Foi bem simples. Estreando roupa nova, a Espanha goleou uma frágil Venezuela por 5x0, com gols de Silva, Iniesta e Soldado (3). Envolvido pela posse de bola e pelas contundentes jogadas ofensivas espanholas, a vinotinto pouco lembrou aquela seleção promissora que, há pouco menos de quatro meses, derrotou a Argentina de Messi e é uma das favoritas a copar uma vaga na próxima Copa do Mundo. Relembramos: em junho passado, a mesma Venezuela foi derrotada pela Espanha por 3 x 0, em jogo disputado em Nova York. Com a manita, a Fúria de Del Bosque torna-se a mais goleadora da história. Os 131 gols em 52 partidas ultrapassam os 126 tentos em 62 partidas da Espanha de Javier Clemente, atual técnico do Sporting Gijón que treinou a seleção entre 1992 e 1998. Outro feito, talvez até mais destacável, envolve o capitão. Casillas chegou a 72 partidas sem sofrer gols, igualando o feito do holandês Van Der Sar. A excelente atuação roja em Málaga deixa cinco certezas.
1) Sem Villa, vai predominar o 4-2-3-1. A escalação inicial que contou com Busquets protegendo a defesa e Xabi Alonso ajudando na criação numa linha atrás de Silva aberto à direita; Iniesta, à esquerda, e Fàbregas, centralizado, ratificou a ideia de que o 4-3-3 visto nas Eliminatórias só será utilizado no retorno de Villa. No momento é a ideal sem a presença do Guaje e contando com o retorno de Xavi. Mas Del Bosque terá problemas. Xavi e Iniesta são titulares absolutos, mas quem vai deixar o onze inicial: David Silva ou Fàbregas?
2) Iniesta merece um capítulo à parte. Já ficou comprovado que quanto atua aberto à esquerda mas na última linha ofensiva seu futebol é burocrático. No meio-campo, auxiliando o atacante, sempre dá espetáculo. Marcou um gol e ofereceu, mais uma vez, mostras de sua qualidade. Saiu de campo ovacionado por um povo que o tem como herói. É verdade que a temporada 2011/2012 de El Albino, muito por causa das lesões, tem sido abaixo da média, mas o bom futebol mostrado hoje pode elevar sua moral. Silva foi seu principal sócio.
3) Há três semanas, em uma entrevista ao site da Uefa, Fàbregas afirmou que sente um pouco a pressão de ser o sucessor de Xavi tanto no Barcelona quanto na Espanha. Cesc disse que não tem a "paciência" que o camisa oito blaugrana tem para armar uma equipe e aproveitou para deixar claro que "não sabe a hora" de tocar para o lado ou lançar para o atacante. Guardiola, de fato, não tem escalado muito Fàbregas na posição de Xavi, mesmo no momento de ausência, optando por Thiago Alcântara. Mas a sensação é de evolução. Quando escalado contra o Valencia, pela Copa do Rei, fez uma partida nota 5,5. Contra o Bayer Leverkusen, já foi melhor, dando até uma assistência preciosa para Alexis Sánchez marcar vinda do setor do campo onde Xavi mais gosta de atuar. Hoje, contudo, Fàbregas ditou o ritmo da partida. Ficou só na distribuição, à Xavi, onde todas as bolas passavam pelo seu pé. Resultado: duas assistências.
4) A lateral esquerda tem novo dono: Jordi Alba. Com a preferência de Capdevila de ir se "esconder" em Portugal, Del Bosque fechou as portas da seleção para o ex-Villarreal. Azpilicueta e até Arbeloa passaram pela lateral nos primeiros jogos, mas quem mais aproveitou-se do fato foi o jogador ché. Já havia sido elogiado pela imprensa após o jogo contra a Inglaterra, mas hoje confirmou que, salvo algum imprevisto, vai à competição europeia como dono da posição. Hoje, apareceu em, praticamente, todos os ataques pelo setor esquerdo.
5) O nome mais falado após o amistoso foi o de Roberto Soldado. Seu debut com Del Bosque não poderia ter sido melhor. O hat-trick representa não só o primeiro jogador da história da seleção espanhola a sair do banco de reservas e marcar três gols, mas sim que foi lhe dado o passaporte para a Eurocopa. Só não vai à Euro por lesão ou algum outro imprevisto. A depender do estado de Villa, pode chegar até como titular: se, por um lado, Llorente não aproveitou a chance que lhe foi dada, Soldado, além de marcar três gols, se movimentou com contundência, batalhou pela bola mesmo com a partida já ganha, tabelou com os meio-campistas. "Del Bosque pediu para que eu jogasse como no Valencia", revelou na zona mista. Seus companheiros estão felizes por ele. Enquanto isso, quem se lamenta é Fernando Torres. Já discutimos, mas é bom lembrar: há espaços para El Niño Torres na Eurocopa?
Realmente, o Iniesta é um gênio. Depois de Zidane e Xavi, é o melhor meia que vi jogar.
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