sexta-feira, 27 de julho de 2012

O dono do primeiro passe

 Gago chega ao Valencia sob desconfiança, mas tem a confiança do treinador Mauricio Pellegrino, que monta seu time em torno do argentino (Valencia CF)

Com a contratação de Gago, o Valencia dá um passo em definitivo em um dos pontos que faltava reparar nesse mercado: um volante de respeito para substituir Topal e Banega, que ainda é uma grande incógnita. Se agora resta achar um substituto para Jordi Alba (que deve ser o bom Didac Vilà), o time ché ratifica que novamente está um passo a frente das demais equipes da primeira divisão - à exceção, obviamente, da dupla Barcelona e Real Madrid. Ao contrário da época de Unai Emery, que prezava para um jogo mais ofensivo e de toque de bola, o Valencia de Pellegrino promete muita dedicação tática e mais pegada no meio-campo. Foi assim que o novo treinador definiu a principal característica da equipe no dia de sua  apresentação.

O mais provável é a utilização do 4-3-2-1 como módulo tático em dentrimento do 4-2-3-1 tão visto pelos torcedores nos últimos anos. Ainda que Pellegrino seja bastante respeitado em Paterna, a torcida, sempre tão crítica, irá aceitar essa mudança de filosofia? Nessa proposta de jogo, Gago será essencial. Com Tino Costa, Banega ou Albelda o ajudando na linha de três e Feghouli e Guardado, mais adiantados, livres para finalizarem os contra-ataques, o argentino terá importância na hora de firmar o primeiro passe. Essa era, justamente, a ideia de Fábio Capello quando o Real Madrid o tirou do Boca Júniors em 2007. Mas, a bem da verdade, o argentino nunca cumpriu as expectativas em torno dele. Sua melhor temporada na Europa foi em 2007/2008, quando, treinador por Bernd Schuster, foi um dos pilares do Real Madrid bi-campeão espanhol, deixando Diarra no banco.

Após a chegada de Xabi Alonso, perdeu o prestígio na capital. Fora dos planos de Mourinho, que chegou a emprestá-lo à Roma, Gago foi comprado em definitivo pelo Valencia. Os chés, no entanto, tem outras dúvidas: até como a lesão de Banega irá afetar em seu desempenho; o nível competitivo de Albelda; e a questão Dani Parejo, que tem a confiança de Pellegrino mesmo após decepcionar totalmente em sua primeira temporada. Destaque no Getafe e com seu nome ligado a uma possível volta ao Real Madrid, Parejo optou pelo Valencia porque "ali iria ter mais oportunidades". Quando as teve, não aproveitou. Fato que, seguramente, Gago irá cumprir duas importantes funções nesse meio-campo valenciano.

Armação das jogadas
Desde David Silva e Juan Mata que o Valencia não tem um construtor natural de jogadas. Apesar de na temporada passada, a primeira sem os dois, isso não ter feito muita falta pelo bom desempenho de Tino Costa, Topal e até mesmo Jonas, escalado centralizado na linha de três, o fato é que falta um armador natural a essa equipe. Originalmente, essa é a especialidade de Gago. No Valencia, terá que fazer o jogo fluir, algo mais ou menos como Schweinsteiger faz na Alemanha e no Bayern de Munich. Conectar-se com os meio-campistas mais ofensivo e ser vertical é o principal objetivo. Com uma trinca de volantes, ele não irá ficar sobrecarregado e terá mais "paciência" para fazer seu jogo.

Colaboração nas tarefas defensivas
Há tempos o Valencia não tem um marcador nato. Carente disso, os chés sofrem por não ter homem de pegada no meio-campo. Naturalmente, a posição de Gago exige isso. Nos momentos de contra-ataque rival, Gago será uma peça importante para recuperar a bola. Sua condição física o permite recuperar bolas, sobretudo em distância curta. Não é seu ponto mais forte e essa tarefa será mais encarregada aos outros volantes, mas Pellegrino pode e deve aproveitar isso, principalmente pelo estilo de jogo que pretende encaixar na equipe.

Com apenas 26 anos, Gago chega sob desconfiança após o fracasso em Madrid e Roma, mas tem o apoio da torcida e do treinador. Adaptado ao futebol espanhol, será ele capaz de realizar todas as funções prometidas em campo?

2 comentários:

  1. E interessante é que ele vem recebendo chances na seleção argentina também. Parece que agora vai para o Gago... ou não.

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  2. Tem que ser agora, porque talento, queira ou não, ele tem.

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