Com atuações positivas nesta Euro, Xabi Alonso tem saído da sombra de Xavi e é um dos destaques da competição (Marca)
Por Ubiratan Leal
Ver o jogo por cima, sem muitas considerações e reflexões, permite
equívocos. É como avaliar o Espanha 2x0 França pelo placar, e pela
superioridade espanhola durante a partida. A Fúria praticou seu futebol
de toque de bola, não foi ameaçada pelos franceses e não teve dúvidas de
que conseguiria se classificar. Boa atuação, então? Não é bem assim. A facilidade da vitória não significa que o desempenho tenha sido bom
ou convincente. Foi seguro. E parte da segurança se deveu à passividade
da França diante do placar negativo, diante do predomínio do sistema de
jogo espanhol sobre o seu. Mas, quando precisou ser mais aguda e
incisiva com esse seu futebol, a Espanha sofreu.
A troca incessante de passes neutralizou o meio-campo francês, mas a
equipe de Vicente Del Bosque deu razão para quem fala em “futebol
improdutivo”. Durante quase todo o jogo, o meio-campo não encontrou o
ataque. Os espaços não apareciam, e a movimentação ofensiva não era
suficiente para criá-lo. A crônica da falta que David Villa faz a esse time continua válida. O duelo foi modorrento durante os 90 minutos. Só houve um momento em
que a dinâmica foi quebrada: quando a Espanha conseguiu jogar pelos
lados. No caso, foi o apoio de Jordi Alba pela esquerda. Um lateral que
aparece pouco, e, quando o fez, pegou Reveillère desprevenido. O
espanhol venceu na velocidade e chegou livre na linha de fundo. Teve
temo de olhar para a área e perceber Xabi Alonso livre para receber o
cruzamento e cabecear para o gol. Detalhe para o passe de Iniesta, melhor da Espanha e da Eurocopa, no lance oriundo da jogada, que quebrou a linha defensiva dos Bleus.
Detalhe que nenhum jogador do meio-campo e do ataque encontraram esses
espaços. Foi um lateral e um volante que apareceram. Isso não tira o
mérito da Espanha, já que mostra que o perigo pode vir de diferentes
lados. No entanto, também mostra os problemas do meio para frente, o que
já ficou evidente nas partidas contra Itália e Croácia. O segundo tempo praticamente não existiu. Foi um time segurando a bola
para manter o placar contra outro que olhava jogar. Fàbregas teve uma
boa jogada, quando foi lançado por Xavi e só não fez o segundo gol
porque Lloris salvou. Fora isso, foi um jogo arrastado, em que a
facilidade dos espanhóis de impor seu jogo não significa que tenha
pressionado o adversário e feito o que bem entendesse em campo.
Ah, e teve o segundo gol... Mas, convenhamos, só o árbitro viu aquele
pênalti em Pedro. De qualquer modo, ele não mudou o andar da partida (o
jogo estava nos minutos finais) e só ajudou a construir um marcador que
dá uma sensação enganosa de vitória convincente. A Espanha tem mais bola
do que jogou contra a França, e não pode se contentar pelo fato de o
placar ter ficado em 2 a 0.
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