Dongou: homem-gol, as comparações com Eto'o são inevitáveis (Fórum Blaugrana)
As características dos atacantes lançados pelo Barcelona nas últimas temporadas não se diferem muito. Guardiola nunca pôde reclamar da falta de canteranos que atuassem abertos nas pontas, adicionando velocidade e profundidade aos blaugranas. Entre aqueles que ainda hoje permanecem no Camp Nou estão Pedro, Cuenca e Tello, em uma lista que contou outrora com Bojan e Jeffren, hoje na Roma e no Sporting Lisboa, respectivamente. Ou o próprio Lionel Messi, deslocado da ponta direita para a faixa central do campo apenas em tempos mais recentes. A nova sensação de La Masía, porém, dará uma opção extra para o ataque culé encher as redes adversárias com ainda mais gols. Jean Marie Dongou é camisa 9 de ofício. Não possui grande estatura, mas combina força e velocidade. E, como é de se esperar, uma fome insaciável por gols, capaz de finalizar com as duas pernas com precisão e encontrar espaços mínimos, mas suficientes para arrombar defesas. Todos predicados visíveis já aos 17 anos.
O estilo de jogo torna indissociável a comparação com o seu patriota Samuel Eto’o, o
último homem de área (e seus arredores) a dar certo na Catalunha. E as
ligações com o jogador do Anzhi são mais profundas que a aparência possa
sugerir. Dongou chegou ao Barcelona graças à Fundação Eto’o, entidade
que oferece treinamento a jovens no Camarões. Depois de um torneio
infantil disputado pela seleção camaronesa em 2008, o interesse
blaugrana foi imediato e a parceria com a fundação possibilitou o
ingresso do garoto nas cantera.
Desde seu ano de estreia em La Masía, Dongou já ostentava marcas
impressionantes. Passou os primeiros meses servindo a equipe Infantil A,
pela qual marcou 70 gols. Os números sólidos permitiram que o atacante
pulasse categorias e atuasse pelo time Cadete A, onde repetiu o sucesso.
Em 2010/11, transitou entre Cadete A, Juvenil B e Juvenil A, um
fenômeno visto antes apenas com prodígios do nível de Lionel Messi.
Na temporada 2011/2012, o camaronês passou o primeiro semestre servindo ao
Juvenil A, pelo qual se sagrou artilheiro da NextGen Series, junto com Viktor Fisches, dinamarquês do Ajax. Sua melhor partida foi na fase de grupos contra o Celtic, onde marcou três gols (vídeo-resumo de sua atuação abaixo). Seu faro de gol, no entanto, não ajudou o Barcelona a ir longe na competição: os azulgrenás caíram nas quartas-de-finais justamente para o Ajax de seu rival Viktor, que brilhou mais no jogo com dois gols. A boa
forma, contudo, combinada com a ascensão de alguns jovens para o time principal,
permitiu que Dongou passasse a figurar no elenco do Barcelona B a partir
de janeiro de 2012. Com cautela, o técnico Eusebio Sacristán começou a lançar a
promessa durante o final das partidas da segunda divisão espanhola.
Foram necessários 60 minutos – divididos entre oito partidas – até que o
goleador balançasse as redes pela primeira vez, garantindo a vitória
por 2 a 1 sobre o Alcoyano.
Neste momento, a volta de Dongou ao Juvenil A parece impensável.
A condição de titular no Barça B, contudo, também deverá ser um pouco
custosa, considerando que a “idade mínima” na filial seja 19 anos – ou
seja, aqueles que completaram todo o ciclo da base. Em outros tempos, o
estágio Barcelona C seria obrigatório e o camaronês teria todo o espaço
para ganhar tarimba em competições profissional.
Entretanto, com o fim do terceiro elenco blaugrana, o empréstimo para
algum clube da terceira divisão pode até ser vislumbrado. A prática tem
se tornado usual e, pelo observado nos últimos anos, é totalmente
aprovado por Guardiola. Foi assim com Isaac Cuenca, por exemplo. O atacante foi cedido e teve destaque no Sabadell, pequeno clube catalão com quem conseguiu o acesso pela primeira vez em 18 anos, na Segunda División B. Para Dongou, a única
barreira seria a grande badalação já existente em cima de sua pessoa.
Valeria mais a pena protegê-lo dentro dos portões de La Masía ou
deixá-lo vivenciar uma realidade totalmente diferente, usufruindo da
estrutura de um clube pequeno?
A única certeza que se tem é a de que o Barcelona deverá proteger ao
máximo a joia que tem em mãos. Ao contrário do que acontecia em meados
da década passada, Guardiola preferiu desenvolver ao máximo seus
canteranos antes de deixá-los desabrochar no time principal. Uma
precaução bastante pertinente, considerando alguns tiros n’água, como o
ocorrido com Bojan – recordista de juventude em vários patamares no
clube, mas que nunca rendeu o esperado no elenco principal. Com Tito Vilanova, que segue bastante os ideais do ex-treinador, não deve ser diferente. Por exemplo, ele negou qualquer tipo de transferência de Tello a outras equipes, considerando o garoto peça-chave de seu projeto.
Com trabalho e talento, é improvável pensar no camaronês atuando no elenco principal já na nova temporada. Dongou talvez faça sua estreia somente em 2013/2014, na Copa do Rei ou em outra partida de pouca validade. Uma
trajetória meteórica como a de Messi no primeiro time, porém, só deve
mesmo ser vista nas categorias de base. As ordens atuais no clube são de
dar passo após passo, até o amadurecimento completo. Mas, desde já, é
bom ficar de olho para ver o que o futuro pode reservar aos blaugranas.
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