Nos bastidores, os amigos Casillas e Xavi não escondem o desejo de enfrentar a seleção brasileira. É o confronto que todo o povo espanhol quer ver (Reuters)
Pareceu uma declaração boba, despretensiosa. Em outubro de 2010, logo após o título mundial da Espanha, Fernando Hierro,
ex-jogador e diretor esportivo da RFEF,
disse que “todos” gostariam de ver um duelo entre Espanha e Brasil na
reabertura do Maracanã, em 2013. A entidade negou que negocie essa
partida, como fez a CBF. O que não significa que o assunto esteja morto. Nesta semana, o amistoso voltou a ficar em pauta. Segundo informações do AS, Xavi e Casillas teriam pedido ao presidente Justo Villar que negocie o confronto com a seleção brasileira. Curiosamento, o amistoso iria acontecer no final do ano passado, mas por "divergências" acabou cancelado.
A questão não é se a Espanha enfrentará o Brasil. A questão é que a
Espanha quer enfrentar o Brasil. Não foi só a declaração de Hierro ou as de Xavi e Casillas.
Iniesta, em entrevista à da Revista ESPN de dezembro de 2010, afirmou
que o Brasil é uma “conta pendente” para os campeões do mundo e contou
que Casillas fez o mesmo comentário na concentração espanhola,
observando que faz tempo que as seleções não se encontram. David Villa afirmou que seu sonho quando criança era enfrentar o Brasil numa final de Copa do Mundo. Está claro
que enfrentar os brasileiros é um desejo espanhol. Mas por quê?
É perfeitamente defensável que a Espanha tem, hoje, a melhor seleção
do mundo. É a atual campeã da Eurocopa e da Copa do Mundo. Conquistou os três títulos consecutivos mostrando superioridade técnica, eliminando equipes fortes
e tradicionais como Alemanha (duas vezes), Holanda, França, Itália e Portugal.
Mas, para a nova realidade espanhola, não basta ser reconhecida como a
melhor. É preciso ser reconhecida como uma das grandes seleções do
mundo, aquele clube em que só estavam brasileiros, alemães, argentinos,
italianos e, dependendo da referência, ingleses e franceses.
A última vez que as duas seleções se confrontaram foi em Vigo, em 13
de novembro de 1999. O Brasil de Candinho (acredite se quiser) entrou em campo
com Marcos; Cafu, Antônio Carlos, Aldair e Roberto Carlos; Marcos
Assunção, Émerson, Zé Roberto (Giovanni) e Rivaldo (Zé Elias); Sonny
Anderson (Jardel) e Élber. A Espanha da época,
treinada por José Antonio Camacho, foi ao Balaídos com Molina; Míchel
Salgado, Paco, Abelardo e Sergi; Guardiola, Etxeberria (Urzaiz), Valerón
(Engonga) e Luís Enrique (Mendieta); Raúl (Alfonso) e Morientes
(Munitis). Atualmente, Guardiola é lembrado mais como técnico do
Barcelona e Alfonso por dar nome do estádio do Getafe. Reparem que, das duas seleções, nem passam próximos dos times de Mano Menezes e Vicente Del Bosque
O jogo foi bem fraco e terminou em 0x0. Foi um amistoso como
tantos outros, sem nenhum peso especial para os dois lados. Tanto que o
Brasil foi comandado por seu auxiliar técnico, deixando Luxemburgo na
Austrália, onde esteve com a seleção olímpica para dois amistosos. Desde
então, o mais perto que o Brasil esteve de enfrentar a Espanha foram
dois amistosos contra a Catalunha em Barcelona: vitórias brasileiras por
3x1, em 18 de maio de 2002, e 5x2, em 25 de maio de 2004, com direito a golaço de bicicleta de Júlio Baptista, que viria a brilhar no estádio novamente três anos depois, marcando o gol da vitória do Real Madrid ante o Barcelona por 1x0.
Um reencontro hoje entre esses dois países seria diferente. Seria a melhor seleção do mundo na atualidade contra a maior seleção da história do futebol, ainda que passe por um momento ruim dois anos antes da Copa de 2014. Torcedores de todo o planeta reconheceriam a
importância simbólica do duelo. Grandes times se mostram em grandes eventos, realizam grandes duelos e
se desafiam com o respeito que se tem pelo igual. A Espanha vê no
Brasil o adversário que a legitimaria como novo membro do grupo de
“grandes”. Por isso a Espanha quer jogar com o Brasil. Mesmo sabendo que
isso pode não acontecer tão cedo. Ou, quem sabe, na Copa das Confederações. Ou, indo mais além, num hipotético confronto de mata-mata na Copa.
Isso me lembra 1974, qdo a Holanda enfrentou na época o atual campeão o Brasil. No livro Futebol Total de Johan Cruyff, ele diz que 30 minutos de jogo, eles não tinham mais medo do Brasil, estavam jogando um futebol fantástico, e passaram por cima do Barsil com méritos, o Brasil jogando um futebol irreconhecível, 'sentando o pé' na Holanda. Zagallo ficou com a mesma cara que o Muricy ficou ao enfrentar o Barcelona no Japão, ou seja, perdido.
ResponderExcluirA Espanha está sendo medo do Brasil, e como vc disse bem, isso irá carimbar de vez a entrada da Espanha (se já não está) como "um grande".
Acho que dá Espanha com certeza.
A Espanha está com o futebol do Brasil, e o Brasil, bem ... SEm comentários.
É, hoje não há dúvidas de que a Espanha é muito favorita. O Brasil, claro, continua sendo respeitado, mas os últimos jogos mostram que as outras seleções entram sem medo.
ResponderExcluirAbraço!