série de maus resultados que obrigou o time a
suar nas rodadas finais para evitar o vexame de perder uma vaga ganha na
Liga dos Campeões. Na Liga dos Campeões, só foi eliminado na última
rodada da fase de grupos (perdendo para o Chelsea, que se tornaria
campeão). Na Copa do Rei, deu muito trabalho ao Barcelona (que também se
tornaria campeão) e, na Liga Europa, caiu nas semifinais para o
Atlético de Madrid (que, adivinha!, também se tornaria campeão).
Tecnicamente, também foi um time que ficou no quase. A dupla de ataque
(Jonas e Soldado) funcionou muito bem. A defesa teve seus bons momentos.
O problema é que o meio-campo se ressentiu da temporada fraca de Pablo
Hernández e não deu o dinamismo que o time precisou em alguns momentos.
Nas más fases, até o cargo do técnico Unai Emery foi contestado pela
torcida, mas é um time com boa estrutura para o futuro.
Classificação: 4º (vaga na Liga dos Campeões)
Copa nacional: oitavas de final
Copas europeias: não disputou
Destaque: Santiago Cazorla (foto, Getty Images)
Revelação: José Récio
Decepção: Diego Buonanotte
Nota da temporada: 7,5
Pelo dinheiro gasto pelos donos catarianos, o mínimo que se exigia do
Málaga era classificar para a Liga dos Campeões. Bem, o objetivo foi
cumprido e a nota 7,5 se deve muito a isso. Mas não é um time brilhante,
que jogue um futebol proporcional ao dinheiro que custou. O ataque é
econômico, mas se virou bem com as bolas paradas de Cazorla (9 gols
direto, 4 assistências) e o oportunismo de Rondón (11 gols, 4
assistências). A dupla compensou a baixa produtividade de jogadores como
Julio Baptista e Ruud van Nilstelrooy e a própria falta de motivação de
veteranos contratados apenas pela grife. A própria vaga na LC só chegou
devido ao bom aproveitamento em casa (só Barcelona e Real Madrid foram
melhores) e à perda de foco de Atlético de Madrid e Athletic Bilbao
devido à Liga Europa.
Classificação: 5º (vaga na Liga Europa)
Copa nacional: quarta fase (1/32 de final)
Copas europeias: Liga Europa (campeão)
Destaque: Radamel Falcao García (foto, Reuters)
Revelação: Thibaut Courtois
Decepção: Silvio
Nota da temporada: 8
Nenhuma equipe foi tão instável na temporada espanhola. O Atlético de
Madrid teve altos e baixos muito agudos, o que dificulta uma avaliação
muito clara do que o time fez durante nos últimos 12 meses. O ataque
dependeu demais de Adrián e Diego na armação e Falcao García na
finalização. Na defesa, os colchoneros sofreram na primeira metade do
campeonato, quando Gregorio Manzano não estabelecia seu quarteto
titular. Com a entrada de Diego Simeone, a linha
Juanfran-Miranda-Godín-Filipe Luís se consolidou, a produção defensiva
aumentou consideravelmente e a equipe cresceu como um todo. Aí veio a
arrancada que levou ao título da Liga Europa e quase a uma vaga na Liga
dos Campeões. No final, o saldo é positivo, ainda que seria melhor se
não tivesse perdido tempo na primeira metade da temporada.
Classificação: 6º (vaga na Liga Europa)
Copa nacional: quartas de final
Copas europeias: não disputou
Destaque: Barkero (foto, Mundo Deportivo)
Revelação: Nabil El Zhar
Decepção: Asier del Horno
Nota da temporada: 8,5
Nenhum clube espanhol superou mais as expectativas iniciais que o
Levante. O segundo clube de Valência deu uma arrancada nas rodadas
iniciais, bateu o Real Madrid, e chegou a ocupar a liderança. Claro que
não aguentou muito tempo, mas teve fôlego para brigar por uma vaga na
Liga dos Campeões até a última rodada. E tudo isso com um time velho:
dos 15 jogadores que mais atuaram na temporada, dez tinham mais de 30
anos. Um fato notável, de uma equipe tecnicamente fraca, mas que soube
se montar em torno de uma defesa aguerrida.
Classificação: 7º
Copa nacional: oitavas de final
Copas europeias: não disputou
Destaque: Álvaro Cejudo (foto, El País)
Revelação: Ibrahima Baldé
Decepção: Damiá
Nota da temporada: 6,5
Faltou uma pincelada de técnica. O Osasuna é uma equipe muito
aguerrida, que consegue bons resultados em casa (apenas Real Madrid e
Barcelona perderam menos como mandante) e sempre fica no meio da tabela.
Mas, quando precisa de um pouco mais de talento para brigar por uma
vaga em competições europeias, fica pelo caminho. É um time de jogo
pesado e lento, que precisa de mais dinamismo em alguns momentos. Mas,
quando pode colocar a partida em seus termos, tem bons resultados.
Curiosidade: os navarros foram os últimos do Campeonato Espanhol em
aproveitamento de passes (67,1%, menos até que o Racing de Santander),
mas o primeiro em vitórias nos duelos pelo alto (18,6 por jogo).
Classificação: 8º
Copa nacional: quartas de final
Copas europeias: não disputou
Destaque: Gonzalo Castro (foto, Bermellones)
Revelação: Pedro Bigas
Decepção: Akihiro Ienaga
Nota da temporada: 7
Equipe que fez campanha discreta, praticamente se instalando no meio da
tabela. Não fez nada de notável, até vencer quatro jogos seguidos na
reta final e, de repente, se colocar na briga por um lugar na Liga
Europa. Não teve sucesso, mas já foi muito para um time de elenco enxuto
e pouco talento. O brilho ficou com a defesa, a quinta melhor do
campeonato, que segurou a onda de um ataque pouco produtivo (o sexto
pior).
Classificação: 9º
Copa nacional: oitavas de final
Copas europeias: Liga Europa (fase preliminar)
Destaque: Jesús Navas (foto, Getty Images)
Revelação: Antonio Luna
Decepção: José Antonio Reyes
Nota da temporada: 5
Já foi um time empolgante e brilhante, mas o Sevilla de hoje é um
arremedo do bicampeão da Copa da Uefa no final da década passada. A
equipe é burocrática e joga sem a confiança e a motivação de quem se
considera capaz de brigar por um lugar na Liga dos Campeões. Além disso,
há tempos não apresenta um talento que empolgue pelo potencial. A
aposta em Reyes não funcionou, Kanouté foi inoperante e nunca pareceu um
candidato viável às primeiras posições, mesmo quando a pontuação
permitira sonhar.
Classificação: 10º
Copa nacional: vice-campeão (vaga na Liga Europa)
Copas europeias: Liga Europa (vice-campeão)
Destaque: Fernando Llorente (foto, Getty Images)
Revelação: Ibai Gómez
Decepção: Carlos Gupergui
Nota da temporada: 7
Foi o terceiro time do campeonato em posse de bola e o quarto em acerto
de passes. Foi também o clube que recebeu menos cartões vermelhos,
apenas dois (empatado com Mallorca, Rayo Vallecano e Granada). É uma
equipe que joga bonito, e se orgulha disso. Ainda assim, a classificação
final não mostra isso. O Athletic de futebol vistoso e envolvente que
Marcelo Bielsa montou, que teve jovens de talento como Muniain ganhando
mais espaço no cenário internacional, que bateu o Manchester United duas
vezes, só apareceu no Campeonato Espanhol em poucos momentos.
Compreensível. Com um elenco enxuto, o técnico argentino teve de
priorizar as competições no calendário. Preferiu as que o Athletic tinha
chance de título (Liga Europa e Copa do Rei, foi vice em ambas) e
deixou o segundo turno do Espanholão em segundo plano. As chances de
classificação para a Liga dos Campeões, um objetivo viável, se perdeu.
Mas é um grupo de futuro.
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