Guardiola e Daniel Alves juntos na seleção brasileira? Usamos a imaginação nessa matéria especial (getty images)
Por Pedro Galindo e Victor Mendes.
Originalmente feito a Doentes Por Futebol
Com o confirmação do nome de Luiz Felipe Scolari como novo comandante da seleção brasileira, acabaram-se de vez as especulações em torno de Josep Guardiola, que corria por fora na disputa pelo cargo. Apesar de apelos de alguns setores da crônica esportiva e dos torcedores, o ex-treinador do Barcelona foi prontamente descartado pela cúpula da CBF. As justificativas para o descarte - mesmo após o rumor de que o técnico catalão teria confidenciado a amigos que aceitaria dirigir a Canarinha - não fugiram de um previsível ufanismo cego e exacerbado: “não precisamos de treinador estrangeiro, nosso futebol é pentacampeão mundial”, entre outros pachequismos e demonstrações de soberba. A realidade - triste para nós, brasileiros - é que se pode contar nos dedos de uma mão os treinadores nacionais que estão no nível do tamanho do desafio. Felipão, a esta altura da carreira, não parece a escolha mais indicada: vem de péssimas temporadas e de um rebaixamento pelo Palmeiras, que a CBF preferiu esquecer e se apegar à mística da “Família Scolari”, que completou uma década em julho deste ano.
Entretanto, a Doentes por Futebol resolveu fazer um exercício de imaginação e especular como agiria Pep Guardiola, propalado por muitos como o mais revolucionário treinador dos últimos anos. Inicialmente, partimos do pressuposto de que Pep, cuja carreira foi construída no futebol europeu, tem pouco conhecimento sobre o futebol brasileiro - o que já seria um grande obstáculo caso o catalão assumisse a Seleção. Portanto, se Guardiola tivesse sido escolhido pelo Excelentíssimo Sr. Marin, os jogadores brasileiros no futebol europeu certamente se encheriam de esperanças. Exatamente por isso, os que ainda atuam no futebol brasileiro provavelmente se sentiriam motivados a partir para o Velho Continente. Além disso, partimos também de indicações do próprio Pep: atletas brasileiros já elogiados por ele, especulações da imprensa catalã e esquemas táticos adotados pelo treinador.
O primeiro a celebrar seria Diego Alves, que saiu ainda menino do Atlético Mineiro para brilhar no futebol espanhol - antes no modesto Almería e agora, ainda que em menor intensidade, no Valencia. O goleiro, que já vinha tendo oportunidades com Mano Menezes, muito provavelmente seria lembrado por Guardiola, até mesmo por já ter fechado o gol contra o Barcelona treinado pelo próprio. Ponto negativo para Jefferson, Victor e Rafael, que atuam no futebol nacional e vêm recebendo oportunidades na posição. Na linha defensiva, Dani Alves, peça-chave do blaugranas nas últimas temporadas, teria toda a confiança para continuar como dono da camisa #2 da Seleção. Outro que certamente teria vaga no grupo é o multifuncional Adriano, lateral-coringa do Barça, contratado justamente por Guardiola.
Mas é nas laterais que o catalão teria um de seus maiores desafios: seu Barcelona se habitou a jogar com atletas diferentes em cada um dos lados do campo. Abidal, pela esquerda, se posicionava muitas vezes como um zagueiro, fechando o corredor esquerdo para dar a Daniel Alves a liberdade de brilhar na frente. Na Seleção, um “problema” impediria que a mesma estratégia fosse adotada: o Brasil hoje conta, talvez, com os dois melhores laterais do mundo. Marcelo vive grande fase no Real Madrid e Alves segue sendo decisivo pelo Barça. Guardiola dificilmente abriria mão de opções ofensivas deste quilate. A solução seria convocar um volante com mais poder de marcação, para cobrir as subidas dos alas. Esse cenário seria animador para Felipe Melo - feito de bode expiatório em 2010 e inapelavelmente banido da Seleção - e Luiz Gustavo, volante versátil do Bayern de Munique, que construíram suas carreiras no futebol europeu. Paulinho e Ramires, os atuais titulares, teriam que lidar com obstáculos distintos: o primeiro, com a já citada pouca familiaridade do treinador com os atletas atuando por aqui; o Queniano, por sua vez, provavelmente não teria muito espaço com o catalão justamente por seu jogo não ser muito baseado na troca de passes, e sim na condução da bola. Um jogador mais confiável para puxar contra-ataques, que teria que se adaptar ao estilo de jogo de Pep.
Na meia ofensiva, opção é o que não falta. No Barcelona de Guardiola, a espinha-dorsal era o 4-3-3. No entanto, embora a Seleção disponha de jogadores com muita qualidades, nenhum deles tenha, talvez, a técnica que Xavi e Iniesta têm para dominar o meio-campo adversário com tanta naturalidade. Jogadores que ditam o ritmo do jogo, comandam e trabalham a bola com baixíssimo índice de erros. Até por isso, o trabalho dos volantes teria que ser ainda mais especial do que o que Busquets faz no Barça. Dois jogadores brasileiros têm característica semelhantes às da dupla espanhola, mas não vinham tendo muita oportunidade com Mano Menezes: Ganso e Hernanes. O primeiro, aliás, já fora elogiado por Pep Guardiola, que o chamou de "brilhante" às vésperas da final do Mundial. Hernanes, bastante especulado no Barcelona há alguns anos, é outro jogador que teria a simpatia do treinador. Seria bastante possível eles ganharem mais oportunidades caso Guardiola assumisse a Canarinho.
Ronaldinho é uma questão emblemática. Despedido do Barcelona justamente por Guardiola, a lógica seria imaginar ele não tendo chances nenhuma de retorno à seleção. No entanto, poderia acontecer do catalão ter uma conversa séria com o gaúcho, a mesma que teve quando o demitiu, e tentasse, agora, contar com sua confiança. Aí, justamente, entraria outra questão: como Ronaldinho, Neymar e Kaká jogam no mesmo setor do campo, o santista seria utilizado como falso nove, cumprindo o papel que Messi faz no Barcelona? Muito provavelmente, sim. Embora, à primeira vista, contar com um centroavante seria mais necessário. Talvez Leandro Damião, que chegou a estar na órbita do Barça na temporada passada, ou Luis Fabiano, com passagens pelo futebol espanhol, ou até mesmo Fred.
Outro jogador que também tem a simpatia de Guardiola é Robinho, cotado para ser contratado em 2009/2010, mas que, segundo a imprensa espanhola, não teve a aprovação dos senadores do elenco barcelonista. Como o milanista também se destaca jogando mais do lado direito do campo, provavelmente seria uma opção de banco. Hulk ou Lucas, por ser um jogador capaz de cumprir uma boa função tática, jogariam aberto à direita, com Oscar centralizado tendo liberdade para armar o jogo a partir de sua faixa no campo. Outra probabilidade é o uso de Daniel Alves aberto à direita da linha de três. O baiano chegou a jogar com Guardiola na ponta direita, ao lado de Messi e mais um no ataque. Neste caso, Maicon e Rafael seriam os mais cotados para assumir a lateral direita.
De volta à realidade: como se sabe, Felipão é o novo treinador da seleção. Ao contrário de Pep, ele não vem de bons trabalhos: apesar do título da Copa do Brasil, acaba de ser corresponsável pelo rebaixamento palmeirense e, antes disso, fracassou espetacularmente no Chelsea, cercado de expectativas. Sem dúvida, Scolari não vive mais um bom momento em sua carreira. Seus resultados recentes são reflexo de suas convicções, muitas vezes atrasadas e anacrônicas: o futebol de hoje é bem diferente do de dez anos atrás, quando o treinador gaúcho conquistou seu maior título. Resta a nós, brasileiros, torcer para que sua experiência transmita a confiança que tanto falta à nossa promissora geração.
Entretanto, a Doentes por Futebol resolveu fazer um exercício de imaginação e especular como agiria Pep Guardiola, propalado por muitos como o mais revolucionário treinador dos últimos anos. Inicialmente, partimos do pressuposto de que Pep, cuja carreira foi construída no futebol europeu, tem pouco conhecimento sobre o futebol brasileiro - o que já seria um grande obstáculo caso o catalão assumisse a Seleção. Portanto, se Guardiola tivesse sido escolhido pelo Excelentíssimo Sr. Marin, os jogadores brasileiros no futebol europeu certamente se encheriam de esperanças. Exatamente por isso, os que ainda atuam no futebol brasileiro provavelmente se sentiriam motivados a partir para o Velho Continente. Além disso, partimos também de indicações do próprio Pep: atletas brasileiros já elogiados por ele, especulações da imprensa catalã e esquemas táticos adotados pelo treinador.
O primeiro a celebrar seria Diego Alves, que saiu ainda menino do Atlético Mineiro para brilhar no futebol espanhol - antes no modesto Almería e agora, ainda que em menor intensidade, no Valencia. O goleiro, que já vinha tendo oportunidades com Mano Menezes, muito provavelmente seria lembrado por Guardiola, até mesmo por já ter fechado o gol contra o Barcelona treinado pelo próprio. Ponto negativo para Jefferson, Victor e Rafael, que atuam no futebol nacional e vêm recebendo oportunidades na posição. Na linha defensiva, Dani Alves, peça-chave do blaugranas nas últimas temporadas, teria toda a confiança para continuar como dono da camisa #2 da Seleção. Outro que certamente teria vaga no grupo é o multifuncional Adriano, lateral-coringa do Barça, contratado justamente por Guardiola.
Mas é nas laterais que o catalão teria um de seus maiores desafios: seu Barcelona se habitou a jogar com atletas diferentes em cada um dos lados do campo. Abidal, pela esquerda, se posicionava muitas vezes como um zagueiro, fechando o corredor esquerdo para dar a Daniel Alves a liberdade de brilhar na frente. Na Seleção, um “problema” impediria que a mesma estratégia fosse adotada: o Brasil hoje conta, talvez, com os dois melhores laterais do mundo. Marcelo vive grande fase no Real Madrid e Alves segue sendo decisivo pelo Barça. Guardiola dificilmente abriria mão de opções ofensivas deste quilate. A solução seria convocar um volante com mais poder de marcação, para cobrir as subidas dos alas. Esse cenário seria animador para Felipe Melo - feito de bode expiatório em 2010 e inapelavelmente banido da Seleção - e Luiz Gustavo, volante versátil do Bayern de Munique, que construíram suas carreiras no futebol europeu. Paulinho e Ramires, os atuais titulares, teriam que lidar com obstáculos distintos: o primeiro, com a já citada pouca familiaridade do treinador com os atletas atuando por aqui; o Queniano, por sua vez, provavelmente não teria muito espaço com o catalão justamente por seu jogo não ser muito baseado na troca de passes, e sim na condução da bola. Um jogador mais confiável para puxar contra-ataques, que teria que se adaptar ao estilo de jogo de Pep.
Na meia ofensiva, opção é o que não falta. No Barcelona de Guardiola, a espinha-dorsal era o 4-3-3. No entanto, embora a Seleção disponha de jogadores com muita qualidades, nenhum deles tenha, talvez, a técnica que Xavi e Iniesta têm para dominar o meio-campo adversário com tanta naturalidade. Jogadores que ditam o ritmo do jogo, comandam e trabalham a bola com baixíssimo índice de erros. Até por isso, o trabalho dos volantes teria que ser ainda mais especial do que o que Busquets faz no Barça. Dois jogadores brasileiros têm característica semelhantes às da dupla espanhola, mas não vinham tendo muita oportunidade com Mano Menezes: Ganso e Hernanes. O primeiro, aliás, já fora elogiado por Pep Guardiola, que o chamou de "brilhante" às vésperas da final do Mundial. Hernanes, bastante especulado no Barcelona há alguns anos, é outro jogador que teria a simpatia do treinador. Seria bastante possível eles ganharem mais oportunidades caso Guardiola assumisse a Canarinho.
Ronaldinho é uma questão emblemática. Despedido do Barcelona justamente por Guardiola, a lógica seria imaginar ele não tendo chances nenhuma de retorno à seleção. No entanto, poderia acontecer do catalão ter uma conversa séria com o gaúcho, a mesma que teve quando o demitiu, e tentasse, agora, contar com sua confiança. Aí, justamente, entraria outra questão: como Ronaldinho, Neymar e Kaká jogam no mesmo setor do campo, o santista seria utilizado como falso nove, cumprindo o papel que Messi faz no Barcelona? Muito provavelmente, sim. Embora, à primeira vista, contar com um centroavante seria mais necessário. Talvez Leandro Damião, que chegou a estar na órbita do Barça na temporada passada, ou Luis Fabiano, com passagens pelo futebol espanhol, ou até mesmo Fred.
Outro jogador que também tem a simpatia de Guardiola é Robinho, cotado para ser contratado em 2009/2010, mas que, segundo a imprensa espanhola, não teve a aprovação dos senadores do elenco barcelonista. Como o milanista também se destaca jogando mais do lado direito do campo, provavelmente seria uma opção de banco. Hulk ou Lucas, por ser um jogador capaz de cumprir uma boa função tática, jogariam aberto à direita, com Oscar centralizado tendo liberdade para armar o jogo a partir de sua faixa no campo. Outra probabilidade é o uso de Daniel Alves aberto à direita da linha de três. O baiano chegou a jogar com Guardiola na ponta direita, ao lado de Messi e mais um no ataque. Neste caso, Maicon e Rafael seriam os mais cotados para assumir a lateral direita.
De volta à realidade: como se sabe, Felipão é o novo treinador da seleção. Ao contrário de Pep, ele não vem de bons trabalhos: apesar do título da Copa do Brasil, acaba de ser corresponsável pelo rebaixamento palmeirense e, antes disso, fracassou espetacularmente no Chelsea, cercado de expectativas. Sem dúvida, Scolari não vive mais um bom momento em sua carreira. Seus resultados recentes são reflexo de suas convicções, muitas vezes atrasadas e anacrônicas: o futebol de hoje é bem diferente do de dez anos atrás, quando o treinador gaúcho conquistou seu maior título. Resta a nós, brasileiros, torcer para que sua experiência transmita a confiança que tanto falta à nossa promissora geração.
Sylvinho, que atualmente é auxiliar técnico do Wagner Mancini, poderia ser o técnico adjunto do Guardiola, já que ambos trabalharam junto. Sylvinho atuou no primeiro ano do espanhol qdo ganhou a LC e o Mundial de Clubes, conhece bem como o treinador pensa e sabe bem quem são os jogadores atuando no Brasil e a quem poderá indicar a Pep. Seria ideal.
ResponderExcluirO que acha Victor?
Seria bem interessante, Marcelo.
ResponderExcluirIsso nem passou pela minha cabeça. Grata lembrança.
Abraço!