Cazorla, Marcos Senna e Rossi abraçados com Nilmar se aproximando: bons tempos, Villarreal (getty images)
Em 2010/2011, o Villarreal encantou. Em quarto lugar na Liga Espanhola e semifinalista da Liga Europa, onde caiu para o futuro campeão Porto, a equipe apresentou um dos mais belos futebol da Espanha - atrás somente, claro, de Barcelona e Real Madrid. Era um futebol coeso, inteligente, preciso, que tinha na ligação meio-ataque seu principal trunfo. Com Cazorla, Rossi, Nilmar, Cani e Borja Valero no auge da forma, a equipe voava em campo. Uma temporada depois, o Submarino Amarelo mostrou sua face mais decepcionante. A saída de Cazorla representou, dentro de campo, o afogamento de todo o time, sem trocadilho. Para piorar a situação, ainda viu Nilmar e Rossi, seus principais atacantes, se lesionarem. O ítalo-americano até hoje não voltou. O nível futebolístico, como esperado, decaiu e a consequência foi fatal: o rebaixamento à Liga Adelante.
Por ironia do destino, os amarillos ainda presenciaram o sucesso de Cazorla no Málaga: o meio-campista foi um dos principais responsáveis pela ida do clube blanquiazul à Uefa Champions League, competição na qual, há seis anos, o Villarreal chegara à semifinal. Para a disputa da Liga Adelante, o clube precisa fazer uma reformulação em todos os setores. No gol, precisa achar um goleiro confiável após a saída do bom Diego López ao Sevilla. A zaga, um desastre na temporada passada, pode perder sua principal referência, o capitão Gonzalo, prestes a acertar com o Bétis. Para a lateral direita, o clube já confirmou o retorno de Javi Venta, que irá entrar no lugar de Ángel, que não quis renovar. Quem também optou por não renovar foi o xerifão Marchena. A lateral esquerda também é um problema: Zapata e até Mussacchio passaram por ali, mas nenhum se firmou. A ausência de Capdevila também é bastante sentida.
O meio-campo, que não é mais o mesmo, teve duas perdas significativas: De Guzmán, emprestado ao Swansea, e Bruno Soriano, que pode estar de partida ao Atlético de Madrid. A notícia boa é que Marcos Senna, Cani e Borja Valero (que, a bem da verdade, está indeciso), pilares de um setor que carece de fantasia, estão dispostos a ajudar a equipe a disputar a segundona. Borja Valero faz as vezes de armador, mas não é um necessariamente. Pelo visto, irá continuar exercendo essa posição na nova temporada. Até com treinadores a fase é negra. Um dia após anunciar o nome de Manolo Preciado, o cantabriano sofreu um ataque cardíaco e, infelizmente, veio a falecer. Sem condições de contratar um nome top, a diretoria resolveu efetivar Julio Velázquez, ex-treinador do Villarreal C e B, à equipe principal.
Contudo, nenhuma posição preocupa mais que o ataque. Hoje, a equipe só tem à disposição, de referência, Uche, que retornou após um empréstimo ao Granada. Nilmar foi vendido ao Al Rayyan, Marco Rúben rumou ao Dínamo Kiev e Martinuccio não teve seu empréstimo renovado. Hernán Pérez pode fazer essa função, embora suas características seja mais adequadas as de segundo atacante. A diretoria foi a Buenos Aires tentar fechar com Viatri, mas um desacordo na hora de finalizar as bases salarias fizeram o Boca Juniors desistir de negocioar seu centroavante. O jeito deveria ser depositar todas as esperanças em Rossi. Deveria, porque o ele é incógnita. Após romper os ligamentos do joelho duas vezes consecutivas, muito provavelmente ele não será o mesmo jogador de duas temporadas. A velocidade, seu principal atributo, deverá cair bastante. Além disso, o italiano deverá perder parte da temporada: sua operação está marcada para agosto e o retorno aos gramados, para fevereiro apenas.
Em suma, dois fatores vão definir o teor da temporada dos amarillos: as necessárias contratações à cada setor do campo e o preenchimento do potencial do time. A última temporada de Marcos Senna serviu para renascer o jogador, que vinha de duas temporadas negativas em sequência. Por ironia do destino, a boa fase do hispano-brasileiro foi justamente no período de queda do Villarreal, mas ele poderá (como será) o mais importante jogador do time na Liga Adelante. Rossi é um ponto de interrogação e não pode-se tê-lo como esperança de algo. Até se adaptar novamente, vai demorar. Em uma breve comparação com o Deportivo da temporada passada, o Villarreal leva a pior. Os galegos, pelo menos, manteram uma peça-chave de cada posição e não precisaram se reestruturarem. O Submarino Amarelo é obrigado a fazer isso, embora as condições financeiras seja ingrata. A pressão para retornar à elite é grande. A torcida se acostumou a ver a equipe a brigar firme por Champions League, a bater de frente com os grandes e ver fases decisivas das competições europeias. Após anos estáveis, o nível de exigência no El Madrigal aumentou demais.
É difícil ver este Villareal de hoje e não sentir saudade do time semifinalista da UCL 05/06...
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