Em âmbito europeu, o Barcelona é outro. Vitória em Leverkusen colocou os azulgrenás a passo das quartas-de-finais (getty images)
Josep Guardiola colocou em ação o plano B. E tomou corpo. A vitória por 3 x 1 contra o Bayer Leverkusen na Alemanha colocou o Barcelona a um passo das quartas-de-finais. O mais importante: recuperou a faceta vencedora da equipe. A imagem insossa e preguiçosa dos últimos jogos de Liga deu lugar a de uma equipe com ganância. Não foi a melhor versão do Barcelona, aquela que dá show e deixa os telespectadores embelezados. Mas foi um Barcelona diferente. A postura, sobretudo, foi outra.
O final de semana marcou a derrota frente ao Osasuna e a vitória do Real Madrid, que alargou a diferença de pontos entre as duas equipes para 10. A Liga vai se transferindo para Madrid após três anos na Catalunha e Guardiola parece disposto a acreditar que brigar pelo campeonato, atualmente, é algo quase impossível. O fato de, com o placar adverso de dois gols contra o Osasuna, manter Xavi, Iniesta e Fàbregas no banco para colocar dois jovens da base - Telló e Cuenca - evidencia que o plantel já dá a Liga por terminada. Declarações de Piqué, Mascherano e Daniel Alves prova isso. As consecutivas lesões em um elenco curto limita o Barcelona a atuar em alto nível sempre. Há duas semanas, contra a Real Sociedad, o onze inicial foi marcado pelo uso de Jonathan dos Santos, Thiago Alcântara e Sergi Roberto no meio-campo, com Messi, Telló e Cuenca mais à frente. "O Messi voltou para o Barcelona B?", pode se perguntar algum leitor.
A maneira que Guardiola achou para preservar suas principais peças-chaves é blindando-os. Xavi, Iniesta e Fàbregas volta e meia começam entre os reservas e só ratifica que, no momento, o desejo do treinador é brigar pela LC (sem se esquecer da final da Copa do Rei). Um dilema passa pela cabeça de Pep: se desgastar numa Liga onde o rival não dá margem ao erro e passar por um duro inverno em todos os campos, correndo riscos de mais lesões musculares, ou buscar uma solução mais inteligente e abdicar do campeonato, pensando somente na Copa e na LC? A primeira opção, certamente, não garante êxitos.
Os azulgrenás fecharam 2011 adicionando mais três títulos em suas vitrínes do Camp Nou. Duas Supercopas - espanhola e europeia - e um Mundial de Clubes deram ao Barcelona mais moral na tentativa de tirar o Real Madrid da liderança da Liga. Vale lembrar a vitória no Bernabéu por 3 x 1 que, à época, igualou as duas equipes em pontos. Entretanto, enquanto o Barcelona atropela seus adversários no Camp Nou, mas parece sofrer de amnésia futebolística fora dele, o Real Madrid passa por um trator longe ou não do Bernabéu. Os oito tropeços em 21 jogos são demasiados largos. Seis empates e duas derrotas. Números fatais tratando-se de uma Liga tão bipolar quanto a Espanhola. Números irreais tratando-se de um esquadrão histórico como o Barcelona de Guardiola. Por sua vez, o Real Madrid só não deixou de pontuar três vezes em três jogos: um empate e duas derrotas.
Os apenas 18 gols marcados longe de Barcelona são poucos para uma referência mundial como o Barcelona. O Real Madrid marcou 30 vezes longe da capital. Mas por que o Barcelona está custando tanto a definir na Liga Espanhola? Por que será que, à essa altura da temporada, o Real Madrid tá com uma mão e quatro dedos na taça da Liga? Há várias explicações. Motivação, cansaço físico, queda no desempenho de Messi, má sorte, lesões. São milhares os argumentos presentes. O Real Madrid, que nada tem a ver com isso, será provavelmente campeão com muitos méritos. Só uma hecatombe tira hoje a Liga das mãos dos comandados de José Mourinho.
Na parte econômica, Real Madrid e Barcelona seguem liderando o ranking europeu, em tempos de crise mundial. 479, 5 milhões de euros faturou os merengues em 2011; 450,7 milhões de euros, os blaugranas. O acordo de 30 milhões de euros por temporada que firmou com a Qatar Foundation mais os 3,5 milhões de prêmio pelo Mundial de Clubes poderia, segundo o Deloitte, site especializado nessa área, acercar-se ambos os clubes e seguir muito à frente dos concorrentes. Ao cair precocemente na fase de grupos da Champions, é plausível pensar em queda segura do Manchester United.
A saúde econômica é essencial. Se os resultados não são os mais esperados, a melhor forma de trazê-los é indo ao mercado. Mesmo sendo uma equipe reconhecida por utilizar sua base, o Barcelona promete movimentar o próximo mercado de verão. Voltar a conquistar a Liga é, claramente, um dos fatores, junto com alongar seu elenco. Os gigantes espanhóis são privilegiados. Têm dinheiro e contam com os melhores elencos do mundo.
A faceta europeia
Alexis Sánchez marcou um doblete e Messi anotou seu sétimo gol na Champions League. O Barcelona tratou o jogo com paciência. Os alemães se posicionaram com os 10 jogadores, incluindo Schürlle, que jogou na referência do 4-2-3-1, atrás da linha de meio-campo. O treinador Robin Dutt entrou em campo com uma postura totalmente defensiva: um muro foi formado à frente do gol de Leno. Sem Xavi, a criação ficou por conta de Cesc. Demorou até que o camisa 4 se adaptasse à posição. Trabalhando a bola, os azulgrenás precisaram de apenas uma desatenção do esteio defensivo dos anfitriões para marcar. Quando Kadlec saiu jogando errado, a bola caiu nos pés de quem decide: Messi. La Pulga esperou a melhor forma de acionar Alexis Sánchez, que recebeu na frente e chutou entre as pernas do goleiro alemão.
Os velhos problemas na retaguarda voltaram a aparecer. É uma preocupação a mais para Guardiola. Obrigado a sair para o jogo, o Bayer levou perigo quando atacou o Barcelona. Pelo menos em três tentativas na segunda etapa, chegou com facilidade e contado com erros de Mascherano, Puyol ou Busquets. Se especularam uma possível crise e até mesmo o fim de uma era, o Barcelona mostrou hoje que os críticos são o que mais gosta de calar. Enquanto a Liga vai para o brejo, a manunteção da Champions League é algo muito real.
O final de semana marcou a derrota frente ao Osasuna e a vitória do Real Madrid, que alargou a diferença de pontos entre as duas equipes para 10. A Liga vai se transferindo para Madrid após três anos na Catalunha e Guardiola parece disposto a acreditar que brigar pelo campeonato, atualmente, é algo quase impossível. O fato de, com o placar adverso de dois gols contra o Osasuna, manter Xavi, Iniesta e Fàbregas no banco para colocar dois jovens da base - Telló e Cuenca - evidencia que o plantel já dá a Liga por terminada. Declarações de Piqué, Mascherano e Daniel Alves prova isso. As consecutivas lesões em um elenco curto limita o Barcelona a atuar em alto nível sempre. Há duas semanas, contra a Real Sociedad, o onze inicial foi marcado pelo uso de Jonathan dos Santos, Thiago Alcântara e Sergi Roberto no meio-campo, com Messi, Telló e Cuenca mais à frente. "O Messi voltou para o Barcelona B?", pode se perguntar algum leitor.
A maneira que Guardiola achou para preservar suas principais peças-chaves é blindando-os. Xavi, Iniesta e Fàbregas volta e meia começam entre os reservas e só ratifica que, no momento, o desejo do treinador é brigar pela LC (sem se esquecer da final da Copa do Rei). Um dilema passa pela cabeça de Pep: se desgastar numa Liga onde o rival não dá margem ao erro e passar por um duro inverno em todos os campos, correndo riscos de mais lesões musculares, ou buscar uma solução mais inteligente e abdicar do campeonato, pensando somente na Copa e na LC? A primeira opção, certamente, não garante êxitos.
Os azulgrenás fecharam 2011 adicionando mais três títulos em suas vitrínes do Camp Nou. Duas Supercopas - espanhola e europeia - e um Mundial de Clubes deram ao Barcelona mais moral na tentativa de tirar o Real Madrid da liderança da Liga. Vale lembrar a vitória no Bernabéu por 3 x 1 que, à época, igualou as duas equipes em pontos. Entretanto, enquanto o Barcelona atropela seus adversários no Camp Nou, mas parece sofrer de amnésia futebolística fora dele, o Real Madrid passa por um trator longe ou não do Bernabéu. Os oito tropeços em 21 jogos são demasiados largos. Seis empates e duas derrotas. Números fatais tratando-se de uma Liga tão bipolar quanto a Espanhola. Números irreais tratando-se de um esquadrão histórico como o Barcelona de Guardiola. Por sua vez, o Real Madrid só não deixou de pontuar três vezes em três jogos: um empate e duas derrotas.
Os apenas 18 gols marcados longe de Barcelona são poucos para uma referência mundial como o Barcelona. O Real Madrid marcou 30 vezes longe da capital. Mas por que o Barcelona está custando tanto a definir na Liga Espanhola? Por que será que, à essa altura da temporada, o Real Madrid tá com uma mão e quatro dedos na taça da Liga? Há várias explicações. Motivação, cansaço físico, queda no desempenho de Messi, má sorte, lesões. São milhares os argumentos presentes. O Real Madrid, que nada tem a ver com isso, será provavelmente campeão com muitos méritos. Só uma hecatombe tira hoje a Liga das mãos dos comandados de José Mourinho.
Na parte econômica, Real Madrid e Barcelona seguem liderando o ranking europeu, em tempos de crise mundial. 479, 5 milhões de euros faturou os merengues em 2011; 450,7 milhões de euros, os blaugranas. O acordo de 30 milhões de euros por temporada que firmou com a Qatar Foundation mais os 3,5 milhões de prêmio pelo Mundial de Clubes poderia, segundo o Deloitte, site especializado nessa área, acercar-se ambos os clubes e seguir muito à frente dos concorrentes. Ao cair precocemente na fase de grupos da Champions, é plausível pensar em queda segura do Manchester United.
A saúde econômica é essencial. Se os resultados não são os mais esperados, a melhor forma de trazê-los é indo ao mercado. Mesmo sendo uma equipe reconhecida por utilizar sua base, o Barcelona promete movimentar o próximo mercado de verão. Voltar a conquistar a Liga é, claramente, um dos fatores, junto com alongar seu elenco. Os gigantes espanhóis são privilegiados. Têm dinheiro e contam com os melhores elencos do mundo.
A faceta europeia
Alexis Sánchez marcou um doblete e Messi anotou seu sétimo gol na Champions League. O Barcelona tratou o jogo com paciência. Os alemães se posicionaram com os 10 jogadores, incluindo Schürlle, que jogou na referência do 4-2-3-1, atrás da linha de meio-campo. O treinador Robin Dutt entrou em campo com uma postura totalmente defensiva: um muro foi formado à frente do gol de Leno. Sem Xavi, a criação ficou por conta de Cesc. Demorou até que o camisa 4 se adaptasse à posição. Trabalhando a bola, os azulgrenás precisaram de apenas uma desatenção do esteio defensivo dos anfitriões para marcar. Quando Kadlec saiu jogando errado, a bola caiu nos pés de quem decide: Messi. La Pulga esperou a melhor forma de acionar Alexis Sánchez, que recebeu na frente e chutou entre as pernas do goleiro alemão.
Os velhos problemas na retaguarda voltaram a aparecer. É uma preocupação a mais para Guardiola. Obrigado a sair para o jogo, o Bayer levou perigo quando atacou o Barcelona. Pelo menos em três tentativas na segunda etapa, chegou com facilidade e contado com erros de Mascherano, Puyol ou Busquets. Se especularam uma possível crise e até mesmo o fim de uma era, o Barcelona mostrou hoje que os críticos são o que mais gosta de calar. Enquanto a Liga vai para o brejo, a manunteção da Champions League é algo muito real.
belo texto, parabéns.
ResponderExcluirObrigado!
ResponderExcluirMuito bom texto, parabéns! Abordou todos os lados da atual situação do Barça!
ResponderExcluirValeu!
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