Por mais uma temporada consecutiva, Real Sociedad tem queda livre monstruosa no segundo turno e despenca na tabela (reuters)
Philippe Montanier, segundo ele próprio, está se divertindo na Liga Espanhola. A mentalidade ofensiva e corajosa que a Real Sociedad adota entretém não só ele e os torcedores do clube como os fãs do futebol espanhol. Porém, a verdade é que a diversão foi ficando cada vez mais sem graça à medida que a temporada passa. Após completar 2010 no meio da tabela e com aspirações à Liga Europa, os donostiarras vêm sofrendo uma queda de rendimento. Pesa a irregularidade demonstrada mais uma nessa altura da temporada. Assim como em 2010/2011, quando chegou a terminar o primeiro turno na 5ª colocação, a reta final reserva a parte baixa da tabela.
O empate na última quarta-feira ante o Bétis deixou um sabor amargo. Os bascos não irão cair, até porque faltam somar apenas dois pontos em 15 disputados para confirmar a classificação, mas o sentimento foi novamente de queda de produção. Montanier, apelidado de Guardiola francês pela imprensa francesa em sua época de Valencienes, tem plena convicção disso. Um exemplo notório foi a visita ao Santiago Bernabéu, quando abdicou de toda sua proposta de jogo para jogar com cinco zagueiros. O resultado foi decepcionante em dose dupla, porque os blanquiazules saíram do Bernabéu goleados por 5 a 0.
Em 2012, sobretudo, as deficiências da Real Sociedad ficaram bem evidentes. A equipe, por exemplo, é dependente demais de Xabi Prieto, que organiza o todo o jogo e é o cérebro do meio-campo. Mesmo que Vela faça temporada destacável e Agirretxe seja o principal homem-gol da equipe de San Sebastián desde os tempos de Nihat e Kovacevic, quando Xabi não consegue aparecer muito para o jogo, a produção dentro das quatro linhas cai escancaradamente. O estilo ofensivo, de certa forma, também ficou manjado. Depois de serem surpreendidos por verem um time trocar passes rápido e sempre em direção ao gol, a característica dos adversários a partir de agora é sempre avançar a marcação e congestionar o meio-campo a fim de quebrar a posse de bola txuri-urdin.
Um defeito da Real Sociedad que passou a ficar escancarado é a fragilidade defensiva. Os comandados de Montanier defendem muito mal. Ao descobrirem que era preciso um pouco mais de cautela para combater os euskaras, os rivais também perceberam que a defesa da equipe era muito fraca, desorganizada, insegura e, sobretudo, péssima no jogo aérea. Só de bolas oriundas de jogadas pelo alto foram 11 gols sofridos. Enquanto o rival de Bilbao é mestre em jogadas do tipo, os de San Sebastian costumam sofrer com bolas alçadas à área. Em momentos cruciais da temporada, os blanquiazules também sofreram com ausências. Seja por lesão ou suspensão, afetaram diretamente na produção da equipe. Além disso, a falta de um Griezmann mais ousado e divertido em relação ao da temporada passada também faz falta pelos flancos do campo, infernizando a vida do lateral adversário.
Gonzalo Arconada, jogador da Real Sociedad nos anos 90, definiu bem a temporada 2011/2012 do time. São futebolistas de talento, fato evidenciado em campo, que adquirem experiência a cada partida disputada. Além disso, o projeto atual é para ter relevância no futuro, assim como, há duas temporadas, por exemplo, falávamos dessa forma da atual geração do Athletic Bilbao, que começa a colher frutos só agora em 2012. A fórmula do sucesso sempre foi formar pratas da casa e os torcedores estão se deparando com uma geração promissora. Atualmente, como disse Daniel Estrada na última quarta-feira, o objetivo é selar a permanência. Mas quem sabe daqui a três temporadas as aspirações sejam mais relevantes e os donostiarras construam uma nova era de ouro no futebol do País Basco?
Imagine daqui uns dois anos, Athletic e Real Sociedad brigando por Champions?
ResponderExcluirSeria muito interessante e gratificante ao País Basco.
ResponderExcluirAbraço!