terça-feira, 11 de setembro de 2012

David e Fernando

Juntos novamente? De titular, será difícil (getty images)

Principais jogadores do título europeu de 2008, David Villa e Fernando Torres formaram uma das duplas mais legais e letais de ataque entre 2006 e 2009. Um tem 30 anos, maior goleador da história da seleção, marcou cinco gols na última Copa e um na final da Champions League 2010/2011. O outro tem 28 anos, histórico goleador na Inglaterra, a grife de uma transferência de £50 milhões e um grupo acolhedor e paciente diante de seu fracasso inicial. Seu carisma é enorme e, mesmo não vivendo boa fase, terminou a última Eurocopa com a chuteira de ouro pelos três gols e duas assistências. O que, há três anos, parecia que não iria acontecer, hoje é a realidade: no atual time titular da Espanha, os dois brigam por uma vaga.

Desde que assumiu a Espanha em meados de 2008, Vicente Del Bosque optou por povoar o meio-campo. A ascensão de Busquets no Barcelona caiu como uma luva para o treinador, que também passou a dar mais oportunidades a Xabi Alonso no onze inicial em dentrimento de Marcos Senna. O setor ganhou em passe, mas perdeu em combate. Até hoje, a Fúria entra em pane se sofrer um contra-ataque - a semifinal contra Portugal mostrou o caminho. A atitude teve consequências no ataque e abriu um dilema ao madrilenho: abdicar de Iniesta ou Fernando Torres e Villa? Inicialmente, os três jogaram juntos num 4-2-3-1 que teve o Guaje à esquerda, Iniesta à direita, Xavi centralizado e Fernando Torres como referência, o que já mudou totalmente a parceria entre os dois, que ficaram distantes um do outro.

No entanto, a segunda opção começou a ganhar mais força quando El Niño entrou numa longíqua má fase. A reta final da Copa do Mundo, aliás, teve Pedro como titular e Villa escalado como centroavante, justamente onde menos rendeu na África. O pós-Copa trouxe mais situações desconfortáveis à dupla. Mais pragmática e menos goleadora, a Espanha sentia - e ainda sente, diga-se de passagem - claramente a falta de um artilheiro como Torres, que, a cada jogo, oferecia menos resistência. Llorente, que ganhou algumas chances, mostrou mais trabalho que o canterano colchonero. Como não houve boas respostas em campo, Del Bosque cortou a sequência do camisa nove e abriu, também no ataque, espaço ao que repaginou a Roja e criou armadilhas ao inimigo: as improvisações. Na Euro, Fàbregas foi falso nove durante boa parte da competição. Até David Silva foi centroavante por um dia.

Ainda que tenha bastante moral com o treinador, a lesão de Villa tirou seu status de craque do time. Hoje, ele pertence a Iniesta, melhor jogador da Europa em 2012. El Albino atua cada vez melhor aberto à esquerda do ataque no 4-3-3 e não dá margem a Del Bosque mudá-lo de posição. Na direita, David Silva, que há dois anos reclamou publicamente de não receber chances, é outro que se destaca. Ou seja: atualmente, Villa e Fernando Torres disputam uma das vagas no ataque. Hoje, na estreia da Espanha nas Eliminatórias para a Copa de 2014, o titular, no entanto, foi Soldado, que ficou em campo os noventa minutos e marcou o gol da suada vitória ante a Geórgia, por 1x0. Se Villa, que já deixou claro que prefere jogar numa das pontas, cai de rendimento quando atua centralizado, a lógica é imaginar Fernando Torres largando à frente. Mas Del Bosque é coerente: se Soldado, Llorente ou, seja lá quem for, estiver melhor, ele não terá "vergonha" de deixar a dupla, por mais querida que ela seja, no banco.

Um comentário:

  1. Acho que Villa é mais eficaz no lado esquerdo, jogando aberto do que Torres (apesar de achar El Niño um matador, ele ainda não está totalmente curado da má-fase). Torres é bom centralizado, seja no 4-3-3 ou no 4-2-3-1 na minha opinião (claro, ele precisa estar atuando bem). Se o Bielsa fosse técnico do Chelsea, acho que ele acharia a posição adequada para F.T. assim como ele achou para Llorente e na seleção jogando dessa maneira.
    Villa faz muito mais pressão no ataque, é difícil de marcá-lo, é rápido, tem um poder de finaização grande. Luis Fabiano em entrevista a alguns meses atrás, mencionou que Villa no Valencia era um atacante ameaçador, difícil de pará-lo. Acho que quando um atacante fala de outro assim, vale a pena levar em consideração tbm.
    E como vc disse, a Espanha ganhou em passe com Del Bosque, mas perdeu e pegada, não time pegador, violento, mas com poder ofensivo mais definidor, sem muito tiky taka como eu acho que era o de Aragonés.
    Davi e Fernando, parece nome de dupla sertaneja.

    Abraço.

    PS. Falando em Del Bosque, eu li uma notícia que Del Bosque vai se aposentar depois da Copa de 2014 no Brasil. Apesar de ser cedo ainda (lá vai eu de novo) quem vc acha que poderia substituí-lo? Alguém com moral ou bem relacionado com a Federeção e com a imprensa?
    Pensei em Juande Ramos, gostei muito do trabalho dele no Sevilla (não muito feliz nos Spurs e mais ou menos no Real Madri)
    Del Bosque não foi muito bem no Fenerbache antes de assumir a La Roja. Mas acho que ele correria por fora.
    Quem vc acha que poderia ser um possível substituto?

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